Capítulo 8
Declarando sem cessar as boas novas (1942-1975)
“A TODOS OS AMANTES DA TEOCRACIA:
Em 8 de janeiro de 1942, nosso caríssimo irmão J. F. Rutherford terminou fielmente sua carreira terrestre . . . Foi para ele júbilo e conforto ver e saber que todas as testemunhas do Senhor estão seguindo, não a algum homem, mas ao Rei Cristo Jesus como o seu Chefe, e que prosseguirão no serviço em completa unidade de ação.” — Carta que anunciava a morte do irmão Rutherford.a
A NOTÍCIA do falecimento do irmão Rutherford foi um choque momentâneo para as Testemunhas de Jeová em todo o mundo. Muitas delas sabiam que ele estava doente, mas não esperavam que morresse tão cedo. Ficaram tristes com a perda de seu querido irmão, contudo estavam decididas a ‘levar avante a obra’ — a obra de proclamar o Reino de Deus. Não consideravam J. F. Rutherford seu líder. Charles E. Wagner, que trabalhara no escritório do irmão Rutherford, disse: “Os irmãos em toda a parte vieram a ter forte convicção de que a obra de Jeová não dependia de nenhum homem.” Contudo, alguém precisava assumir as responsabilidades que o irmão Rutherford levara como presidente da Sociedade Torre de Vigia dos EUA.
“Decidido a manter-se achegado ao Senhor”
Era o desejo sincero do irmão Rutherford que as Testemunhas de Jeová declarassem as boas novas sem cessar. Portanto, em meados de dezembro de 1941, algumas semanas antes de sua morte, ele convocou quatro diretores das duas principais entidades jurídicas usadas pelas Testemunhas de Jeová e sugeriu que, tão logo possível, após sua morte, todos os membros das duas diretorias fossem convocados a uma reunião conjunta para a eleição de um presidente e um vice-presidente.
Na tarde de 13 de janeiro de 1942, só cinco dias após a morte de Rutherford, todos os membros das diretorias das duas sociedades se reuniram conjuntamente no Betel de Brooklyn. Vários dias antes, o vice-presidente da Sociedade, Nathan H. Knorr, de 36 anos de idade, sugerira que se buscasse fervorosamente sabedoria divina por meio de oração e meditação. Os membros das diretorias compreendiam que, embora o irmão eleito presidente fosse administrar os assuntos legais da Sociedade Torre de Vigia (dos EUA), serviria também como superintendente principal da organização. Quem tinha as necessárias qualificações espirituais para essa pesada responsabilidade de cuidar da obra de Jeová? A reunião conjunta foi iniciada com oração e, depois de cuidadosa consideração, o irmão Knorr foi unanimemente eleito presidente das duas sociedades, e Hayden C. Covington, de 30 anos, advogado da Sociedade, foi eleito vice-presidente.b
Mais tarde naquele dia, W. E. Van Amburgh, secretário-tesoureiro da Sociedade, anunciou à família de Betel os resultados da eleição. R. E. Abrahamson, que estava presente nessa ocasião, recordava o que Van Amburgh disse: ‘Lembro-me do tempo quando C. T. Russell morreu e foi substituído por J. F. Rutherford. O Senhor continuou a dirigir e a fazer prosperar a Sua obra. Agora, espero plenamente que a obra seja levada avante com Nathan H. Knorr como presidente, porque se trata da obra do Senhor, não de algum homem.’
Qual foi a reação dos membros da família de Betel em Brooklyn aos resultados da eleição? Uma comovente carta da parte deles, datada de 14 de janeiro de 1942, um dia depois da eleição, responde: “Sua transferência [a de Rutherford] não nos fará diminuir o passo na realização da tarefa que o Senhor nos consignou. Estamos decididos a nos manter achegados ao Senhor e uns aos outros, a firmemente fazer recuar a peleja até a porta, lutando ombro a ombro. . . . Nossa estreita associação com o irmão Knorr, por aproximadamente vinte anos, . . . habilita-nos a reconhecer a orientação do Senhor na escolha do irmão Knorr como presidente e, por conseguinte, o cuidado atencioso e amoroso do Senhor para com Seu povo.” Do mundo inteiro não demorou a chegar à sede um grande número de cartas e cabogramas de apoio.
Não houve nenhuma sensação de incerteza sobre o que fazer. Foi preparado um artigo especial para A Atalaia (hoje A Sentinela) de março de 1942, a mesma edição que anunciava a morte de J. F. Rutherford. “A reunião [o ajuntamento] final pelo Senhor está se realizando”, dizia o artigo. “Que nenhuma coisa nem por um instante interrompa o impulso progressivo do seu povo pactuado no serviço divino. . . . A coisa TODO-IMPORTANTE agora é conservar a nossa integridade para com o Deus Onipotente.” As Testemunhas de Jeová foram incentivadas a continuar a declarar com zelo as boas novas.
Mas, ‘manter a integridade’ era um verdadeiro desafio no início da década de 40. O mundo ainda estava em guerra. As restrições do tempo de guerra em muitas partes da Terra dificultavam para as Testemunhas de Jeová sua obra de pregação. As detenções e os ataques de turbas contra as Testemunhas continuavam sem cessar. Hayden Covington, assistente jurídico da Sociedade, liderava a batalha jurídica, às vezes de seu escritório na sede de Brooklyn e outras vezes de dentro de um trem, ao viajar para cuidar de casos na justiça. Trabalhando com advogados locais, tais como Victor Schmidt, Grover Powell e Victor Blackwell, o irmão Covington lutou muito pelos direitos constitucionais das Testemunhas de Jeová de pregar de casa em casa e distribuir publicações bíblicas sem restrições da parte de autoridades locais.c
Ressoa a ordem: “Avante!”
Em princípios de março de 1942, apesar do racionamento de alimentos e de combustível devido à guerra, fez-se o anúncio sobre os planos para a Assembléia Teocrática do Novo Mundo, que seria realizada de 18 a 20 de setembro. Para facilitar as viagens, foram escolhidas 52 cidades de congresso através dos Estados Unidos, muitas delas ligadas por telefone com a cidade-chave de Cleveland, Ohio. Por volta da mesma época, as Testemunhas de Jeová se reuniram em 33 outras cidades por toda a Terra. Qual era o objetivo dessa assembléia?
‘Não estamos reunidos aqui para meditar sobre o passado ou sobre o que indivíduos fizeram’, disse o presidente das sessões, o irmão Covington, nas suas palavras introdutórias na sessão inicial. Daí, ele apresentou o discurso principal “A Única Luz”, baseado em Isaías, capítulos 59 e 60, que foi proferido pelo irmão Franz. Referindo-se à ordem profética de Jeová, registrada por Isaías, o orador declarou com eloqüência: “Aqui, pois, está o sinal da Mais Elevada Autoridade para irmos ‘Avante!’, para prosseguirmos com a Sua [obra] de testemunho, não importa o que aconteça antes de chegar o Armagedom.” (Isa. 6:1-12) Não era tempo para afrouxar as mãos e descansar.
“Há mais trabalho a ser feito; muito trabalho!” disse N. H. Knorr no discurso seguinte do programa. Para ajudar seus ouvintes a reagir ao sinal de ir “avante”, o irmão Knorr anunciou o lançamento de uma edição da versão King James da Bíblia, impressa nas próprias impressoras da Sociedade, contendo uma concordância especialmente destinada para uso pelas Testemunhas de Jeová no seu ministério de campo. Esse lançamento refletia o profundo interesse do irmão Knorr na impressão e distribuição da Bíblia. De fato, depois de se tornar presidente da Sociedade anteriormente naquele ano, o irmão Knorr agira com rapidez na obtenção dos direitos de impressão dessa tradução e em coordenar a preparação da concordância e outros aspectos. Em questão de meses, essa edição especial da King James Version estava pronta para lançamento no congresso.
No último dia da assembléia, o irmão Knorr proferiu o discurso “Paz — Pode Durar?”. Apresentou uma poderosa evidência, baseada em Revelação (Apocalipse) 17:8, de que a Segunda Guerra Mundial, então em pleno andamento, não culminaria no Armagedom, como alguns pensavam, mas que a guerra terminaria e haveria um período de paz. Ainda havia trabalho a ser feito em proclamar o Reino de Deus. Informou-se aos congressistas que, com o fim de ajudar a cuidar do previsto aumento na organização, a partir do mês seguinte, a Sociedade enviaria “servos aos irmãos” para trabalharem com as congregações. Todas as congregações seriam visitadas de seis em seis meses.
“Aquela Assembléia Teocrática do Novo Mundo consolidou grandemente a organização de Jeová para a obra à frente”, diz Marie Gibbard que com seus pais assistiu em Dallas, Texas. E havia muito trabalho a ser feito. As Testemunhas de Jeová aguardavam ansiosamente o período de paz que viria. Estavam decididas a avançar a todo custo em meio à oposição e perseguição, declarando as boas novas sem cessar!
Uma era de incrementada instrução
Usava-se o cartão de testemunho e o fonógrafo na pregação de casa em casa, mas poderia toda testemunha de Jeová melhorar sua habilidade de explicar, com base nas Escrituras, a razão de sua esperança? O terceiro presidente da Sociedade, N. H. Knorr, achava que sim. C. James Woodworth, cujo pai fora por muitos anos o editor da Golden Age (A Idade de Ouro) e de Consolação, disse: “Ao passo que nos dias do irmão Rutherford se dava ênfase a que ‘Religião É Laço e Extorsão’, despontava agora a era da expansão global, e a educação — bíblica e organizacional — começou daí em diante numa escala até então desconhecida pelo povo de Jeová.”
A era da educação começou quase imediatamente. Em 9 de fevereiro de 1942, cerca de um mês depois de N. H. Knorr ser eleito presidente da Sociedade, fez-se no Betel de Brooklyn um anúncio de grande alcance. Ultimaram-se os preparativos em Betel para um Curso Adiantado do Ministério Teocrático — uma escola com currículo de pesquisas bíblicas e oratória.
No ano seguinte, já estava lançado o fundamento para uma escola similar que seria realizada nas congregações locais das Testemunhas de Jeová. Na Assembléia “Chamada à Ação”, realizada em todos os Estados Unidos, em 17 e 18 de abril de 1943, foi lançado o folheto Course in Theocratic Ministry. Instou-se com todas as congregações para que iniciassem a nova escola, e a Sociedade nomeou instrutores para presidirem e darem conselhos construtivos sobre discursos de estudantes proferidos pelos inscritos do sexo masculino. Logo que possível, o curso foi traduzido e passou a operar em outros países.
Em resultado disso, oradores qualificados, treinados nessa escola do ministério, começaram a participar numa campanha mundial de discursos públicos para proclamarem a mensagem do Reino. Muitos desses puderam fazer bom uso de seu treinamento como oradores em congressos e em cuidar de grandes responsabilidades organizacionais.
Achava-se entre esses Angelo C. Manera Jr., um superintendente viajante por cerca de 40 anos. Ele foi um dos primeiros inscritos na escola em sua congregação, e disse: “Os dentre nós que assistimos às reuniões e fomos ao serviço de campo por muitos anos sem essa provisão, consideramos isso um grande passo em nosso progresso pessoal e organizacional.”
George Gangas, tradutor grego na época, disse mais tarde sobre o treinamento que recebeu na escola inaugurada no Betel de Brooklyn em 1942: “Lembro-me da ocasião em que dei meu primeiro discurso de seis minutos. Eu não estava seguro de mim mesmo, de modo que o fiz por escrito. Mas, quando me levantei para proferi-lo, o medo da assistência tomou conta de mim, gaguejei e me atrapalhei, as idéias me fugiram da mente. Então, recorri à leitura do meu manuscrito. Mas minhas mãos tremiam tanto que as linhas pareciam pular para cima e para baixo!” Contudo, ele não desistiu. Com o tempo, passou a dar discursos perante grandes assistências em congressos, chegando até mesmo a servir como membro do Corpo Governante das Testemunhas de Jeová.
Uma escola fundada em fé
Em 24 de setembro de 1942, houve outro grande avanço na era de incrementada instrução. Numa reunião conjunta das diretorias das duas entidades jurídicas, o irmão Knorr sugeriu que a Sociedade fundasse mais uma escola, usando um prédio que fora construído na Fazenda do Reino, em South Lansing, Nova Iorque, 410 quilômetros ao noroeste da cidade de Nova Iorque. O objetivo dessa escola seria treinar missionários para servirem em países onde houvesse grande necessidade de proclamadores do Reino. A sugestão foi aceita unanimemente.
Albert D. Schroeder, que tinha na época 31 anos, foi encarregado dos registros e serviu como presidente da comissão que organizaria a nova escola. “Oh! como nosso coração pulou de alegria ao recebermos essa surpreendente nova designação!” disse ele. Os instrutores entraram em ação imediatamente; tinham apenas quatro meses para organizar os cursos, preparar as preleções e organizar uma biblioteca. “O curso adiantado de educação cristã era de 20 semanas, sendo a Bíblia o principal compêndio”, explica o irmão Schroeder, que serve agora como membro do Corpo Governante.
Na segunda-feira, 1.º de fevereiro de 1943, um dia frio de inverno, no interior do Estado de Nova Iorque, começou a primeira turma, com 100 estudantes. Uma escola fundada verdadeiramente em fé. Em meio à Segunda Guerra Mundial, havia bem poucas áreas no mundo para as quais podiam ser enviados missionários. Contudo, com plena certeza de que haveria um período de paz em que eles poderiam ser usados, os prospectivos missionários foram treinados.
Reorganização após a guerra
Em maio de 1945, terminaram as hostilidades da Segunda Guerra Mundial na Europa. Quatro meses depois, em setembro, cessaram as lutas no Pacífico. Acabara a Segunda Guerra Mundial. Em 24 de outubro de 1945, um pouco mais de três anos depois de o presidente da Sociedade ter proferido o discurso “Paz — Pode Durar?” entrou em vigor a Carta das Nações Unidas.
Tinham vindo aos poucos da Europa notícias sobre as atividades das Testemunhas de Jeová. A ponto de surpreender seus irmãos e suas irmãs em todo o mundo, a obra de proclamação do Reino prosseguira nos países da Europa, apesar da guerra. The Watchtower de 15 de julho de 1945 relatava: “Em 1940, a França tinha 400 publicadores; agora há 1.100 que falam sobre o Reino. . . . Em 1940, a Holanda tinha 800 publicadores. Quatrocentos deles foram arrastados para campos de concentração na Alemanha. Os que foram deixados prosseguiram falando sobre o Reino. O resultado? Há nesse país agora 2.000 publicadores do Reino.” A porta aberta da liberdade apresentava agora oportunidades para declarar mais ainda as boas novas não só na Europa, mas em todo o mundo. Primeiro, porém, havia necessidade de muita reconstrução e reorganização.
Ansioso de saber das necessidades das Testemunhas de Jeová nos países devastados pela guerra, o presidente da Sociedade, com seu secretário, Milton G. Henschel, iniciou uma turnê pela Grã-Bretanha, França, Suíça, Bélgica, Países-Baixos e Escandinávia, em novembro de 1945, para encorajar os irmãos e inspecionar as filiais da Sociedade.d Eles tinham por objetivo a reorganização pós-guerra. Providenciou-se o envio de publicações, bem como de alimentos e de roupas aos irmãos em necessidade. Foram reabertas as filiais.
O irmão Knorr estava bem apercebido de que havia necessidade de boa organização nas filiais para manter o passo com o avanço da obra de pregação. Suas habilidades naturais em organizar foram plenamente usadas na expansão de filiais da Sociedade no mundo inteiro. Em 1942, quando ele se tornou presidente, havia 25 filiais. Em 1946, apesar das proscrições e dos empecilhos da Segunda Guerra Mundial, havia filiais em 57 países. Nos 30 anos seguintes, até 1976, o número de filiais aumentou para 97.
Equipados para serem instrutores
Baseado em suas viagens internacionais pouco depois da guerra, o presidente da Sociedade decidiu que as Testemunhas de Jeová precisavam ficar mais bem equipadas para serem instrutores da Palavra de Deus. Havia necessidade de educação bíblica adicional, bem como de instrumentos adequados para uso no ministério de campo. Essas necessidades foram satisfeitas cedo no período do após-guerra.
Na Assembléia Teocrática das Nações Alegres, realizada em Cleveland, Ohio, de 4 a 11 de agosto de 1946, o irmão Knorr proferiu o discurso “Equipado Para Toda Boa Obra”. A assistência inteira estava curiosa quando ele fez perguntas tais como: “Não seria uma tremenda ajuda ter informações sobre cada um dos sessenta e seis livros da Bíblia? Não nos ajudaria a entender as Escrituras se soubéssemos quem escreveu cada um dos livros da Bíblia? Quando cada um deles foi escrito? Onde foi escrito?” Todos estavam ansiosos de ouvir quando ele disse: “Irmãos, obterão todas essas informações, e muitas outras, no novo livro intitulado ‘Equipado Para Toda Boa Obra’!” Esse anúncio foi seguido de estrondosos aplausos. A nova publicação serviria de compêndio para a escola do ministério nas congregações.
Não só ficaram as Testemunhas de Jeová equipadas com uma publicação para aprofundar seu conhecimento das Escrituras, mas receberam também excelentes ajudas para uso no campo. O congresso de 1946 será lembrado por muito tempo por causa do lançamento do primeiro número de Despertai!. Essa nova revista substituiu Consolação (conhecida antes como A Idade de Ouro). Foi também lançado (em inglês) o livro “Seja Deus Verdadeiro”.e Henry A. Cantwell, que mais tarde serviu como superintendente viajante, explica: “Fazia tempo que precisávamos muito de um livro que pudesse ser usado com eficácia para dirigir estudos bíblicos com pessoas recém-interessadas e que abrangesse as doutrinas e verdades básicas da Bíblia. Agora, com o lançamento de ‘Seja Deus Verdadeiro’, tínhamos exatamente o que precisávamos.”
Munidas de tais valiosas ajudas para o ensino, as Testemunhas de Jeová esperavam maior e mais rápida expansão. O irmão Knorr, ao proferir nesse congresso o discurso sobre o tema “Os Problemas da Reconstrução e da Expansão”, explicou que durante os anos da guerra global não houve paralisação de esforços em dar testemunho. De 1939 a 1946, o número de proclamadores do Reino havia aumentado para mais de 110.000. Para atender à crescente demanda mundial de publicações bíblicas, a Sociedade planejava expandir a gráfica e o Lar de Betel de Brooklyn.
O aguardado período de paz mundial havia começado. A era da expansão global e de educação bíblica estava em franco desenvolvimento. As Testemunhas de Jeová regressaram da Assembléia Teocrática das Nações Alegres mais bem equipadas para serem instrutores das boas novas.
A proclamação do Reino ganha novo impulso
Visando à expansão mundial, o presidente da Sociedade e seu secretário, Milton G. Henschel, iniciaram em 6 de fevereiro de 1947 uma viagem mundial de serviço, de 76.916 quilômetros. Esta os levou às ilhas do Pacífico, Nova Zelândia, Austrália, Sudeste Asiático, Índia, Oriente Médio, região do Mediterrâneo, Europa Central e Ocidental, Escandinávia, Inglaterra e Terra Nova. Era a primeira vez desde 1933 que representantes da equipe da sede da Sociedade em Brooklyn podiam visitar seus irmãos na Alemanha. As Testemunhas de Jeová em todo o mundo seguiram os dois viajantes ao passo que os relatórios da viagem eram publicados em edições de The Watchtower durante todo o ano de 1947.f
“Foi a nossa primeira oportunidade de conhecer os irmãos na Ásia e em outros lugares e ver quais eram as necessidades”, explica o irmão Henschel, agora membro do Corpo Governante das Testemunhas de Jeová. “Tínhamos em mente enviar missionários, de modo que precisávamos saber o que encontrariam e o que necessitariam.” Após a viagem, um constante fluxo de missionários treinados em Gileade chegou a solo estrangeiro como pontas-de-lança na obra de proclamação do Reino. E os resultados foram impressionantes. Nos cinco anos que se seguiram (1947-52), o número dos pregadores do Reino em todo o mundo mais do que dobrou, de 207.552 para 456.265.
Aumento da teocracia
Em 25 de junho de 1950, as forças militares da República Democrática Popular da Coréia invadiram a República da Coréia, ao sul. Com o tempo, foram enviadas para lá tropas de 16 outros países. Mas, enquanto a guerra lançava grandes nações umas contra as outras, as Testemunhas de Jeová se preparavam para se reunir num congresso internacional que demonstraria não só sua união mundial, mas também que Jeová as estava abençoando com aumentos. — Isa. 60:22.
A Assembléia Aumento da Teocracia foi programada para 30 de julho a 6 de agosto de 1950. Este seria, de longe, o maior congresso já realizado pelas Testemunhas de Jeová num só local. Uns 10.000 congressistas estrangeiros, da Europa, África, Ásia, América Latina, ilhas do Pacífico — de 67 terras ao todo — afluíram ao Estádio Ianque, na cidade de Nova Iorque. A assistência máxima de mais de 123.000 pessoas no discurso público — comparado com o pico de 80.000 que assistiram à Assembléia Teocrática Nações Alegres apenas quatro anos antes — foi em si uma impressionante evidência de aumento.
Um fator importante no aumento das Testemunhas de Jeová tem sido a impressão e distribuição da Palavra de Deus. Marcou época, em 2 de agosto de 1950, o lançamento feito pelo irmão Knorr da Tradução do Novo Mundo das Escrituras Gregas Cristãs, em inglês moderno. Os congressistas ficaram radiantes de saber que esta nova tradução restaurara o nome divino, Jeová, 237 vezes no texto principal, de Mateus a Revelação! Ao concluir seu discurso, o orador fez a inspiradora recomendação: “Levem esta tradução. Leiam-na do começo ao fim. Estudem-na, pois ajudará a melhorar seu entendimento da Palavra de Deus. Distribuam-na.” Outras partes foram publicadas por etapas durante a década seguinte, de modo que por fim as Testemunhas de Jeová tinham uma tradução exata e de fácil leitura da Bíblia inteira que podiam oferecer com entusiasmo a outros.
Antes de deixarem a cidade do congresso, os congressistas foram convidados a visitar as novas dependências de Betel, na Rua Columbia Heights, 124, e a grandemente ampliada gráfica, na Rua Adams, 117, em Brooklyn, Nova Iorque. Construídas com o apoio financeiro das Testemunhas de Jeová no mundo inteiro, as novas dependências completavam o vasto programa de expansão anunciado e entusiasticamente aprovado no congresso de Cleveland, em 1946. Mal sabiam então as Testemunhas de Jeová quanta expansão ainda haveria, não apenas em Brooklyn, mas em todo o mundo. Mais e maiores gráficas seriam necessárias para atender o constante aumento de publicadores do Reino.
Treinamento intensificado no ministério de casa em casa
Na Assembléia da Sociedade do Novo Mundo, realizada na cidade de Nova Iorque, de 19 a 26 de julho de 1953, novas publicações foram fornecidas para as próprias Testemunhas de Jeová e para uso especial na proclamação do Reino de casa em casa. Por exemplo, o lançamento (em inglês) de “Certificai-vos de Todas as Coisas”, na segunda-feira, 20 de julho, foi seguido de estrondosos aplausos dos 125.040 presentes. Esse livro de bolso, de 416 páginas, um instrumento de fácil manejo para o serviço de campo, reúne mais de 4.500 textos bíblicos debaixo de 70 temas principais. As Testemunhas de Jeová tinham agora à sua pronta disposição as respostas bíblicas a perguntas que eram levantadas na pregação de casa em casa.
Na manhã de quarta-feira, no discurso “A Obra Principal de Todos os Servos”, o irmão Knorr anunciou mais um passo na educação progressiva das Testemunhas de Jeová — um extensivo programa de treinamento de casa em casa a ser posto em funcionamento em todas as congregações. Pediu-se aos publicadores mais experientes que ajudassem os menos experientes a se tornarem regulares e eficazes proclamadores do Reino, de casa em casa. Este programa de grande alcance começou a vigorar em 1.º de setembro de 1953. Jesse L. Cantwell, um superintendente viajante que participou do serviço de treinamento, disse: “Este programa ajudou realmente os publicadores a se tornarem mais eficientes.”
Nos meses que se seguiram a julho de 1953, foram realizados outros congressos assim nos cinco continentes, com o mesmo programa adaptado localmente. Desse modo, o treinamento intensificado no ministério de casa em casa foi iniciado nas congregações das Testemunhas de Jeová em todo o mundo. Naquele mesmo ano, o número de proclamadores do Reino atingiu um auge de 519.982.
Como se fez face à expansão global
Em meados da década de 50, houve provisões adicionais para se fazer face ao rápido crescimento na organização. Por mais de uma década, N. H. Knorr viajara em todo o globo para inspecionar o funcionamento das filiais. Essas viagens realizaram muito no sentido de assegurar a devida supervisão da obra em cada um dos países e fortalecer a união mundial das Testemunhas de Jeová. O irmão Knorr tinha profundo amor pelos missionários e pelos que serviam nas filiais em todo o mundo. Onde quer que fosse, ele tomava tempo para falar com eles sobre os problemas e as necessidades deles, e para encorajá-los no ministério. Mas, em 1955, havia 77 filiais da Sociedade Torre de Vigia e 1.814 missionários treinados em Gileade que serviam em 100 diferentes países. Compreendendo que não podia cuidar sozinho de tudo, o irmão Knorr providenciou incluir outros nesta importante obra de visitar as filiais e os lares missionários.
Programou-se dividir a Terra em dez zonas, cada zona compreendendo certo número de filiais da Sociedade. Irmãos qualificados da sede de Brooklyn e experientes superintendentes de filial foram designados como servos de zona (hoje chamados superintendentes zonais) e foram treinados pelo irmão Knorr para esse trabalho. Em 1.º de janeiro de 1956, o primeiro desses servos de zona inaugurou esse novo serviço de visitar as filiais. Em 1992, mais de 30 irmãos, incluindo membros do Corpo Governante, serviam na qualidade de superintendentes zonais.
Instrução sobre a vontade divina
No verão de 1958, surgiu a ameaça da guerra no Oriente Médio. Apesar da tensão das relações internacionais, as Testemunhas de Jeová prepararam-se para um congresso internacional que as instruiria ainda mais sobre a vontade divina. Seria também o seu maior congresso numa só cidade.
Um auge de 253.922 congressistas procedentes de 123 terras afluíram ao Estádio Ianque e Campo de Pólo, na cidade de Nova Iorque, para a Assembléia Internacional da Vontade Divina, de 27 de julho a 3 de agosto. “As Testemunhas de Jeová Afluem Lotando os Estádios”, dizia o Daily News de Nova Iorque, de 26 de julho de 1958. “Oito trens especiais, 500 ônibus fretados e 18.000 carros estão trazendo os membros, além de dois navios fretados e 65 aviões fretados.”
Missionários treinados em Gileade haviam informado a sede da Sociedade sobre o desafio que enfrentavam para ensinar a verdade bíblica aos que não estavam familiarizados com as crenças e as doutrinas das religiões da cristandade. Se tão-somente tivessem uma publicação que apresentasse apenas os verdadeiros ensinamentos bíblicos, e fosse de fácil leitura e compreensão! Para o deleite dos 145.488 congressistas presentes na tarde de quinta-feira, 31 de julho, o irmão Knorr anunciou o lançamento (em inglês) do livro Do Paraíso Perdido ao Paraíso Recuperado.
O irmão Knorr instou com todos para que usassem o novo livro no ministério de campo. Ele disse também que os pais o achariam útil para ensinar a verdade bíblica a seus filhos. Muitos pais levaram isso a sério. Grace A. Estep, uma professora que fora criada numa pequena cidade perto de Pittsburgh, Pensilvânia, disse: “Uma inteira geração de crianças cresceu folheando o livro Paraíso, levando-o consigo às reuniões, partilhando-o com seus coleguinhas e sendo capazes de contar, muito antes de terem suficiente idade para ler, toda uma série de histórias bíblicas com base apenas nas gravuras do livro.”
Providenciou-se também matéria sólida para estudantes adiantados da Palavra de Deus. Na conclusão de seu emocionante discurso “Faça-se a Tua Vontade”, o irmão Knorr deixou a assistência radiante anunciando o lançamento (em inglês) do livro ‘Seja Feita a Tua Vontade na Terra’. Esta nova publicação, que contém um estudo extensivo do livro de Daniel, instrui seus leitores sobre como a vontade divina foi e está sendo feita agora. “Vão gostar imensamente deste livro!” disse o orador. Por meio de estrondosos aplausos a enorme assistência de 175.441 pessoas expressou regozijo ao receber esse novo instrumento para aprofundar seu apreço para com a vontade divina!
Nas suas observações finais, o irmão Knorr anunciou mais programas especiais de educação que beneficiariam a organização mundial. “A obra educacional não está em declínio”, disse Knorr, “ao contrário, está avançando”. Ele esboçou os planos de um curso de dez meses de treinamento, em Brooklyn, para superintendentes de filiais da Sociedade em todo o mundo. Também, em muitos países do mundo haveria cursos de treinamento de um mês para superintendentes viajantes e os que supervisionavam nas congregações. Por que toda essa instrução? “Desejamos passar para níveis mais elevados de entendimento”, explicou ele, “de modo que possamos penetrar mais a fundo nos pensamentos de Jeová expressos na sua Palavra”.
Empreendeu-se imediatamente a preparação da matéria dos cursos de estudo para esses programas de treinamento. Sete meses mais tarde, em 9 de março de 1959, a primeira turma de uma nova escola, a Escola do Ministério do Reino, começou em South Lansing, Nova Iorque, sede da Escola de Gileade. O que foi iniciado ali logo se estendeu ao mundo inteiro, ao passo que a nova escola era usada para treinar os que supervisionavam nas congregações.
Fortalecidos para ‘manterem-se firmes na fé’
Na década de 60, a sociedade humana viu-se mergulhada numa onda de mudanças religiosas e sociais. Clérigos classificavam partes da Bíblia de mitos ou diziam que eram obsoletas. A ideologia de que “Deus está morto” ganhava crescente popularidade. A sociedade humana afundava cada vez mais no lamaçal da imoralidade sexual. Através de A Sentinela e de outras publicações, bem como de programas de congresso, o povo de Jeová foi fortalecido para ‘manter-se firme na fé’ durante aquela década turbulenta. — 1 Cor. 16:13.
Numa série de congressos realizados em todo o mundo em 1963, o discurso “O Livro das ‘Boas Novas Eternas’ É Proveitoso” defendia a Bíblia contra os ataques dos críticos. “Os críticos da Bíblia não precisam chamar atenção para o fato de que meros homens escreveram esse livro”, explicou o orador. “A própria Bíblia honestamente nos informa isso. Mas o que torna esse livro diferente de qualquer outro livro escrito por homens é que a Bíblia Sagrada é ‘inspirada por Deus’.” (2 Tim. 3:16, 17) Esse emocionante discurso culminou com o lançamento (em inglês) do livro “Toda a Escritura É Inspirada por Deus e Proveitosa”. Essa nova publicação incluía uma explicação sobre cada um dos livros da Bíblia, dando o fundo histórico do livro, tal como quem o escreveu, quando e onde foi escrito, bem como a evidência de sua autenticidade. Depois, apresentava um resumo do livro bíblico em questão, seguido de uma parte chamada “Por Que É Proveitoso”, que mostrava de que modo tal livro bíblico é de grande valia para o leitor. Essa publicação, um instrumento valioso no prosseguimento da educação bíblica das Testemunhas de Jeová, ainda é usada como compêndio na Escola do Ministério Teocrático uns 30 anos após seu lançamento!g
As Testemunhas de Jeová não escaparam aos efeitos da revolução sexual da década de 60. De fato, milhares — uma pequena porcentagem de seu total — tiveram de ser desassociados a cada ano, a maioria por causa de imoralidade sexual. Foi com boa razão, pois, que os do povo de Jeová receberam conselhos diretos numa série de congressos de distrito realizada em 1964. Lyle Reusch, um superintendente viajante, de Saskatchewan, Canadá, recorda-se do discurso “Manter Pura e Casta a Organização de Servos Públicos”. Reusch disse: “Uma linguagem franca e direta sobre moral explicou claramente as coisas.”
O conteúdo desse discurso foi publicado em A Sentinela de 15 de julho de 1965. Entre outras coisas, dizia: “Moças, não se façam de toalha suja para o uso público, disponível para as mãos sujas de qualquer bordeleiro, de qualquer ‘cão’ simbólico.” — Veja Revelação 22:15.
Tal conselho franco se destinava a ajudar as Testemunhas de Jeová como povo a se manterem moralmente puras, aptas para continuarem a proclamar a mensagem do Reino. — Veja Romanos 2:21-23.
“Diga-me, que significa esse 1975?”
As Testemunhas já por muito tempo partilhavam a crença de que o Reinado Milenar de Cristo viria depois de 6.000 anos da história humana. Mas quando terminariam os 6.000 anos da existência humana? O livro Vida Eterna — na Liberdade dos Filhos de Deus, lançado (em inglês) numa série de congressos de distrito em 1966, apontava para 1975. Já no congresso, quando os irmãos examinaram o conteúdo, o novo livro suscitou muitos comentários sobre 1975.
No congresso realizado em Baltimore, Maryland, F. W. Franz deu o discurso concludente. Ele começou por dizer: “Pouco antes de eu subir à tribuna, um jovem se aproximou de mim e disse: ‘Diga-me, que significa esse 1975?’” O irmão Franz mencionou muitas perguntas feitas sobre se a matéria no novo livro queria dizer que em 1975 o Armagedom teria terminado, e Satanás estaria amarrado. Ele disse, em síntese: ‘Pode ser. Mas não estamos dizendo isso. Todas as coisas são possíveis a Deus. Mas não estamos dizendo isso. E que ninguém seja específico ao falar sobre o que irá acontecer a partir de agora até 1975. Mas, prezados irmãos, a grande questão é: o tempo é curto. O tempo está-se esgotando, não resta dúvida sobre isso.’
Nos anos que se seguiram a 1966, muitas Testemunhas de Jeová agiram em harmonia com o espírito do conselho dado. Todavia, outras declarações foram publicadas sobre esse assunto, e algumas foram provavelmente mais taxativas do que seria aconselhável. Isso foi reconhecido em A Sentinela de 15 de setembro de 1980 (página 17). Mas as Testemunhas de Jeová foram também acauteladas no sentido de se concentrarem principalmente em fazer a vontade de Jeová e não ficarem excessivamente preocupadas com datas e expectativas de pronta salvação.h
Um instrumento para apressar a obra
Em fins da década de 60, as Testemunhas de Jeová estavam pregando as boas novas com um senso de expectativa e de urgência. Em 1968, o número de publicadores do Reino aumentou para 1.221.504 em 203 terras. Ainda assim, não era incomum algumas pessoas estudarem a Bíblia por muitos anos sem agir de acordo com o conhecimento adquirido. Haveria algum modo de apressar a obra de fazer discípulos?
A resposta veio em 1968 com o lançamento de um novo compêndio bíblico: A Verdade Que Conduz à Vida Eterna. Esse livro de bolso, de 192 páginas, foi preparado tendo-se em mente os recém-interessados. Continha 22 cativantes capítulos sobre assuntos tais como “Por Que É Sábio que Examine Sua Religião”, “Por que Envelhecemos e Morremos”, “Onde Estão os Mortos?”, “Por Que Permitiu Deus a Iniqüidade Até Hoje?”, “Como se Identifica a Religião Verdadeira” e “Estabelecendo Uma Vida Feliz em Família”. O livro Verdade destinava-se a incentivar o estudante da Bíblia a raciocinar sobre a matéria considerada e aplicá-la à sua própria vida.
Essa nova publicação seria usada num programa de estudo bíblico de seis meses de duração. A edição de fevereiro de 1969 do Ministério do Reino explicava como o novo programa seria efetuado: “Seria bom tentar estudar um capítulo do livro ‘Verdade’ por semana, embora talvez não seja possível com todos os moradores ou com todos os capítulos do livro. . . . Se, no fim de seis meses de estudo intenso e esforço consciencioso para levá-los às reuniões, eles ainda não se associarem com a congregação, então talvez seja melhor usar seu tempo para estudar com alguém que realmente deseja aprender a verdade e fazer progresso. Tome por alvo apresentar as boas novas nos estudos bíblicos de tal modo que os interessados tomem ação dentro de seis meses!”
E realmente tomaram ação! Num curto período, o programa de estudos bíblicos por seis meses teve surpreendente êxito. Nos três anos de serviço, a partir de 1.º de setembro de 1968 a 31 de agosto de 1971, um total de 434.906 pessoas foram batizadas — mais que o dobro do número dos que foram batizados durante os três anos de serviço precedentes! Tendo chegado numa época em que havia um senso de expectativa e urgência entre as Testemunhas de Jeová, o livro Verdade e a campanha de estudo bíblico por seis meses ajudaram muito a apressar a obra de fazer discípulos. — Mat. 28:19, 20.
“Tem de funcionar; isso vem de Jeová”
Por muitos anos, as congregações das Testemunhas de Jeová foram organizadas de forma tal que um homem espiritualmente qualificado era designado pela Sociedade para ser servo, ou “superintendente”, de congregação, sendo ajudado por outros “servos” designados.i (1 Tim. 3:1-10, 12, 13) Esses homens haviam de servir o rebanho, não dominar sobre este. (1 Ped. 5:1-4) Mas poderiam as congregações aderir mais estreitamente à estrutura das congregações cristãs do primeiro século?
Em 1971, numa série de congressos realizados em toda a Terra, foi proferido o discurso “A Organização Teocrática no Meio das Democracias e do Comunismo”. Em 2 de julho, F. W. Franz proferiu o discurso no Estádio Ianque, na cidade de Nova Iorque. Ele indicou nesse discurso que, onde havia suficientes homens qualificados disponíveis, as congregações do primeiro século tinham mais de um superintendente. (Fil. 1:1) “O grupo congregacional dos superintendentes”, disse ele, “constitui ‘o corpo de anciãos’ . . . Os membros de tal ‘corpo [ou: assembléia] de anciãos’ estavam todos em igualdade, tendo a mesma posição, e nenhum deles era o mais importante, o mais destacado e o mais poderoso membro da congregação”. (1 Tim. 4:14) Esse discurso realmente emocionou o congresso inteiro. Que impacto teria esta informação sobre as congregações das Testemunhas de Jeová em todo o mundo?
A resposta veio dois dias depois, no discurso final de N. H. Knorr. A partir de 1.º de outubro de 1972, entrariam em vigor os ajustes na supervisão das congregações no mundo inteiro. Não mais haveria apenas um servo ou superintendente de congregação. Mas, nos meses até 1.º de outubro de 1972, homens responsáveis, maduros, em cada congregação recomendariam à Sociedade para nomeação os nomes dos que serviriam como um corpo de anciãos (e os nomes dos que serviriam como servos ministeriais). Um ancião seria designado presidente,j mas todos os anciãos teriam autoridade igual e participariam da responsabilidade de fazer decisões. “Esses ajustes organizacionais”, explicou o irmão Knorr, “ajudarão a tornar o funcionamento das congregações mais de acordo com a Palavra de Deus, e isso certamente resultará em maiores bênçãos da parte de Jeová”.
Como foi recebida pelos congressistas reunidos essa informação sobre ajustes organizacionais? Um superintendente viajante sentiu-se compelido a dizer: “Tem de funcionar; isso vem de Jeová.” Outra Testemunha de muita experiência acrescentou: “Será um incentivo para todos os homens maduros assumirem responsabilidades.” Deveras, tantos homens quantos se qualificavam podiam agora ‘procurar alcançar’ o “cargo de superintendente” e ser nomeados. (1 Tim. 3:1) Um maior número de irmãos podia assim ganhar valiosa experiência em arcar com responsabilidades na congregação. Embora de início não se apercebessem disso, todos esses seriam necessários para pastorear a grande afluência de novos nos anos que se seguiriam.
A matéria apresentada no congresso conduziu também a certos esclarecimentos e ajustes que envolviam o Corpo Governante. Em 6 de setembro de 1971, foi decidido que haveria rodízio, feito em ordem alfabética, dos membros do Corpo Governante para presidirem às sessões. Umas semanas mais tarde, em 1.º de outubro de 1971, F. W. Franz tornou-se o presidente do Corpo Governante por um ano.
No ano seguinte, em setembro de 1972, começou o rodízio de responsabilidades nas congregações e, em 1.º de outubro, completou-se o rodízio na maioria das congregações. Nos três anos que se seguiram, as Testemunhas de Jeová tiveram impressionante crescimento — mais de três quartos de milhão de pessoas se batizaram. Mas, confrontavam-se então com o outono de 1975. Se não se concretizassem todas as expectativas a respeito de 1975, como afetaria isso seu zelo pela atividade de pregação global, bem como pela sua união mundial?
Além disso, Nathan H. Knorr, um homem de personalidade dinâmica e notável habilidade como organizador, por décadas desempenhara um papel-chave em promover instrução dentro da organização, em conseguir que a Bíblia chegasse às mãos das pessoas e em ajudá-las a entendê-la. Como a mudança para uma supervisão mais de perto da parte do Corpo Governante influiria nesses objetivos?
[Nota(s) de rodapé]
a A Atalaia (A Sentinela) de março de 1942, p. 45; Consolation (Consolação), de 4 de fevereiro de 1942, p. 17.
b Em setembro de 1945, o irmão Covington pediu deferentemente para ser eximido de continuar como vice-presidente da Sociedade Torre de Vigia de Bíblias e Tratados (de Pensilvânia), explicando que desejava anuir àquilo que na época se entendia ser a vontade de Jeová para todos os membros e juntas da diretoria — a saber, que fossem cristãos ungidos pelo espírito, pois ele professava ser um dos componentes das “outras ovelhas”. Em 1.º de outubro, Lyman A. Swingle foi eleito para fazer parte da junta dos diretores, e em 5 de outubro, Frederick W. Franz foi escolhido como vice-presidente. (Veja Anuário das Testemunhas de Jeová de 1946 (em inglês) pp. 221-4; The Watchtower (A Sentinela) de 1.º de novembro de 1945, pp. 335-6.)
c Veja o Capítulo 30, “‘Defendendo e estabelecendo legalmente as boas novas’”.
d Relatórios pormenorizados da viagem foram publicados em The Watchtower durante 1946. — Veja as páginas 14-16, 28-31, 45-8, 60-4, 92-5, 110-12, 141-4.
e Em poucos anos, esse compêndio para estudo da Bíblia veio a ser conhecido ao redor do mundo. Revisado em 1.º de abril de 1952, foram impressos mais de 19.000.000 de exemplares em 54 idiomas.
f Veja as páginas 140-4, 171-6, 189-92, 205-8, 219-23, 236-40, 251-6, 267-72, 302-4, 315-20, 333-6, 363-8.
g O livro “Toda Escritura É Inspirada por Deus e Proveitosa” foi atualizado em 1990.
h Por exemplo, foram publicados os seguintes artigos em A Sentinela: “Fazer Uso Sábio do Tempo Que Resta” (1.º de novembro de 1968); “Sirva com a Eternidade em Vista” (15 de dezembro de 1974); “Por Que não Fomos Informados Acerca ‘Daquele Dia e Daquela Hora’” e “Como o Afeta não Saber ‘Dia e Hora’?” (1.º de novembro de 1975). Antes disso, em 1963, o livro “Toda a Escritura É Inspirada por Deus e Proveitosa” havia declarado: “Não adianta usar a cronologia bíblica para especular sobre datas que se acham no futuro na corrente do tempo. — Mat. 24:36.”
i Veja o Capítulo 15, “Desenvolvimento da estrutura da organização”.
j O orador explicou também que, a partir de 1.º de outubro de 1972, haveria um rodízio anual da presidência dentre os do corpo de anciãos da congregação. Isso foi ajustado em 1983, quando se solicitou a cada corpo de anciãos que recomendasse um superintendente presidente que, depois de ser nomeado pela Sociedade, serviria por período indefinido como presidente do corpo de anciãos.
[Destaque na página 92]
Pregação apesar de detenções e motins
[Destaque na página 94]
‘Expansão e educação global num âmbito nunca antes conhecido’
[Destaque na página 103]
Defendendo a Bíblia contra os ataques dos críticos.
[Destaque na página 104]
‘Irmãos, a grande questão é: o tempo é curto.’
[Destaque na página 106]
“Um incentivo para todos os homens maduros assumirem responsabilidades.”
[Foto na página 95]
A Escola de Gileade em South Lansing, Nova Iorque
[Foto na página 97]
O irmão Knorr, aqui em visita a Cuba, viajou pelo mundo inteiro muitas vezes.
[Fotos na página 98]
Inglaterra
Líbano
O irmão Knorr achava que toda Testemunha de Jeová devia ser capaz de pregar de casa em casa.
[Foto na página 99]
Como presidente da Sociedade, o irmão Knorr trabalhou intimamente com o irmão Franz por mais de 35 anos.
[Foto na página 100]
A junta dos diretores da Sociedade Torre de Vigia de Bíblias e Tratados de Pensilvânia (EUA), em meados dos anos 50. (Da esquerda para a direita) Lyman A. Swingle, Thomas J. Sullivan, Grant Suiter, Hugo H. Riemer, Nathan H. Knorr, Frederick W. Franz, Milton G. Henschel
[Foto na página 102]
Em 1958, congressistas de 123 terras afluíram ao Estádio Ianque para a Assembléia Internacional da Vontade Divina.
[Fotos na página 107]
Publicações para treinar as Testemunhas de Jeová para o ministério.
Algumas das publicações para uso no ministério de campo
Livros que forneceram alimento sólido para fortalecer espiritualmente o povo de Jeová.
Compêndios de pesquisa e estudo
[Mapa na página 96]
(Para o texto formatado, veja a publicação)
Viagens de Serviço de N. H. Knorr, 1945-56
1945-46: América Central, América do Sul, América do Norte, Europa, Caribe
1947-48: América do Norte, ilhas do Pacífico, Oriente, Oriente Médio, Europa, África
1949-50: América do Norte, América Central, América do Sul, Caribe
1951-52: América do Norte, ilhas do Pacífico, Oriente, Europa, Oriente Médio, África
1953-54: América do Sul, Caribe, América do Norte, América Central
1955-56: Europa, Ilhas do Pacífico, Oriente, América do Norte, Oriente Médio, África do Norte
[Quadro na página 91]
Formação de N. H. Knorr
Nathan Homer Knorr nasceu em Bethlehem, Pensilvânia, EUA, em 23 de abril de 1905. Quando tinha 16 anos, associou-se com a Congregação Allentown dos Estudantes da Bíblia. Em 1922, assistiu ao congresso em Cedar Point, Ohio, onde decidiu abandonar a Igreja Reformada. No ano seguinte, em 4 de julho de 1923, depois de Frederick W. Franz, do Betel de Brooklyn, ter proferido um discurso de batismo, Nathan, de 18 anos, estava entre os que foram batizados no rio Little Lehigh, no leste da Pensilvânia. Em 6 de setembro de 1923, o irmão Knorr tornou-se membro da família de Betel em Brooklyn.
O irmão Knorr aplicou-se diligentemente no Departamento de Expedição, e suas habilidades naturais para organizar logo foram percebidas. Quando o superintendente da gráfica da Sociedade, Robert J. Martin, faleceu em 23 de setembro de 1932, o irmão Knorr foi designado para substituí-lo. Em 11 de janeiro de 1934, o irmão Knorr foi eleito um dos diretores da Associação Púlpito do Povo (agora Sociedade Torre de Vigia de Bíblias e Tratados de Nova Iorque, Inc.) e, no ano seguinte, foi nomeado vice-presidente da Associação. Em 10 de junho de 1940 tornou-se vice-presidente da Sociedade Torre de Vigia de Bíblias e Tratados (da sociedade de Pensilvânia). Sua eleição à presidência de ambas as sociedades e da sociedade britânica, Associação Internacional dos Estudantes da Bíblia, aconteceu em janeiro de 1942.
Nos anos que se seguiram, um dos associados e conselheiros de confiança mais chegados do irmão Knorr era Frederick W. Franz, homem de mais idade do que ele e cujo conhecimento de línguas e erudição bíblica já haviam provado ser de grande valor para a organização.
[Quadro na página 93]
Uma previsão encorajadora
Os congressistas na Assembléia Teocrática do Novo Mundo, em Cleveland, Ohio, EUA, em setembro de 1942, ficaram encantados quando o idoso secretário-tesoureiro da Sociedade, W. E. Van Amburgh, discursou no congresso. O irmão Van Amburgh mencionou que o primeiro congresso ao qual ele assistira fora em Chicago, em 1900, e havia sido “grande” — com cerca de 250 pessoas na assistência. Depois de enumerar outros “grandes” congressos, no decorrer dos anos, ele concluiu com esta encorajadora previsão: “Este congressok nos parece agora grande, mas, assim como este congresso é grande em comparação com aqueles aos quais eu assisti no passado, prevejo que este congresso será bem pequeno em comparação com os do futuro próximo quando o Senhor começar a ajuntar seu povo de todos os cantos do globo.”
[Nota(s) de rodapé]
k Um auge de 26.000 pessoas assistiram em Cleveland, com uma assistência total de 129.699 nas 52 cidades de congresso por todos os Estados Unidos.
[Quadro na página 105]
“Hoje comecei a refletir novamente”
Lançado em 1968, o livro “A Verdade Que Conduz à Vida Eterna” foi amplamente usado pelas Testemunhas de Jeová no estudo da Bíblia com pessoas interessadas. Essa provisão oportuna ajudou centenas de milhares de pessoas pensantes a obter conhecimento exato das Escrituras. Uma carta de apreço, recebida em 1973 de uma leitora nos Estados Unidos, dizia: “Uma senhora muito gentil veio hoje à minha porta e deu-me um livro chamado ‘A Verdade Que Conduz à Vida Eterna’. Acabo de lê-lo. É a primeira vez que leio 190 páginas de alguma coisa em um só dia da minha vida. Em 29 de junho de 1967, eu havia deixado de crer em Deus. Hoje comecei a refletir novamente.”