Relatório de Portugal para 1965
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A liberdade de a pessoa adorar a seu Deus é coisa maravilhosa, mas tal liberdade não existe em Portugal, não para os que afirmam ser testemunhas de Jeová. Há muitos países do mundo que permitem que haja liberdade religiosa e apóiam suas declarações por concederem a liberdade. Mas, num país tal como Portugal, onde Babilônia, a Grande, retém tamanho poder e pode influenciar as altas autoridades governamentais, e obrigar a força policial a fazer decisões contrárias à liberdade de adoração, por certo é difícil que os que desejam servir ao verdadeiro Deus, Jeová, façam isso. Quando a pessoa lê sobre o que as testemunhas de Jeová têm passado em Portugal, para servirem a Deus, isso a leva de volta aos dias de Hitler, e a igreja católica estava também por trás daquele regime. A Sociedade tem o prazer de fornecer um relatório do que se passa em Portugal.
Autoridades governamentais eivadas de preconceito têm feito tais declarações falsas como as de que as testemunhas de Jeová são “um perigo para a segurança do estado”, “subversivas”, “anti-sociais” e que são “um movimento de ambiciosos fins políticos que, em muitos aspectos, é similar a outros movimentos totalitários”. Durante o ano, muitos mais lares dos irmãos têm sido alvos de buscas e as publicações religiosas têm sido confiscadas. Alguns foram levados presos ou para ser interrogados, ao passo que ainda outros têm sido incomodados de ser seguidos por homens à paisana durante incontáveis dias. Diversos que foram presos quando assistiam às reuniões das testemunhas de Jeová ou quando dirigiam estudos bíblicos domiciliares foram processados por realizarem “reuniões ilegais” ou por pertencerem a um grupo “anti-social”. O resultado destes casos ainda não é conhecido, mas é evidente que o governo hesita trazer a público tais acusações.
O irmão V — é uma testemunha ativa de Jeová, muito embora tenha setenta e três anos. Bem no início do ano, a polícia inspecionou seu lar e levou suas publicações religiosas pessoais e, no mês de agosto, foi intimado a comparecer duas vezes na delegacia local. Na segunda ocasião, foi obrigado a submeter-se a um interrogatório de “terceiro grau”, tendo de ficar em pé durante cinco horas de interrogatório incessante.
Num vilarejo um tanto distante de Lisboa, a irmã C — foi tão acossada pela polícia que finalmente se tornou necessário que ela abandonasse a localidade. Ela fora seguida durante vários dias, presa e retida na sede da polícia sem lhe serem feitas acusações, e diversas vezes sua casa foi invadida e rebuscada. Certa vez esta senhora, que tem setenta anos, foi detida durante trinta e duas horas sem receber alimento de qualquer espécie.
Um aviso de que devia comparecer à delegacia local foi recebido pelo irmão C — e ele se apresentou ali na hora marcada. Durante duas horas, zombaram de sua religião e foram feitas tentativas para obrigá-lo a mudar de suas ideias religiosas. Quando isto fracassou, um dos policiais fechou cuidadosamente as portas e janelas do quarto, e o irmão C — foi cruelmente espancado na cabeça e no estômago. Quando caiu no chão, inconsciente, foi levantado pelas orelhas e espancado novamente.
Na ocasião de isto ser escrito, dois de nossos irmãos já estão presos por mais de três meses, retidos sem acusações. Foram presos enquanto tomavam parte numa reunião religiosa. Falharam todos os esforços de ajudá-los; não puderam receber visitas e não se lhes permite ter nenhuma matéria de leitura. Destes incidentes pode-se ver que as testemunhas de Jeová em Portugal têm sofrido muito durante o ano passado. Apesar disso, têm feito grande esforço de encontrar as “outras ovelhas”, como se pode ver do aumento de 25 por cento em publicadores.
Cerca de 350 irmãos portugueses tiveram o maravilhoso privilégio de assistir à Assembleia “Palavra da Verdade” na Suíça e voltaram com apreciação ainda mais profunda da organização de Jeová. Não fez diferença que tão poucos portugueses pudessem assistir a ela. Grande tribuna, com belas ilustrações e flores, foi erguida, junto com esmerado sistema sonoro, assim como fora montado para os irmãos de língua alemã, francesa, italiana e espanhola que estavam presentes. Todos estes preparativos e esta organização, junto com o fato de que o irmão Knorr tirou algum tempo de seu programa ocupado para falar pessoalmente aos portugueses de sua tribuna, constituíram vívido lembrete de que Jeová realmente ama suas “ovelhas” e se preocupa com elas, até mesmo com a menor delas. O governo português tentou arduamente impedir os nossos irmãos de estarem presentes. Cinquenta que obtiveram passaportes coletivos foram avisados apenas no dia antes de sua partida de que seus passaportes foram cancelados. Quando a polícia soube que acabara de partir um ônibus especial de irmãos, telefonou para a fronteira para pará-lo, mas o ônibus já havia atravessado a alfândega.
Não estamos certos do que o novo ano trará. Parece que o governo está tornando mais rigorosa sua campanha, e os irmãos ainda terão de sofrer mais perseguição. Estão preparados para isso e seguem o conselho da “testemunha fiel e verdadeira”, Cristo Jesus: “Não tenhas medo das coisas que estás para sofrer. Eis que o Diabo estará lançando alguns de vós na prisão, para que sejais plenamente provados, e para que tenhais tribulação por dez dias. Mostra-te fiel até à morte e eu te darei a coroa da vida.”