7E As expressões “o Antigo Testamento” e “o Novo Testamento”
2Co 3:14 — Gr.: ἐπὶ τῇ ἀναγνώσει τῆς παλαιᾶς διαθήκης (e·pí tei a·na·gnó·sei tes pa·lai·ás di·a·thé·kes);
lat.: in lectione veteris testamenti
1778 |
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Antônio Pereira de Figueiredo. |
1963 |
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Tradução do Novo Mundo das Escrituras Gregas Cristãs, Brooklyn, Nova Iorque. |
Hoje é costumeiro referir-se às Escrituras escritas em hebraico e em aramaico como “O Antigo [Velho] Testamento”. Isto se baseia na tradução de 2Co 3:14 na Vulgata latina e de algumas versões tais como a de Antônio Pereira de Figueiredo. As Escrituras Gregas Cristãs são costumeiramente chamadas de “O Novo Testamento”. Deve-se notar que em 2Co 3:14 a palavra di·a·thé·kes significa “pacto”, assim como nos outros 32 lugares em que ela ocorre no texto grego. — Veja Ap. 7D.
A respeito do significado da palavra latina testamentum (genitivo: testamenti), diz Edwin Hatch na sua obra Essays in Biblical Greek, Oxford, 1889, p. 48, que, “na ignorância da filologia do latim posterior e vulgar, supunha-se anteriormente que ‘testamentum’, como a palavra [di·a·thé·ke] é vertida nas primitivas versões latinas, bem como na Vulgata, significasse ‘testamento’ ou ‘legado’, quando de fato também significava, se não exclusivamente, ‘pacto’”. Do mesmo modo, em A Bible Commentary for English Readers by Various Writers, editado por Charles Ellicott, Nova Iorque, Vol. VIII, p. 309, W. F. Moulton escreveu que, “na antiga tradução latina das Escrituras, testamentum tornou-se a tradução comum da palavra [di·a·thé·ke]. Entretanto, visto que esta tradução muitas vezes é encontrada onde é impossível imaginar um sentido tal como legado [testamento] (por exemplo, no Sal. lxxxiii, 5, onde ninguém presumiria que o Salmista dissesse que os inimigos de Deus ‘arranjaram um testamento contra Ele’), é evidente que testamentum em latim fora usado com um sentido ampliado, correspondendo à ampla aplicação da palavra grega.” — Veja Sal 25:10 n. e Sal 83:5 n.
Em vista do acima, a tradução “antigo testamento” na versão de Antônio Pereira de Figueiredo, em 2Co 3:14, é incorreta. Muitas traduções modernas rezam corretamente “antigo pacto [antiga aliança]”, neste ponto. O apóstolo Paulo não se refere aqui às Escrituras Hebraicas e Aramaicas na sua inteireza. Tampouco quer dizer que os inspirados escritos cristãos constituem um “novo testamento (pacto)”. O apóstolo está falando do antigo pacto da Lei, que foi registrado por Moisés no Pentateuco e que constitui apenas parte das Escrituras pré-cristãs. Por isso ele diz no versículo seguinte: “sempre que se lê Moisés”.
De modo que não há nenhuma base válida para as Escrituras Hebraicas e Aramaicas serem chamadas de “O Antigo [Velho] Testamento” e para as Escrituras Gregas Cristãs serem chamadas de “O Novo Testamento”. O próprio Jesus Cristo referiu-se à coleção dos escritos sagrados como “as Escrituras”. (Mt 21:42; Mr 14:49; Jo 5:39) O apóstolo Paulo referiu-se a elas como “Escrituras sagradas”, “Escrituras” e “os escritos sagrados”. (Ro 1:2; 15:4; 2Ti 3:15) Em harmonia com a pronunciação sagrada em Ro 1:2, a Tradução do Novo Mundo traz no seu título a expressão “Escrituras Sagradas”.