MATEUS
Notas de estudo – capítulo 3
João: Este nome em português equivale aos nomes hebraicos Jeoanã ou Joanã, que significam “Jeová mostrou favor” ou “Jeová foi bondoso”.
Batista: Ou: “o Imersor; o Mergulhador”. Em Mr 1:4 e 6:14, 24, ele é chamado “o Batizador”. Pelos vistos, João ficou muito conhecido por batizar, ou mergulhar, pessoas na água, e, por isso, começaram a chamar-lhe “Batista”, como um tipo de sobrenome. Ao falar sobre João, o historiador judeu Flávio Josefo chamou-lhe “João, cognominado [que tinha o sobrenome] Batista”.
pregar: A palavra grega traduzida como “pregar” tem o sentido básico de “proclamar como um mensageiro público”. A palavra enfatiza como a proclamação é feita: geralmente de modo público, aberto, para todos ouvirem, em vez de um simples sermão para um grupo.
deserto da Judeia: Refere-se à encosta leste das montanhas da Judeia. É uma área pouco habitada e quase sem vegetação, que desce cerca de 1200 metros em direção ao oeste do rio Jordão e do Mar Morto. João começou o seu trabalho de pregação numa parte do deserto que ficava a norte do Mar Morto.
Arrependam-se: A palavra grega usada aqui pode ser traduzida literalmente como “mudar de ideias”. Significa mudar o modo de pensar, as atitudes ou os objetivos na vida. No contexto deste versículo, ‘arrepender-se’ indica que a pessoa deve fazer mudanças na vida para poder agradar a Deus e ter uma amizade com ele. — Veja as notas de estudo em Mt 3:8, 11 e o Glossário, “Arrependimento”.
Reino: Primeira vez que a palavra grega basileía aparece. Refere-se a um governo que tem um rei, e também se pode referir ao território e aos povos governados por um rei. Das 162 vezes em que essa palavra grega aparece nas Escrituras Gregas Cristãs, 55 são no livro de Mateus, e a maioria delas refere-se ao Reino de Deus no céu. Mateus usa basileía tantas vezes que o livro dele poderia ser chamado Evangelho do Reino. — Veja o Glossário, “Reino de Deus”.
Reino dos céus: Esta expressão aparece cerca de 30 vezes na Bíblia, e apenas no Evangelho de Mateus. Os Evangelhos de Marcos e de Lucas usam uma expressão paralela, “Reino de Deus”. Isso indica que a sede do “Reino de Deus” fica no céu, e o seu Rei governa a partir de lá. — Mt 21:43; Mr 1:15; Lu 4:43; Da 2:44; 2Ti 4:18.
está próximo: Aqui, a expressão quer dizer que o futuro Rei do Reino dos céus estava prestes a chegar.
Jeová: Esta é uma citação direta de Is 40:3. No texto hebraico original de Is 40:3, aparecem as quatro letras hebraicas que formam o nome de Deus (que equivalem a YHWH). (Veja o Apêndice C1.) Mateus explica que a profecia de Isaías predisse o que João Batista fez para preparar o caminho para Jesus, o representante de Deus. Em Jo 1:23, João Batista explicou que a profecia de Isaías se cumpriu nele.
Endireitem as suas estradas: Possivelmente, refere-se a um costume antigo: os reis mandavam homens preparar o caminho por onde os seus carros iam passar. Esses homens tiravam pedras grandes da estrada e até chegavam a nivelar morros e a construir caminhos sobre pântanos.
usava roupa de pelo de camelo: A roupa de João feita de pelo de camelo e o cinto de couro que ele usava lembravam a roupa do profeta Elias. — 2Rs 1:8; Jo 1:21.
gafanhotos: A Lei permitia que os israelitas comessem gafanhotos, que são ricos em proteínas. — Le 11:21, 22.
mel silvestre: Ou seja, mel produzido pelas abelhas que viviam nos desertos. Não é o mel produzido por abelhas domesticadas. Comer gafanhotos e mel silvestre era um hábito comum entre as pessoas que moravam no deserto.
batizados: Ou: “imersos; mergulhados”. — Veja a nota de estudo em Mt 3:11.
confessando abertamente os seus pecados: Significa que as pessoas admitiam publicamente que tinham pecado contra o pacto da Lei.
fariseus: Veja o Glossário.
saduceus: Veja o Glossário.
Descendência de víboras: João Batista quis dizer que, assim como o veneno da víbora pode matar uma pessoa desprevenida, a maldade e os ensinos falsos dos fariseus e saduceus eram como um veneno para as pessoas que acreditassem neles.
fruto próprio do arrependimento: As pessoas que ouviam João precisavam de produzir “fruto”, ou seja, mostrar pelas suas ações que tinham mudado o seu modo de pensar e as suas atitudes. — Lu 3:8; At 26:20; veja as notas de estudo em Mt 3:2, 11 e o Glossário, “Arrependimento”.
batizo-vos: Ou: “mergulho-vos”. A palavra grega baptízo significa “imergir; afundar [algo]”. Outros textos na Bíblia mostram que o batismo envolve imergir completamente uma pessoa. Em certa ocasião, João estava a batizar num local no vale do Jordão perto de Salim “porque havia ali uma grande quantidade de água”. (Jo 3:23) Depois de Filipe batizar o eunuco etíope, eles ‘saíram da água’, ou seja, estavam dentro da água. (At 8:39) A Septuaginta usou essa mesma palavra grega em 2Rs 5:14, quando disse que Naamã “mergulhou no Jordão sete vezes”.
arrependimento: Lit.: “mudança de ideias”. — Veja as notas de estudo em Mt 3:2, 8 e o Glossário.
é mais forte: Aqui significa “tem mais autoridade”.
sandálias: Tirar e carregar as sandálias de uma pessoa ou desatar o cordão das sandálias de alguém era um serviço humilde, geralmente feito por um escravo. — Mr 1:7; Lu 3:16; Jo 1:27.
batizar-vos com espírito santo e com fogo: O batismo com espírito santo começou no Pentecostes de 33 EC quando os discípulos de Jesus foram ungidos com espírito santo. O batismo com fogo aconteceu em 70 EC quando os exércitos romanos destruíram Jerusalém e incendiaram o templo.
pá para separar o trigo da palha: Provavelmente, essa pá era feita de madeira. Com ela, os lavradores atiravam para o ar os grãos debulhados e deixavam o vento levar embora as cascas dos grãos.
palha: Aqui refere-se à pragana, uma camada fina ou uma casca que fica à volta dos grãos de cereais, como a cevada e o trigo. Normalmente, os lavradores juntavam essa palha e queimavam-na. Assim, não havia perigo de o vento misturar novamente a palha com os grãos debulhados. João usou esse costume para ilustrar que o Messias ia separar pessoas representadas pelo “trigo” de pessoas representadas pela “palha”.
fogo que não pode ser apagado: Indicava que Jerusalém e o seu templo seriam completamente destruídos.
cumpramos tudo o que é justo: Jesus não se batizou para mostrar arrependimento, pois ele era perfeito e cumpriu sempre todas as leis de Deus. Também não foi batizado para mostrar que se tinha dedicado a Deus, porque ele nasceu numa nação que já era dedicada a Jeová. Jesus batizou-se para mostrar que estava a apresentar-se para fazer a vontade de Deus como o Messias, o que incluía oferecer-se como resgate. Assim, ele faria a vontade de Jeová e ‘cumpriria o que era justo’. O que Jesus fez estava de acordo com a profecia do Sal 40:7, 8, explicada mais tarde em He 10:5-9.
os céus: A palavra grega usada aqui pode referir-se ao céu físico (visível) ou ao céu espiritual (invisível).
abriram-se os céus: Tudo indica que, nesse momento, Jeová fez Jesus lembrar-se de tudo o que tinha vivido e aprendido no céu antes de vir à Terra.
como pomba: As pombas eram usadas na adoração a Deus. Podiam ser oferecidas como sacrifício. (Mr 11:15; Jo 2:14-16) Também serviam para simbolizar inocência e pureza. (Mt 10:16) A pomba que Noé soltou enquanto estava na arca trouxe de volta uma folha de oliveira. Isso indicava que as águas do Dilúvio estavam a baixar (Gén 8:11) e que a Terra estava a entrar num período de paz e descanso (Gén 5:29). É possível que Jeová tenha usado a pomba no batismo de Jesus para deixar claro que ele era o Messias, o Filho de Deus puro e sem pecado que daria a vida pela humanidade e traria um período de paz e descanso quando fosse Rei. A forma como o espírito de Deus, ou a sua força ativa, desceu sobre Jesus talvez lembrasse a forma como uma pomba bate as asas quando está a pousar.
uma voz vinda dos céus: Esta é a primeira das três vezes em que os Evangelhos relatam que humanos ouviram o próprio Jeová falar. — Veja as notas de estudo em Mt 17:5; Jo 12:28.
Este é o meu Filho: Enquanto vivia no céu, Jesus já era o Filho de Deus. (Jo 3:16) Quando nasceu como humano, Jesus era um “filho de Deus”, assim como Adão era antes de pecar. (Lu 1:35; 3:38) No entanto, parece razoável concluir que aqui, quando Jeová disse “este é o meu Filho”, ele não estava apenas a confirmar quem Jesus era. Pelos vistos, o facto de Jeová ter dito essas palavras enquanto derramava o espírito santo indicava que Jesus se tinha tornado o seu Filho gerado por espírito. Naquele momento, Jesus ‘nasceu de novo’, com a esperança de voltar a viver no céu, e foi ungido, ou escolhido, para ser Rei e Sumo Sacerdote. — Jo 3:3-6; 6:51; veja também Lu 1:31-33; He 2:17; 5:1, 4-10; 7:1-3.
a quem eu aprovo: Ou: “que me agrada muito; que me dá muita alegria”. A mesma expressão é usada em Mt 12:18, que cita a profecia de Is 42:1 sobre o Messias, ou Cristo. Quando disse que aprovava o seu Filho e o ungiu com espírito santo, Jeová deixou bem claro que Jesus era o prometido Messias. — Veja a nota de estudo em Mt 12:18.