Dicas sobre gorjetas
EM ALGUNS países, a gorjeta se tornou, efetivamente, parte do preço básico duma refeição ou duma corrida de táxi. Mas isto não acontece em todos os países. Eis aqui algumas sugestões quanto a se deve ou não dar gorjeta:
ALEMANHA: Na República Federal da Alemanha, acrescenta-se automaticamente à conta uma taxa de 10 a 20 por cento (em geral chamada Trinkgeld, em alemão), a ser distribuída entre os empregados. Ao se pagar a conta, contudo, as boas maneiras ditam que se arredonde o total de forma generosa. Este tipo de gorjeta é encarado como “pequena recompensa pelos serviços prestados”. Infelizmente, na vizinha Áustria — de acordo com Lowell, freqüente viajante que mora em Luxemburgo — os clientes alemães criaram fama de deixar pouquíssima gorjeta ou não darem nenhuma.
Quanto a dar gorjeta em restaurantes, sugere um bem-conhecido livro alemão sobre etiqueta: “Não seja pão-duro; arredonde o total, de modo que o garçom não lhe tenha de devolver 2 ou 3 centavos de dólar de troco.” Para uma corrida de táxi, acrescente de 3 a 5 por cento ao indicado no taxímetro.
Em Luxemburgo, as gorjetas diferem um pouco. Em geral, a conta não inclui uma taxa de serviço, caso em que se deve adicionar de 8 a 10 por cento como gorjeta. Mesmo que se inclua uma taxa de serviço, ainda é comum acrescentar uma gorjeta de 5 por cento.
AUSTRÁLIA: Por ter um salário fixo, nenhum empregado aqui realmente depende de gorjetas para ter um salário adequado. Alan dirige um táxi em Sídnei desde 1973, e raramente recebe gorjeta. Quando recebe, em geral é de um turista do ultramar. O australiano mediano não lhe dá gorjeta, embora alguns talvez arredondem o preço da corrida e lhe mandem ficar com o troco.
Anis é contador duma firma de Sídnei e freqüentemente come fora. Diz ele: ‘Os garçons dos restaurantes de alta classe esperam pelo menos 10 por cento de gorjeta; os restaurantes de classe média variam de 5 a 10 por cento; e os medianos ficam satisfeitos com algo em torno de 5 por cento.’ Lucy, que freqüentemente viaja com seu marido executivo, concorda, e acrescenta que, nos restaurantes mais exclusivos, os garçons ‘o olham com desprezo’ se der apenas 10 por cento de gorjeta, e, nestes lugares, espera-se 15 por cento.
BRASIL: No Brasil, a atitude quanto a dar gorjeta varia. Ela é esperada nas grandes cidades, mas, nas pequenas, nem tanto. “A maioria dos restaurantes inclui uma taxa de serviço de 10 por cento para o garçom”, diz o chefe dos garçons dum restaurante de Curitiba. “Mas”, acrescenta ele, “em geral se dá uma gorjeta adicional”. O mesmo acontece com os barbeiros e as arrumadeiras de hotéis. Um dos motivos disso é econômico: Os salários são baixos, e não conseguiam até há pouco, manter o passo com a inflação galopante de 230 por cento.
Os motoristas de táxi geralmente recebem o que o taxímetro mostra, e, às vezes, recebem gorjeta, especialmente se rodarem por uma área perigosa ou tarde da noite. Em geral, o costume é dar uma gorjeta como sinal de gratidão pelos bons serviços prestados e pela atitude amigável demonstrada.
ESTADOS UNIDOS: Dar gorjeta aqui é mais do que uma recompensa por bons serviços. É como alguns ganham a vida. Mas isto não significa que dar gorjeta a uma taxa fixa seja algo automático. Por exemplo, para bons serviços obtidos, “15 por cento é a norma”, afirma Andrea, gerente dum restaurante. Dê 20 por cento se o garçom foi muitíssimo prestativo e generoso, aconselham os críticos de culinária, mas 10 por cento ou menos para serviços ruins. “Não castigue o garçom por causa da qualidade da comida, porque ele não tem controle sobre isso”, acautela Oscar, um garçom. “Queira dar gorjeta pelos serviços prestados pelo garçom. Se achar que os serviços dele foram ruins, diga-lhe por que, e diga ao gerente também.”
Dar gorjeta em Nova Iorque é diferente. Na maioria dos restaurantes, 20 por cento é a norma. Susie Steiger, vice-presidente do “Restaurant Marketing Plus”, de Nova Iorque, aconselha que 15 por cento é o mínimo, e que se deve dar 20 por cento quando se fica bem satisfeito com o serviço do restaurante. Ela também comentou que as pessoas de diferentes regiões do país dão gorjeta de forma diferente. As das grandes cidades em geral dão gorjetas mais generosas do que as das cidades pequenas e das zonas rurais. Assim, ao visitar Nova Iorque, seria bom lembrar do costume que ali prevalece, e dar uma gorjeta de acordo.
Que dizer das corridas de táxi? Mary, uma taxista, afirma que “os taxistas esperam uma gorjeta de 15 por cento”. Também, quando se hospeda num local de veraneio ou num hotel, por certo tempo, a perita em etiqueta, Elizabeth L. Post, sugere que o casal dê uma gorjeta à arrumadeira de cerca de um dólar por noite.
ITÁLIA: Aqui se pratica de forma extensiva o costume de dar gorjeta. Os taxistas ficam contentes com gorjetas de 15 por cento do valor da corrida. Nos restaurantes, gorjetas de 5 a 10 por cento são esperadas, para bons serviços prestados. “O garçom espera uma gorjeta do freguês e fica desapontado quando não a recebe”, afirma Pino, garçom de 32 anos, que trabalha em um restaurante em Roma, “não só por causa da redução de renda, como também por não se demonstrar o apreço geralmente manifesto por aqueles que deixam gorjetas”.
Efrem é de nacionalidade etíope. Ele, também, trabalha como garçom em Roma. “As gorjetas são muito essenciais”, diz ele, porque “os salários são bem baixos”. Ele acredita ter merecido uma gorjeta quando demonstra-se cortês e presta um serviço rápido ao freguês.
JAPÃO: A Organização Nacional de Turismo aqui informa: “Não dêem gorjeta”, e jacta-se de que “a ausência de gorjetas no Japão torna o Japão o paraíso dos turistas”. Ao passo que isto é tecnicamente correto, na realidade as taxas e os serviços já estão incluídos nos preços alistados, ou já foram acrescidos à conta. Pagam-se os salários à base destas taxas.
Os taxistas no Japão recebem um salário fixo suficiente para sustentar a família, e não se lhes permite solicitar gorjeta. Todavia, quase 15 por cento dos passageiros deveras dão gorjeta, explicando: “Isto é para seu lanche.” Os taxistas do Japão não consideram parte do seu trabalho cuidar das malas, mas, quando o fazem, os passageiros com freqüência dão uma gorjeta por este serviço extra.
Não é costumeiro dar gorjeta em restaurantes, porque as taxas de serviço já estão incluídas na conta. O Sr. Hazama, proprietário dum restaurante de alta classe num subúrbio de Tóquio, disse a Despertai! que o salário dos garçons no Japão iguala os de outros tipos de trabalho. Explicou que solicitar gorjetas em restaurantes é algo que se desencoraja fortemente, uma vez que de imediato traria má reputação a esse estabelecimento. Ele efetivamente declarou, contudo, que a coisa mais próxima duma gorjeta seria o costume de dar um presente em dinheiro quando se pede algum serviço extra, tal como fazer reserva para uma festa especial de celebração.
Que dizer do pernoite nas ryokans, ou hospedarias nipônicas? Deve dar gorjeta? Em geral, não deve, para os serviços normais. Mas, algumas ryokans prestam serviços extras, sem custos adicionais. Nestas ryokans, os hóspedes talvez desejem mostrar apreço por dar gorjeta, em especial se esperam permanecer vários dias — por exemplo, quando assistem a um congresso.
O Japão possui interessante costume: oferecer dinheiro antes de obter serviços. Por exemplo, alguns hóspedes, logo que chegam a uma ryokan, passam um envelope de dinheiro à arrumadeira que limpará seu aposento. É um agradecimento antecipado por todos os cuidados que ela terá com eles. Esta consideração parece garantir bons serviços.
NIGÉRIA: A maioria dos hotéis, restaurantes e estabelecimentos similares têm taxas de serviço — de 10 a 15 por cento. Jeremiah, que já serve como garçom nos hotéis de Lagos por muitos anos, afirma: “O dinheiro recebido deste modo é partilhado por todos os empregados.” Explica ele: “Dar gorjeta é proibido, e os empregados que forem vistos aceitando gorjeta podem ser despedidos.” E alguns estabelecimentos colocam letreiros informando ao público sobre esta restrição. Mas Jeremiah logo acrescenta que, nos locais em que os funcionários não estão proibidos de receber gorjeta, eles apreciam uma gorjeta adicional, embora haja uma taxa de serviço. “Isto incentiva o interesse nos fregueses, e a prestação de bons serviços”, afirma.