A memória de Deus
“Não vos maravilheis disto, porque vem a hora em que todos os que estão nos túmulos memoriais ouvirão a sua voz e sairão” João 5:28, 29, NM.
1. Qual é o proposito final de Deus concernente à humanidade e como se realizará este, dependendo de quê?
O HOMEM perfeito é um espelho perfeito do seu glorioso Criador. Assim foi no comêço da vida humana na terra, e assim será de novo quando, sob a administração da “cidade santa, a nova Jerusalém”, Deus renovar sua residência com a humanidade. Será então, quando todas as coisas forem feitas novas e o padrão de vida de cada indivíduo fôr finalmente curado de toda a imperfeição, que cada um dos que viverem nesta terra renovada será um perfeito espelho do seu Criador, tão claro como um lago tranqüilo e límpido, ao cair da noite, reflete o céu e cada pormenor das rochas e folhagem que o cercam. Esse é um tempo que vale a pena visualizar e almejar, mas tudo depende, entre outras coisas, da memória de Deus. — Apo. 21:25; 22:1-3.
2. Ao reconhecemos que êste é um dia de juízo, de que modo nos deve afetar isso?
2 Não diga no íntimo: ‘Sei, sim; mas aquêle dia está muito distante e no ínterim me sinto bastante escravizado ao presente sistema iniquo de coisas e sua influência que corrompe.’ A finalidade dêste artigo é ajudar-lhe a apreciar que êste é um dia de juízo e que é possivel e urgentemente necessário, agora mesmo, que ajuste seu padrão de vida para se conformar com os novos céus e a nova terra, como membro da sociedade do Novo Mundo. Este é um dia de decisão, quer pró, quer contra o propósito e vontade justa e santa de Deus. Assim, se disse a João, imediatamente depois da gloriosa visão mencionada acima: “Próximo está o tempo. Quem é injusto, faça injustiça ainda; e quem está sujo, suje-se ainda; e quem é justo, faça justiça ainda; e quem é santo, seja santificado ainda.”—Apo. 22:10, 11, Al.
3. Onde encontramos a base para nosso estudo e como se deve entender a expressão “padrão de vida”?
3 Ainda está dizendo que as coisas lhe estão muito contrárias e que ficou perplexo com a declaração de que tudo depende da memória de Deus? Em resposta a isso e afim de obtermos a perspectiva correta desta lição e do assunto envolvido, consideremo-lo do ponto de vista do apóstolo, no seu argumento em Hebreus, capítulo 11. Este capítulo será familiar para muitos dos nossos leitores como uma grandiosa definição e registro de fé. E assim é, de fato; mas, entremeado nêle encontramos a própria essência de nosso tema sôbre a memória de Deus, que envolve também o aspecto de nosso padrão de vida. Talvez devêssemos explicar desde já que, pela expressão “padrão de vida”, queremos dizer simplesmente a espécie de pessoa que somos e a espécie de vida que levamos, conforme sejamos governados por certos princípios orientadores, ou, como se dá o caso com muitos hoje, pela falta total de princípios, deixando-se apenas arrastar pela corrente prevalecente.
4. (a) Em quem temos fé? (b) Que remuneração se menciona Hebreus capítulo 11?
4 Notará que em Hebreus, capitulo 11, o apóstolo apresenta cada pessoa nomeada com a expressão: “Pela fé . . . ” Depois prossegue em cada acaso com a evidência registrada que testifica da forte fé daquela pessoa. Pois bem, mas fé em quem e em quê? Esta é a questão que nos preocupa no momento e Paulo a responde por dizer que “é necessário que o que se chega a Deus, creia que há Deus e que se mostra remunerador dos que o buscam”. (Heb. 11:6) Isto significa não só reconhecer o fato de que há um Deus, mas que êle sempre é, ou sempre, existe, o Auto-existente. (Sal. 90:2) Ligado a isso precisa-se também crer na promessa duma remuneração para os que sinceramente o procuram. E, visto que Deus existe eternamente, segue-se dai, logicamente, que o gôzo da remuneração continuará eternamente para aquele que retiver o favor de Deus. Qual é, pois, a remuneração? O escritor expande-se sobre isso um pouco mais adiante, no mesmo capítulo, ao falar acerca de como todas aquelas pessoas de fé ‘aspiravam uma pátria melhor, isto é, a celestial’, e que Deus “lhes preparou uma cidade”. Mais adiante na mesma carta, ele identifica de modo claro aquela cidade como sendo a “cidade do Deus vivo [auto-existente], Jerusalém celestial” (Heb. 11:16; 12:22; veja-se também Apocalipse 21:2 ) Isto projeta nosso pensamento para a frente a realização final do padrão divino. Ao mesmo tempo somos ligados ao passado remoto, pois Paulo alista Abel como o primeiro dos que manifestaram fé verdadeira. É nesta ligação entre o passado remoto e o futuro distante que entra a memória e o padrão. Estas duas palavras estão intimamente ligadas e tencionamos discuti-las agora brevemente.
MEMÓRIA
5, 6. (a) Como se vê que a memória é uma faculdade maravilhosa? (b) De que modo é também um dom precioso?
5 Que é memória? Memória é a faculdade mental pela qual retemos ou nos lembramos de idéias e impressões prévias. Não nos precisamos preocupar sobre como a memória funciona no cérebro humano; deveras, duvidamos que se possa dar uma resposta cientifica com qualquer grau de certeza. Embora a maioria de nós suspire e se lamente por causa da falha e imperfeição de nossa memória, como quando encontramos uma pessoa bem conhecida, mas não nos podemos lembrar do seu nome, ou chamamo-la por um nome errado, entretanto, não podemos deixar de nos maravilhar com o alcance e as possibilidades tremendas desta faculdade em particular. É realmente assombroso quando paramos para pensar na capacidade da mente humana neste respeito, embora seja tão imperfeita. Por exemplo, um músico talentoso, que dedica a isso sua mente, junto com outras capacidades, pode sentar-se ao piano e tocar horas seguidas, lembrando e reproduzindo acuradamente a música mais complicada em tôdas as suas harmonias. Ao refletirmos sôbre isso, parece que quando o homem for restaurado à perfeição, ele gozará de capacidade ilimitada de se lembrar perfeitamente de tudo que deseje e decida se lembrar. Por outro lado, estará capaz de se esquecer deliberadamente de tudo o que deseje por fora da sua mente. O homem perfeito nunca precisará dizer: ‘Ó, eu gostaria de me lembrar’,ou: ’Gostaria de esquecer.’ Que este dia chegue logo é o desejo de todos nós.
6 Além de ser um dom maravilhoso, a memória é também um dom muito precioso, supondo-se, naturalmente, que tenhamos coisas preciosas para lembrar. Mesmo sob as condições atuais derivamos o máximo prazer e alegria quando, com a ajuda da memória, recordamos e vivemos de novo alguma experiência especialmente feliz. Talvez seja uma lembrança de muito tempo atrás, quando encontramos alguém com quem pela primeira vez experimentamos tôda a profunda alegria proveniente duma amizade verdadeira Muitos dos nossos leitores lembrar-se-ão, também, do que significou para eles quando reconheceram, pela primeira vez, que chegaram ao entendimento correto do propósito maravilhoso e da provisão bondosa de Jeová. Sim, tais lembranças são tanto fortes como ternas, emocionando-nos profundamente o coração e a mente com seu apelo extraordinário, trazendo-nos aos lábios um sorriso feliz ou talvez uma lágrima inesperada aos olhos. Apreciemos, pois, plenamente e usemos sabiamente este dom amoroso dum Criador bondoso.
7. Onde encontramos o melhor guia quanto ao propósito de Deus? Que nos permite ver?
7 Mas, que se pode dizer da memória de Deus? Seria presunção criaturas humanas discutirem a mente do Criador, como ela opera e quais as suas funções e capacidades, exceto conforme o próprio Criador se agrade em dar tal informação ao homem. Fez ele isso? Certamente o fêz. As próprias obras visíveis da criação testificam com eloqüência da mente criadora de infinita capacidade e sabedoria, porque, diz o apóstolo, “os atributos invisíveis de Deus, assim o seu eterno poder como também a sua própria divindade, claramente se reconhecem, desde o princípio do mundo, sendo percebidos por meio das cousas que foram criadas”. (Rom. 1:20, ARA) Mas, é na sua Palavra escrita e por meio dela que Deus se agradou de nos dar uma revelação muito mais completa do seu propósito para com a família humana, e, incidentalmente, de nos permitir ver como sua mente funciona. Em primeiro lugar, lemos no relato da criação do homem que Deus disse: “Façamos o homem à nossa imagem, conforme a nossa semelhança.” (Gên. 1:26) Isso certamente inclui uma semelhança em capacidades e processos de arrazoamento mentais e memória. De fato, a primeira conversação registrada na Bíblia envolve uma prova de memória. A serpente disse a Eva: “É assim que Deus disse: . . . ?” E Eva mostrou, pela sua resposta, que se lembrava, que entendia e era capaz de repetir perfeitamente o que Deus dissera. — Gen. 3:1-3.
8. Que revela a Bíblia quanto à memória de Deus em relação ao seu propósito?
8 Aproximemo-nos, pois, desta questão quanto à memória de Deus do ponto de vista das coisas discutidas no capítulo onze de Hebreus. Ali, nos lembramos, ao apresentar a longa lista de homens e mulheres de fé, Paulo fala da remuneração em que todos êles tiveram fé em comum. Esta remuneração centralizava-se numa cidade de origem celestial. Falou-se, porém, a Abel, o primeiro homem de fé, acerca de uma cidade? Não, mas nos dias de Abel, Deus já havia feito sua promessa inicial, não duma cidade, mas duma semente da mulher, que finalmente esmagaria a cabeça da serpente. (Gên. 3:15; Rom. 16:20) Ao estudarmos este tema nas Escrituras, nada se destaca mais claro do que o fato de que Deus sempre guarda em mente essa promessa original. Não só isso, mas ele sabia e determinou exatamente como essa promessa por fim se realizaria, pois ele mesmo declara: “Eu sou Deus, e não há outro semelhante a mim; que annuncio o fim desde o principio, . . . [e] digo: O meu conselho subsistirá, e farei toda a minha vontade.” (Isa. 46:9, 10) Esta grandiosa declaração mostra que a memória de Deus nunca funciona dum modo desordenado, como muitas vezes se dá conosco, quando alguma coisa aviva nossa memoria só por causa duma coisa intimamente ligada que vem à nossa observação. Em contraste, quando diz que Deus sabia e determinou o fim desde o principio, significa que ele sempre o tem em mente e exerce uma lembrança contínua e deliberada acerca do mesmo. Significa também algo mais. Significa que é um Deus que tem propósito e desígnio. É nisso que se introduz outra palavra em que estamos interessados, a saber, “padrão”.
PADRÃO
9. Como usam as Escrituras a palavra “padrão”, e com que outra palavra está relacionada?
9 Um padrão é algo formado ou desenhado para servir de guia ou modelo a ser copiado. Tem um significado similar à palavra “tipo”, que significa uma figura ou representação de algo vindouro. A palavra “padrão” ocorre algumas vezes nas Escrituras. Um bom exemplo do seu uso se encontra em Hebreus, capitulo 8, onde o apóstolo, falando dos sacerdotes israelitas e dos arranjos do tabernáculo, disse: “Homens estes que estão prestando serviço sagrado em representação típica e como sombra das coisas celestiais; assim como Moisés, quando estava prestes a fazer a tenda completa, recebeu a ordem divina: Pois, diz ele: Veja que faças tôdas as coisas de acordo com o padrão [margem: tipo] que te foi mostrado no monte. (Heb. 8:5, NM) Paulo prossegue, então, a explicar o cumprimento do padrão ou tipo, mostrando a relação íntima, contudo, ao mesmo tempo, mostrando de que modo o cumprimento é muito melhor e maior. Praticamente, a carta inteira aos hebreus se baseia nesta forma de argumento.
10. (a) Que está sempre subentendido quanto a um padrão? (b) Como se aplica isso ao assunto de nosso estudo?
10 Queira notar o seguinte: que, quando falamos de um padrão ou tipo, há sempre ligado a isso o pensamento de finalidade ou desígnio específico. Em primeiro lugar, o próprio padrão não é estabelecido, segundo o acaso, mas com um objetivo específico em vista. Depois, em cada passo do caminho e em cada procedimento envolvido, tendo-se em vista a consecução final desse objetivo desejado, precisa haver uma estrita conformidade com o padrão original. Adições e extensões podem ser introduzidas, mas tudo precisa estar em harmonia com o padrão inicial e o propósito ligado a ele. Veja quão verídico isso é com respeito às coisas que acabamos de discutir. Neste caso, o padrão original não foi alguma coisa tangível e material; mas foi uma palavra de promessa, dada no Éden, a promessa duma semente. Esta foi a única promessa que Abel teve como base para sua fé, mas foi suficiente. E, visto que cada promessa adicional dada por Deus foi um desenvolvimento harmonioso daquela primeira, então Paulo estava capacitado e justificado em ligar numa só cadeia continua todos os mencionados no capitulo 11 de Hebreus como tendo a mesma fé no único Deus verdadeiro, que existe para sempre, e naquela grandiosa remuneração prometida na realização cabal daquela promessa original. É verdade que se introduziu no padrão o tema adicional duma “’cidade”, com o decorrer do tempo, mas a harmonia pode facilmente ser vista, pois o Rei dessa cidade, a qual simboliza a organização governante e o governo de Deus, não é senão a “semente” prometida, o Filho dado a luz pela mulher de Deus, o Rei, Cristo Jesus.
11. De que modo estão os cristãos intimamente ligados aos alistados em Hebreus, capítulo 11?
11 Note, também, que essa cadeia continua não termina com os homens de fé que viveram e morreram antes da vinda de Cristo, mas, ela está ligada aos que vieram depois de Cristo, com o “próprio Cristo por figura central do inteiro grupo de testemunhas. É nisto que reconhecemos, conforme já mencionada, como este estudo nos ajuda a apreciar a necessidade, neste dia de decisão, de padronizarmos as nossas vidas segundo o exemplo certo, “olhando para Jesus, autor e aperfeiçoador da fé”, além de todo o encorajamento e admoestação derivados dessa cadeia e da “grande nuvem de testemunhas” que nos rodeia. (Heb. 12:1, 2, Al, margem) Sim, precisamos ter a mesma fé que eles tiveram, demonstrando-a do mesmo modo e olhando para a mesma cidade. Semelhantes a Abraão, Isaac e Jacó, precisamos provar-nos “estrangeiros e residentes temporários” no meio dêste presente sistema iníquo de coisas e sua influência corrompedora, “pois não temos aqui uma cidade que permanece, mas buscamos a que há de vir”. —Heb. 11:13, NM; 13:14.
12, 13. (a) Como estão relacionados a memoria e o padrão de Deus com seu nome e Palavra? (b) Fortalece o argumento de Paulo a fé em apenas um aspecto?
12 Até agora, pois, vimos como a discussão de Paulo, do assunto de fé, focaliza tanto a memória infalível de Deus como o padrão coerente do seu propósito que êle sempre guarda em mente. Ora, seu próprio nome e Palavra dão forte ênfase a ambas estas mesmas coisas. Seu nome, Jeová, fornece o fundamento inicial para a fé na execução do padrão divino, sem qualquer desvio, conforme êle mesmo declara: “Pois eu Jehovah não mudo.” Ele sempre se lembra dos seus pactos. Também a sua Palavra revela um Autor que sabe seguir fio por fio, tema após tema, tecendo-os num padrão glorioso e harmonioso, simples em desenho, intricado nos seus pormenores entrelaçados. —Mal. 3:6; Gên. 9:15, 16; Lev. 26:42, 45; Eze. 16:60.
13 O argumento de Paulo, porém, não só provê um grandioso estímulo para a fé na memória de Deus quanto ao seu proposito. Prevê, também, um forte fundamento para a fé em algo mais. Fé em quê?
FÉ NUMA RESSURREIÇÃO
14. (a) Mostrou Jesus que a crença numa ressurreição exigia fé verdadeira? (b) Como está corrompida esta doutrina pelo ensino da Cristandade?
14 Quando Jesus fêz a sua importante declaração de que “todos os que estão nos túmulos memoriais ouvirão a sua voz e sairão”, não foi sem razão que a iniciou com as palavras: “Não vos maravilheis disto.” (João 5:28, 29, NM) Ele entendeu bem que a crença numa ressurreição, conforme ensinada nas Escrituras, era uma das mais esquadrinhadoras provas de fé. Naturalmente, o modo em que a Cristandade em geral explica a doutrina duma ressurreição, elimina em grande parte a necessidade de verdadeira fé, o que, sem dúvida, explica por que seus ensinos são mais aceitáveis para as massas do que a verdade da Bíblia. Aceitando-se o ensino geral de que o homem possui uma alma imortal, o verdadeiro eu, e que a morte não significa a cessação ou eliminação da vida, mas, antes, é a porta que leva a uma vida mais plena, então se diminui o significado da ressurreição a uma simples reunião de corpo e alma. Não é nossa intenção, neste estudo, fornecer prova bíblica para combater os falsos ensinos da Cristandade sôbre êste assunto, visto que isso já foi bem coberto anteriormente nas páginas desta revista, bem como em outras publicações da Sociedade Torre de Vigia. Antes, nossa intenção é fortalecer a fé numa ressurreição pela melhor compreensão e apreciação da memória de Deus, e dai ver como isso afeta vitalmente nosso padrão de vida.
15. Que demonstra o contexto de João 5:28, 29, e qual é o contraste entre os túmulos memoriais e a Geena?
15 Que o próprio Jesus teve fé ilimitada numa ressurreição esta fora de qualquer dúvida. Isto não foi por causa de qualquer coisa da sua própria iniciativa, mas êle admitiu que todo o crédito pertencia a seu Pai celestial, inclusive a autoridade e poder de ressuscitar da morte, produzindo assim um levantamento de novo à vida, que é o verdadeiro sentido da palavra “ressurreição” (em grego: anástasis). Isto se vê claramente da leitura de João 5:19-27 (NM). Segue-se então o clímax nos versículos 28 e 29. Note a referência específica aos “túmulos memoriais”. Isto é em contraste direto com aquêle outro lugar, a “Geena”, aonde se jogavam às vêzes os cadáveres de criminosos executados, porque eram considerados demasiado vis para terem uma ressurreição dos mortos e, portanto, para terem um entêrro decente e um túmulo memorial.
16. (a) De que modo expressou Jesus seu acordo com Eclesiastes 9:5, 10? (b) Como se justificava sua declaração em João 11:25?
16 O fato de que Jesus usou o têrmo “túmulo memorial” mostrou que êle estava em pleno acordo com a declaração inspirada em Eclesiastes 9:5, 10, (NA) que reza: “Pois os vivos sabem que hão de morrer: mas os mortos não sabem coisa alguma,. . . pois não há obra, nem engenho, nem conhecimento, nem sabedoria, no Seol para onde tu vais.” Sim, o Seol ê o túmulo comum da humanidade ao qual os homens vão no fim da sua carreira terrestre. Mas, Jesus tinha tal confiança no poder e na capacidade do seu Pai celestial, de guardar na memória tantos dêstes quantos quisesse, que êle deliberadamente usou a expressão “túmulos memoriais”, que era comum no seu dia. Conforme provado depois disso, pela evidência mais convincente, Jesus mostrou que estava justificado em dizer: “Eu sou a ressurreição e a vida”, quando, pelo poder de Deus êle ressuscitou dos mortos a Lázaro, que “já havia estado quatro dias no túmulo memorial”. Note as duas razões pelas quais Jesus se regozijou por não estar ali em tempo para curar seu amigo da doença, antes que a morte realmente ocorresse. A primeira razão foi que era “para a glória de Deus, a fim de que o Filho de Deus seja glorificado por meio dela [a doença]”. A segunda razão que êle deu foi “a fim de que creais”. Certamente há toda a razão para nós termos fé firme numa ressurreição. –João 11:4, 15, 17, 25, NM.
17. Com que expressão declarou Jó sua fé numa ressurreição?
17 Que tal fé na capacidade de Deus reter na memória os que haviam morrido não era nova nos dias de Jesus, se mostra claramente do registro antigo acêrca de Jó. Que palavras sublimes de fé são as dêle, conforme registradas em Jó 14:13: “Quem me dera que me escondesses no Sheol, que me occultasses até que a tua ira tenha passado, que após um tempo determinado, te lembrasses de mim.”
18. Qual é a resposta bíblica quanto a se todos os mortos estão retidos na memória de Deus?
18 Como já foi indicado, Deus não se propõe guardar na memória todos os que morreram sem exceção. Assim como propositalmente se lembra de uns, também pode propositalmente esquecer-se de outros. A própria Palavra de Deus nos diz como ele determina o assunto. “A memória do justo é abençoada, mas o nome dos perversos apodrecerá.” —Pro. 10:7.
19. Como argumentou Paulo a favor da fé numa ressurreição, especialmente em Hebreus, capítulo 11?
19 Que o apóstolo Paulo também tinha fé ilimitada numa ressurreição dos mortos está igualmente além de dúvida. Também ele sabia que esta doutrina era uma prova esquadrinhadora da fé, conforme se mostra, por exemplo, pela sua experiência em Atenas. (Atos 17:31, 32) Este assunto recebe destaque nos seus escritos, como, por exemplo, naquele poderoso argumento contido no bem conhecido capítulo 15 de 1 Coríntios. Novamente em Romanos 4:16-25, ao discutir a fé de Abraão, ele mostra quão importante é de se ter fé em Deus, “o qual vivifica os mortos e chama as cousas que não são, como se fossem”. Mas, nós estamos especialmente interessados no tema de fé do apóstolo e sua relação com a ressurreição da qual trata o capítulo 11 de Hebreus. Ele cita ali novamente o exemplo de Abraão e Sara, primeiro quanto à sua fé no poder de Deus de produzir a semente prometida, embora ambos fossem ‘já amortecidos’ com respeito a qualquer perspectiva humana neste sentido. Depois, incluindo a todos os mencionados neste capítulo, ele diz: “Na fé morreram todos estes”, e, finalmente, explica que eles “não alcançaram a promessa, tendo Deus provido alguma coisa melhor no tocante a nós [cristãos], para que elles, sem nós, não fossem aperfeiçoados”. (Heb 11:12, 13, 39, 40) É, portanto, inescapável a conclusão de que, a fim de que eles gozem o cumprimento daquilo que lhes foi prometido e que os aguarda na cidade preparada para eles, haverá necessidade duma ressurreição dos mortos.
20. Por que absolutamente não nos devemos maravilhar sôbre uma ressurreição dos mortos?
20 Maravilha-se disto? Certamente não há nada de desarrazoado ou forçado em tal possibilidade. Não é incomum a experiência de alguém avançado em idade ouvir mencionar um nome que não ouviu talvez desde que esteve na escola. Imediatamente se lembra dessa pessoa e pode, por assim dizer, recriá-la nos olhos da mente, como tal pessoa costumava se vestir, a aparência do seu rosto e uma multidão de características e incidentes. Outra vez, pense naquele músico que pode lembrar e reproduzir acuradamente não só uma peça de música, com tôdas as suas notas, mas muitas peças variadas dessas. Admitimos assim prontamente que o mero homem, com suas muitas limitações e imperfeições, tem capacidades maravilhosas dentro do alcance da sua memória. Por que, então, devíamos pensar que o Criador todo-poderoso e infinito, Aquele que fez a mente do homem e conhece exatamente seu funcionamento, não tem o poder de chamar de volta do túmulo memorial e recriar todos os que tem retido na memória, sim, até tôdas as suas tendências e impressões mentais que compõem cada indivíduo? Conforme Paulo aptamente perguntou certa vez sôbre isso : “Porque é que se julga entre vós cousa incrível ressuscitar Deus os mortos?” Para isso há só uma resposta. “Não vos maravilheis disto.” —Atos 26:8; João 5:28.