Perguntas dos Leitores
◼ Em vista das notícias no sentido de que os médicos talvez possam reverter a esterilização voluntária, não poderiam alguns cristãos escolhê-la como forma de controle da natalidade?
A Bíblia mostra a elevada consideração que Deus tem para com as faculdades reprodutivas. Seu propósito era que os humanos enchessem a terra por reproduzirem a sua espécie. (Gênesis 1:28; 9:6, 7) Mais tarde, os israelitas consideravam famílias grandes como uma bênção da parte de Jeová, e a interferência no processo reprodutivo trazia o desfavor divino. (Salmo 127:3-5; Deuteronômio 1:11; 23:1; 25:11, 12) Tais pontos nas Escrituras Hebraicas têm influenciado o modo de pensar de muitos dos servos de Deus com respeito à prática da esterilização voluntária.a
Mas, o que encontramos nas Escrituras Gregas Cristãs com relação a este assunto? Uma coisa que aprendemos é que os cristãos não estão sob a Lei mosaica. (Gálatas 3:24, 25) Além disso, Jesus exortou à expansão do cristianismo pela pregação das boas novas, não pela procriação. Visto que disso resultaria uma grande colheita de discípulos, Jesus aconselhou os discípulos que podiam dar lugar a isso a se tornarem eunucos em sentido espiritual, manifestando autodomínio como pessoas solteiras. No mesmo teor, o apóstolo Paulo incentivou os cristãos a não se casarem, para assim ter maior liberdade para pregar e ensinar. Assim estariam ajuntando filhos espirituais. Até mesmo os casados deviam lembrar-se de que “o tempo que resta é reduzido”; deviam ter por objetivo estar ‘livres da ansiedade’ da vida familiar. — 1 Coríntios 7:29-32, 35; Mateus 9:37, 38; 19:12.
Da última vez que tratamos do assunto da esterilização voluntária nesta colunab, a maioria dos médicos considerava este processo como irreversível, e, assim, permanente. Entretanto, o avanço na medicina, na última década, alterou um pouco a situação. Por exemplo, o periódico Population Reports (novembro-dezembro de 1983, da Universidade Johns Hopkins) diz o seguinte sobre a vasectomia: “Segundo relatórios recentes, a reversão tem restabelecido a potência — isto é, encontraram-se espermatozóides na ejaculação — em 67 a 100 por cento dos homens. O sucesso funcional — isto é, a gravidez entre as esposas dos homens que tiveram a reversão — tem variado entre 16 a 85 por cento.” Novos procedimentos cirúrgicos e métodos de implantação de bloqueios temporários também são citados como indicação de que o sucesso com a reversão aumentará ainda mais.
Visto que as Escrituras Gregas Cristãs não fornecem nenhuma orientação direta sobre tais assuntos, os cristãos têm de fazer a sua própria decisão sobre a limitação do tamanho de sua família e sobre o controle da natalidade. Quanto à esterilização, devem ter em mente que, embora a reversão seja teoreticamente mais possível do que há uma década, os médicos não podem garantir que a faculdade reprodutiva possa ser restabelecida.
Acima de tudo, os casados devem manter a consciência limpa perante Jeová e para com os seus concristãos. Se um casal pensar na esterilização como forma de controle da natalidade, deve tomar em consideração o efeito que sua ação possa ter sobre outros. Embora os casados não costumem divulgar sua decisão sobre o controle da natalidade, se ficar amplamente conhecido que recorreram a uma esterilização voluntária, ficaria a congregação muito perturbada e perderia o respeito por eles? (1 Timóteo 3:2, 12, 13) Esses fatores precisam ser considerados com muita seriedade, mesmo em tal assunto particular e pessoal. Afinal de contas, é bem apropriada a declaração de Paulo: “Para o seu próprio amo [Jeová] está em pé ou cai.” — Romanos 14:4, 10-12.
[Nota(s) de rodapé]
a Por exemplo, veja “Perguntas dos Leitores” na Sentinela de 1.º de junho de 1975.
b Por exemplo, veja “Perguntas dos Leitores” na Sentinela de 1.º de junho de 1975.