Perguntas dos Leitores
● Hebreus 9:14 diz que Cristo, “por intermédio dum espírito eterno, se ofereceu”. Qual é o “espírito eterno”? — E. U. A.
A observação da primeira parte desta declaração nos ajudará a compreender esta expressão no contexto. Lemos: “Pois, se o sangue de bois e de touros, e as cinzas duma novilha, aspergidos sobre os aviltados, santifica até à purificação da carne, quanto mais o sangue do Cristo, o qual, por intermédio dum espírito eterno, se ofereceu a Deus sem macula, purificará as nossas consciências de obras mortas, para que prestemos serviço sagrado ao Deus vivente?” — Heb. 9:13, 14.
Estes comentários aparecem no meio duma consideração que contrasta os arranjos aprovados por Deus sob o antigo pacto da lei, ou na Lei mosaica, e os que pertencem ao novo pacto. Na parte inicial do capítulo, o apóstolo Paulo considera o tabernáculo e os sacrifícios de animais oferecidos ali. Estas coisas eram exigências legais “referentes à carne” e vigoravam até o tempo designado. (Heb. 9:10) Paulo salientou também que o “espírito santo” esclarecera que, enquanto o tabernáculo estivesse de pé e seus sacrifícios fossem aceitos por Deus, ainda não estava disponível o caminho de entrada no lugar santo do próprio céu. — Heb. 9:8, 12.
Portanto, o caminho para o céu era por intermédio do sacrifício e do sangue de Jesus, não por intermédio dos sacrifícios de animais, segundo as exigências legais “referentes à carne”. Mas como veio a haver o sacrifício de Jesus? Veio por meio da operação do espírito santo já mencionado.
Já antes, nesta carta, Paulo havia explicado que Jesus não se tornou sacerdote “segundo a lei dum mandamento dependente da carne”, o que se teria dado se tivesse pertencido à família de Arão, da tribo de Levi. Jesus era da tribo não-sacerdotal de judá. Por conseguinte, foi escolhido pela designação direta de Deus para ser “sacerdote para sempre à maneira de Melquisedeque”. (Heb. 7:16, 17) Em vez de ser ungido com óleo, assim como Arão, Jesus foi ungido com espírito santo. — Êxo. 29:7; Luc. 3:21, 22.
Em todo o seu ministério, Jesus proclamou por palavras e por obras que tinha o espírito santo de Deus, capacitando-o e guiando-o. (Mat. 12:18, 28; Luc 4:14, 18) Quando veio o tempo para isso, Jesus depôs a sua vida em sacrifício, assim como se profetizara de antemão e se escrevera nas Escrituras por meio do espírito — tal como morrer ele numa estaca, entre pecadores e sem se lhe quebrar um osso sequer. (Deu. 21:22, 23; Gál. 3:13; Isa. 53:12; Sal. 34:20) Portanto, seu sacrifício não estava de acordo com exigências carnais, mas por meio da operação do espírito e de acordo com ele. E a Bíblia diz que o corpo de Cristo foi oferecido “uma vez para sempre”. — Heb. 10:10, 12.
Todos os regulamentos carnais da Lei faziam parte dum arranjo temporário que cessaria — o controle pela Lei era temporário. Em contraste, aquilo com que Jesus foi ungido, dirigido e oferecido era permanente — o espírito eterno de Deus. Seria usado para sempre, para dirigir os incluídos no novo pacto. E a oferta feita não teria valor apenas passageiro, por um tempo limitado; seria um sacrifício eterno. Paulo podia com bom motivo contrastar as provisões carnais da Lei, seu tabernáculo, seus sacrifícios e seu sacerdócio, com o espírito eterno por meio do qual Cristo se ofereceu.
● Em que base se aplica ao rei judeu Zedequias a profecia de Ezequiel 21:25-27? — E. U. A.
A profecia em questão reza: “No que se refere a ti, ó mortalmente ferido maioral iníquo de Israel, cujo dia chegou no tempo do erro do fim, assim disse o Senhor Jeová: Remove o turbante e retira a coroa. Esta não será a mesma. Põe no alto o rebaixado e rebaixa o que estiver no alto. Uma ruína, uma ruína uma ruína a farei. Também, quanto a esta, certamente não vira a ser de ninguém, até que venha aquele que tem o direito legal, e a ele é que terei de dá-lo.’”
Há acordo geral entre os eruditos bíblicos, judaicos, católicos e protestantes, de que esta profecia se aplica de fato ao último rei de Judá, Zedequias, e não sem bons motivos. Ezequiel diz que começou a profetizar no quinto ano do exílio do Rei Joaquim, que começou em 617 A. E. C. (Eze. 1:2) o Rei Nabucodonosor substituiu o Rei Joaquim pelo Rei Zedequias, tio de Joaquim. (2 Reis 24:12-17) Portanto, o Rei Zedequias governava quando Ezequiel começou a profetizar. Ele certamente se mostrou um “maioral iníquo”. — 2 Reis 24:18-20.
O Eze. capítulo 21 do livro de Ezequiel começa com uma profecia dirigida contra Jerusalém e “contra o solo de Israel”, e os Eze. 21 versículos 20 e 21 dizem que o rei de Babilônia viria contra judá e Jerusalém. Visto que o Rei Zedequias foi o único bem como o último rei de Israel que governava durante o tempo em que Ezequiel profetizou, segue-se que Ezequiel 21:25-27 se deve aplicar a ele.
E esta profecia teve deveras cumprimento nele e no seu tempo. Ela dizia: “Remove o turbante e retira a coroa.” O Rei Nabucodonosor fez isso para ele, tirando a Zedequias o turbante real e removendo-lhe a coroa por levá-lo ao cativeiro em Babilônia. A profecia expressava uma ruína tríplice, quer dizer, cabal, e esta ocorreu na desolação completa de Jerusalém e de Judá. Em resultado disso, o governante gentio, pagão, “rebaixado”, Nabucodonosor, foi posto “no alto” e o “alto”, o Rei zedequias, assentado no trono de Davi, foi ‘rebaixado’.
Além disso, visto que o Rei Zedequias era o último da linhagem do Rei Davi a sentar-se no trono terrestre em Jerusalém, era realmente verdade que depois dele “certamente não virá a ser de ninguém, até que venha aquele que tem o direito legal, e a ele é que terei de dá-lo”. Este, conforme o anjo Gabriel disse à virgem Maria, não era outro senão o Filho de Deus, Jesus Cristo. — Luc. 1:32, 33; 22:28-30.
“Ora estas coisas lhes aconteciam como exemplos e foram escritas como aviso para nós, para quem já chegaram os fins dos sistemas de coisas.” — 1 Cor. 10:11.