Ensine seu filho brincando
BÁRBARA, de um ano e nove meses, estava sentada no chão, lidando com seus bloquinhos de construção. Quando terminou, contou-me como fizera a arca de Noé. Naquela noite, antes de ir dormir, de novo explicou, satisfeita, sua construção da arca de Noé.
No dia seguinte, nós nos sentamos juntos, em meio a seus blocos e vários animais e pessoas de brinquedo. Construímos de novo a arca e colocamos os animais dentro, junto com Noé e seus três filhos, Sem, Cã e Jafé.
Aprendíamos juntos, brincando. As crianças aprendem através de brincadeiras. Aprendem através de movimento, conversação e experiência pessoal.
Quando ensinamos aos nossos filhos a respeito do amor de Deus, precisamos ter em mente a maneira como as crianças aprendem. Pode-se-lhes ensinar os escritos sagrados desde a infância, conforme ilustrado no caso de Timóteo, um dos cristãos primitivos. (2 Tim. 3:15) As crianças têm grande capacidade de aprender, mas, como no caso dos adultos, aprendem e memorizam muito mais facilmente as coisas que acham interessantes.
Os melhores mestres da criança são seus pais. Conhecem a disposição de seu próprio filho, seu temperamento, seu nível de desenvolvimento e sua habilidade. Os pais sabem mais como ensinar dentro dos limites de sua capacidade individual de desenvolvimento. Jeová deu aos pais a responsabilidade de ensinar Seus caminhos aos filhos. — Pro. 22:6.
Existem muitas maneiras de ensinar a Bíblia. Por ensinarmos a Bíblia nas horas de lazer, através de jogos animados e calorosa associação, empregamos disciplina positiva. A disciplina envolve não apenas a punição e a repreensão, mas o inteiro processo de fazer de alguém um discípulo. Aprender a Bíblia por meio de quebra-cabeças, figuras, jogos e brincadeiras teatrais, pode ser muito benéfico.
Ler juntos, quando ambos estão numa calma e boa disposição mental, é excitante para a criança, caso o livro for cheio de figuras interessantes. Meu Livro de Histórias Bíblicasa é excelente para isto. Pode-se simplesmente explicar as figuras, à medida que a criança vai virando rapidamente a esmo as folhas do livro. Mais tarde, vai vê-la parar nas suas ilustrações favoritas, a fim de contar-lhe a história. Ao passo que for ficando mais velha e mais capaz de sentar de modo atento, talvez desejará ler para ela a história, palavra por palavra. Se parar antes de ela ficar desinteressada, verá que estará pronta e disposta a se sentar de novo e ler junto consigo, noutra ocasião.
Os quebra-cabeças são, também, um recurso para a educação. Num instante pode-se fazer quebra-cabeças baratos, cortando desenhos representando acontecimentos bíblicos ou personagens de revistas velhas que, de outro modo, ficariam empilhadas no armário. Os desenhos podem ser colados em cartões, daí cortados em peças para juntar.
Um teatrinho de marionetes, usando meias velhas ou alguns dos brinquedos das crianças, pode ser bem divertido. Não desanime caso seus filhos pequenos de início não parecerem interessados. Tente de novo, noutra ocasião. No início, talvez fiquem sentados apenas um momento, antes de tentarem pegar sua marionete. Logo, contudo, aprenderão que caso fiquem sentados e olhando o tempo suficiente, uma grande história se desenrolará diante deles.
Eis a seguir algumas sugestões para os que gostam de brincar de modo ativo com seus filhos. Talvez queira tentar colocar dentro da banheira ou da piscina ao ar livre alguns brinquedos para simular Moisés atravessando o mar Vermelho ou o naufrágio de Paulo.
O bom samaritaninho poderia enfaixar a pobre mamãe; ou a mamãe poderia enfaixar o pobre viajantezinho, colocando-o em seguida nos ombros do papai para a viagem até a pousada.
Em outra ocasião, os cobertores são arrastados até a sala de estar para fabricar uma tenda, podendo-se brincar de Paulo fabricando tendas ou dum israelita durante a festividade das barracas.
Ao ar livre as brincadeiras podem ser mais movimentadas. Por exemplo, espiar a Terra Prometida, fugir pela janela da casa de Raabe, na terra de Jericó, Davi fingindo insanidade mental na terra dos filisteus ou Paulo sendo descido num cesto de cima das muralhas, em Damasco.
Pode-se fazer as muralhas de Jericó num caixote de areia, e daí, após fazer marchar alguns brinquedos em volta das muralhas e muito soar de trombetas de brinquedo e um grito alto, as muralhas podem ser derrubadas.
Uma palavra de cautela, contudo, encontra-se em Efésios 6:4. Não queremos ser irritantes para os nossos filhos. Seria especialmente lamentável se fizéssemos do aprendizado da Bíblia uma experiência irritante. Precisamos, portanto, examinar a nós mesmos com muita franqueza. Pergunte a si mesmo: “Faria a participação em tais brincadeiras que eu me sentisse deslocado, levando à frustração e à irritabilidade para com meus filhos? Sentir-me-ia mais inclinado a exercer pressão sobre eles do que realmente gostar da brincadeira?” Se for assim, talvez queira achar algumas alternativas. Ao invés de você mesmo fazer a brincadeira, talvez possa animar seus filhos a fazê-la. Por exemplo, quando recorrem aos cobertores para fazer tendas, poderá dizer: “Paulo trabalhou com tendas, fazendo exatamente como vocês.” Também, as brincadeiras serão menos frustradoras se, antes de começá-las com seus filhos, já tiver pensado bem o que deseja representar e como fará isto.
Se tiver prazer em fazer artesanato e seus filhos tiverem idade suficiente para participar, terá outro campo para ensinar a Bíblia. Podem-se fazer bonecos de papel crepom, madeira ou pano; daí, vesti-los apropriadamente. Sansão poderá ter sete tranças, Saul poderá ser um boneco alto, Absalão com bastante cabelo, Arão com trajes sacerdotais. Pode-se fazer um peixe de pano, com Jonas na boca. Pode-se construir um comedouro de pássaros em forma da Arca de Noé. Todas estas coisas podem servir como trampolins para explicações de importantes verdades bíblicas.
As coisas da vida cotidiana podem ser aplicadas à Bíblia. Os animais que vemos nas fazendas locais ou nos zoológicos podem ser usados. Após ver um jumento, podemos fazer alguns comentários a respeito de Jesus entrar em Jerusalém montado num jumento, ou da jumenta de Balaão, que falou. Quando seus filhos vêem cobras, ovelhas ou rãs, relembre-lhes que tais, também, são mencionados nos registros bíblicos. Após apagar as luzes na hora de dormir, poderia dizer: “Já pensou se ficasse escuro assim o dia todo? Jeová fez o Egito ficar escuro deste jeito, numa das 10 pragas.” Se seus filhos já conhecem o relato isto lhes dá algo em que pensar antes de pegarem no sono. Caso não, leiam-no juntos, numa oportunidade.
Se um dia uma criança aparecer em casa com uma funda, no bolso traseiro, poderá contar o caso dos 700 benjamitas que eram capazes de acertar, com uma funda, seu alvo do tamanho dum fio de cabelo. (Juí. 20:16) Contudo, o fato de que este era um instrumento de guerra e que os cristãos desistiram da guerra também poderia ser mencionado.
Na mercearia, uma azeitona, uma romã ou um pepino poderá ser usado, especialmente se gosta de contar vívidas histórias bíblicas.
De todos esses modos e em muitos mais que possa imaginar, poderá seguir a admoestação das Escrituras em Deuteronômio 6:6, 7: “E estas palavras que hoje te ordeno têm de estar sobre o teu coração; e tens de inculcá-las a teu filho, e tens de falar delas sentado na tua casa e andando pela estrada, e ao deitar-te e ao levantar-te.”
[Nota(s) de rodapé]
a Distribuído pela Sociedade Torre de Vigia de Bíblias e Tratados.