ATOS
Notas de estudo – capítulo 4
os dois: Lit.: “eles”. Ou seja, Pedro e João.
o capitão do templo: Esse oficial também é mencionado em At 5:24, 26. No primeiro século EC, a pessoa que ocupava esse cargo era um sacerdote, e apenas o sumo sacerdote tinha mais autoridade do que ele. O capitão do templo supervisionava o trabalho dos sacerdotes no templo. Também era responsável por manter a ordem no templo e nos arredores. Para isso, ele usava um grupo de levitas que servia como uma força policial do templo. Havia outros capitães que lhe estavam subordinados e que supervisionavam os levitas que abriam os portões do templo de manhã e que os fechavam à noite. Os guardas levitas também protegiam o tesouro do templo, mantinham a ordem entre as multidões e certificavam-se de que ninguém entrasse em áreas restritas. Os levitas estavam divididos em 24 turmas. As turmas revezavam-se, e cada uma servia durante uma semana, duas vezes por ano. É provável que cada turma tivesse um capitão, que estava debaixo da autoridade do capitão do templo. Todos esses capitães que trabalhavam no templo eram homens influentes. Eles são mencionados juntamente com os principais sacerdotes que planearam a morte de Jesus. Na noite em que Jesus foi traído, eles foram com os seus guardas prender Jesus. — Lu 22:4 (veja a nota de estudo), 52.
os anciãos: Veja a nota de estudo em Mt 16:21.
Anás, [...] o principal sacerdote: Anás foi designado sumo sacerdote por Quirino, governador romano da Síria, por volta do ano 6 ou 7 EC e serviu nessa função até cerca de 15 EC. Parece que mesmo depois de Anás ser deposto pelos romanos, deixando de ser oficialmente o sumo sacerdote, ele continuou a ter o mesmo poder e respeito, e era a autoridade judaica mais influente. Cinco dos filhos de Anás foram sumo sacerdotes, e o seu genro, Caifás, serviu nessa posição desde cerca de 18 EC até cerca de 36 EC. (Veja a nota de estudo em Lu 3:2.) O Evangelho de João também se refere a Anás como “o principal sacerdote”. (Jo 18:13, 19) A palavra grega traduzida aqui como “principal sacerdote” (arkhiereús) era usada para se referir tanto ao sumo sacerdote como a outros sacerdotes importantes, incluindo ex-sumo sacerdotes. — Veja o Glossário, “Principal sacerdote”.
Caifás: Este sumo sacerdote, nomeado pelos romanos, era um diplomata habilidoso. Caifás conseguiu ficar no cargo de sumo sacerdote durante mais tempo do que todos os que ocuparam esse cargo pouco antes dele. Ele foi nomeado por volta de 18 EC e continuou no cargo até por volta de 36 EC. Foi ele que interrogou Jesus e o entregou a Pilatos. (Mt 26:3, 57; Jo 11:49; 18:13, 14, 24, 28) Esta é a única vez que Caifás é mencionado por nome no livro de Atos. Depois disso, o livro refere-se sempre a ele como “o sumo sacerdote”. — At 5:17, 21, 27; 7:1; 9:1.
o Nazareno: Veja a nota de estudo em Mr 10:47.
executaram numa estaca: Ou: “pregaram numa estaca (num poste)”. — Veja a nota de estudo em Mt 20:19 e o Glossário, “Madeiro; Estaca”; “Estaca de tortura”.
a principal pedra angular: Veja a nota de estudo em Mt 21:42.
coragem: Ou: “franqueza”. O substantivo grego usado aqui, parresía, também pode ser traduzido como “confiança [ou: “liberdade ao falar”]”. (1Jo 5:14, nota de rodapé) Essa palavra e o verbo relacionado parresiázomai, com frequência traduzido como “falar corajosamente (com coragem)”, aparecem muitas vezes no livro de Atos, deixando claro que a coragem era uma característica marcante da pregação dos cristãos. — At 4:29, 31; 9:27, 28; 13:46; 14:3; 18:26; 19:8; 26:26.
sem instrução: Ou: “iletrados”. A palavra grega que aparece aqui (agrámmatos) pode referir-se a alguém analfabeto, mas neste contexto provavelmente refere-se a alguém que não estudou nas escolas rabínicas. Pelos vistos, a maioria dos judeus no primeiro século EC sabia ler e escrever. Um dos motivos para isso talvez fosse porque muitas sinagogas também funcionavam como escolas. Mas, assim como Jesus, os apóstolos Pedro e João não tinham estudado nas escolas rabínicas. (Compare com Jo 7:15.) A elite religiosa dos dias de Jesus considerava que as escolas rabínicas eram os únicos lugares aceitáveis para uma pessoa receber formação religiosa. Os fariseus e os saduceus, sem dúvida, achavam que Pedro e João não estavam qualificados para ensinar o povo ou dar explicações sobre a Lei. Além disso, Pedro e João eram da Galileia, uma região onde a maioria das pessoas eram agricultores, pastores e pescadores. Tanto os líderes religiosos como outros de Jerusalém e da Judeia desprezavam os galileus e consideravam que Pedro e João eram pessoas “comuns e sem instrução”. (Jo 7:45-52; At 2:7) Mas a opinião de Deus sobre eles era completamente diferente. (1Co 1:26-29; 2Co 3:5, 6; Tg 2:5) Antes de morrer, o Filho de Deus tinha dado muito treino e instrução aos seus discípulos, incluindo Pedro e João. (Mt 10:1-42; Mr 6:7-13; Lu 8:1; 9:1-5; 10:1-42; 11:52) E, depois de ser ressuscitado, Jesus continuou a ensinar os seus discípulos por meio do espírito santo. — Jo 14:26; 16:13; 1Jo 2:27.
do Sinédrio: Veja a nota de estudo em Lu 22:66.
milagre: Ou: “sinal”. A palavra grega semeíon, muitas vezes traduzida como “sinal”, refere-se aqui a um milagre que dá evidência do apoio de Deus.
Soberano Senhor: A palavra grega usada aqui, despótes, tem o sentido básico de “amo; senhor; dono”. (1Ti 6:1; Tit 2:9; 1Pe 2:18) Quando é usada para se dirigir diretamente a Deus, como acontece aqui e em Lu 2:29 e Ap 6:10, ela é traduzida como “Soberano Senhor”, para transmitir a ideia de que Jeová é muito superior a qualquer outro “senhor”. Outras traduções usam expressões como “Senhor”, “Amo”, “Mestre”, “Soberano” e “Governante (Amo; Senhor) de todos”. Algumas traduções das Escrituras Gregas Cristãs para o hebraico traduzem despótes como ʼAdhonaí (Soberano Senhor), mas pelo menos uma tradução usa o Tetragrama aqui.
Jeová: Esta é uma citação do Sal 2:2. No texto hebraico original desse salmo, aparecem as quatro letras hebraicas que formam o nome de Deus (que equivalem a YHWH). — Veja o Apêndice C1.
o seu ungido: Ou: “o seu Cristo; o seu Messias”. A palavra grega usada aqui é Khristós, de onde vem o título “Cristo”. Este versículo é uma citação do Sal 2:2, onde aparece a palavra hebraica correspondente mashíahh (ungido). É dessa palavra que vem o título “Messias”. — Veja as notas de estudo em Lu 2:26; Jo 1:41; At 4:27.
a quem ungiste: Ou: “a quem fizeste Cristo (Messias)”. O título Khristós (Cristo) vem do verbo grego khrío, traduzido aqui como “ungiste”. Esse verbo significa literalmente “derramar óleo sobre alguém”. Mas, nas Escrituras Gregas Cristãs, é sempre usado em sentido figurado e sagrado, e refere-se a Deus colocar alguém à parte para uma designação especial debaixo da sua direção. Esse verbo grego também aparece em Lu 4:18; At 10:38; 2Co 1:21 e He 1:9. As Escrituras Gregas Cristãs usam outro verbo grego, aleífo, quando querem transmitir a ideia de passar ou derramar no corpo azeite ou óleo perfumado em sentido literal. Por exemplo, era costume usar óleo perfumado ou azeite depois de a pessoa se lavar, quando alguém estava doente ou quando um corpo estava a ser preparado para ser sepultado. — Mt 6:17; Mr 6:13; 16:1; Lu 7:38, 46; Tg 5:14.
Jeová: As palavras deste versículo fazem parte de uma oração que começa no versículo 24. Os discípulos estavam a orar ao “Soberano Senhor” (At 4:24b), em grego despótes. Essa palavra grega também foi usada para se dirigir a Deus na oração registada em Lu 2:29. Na oração aqui em Atos, os discípulos referiram-se a Jesus como “o teu santo servo”. (At 4:27, 30) Parte da oração é uma citação do Sal 2:1, 2, onde aparece o nome de Deus. (Veja a nota de estudo em At 4:26.) Além disso, quando os discípulos pediram que Jeová desse atenção às suas ameaças, ou seja, às ameaças do Sinédrio, eles usaram palavras que fazem lembrar orações que estão registadas nas Escrituras Hebraicas, como em 2Rs 19:16, 19 e Is 37:17, 20, onde o nome de Deus aparece. — Veja o Apêndice C3 (introdução; At 4:29).
milagres: Ou: “presságios”. — Veja a nota de estudo em At 2:19.
terem feito a súplica: Ou: “terem orado fervorosamente”. O verbo grego déomai, traduzido aqui como “terem feito a súplica”, refere-se a orar de forma sincera e com fortes sentimentos. O substantivo relacionado déesis (súplica) pode ser definido como “apelo sincero e fervoroso”. Nas Escrituras Gregas Cristãs, este substantivo é usado apenas com respeito a pedidos feitos a Deus. Até Jesus “fez pedidos e súplicas, com fortes clamores e lágrimas, Àquele que era capaz de o salvar da morte”. (He 5:7) O facto de a palavra “súplicas” estar no plural mostra que Jesus implorou a Jeová mais de uma vez. Na última noite antes de morrer, Jesus fez várias orações fervorosas no jardim de Getsémani. — Mt 26:36-44; Lu 22:32.
a palavra de Deus: Esta expressão aparece muitas vezes no livro de Atos. (At 6:2, 7; 8:14; 11:1; 13:5, 7, 46; 17:13; 18:11) Aqui, refere-se à mensagem dada por Jeová Deus aos cristãos, que destaca o papel importante de Jesus Cristo na realização do propósito de Deus.
era de um só coração e de uma só alma: Esta expressão descreve a união e a harmonia que existiam entre todos os que se tinham tornado cristãos. O texto de Fil 1:27 usa uma expressão parecida, “com uma só alma”, que também poderia ser traduzida como “com um só objetivo” ou “como um só homem”. Nas Escrituras Hebraicas, a expressão “um só coração” é usada em 1Cr 12:38 (nota de rodapé) e em 2Cr 30:12 (nota de rodapé) para falar da união de objetivos e ações. Além disso, as palavras “coração” e “alma” aparecem frequentemente juntas para se referirem a tudo o que uma pessoa é por dentro. (De 4:29; 6:5; 10:12; 11:13; 26:16; 30:2, 6, 10) Aqui, a expressão “era de um só coração e de uma só alma” é usada de forma parecida e poderia ser traduzida como “estava completamente unida, com os mesmos pensamentos e objetivos”. Isso estava de acordo com a oração que Jesus tinha feito a pedir que os seus discípulos permanecessem unidos, apesar das suas diferentes formações. — Jo 17:21.
filho do: Em hebraico, aramaico e grego a expressão “filho(s) de” pode ser usada para indicar uma qualidade ou característica que se destaca numa pessoa ou para identificar um grupo de pessoas. Por exemplo, em De 3:18, a expressão “homens valentes” significa literalmente “filhos da habilidade” e refere-se a guerreiros corajosos. Em Jó 1:3, a expressão “orientais” significa literalmente “filhos do Oriente”. E, em 1Sa 25:17, a expressão “homem [...] imprestável” significa literalmente “filho de belial”, ou seja, “filho da inutilidade”. Nas Escrituras Gregas Cristãs, a expressão “filhos de” é usada para falar de pessoas que têm certo modo de agir ou apresentam uma determinada característica, como por exemplo nas expressões “filhos do Altíssimo”, “filhos da luz e filhos do dia”, e “filhos da desobediência”. — Lu 6:35; 1Te 5:5; Ef 2:2.
filho do consolo: Ou: “filho do encorajamento”. Esta é a tradução do nome Barnabé, que foi dado pelos apóstolos a um discípulo chamado José. Eles talvez tenham dado esse nome para identificar facilmente esse discípulo, porque o nome José era muito comum entre os judeus. (Compare com At 1:23.) A expressão “filho(s) de” era às vezes usada para indicar uma qualidade ou característica que se destaca numa pessoa. (Veja a nota de estudo em filho do neste versículo.) Pelos vistos, José era chamado “filho do consolo” porque tinha como característica marcante encorajar e consolar outros. O texto de At 11:22, 23 diz que José (Barnabé) foi enviado à congregação de Antioquia da Síria, onde “começou a encorajar” os seus companheiros cristãos. O verbo traduzido em At 11:23 como “encorajar” (parakaléo) está relacionado com a palavra grega traduzida como “consolo” (paráklesis) neste versículo.