Fale dum bom coração
“Raça de víboras, como podeis falar coisas boas, sendo iníquos? Porque a boca fala da abundância do coração. O homem bom do seu bom tesouro, envia coisas boas, enquanto que o homem iníquo, do seu tesouro iníquo, envia coisas iníquas. Digo-vos que de toda palavra inaproveitável que os homens falam hão de dar conta no Dia do Juízo; porque pelas tuas palavras serás condenado.” — Mat. 12:34-37, NM.
1. A quem deve o homem a faculdade de falar, e como a deve considerar?
A CAPACIDADE de falar de modo inteligente é tão antiga como a família humana. A capacidade de falar foi uma das dádivas que o homem recebeu de Jeová, desde o dia em que foi criado. É deveras um grande tesouro. Quão benditos são os homens de poderem comunicar-se facilmente entre si por meio do falar! Falar é tão comum entre a humanidade, que muitos nem param para pensar em dar graças ao grande Criador pelo maravilhoso privilégio de poder falar. Mas, quão difícil seria para nós empenharmo-nos nas nossas muitas atividades cotidianos se não tivéssemos a capacidade de falar! Observar por uns instantes os problemas dos surdos-mudos convencerá a qualquer um da grande sabedoria e inteligência que Jeová usou na projeção da forma mais elevada da criação terrestre; o homem. Devíamos agradecer a Jeová cada dia a capacidade de podermos falar.
2. (a) De que maneira coopera o corpo humano na produção de uma boa maneira de falar? (b) Que explicação para a maneira boa e a má de falar se encontra na Bíblia?
2 Jeová projetou a boca humana, a língua e a garganta, para que o homem pudesse falar coisas boas. Estas partes do corpo humano funcionam juntas, dependendo de outras partes do corpo. Se hão de ser usadas para falar boas coisas, como Jeová teve o propósito, as outras partes do corpo precisam cooperar. O uso correto da faculdade de falar depende do que está na mente e no coração. Quando ouvimos alguém falar coisas boas para o louvor do Criador, verificaremos que a mente e o coração dele foram treinados em harmonia com a Palavra de Deus. Entesourou no seu íntimo a verdade, assim como se guarda cuidadosamente um tesouro. Nem todos os homens falam coisas boas, e Jesus explicou por quê: “Ou vós, povo, fazeis a árvore boa e seu fruto bom ou fazeis a árvore podre e seu fruto podre; pois, pelo seu fruto se conhece a árvore.
3. (a) Por que é que os homens falam coisas perversas? (b) Que luz é lançada sobre isso pelas palavras de Jesus em Mateus 15:1-11?
3 Qual é a razão desta diferença nos homens, alguns falando louvor a Deus e outros lançando vitupério sobre ele? A resposta se acha na história da família humana. Esta diferença tem existido desde a rebelião, quando Satanás, o Diabo, falou em oposição a Deus, no jardim do Éden, e quando Adão e Eva violaram o mandamento de Deus e também se tornaram opositores da vontade de Deus. Suas mentes e corações ficaram contaminados com mentiras e pensamentos errados, e esta é a herança legada à família humana. Alguns procuram dar-se a aparência de falar coisas boas, mas seus motivos não são bons, conforme mostram os seus frutos. Êles torcem as palavras, procuram a sua própria vantagem e buscam a honra dos homens. São hipócritas, iguais aos fariseus e escribas que Jesus encontrou perto de Jerusalém: “Então chegaram a Jesus uns fariseus e escribas vindos de Jerusalém e lhe perguntaram: Por que transgridem os teus discípulos a tradição dos anciãos? pois não lavam as mãos, quando comem pão. Ele, porém, respondendo, disse-lhes: E vos, porque transgredis o mandamento de Deus por causa da vossa tradição? Pois Deus ordenou: Honra a teu pai e a tua mãe; e:Quem maldisser a seu pai ou a sua mãe, certamente morrerá. Mas vós dizeis: Qualquer que disser a seu, pai ou a sua mãe: O que poderias aproveitar de mim é oferta ao Senhor; esse não terá de honrar a seu pai. E assim por causa da vossa tradição invalidastes a palavra de Deus. Hipócritas! bem profetizou Isaías a vosso respeito, dizendo: Este povo honra-me com os lábios; o seu coração, porém, está longe de mim. Mas em vão me adoram, ensinando por doutrinas preceitos de homens. E, chamando a si a multidão, disse-lhes: Ouvi, e entendei: Não é o que entra pela boca que contamina o homem; mas o que sai da boca, isso é que o contamina.” — Mat. 15:1-11, NTR.
4. (a) Em relação com o falar, o que contamina ao homem? (b) Que mostra Romanos 12:1, 2 quanto à maneira de se mudar do proceder seguido pelas pessoas profanas do mundo?
4 Segundo Jesus, o coração humano precisa estar em harmonia com Deus para o homem poder falar corretamente. Nos dias atuais ouvem-se muitas doutrinas e filosofias. Teorias estranhas estão sendo apresentadas pelos chamados sábios da ciência e por instituições educativas, sendo divulgadas por todos os meios modernos de propaganda. Seus dizeres precisam ser examinados criteriosamente. Podemos ouvir muitas coisas, mas, à base do conhecimento acurado encontrado na Palavra de Deus podemos determinar o que é bom e aceitável e o que não o é. Não ficamos contaminados ao ouvirmos algo mau, mas, se repetirmos a coisa má ou praticarmos coisas más, então estamos errados. Visto que nascemos no ambiente mau deste mundo, a nossa determinação precisa ser evitar a sua influência e usar a nossa fala do modo correto. Não é natural que o homem imperfeito fale automaticamente só o que é bom. Precisa treinar a mente e o coração e entregar-se completamente à Fonte de tudo o que é bom, Jeová Deus. Assim tem uma base para falar o que é bom e praticar o bem. O apóstolo Paulo o expressou do seguinte modo: “Conseqüentemente, rogo-vos pelas compaixões de Deus, irmãos, que apresenteis vossos corpos como sacrifício vivo, santo, aceitável a Deus, um serviço sagrado com vosso poder de raciocínio. E deixai de vos amoldar a este sistema de coisas, mas transformai-vos pela renovação de vossa mente, para que proveis a vós mesmos a boa, aceitável e completa vontade de Deus.” — Rom. 12:1, 2, NM.
5. Segundo Filipenses 4:6-8, que hábitos mentais precisam ser formados, e que resulta disso?
5 Como poderemos fazer isto? Precisamos tomar a decisão de fazer um grande esforço e precisamos de ajuda para edificar e fortalecer as nossas faculdades mentais, com o objetivo de fazer o bem com a nossa língua. Temos de buscar a ajuda do Criador. “Em tudo, deixai que vossas petições se tornem conhecidas a Deus pela oração e pela súplica, junto com agradecimento, e a paz de Deus, que excede todo o pensamento, guardará os vossos corações e vossas faculdades mentais por meio de Cristo Jesus. Finalmente, irmãos, todas as coisas que forem verdadeiras, todas as coisas que forem de séria preocupação, todas as coisas que forem justas, todas as coisas que forem castas, todas as coisas que forem amáveis, todas as coisas de que se fale bem, toda a virtude que houver e tudo o que houver digno de louvor, continuai a considerar estas coisas.” (Fil. 4:6-8, NM) Com o devido treinamento, podemos obter a verdadeira sabedoria e criar os motivos corretos no coração, os quais nos farão falar as coisas corretas. “O coração do sábio faz que a sua boca mostre compreensão, e isso acrescenta persuasão aos seus lábios.” — Pro. 16:23, NM.
A LÍNGUA PRECISA DE ATENÇÃO
6. Que nos dizem os versículos iniciais de Tiago 3 sobre os grandes problemas de controlar a língua?
6 Só por alguém ser cristão e ter apresentado seu corpo como sacrifício ‘vivo, santo e aceitável a Deus, com sua faculdade do raciocínio, não significa que ele pode automaticamente refrear a língua. Desde os primórdios do cristianismo, a domação da língua tem constituído um problema. O discípulo Tiago deu ênfase a este problema no capítulo três, versículo 2: “Pois todos nós tropeçamos em muitas cousas; se alguém não tropeça em sua palavra, é um homem perfeito, capaz de refrear também todo o seu corpo.” Daí passa a mostrar como o homem aprendeu a controlar os cavalos por meio dum freio ou a manobrar grandes navios com um pequeno leme, mas que a pequena língua no corpo constitui um problema maior. É como um pequeno fogo que pode incendiar uma grande floresta. “Pois toda espécie de besta-fera, bem como de aves e de coisas rastejantes, e de criaturas do mar, pode ser domada e tem sido domada pela humanidade. Mas a língua, ninguém da humanidade a consegue domar. É uma coisa indisciplinada, prejudicial, cheia de veneno mortífero. Com ela bendizemos a Jeová, sim, o Pai, e, contudo, amaldiçoamos com ela homens que vieram à existência ‘na semelhança de Deus’. Da mesma boca procedem bênção e maldição.” — Tia. 3:7-10, NM.
7. (a) Como sabemos que Tiago não queria que se desistisse da tentativa de controlar a maneira de falar? (b) Que se exige para falar corretamente, segundo Tiago 2:13-18?
7 Diz-nos Tiago que nos devemos tornar derrotistas ou que devemos abandonar a luta para controlar a lingual Está perdida esta batalha? Não adianta lutar? Se fosse assim, dificilmente teria continuado com seu raciocínio, dizendo: “Não é correto, meus irmãos, que estás coisas continuem a ocorrer assim. Acaso faz uma fonte jorrar tanto o doce como o amargo pela mesma abertura? Meus irmãos, pode acaso a figueira produzir azeitonas, ou a vide, figos? Nem pode a água salgada produzir água doce.” (Tia. 3:10-12, NM) Deveras, não é correto que os homens abusem da faculdade de falar por amaldiçoarem outros homens ou falarem mal deles. A única base para se solucionar o problema se encontra em conformar-se à sabedoria que vem de cima. Para se conseguir tal sabedoria, é preciso ter mansidão e ter o desejo de comportar-se corretamente. Mentir, gabar-se, maldizer ou outros usos errados da faculdade de falar são de origem terrena ou demoníaca. Só a sabedoria que vem de cima pode vencer as tendências erradas com que o homem imperfeito nasce. A sabedoria vem do estudo da Palavra de Deus e precisa ser seguida, se quisermos que a língua fale coisas puras,, pacíficas e justas. (Leia-se Tiago 3:13-18.)
8. Que relação há entre o controle da língua e a adoração pura?
8 Se a idéia de Tiago fosse de que de nada vale tentar domar a língua, por causa da impossibilidade disso, e que poderíamos bem deixar que a língua siga o seu próprio rumo, então seria fútil tentar trabalhar com Deus. Mas, ele não disse isso. Ligando o domínio sobre a língua com a nossa adoração pura, Tiago insta: “Se algum homem pensa que é um adorador formal e, contudo, não refreia a língua, mas prossegue enganando o próprio coração, a forma de adoração deste homem é fútil. A forma de adoração que é pura e incontaminada do ponto de vista de nosso Deus e Pai é esta: cuidar dos órfãos e das viúvas nas suas tribulações, e guardar-se a si mesmo sem mácula do mundo.” — Tia. 1:26, 27, NM.
9. (a) Que motivos podem induzir a palavras que causam desunião, e por que se deve evitar tal conversa? (b) Quem recebe a bênção, segundo indica 1 Pedro 3:8-12?
9 Assim, para manter imaculada a adoração perante Deus é preciso aprender o exercício do autocontrole e falar em harmonia com a justiça de Deus. Não se deve falar irado, pois isto causaria desunião. “Sabei isto, meus amados irmãos. Todo homem precisa ser pronto para ouvir, vagaroso para falar, vagaroso para irar-se; pois a ira do homem não produz a justiça de Deus.” (Tia. 1:19, 20, NM) Aqueles a quem Tiago escreveu estavam lutando entre si mesmos e falando um contra o outro, orgulhosos e jactanciosos. Tinha de se lhes mostrar a necessidade de controlarem a sua língua e preservarem a paz na congregação. Somente os maus motivos no coração induzem a palavras depreciativas. Tiago menciona ciúmes, contendas, jactâncias e mentiras, mostrando como isto causa desordem. Se alguém tiver ódio de seu irmão, mostrar-se-á isto no seu modo de falar. Se tiver ciúme dos privilégios e bênçãos de outro ou desejar destacar-se ou ser proeminente, é possível que vá tentando derrubar o respeito para com seu próximo. Alguns talvez pensem que não gozam de bastante destaque e queiram exibir-se, e por isso difamam ou caluniam, produzindo contendas. Mostram-se imaturos, assim como um “homem imprestável”. “O homem imprestável traz à tona o que é mau, e nos seus lábios há como que um fogo abrasador. O homem de intrigas continua a levantar contenda, e o caluniador separa os que se conhecem bem.” (Pro. 16:27, 28, NM) Portanto, em vez de o que semeia contendas ganhar destaque e gozar de prestígio entre os outros, perderá todo o respeito dos cristãos maduros. Jeová abençoa os pacificadores. — 1 Ped. 3:8-12.
MANTER A PAZ
10. O que causa contendas entre irmãos?
10 Depois de considerar a domação da língua, Tiago fala das guerras e lutas entre irmãos. Deve ter havido um espírito de reciprocidade, do contrário não teria havido guerras Um sozinho não pode ter uma luta. É preciso ter outro para haver uma luta. Se apenas um tivesse tido um mau coração e não pudesse ter refreado a língua, dificilmente teria sido necessário que Tiago escrevesse deste modo. Teria sido possível evitar tal situação entre os irmãos se se tivesse cuidado destes assuntos de maneira correta no empenho pela paz.
11, 12. (a) Que bom exemplo de autocontrole deu Davi? (b) Explique a fórmula para se resolverem as diferenças, segundo apresentada por Jesus em Mateus 18:15-17.
11 Como se pode preservar a paz quando alguém fala injuriosamente? A primeira coisa a ser lembrada é não revidar do mesmo modo. Quando um irmão o ofende pessoalmente, poderá exercer o mesmo autocontrole decidido que Davi exerceu, o qual escreveu: “Eu disse: Guardarei os meus caminhos para não delinqüir com a minha língua: enfrearei a minha boca enquanto o ímpio estiver diante de mim.” (Sal. 39:1, Al) Este é um bom princípio para se seguir, quer se lide com pessoas mundanas, iníquas, quer com irmãos que nos ofenderam. Precisamos controlar o nosso espírito e não podemos permitir que qualquer repentina ira ou repugnância nos faça perder o equilíbrio. O domínio de si próprio é sinal de madureza espiritual. Na maioria das vezes é possível retificar o assunto por se dirigir ao ofensor em particular, sem permitir que decorra muito tempo. Esta é a fórmula que Jesus apresentou em Mateus 18:15-17 para a solução de muitos problemas.
12 Quando o ofensor, de bom coração, vir o seu erro, ele se desculpará e pedirá perdão àquele a quem ofendeu. Deveras, nós, como servos de Deus, devemos estar prontos e dispostos a perdoar. Tiago nos incentiva ao perdão por mostrar que todos nós podemos errar com a língua e que nenhum de nós é perfeito. Se o assunto pode ser resolvido entre os dois, e pode haver desculpa e perdão, não passará disso e não haverá motivo para ser ventilado entre os da congregação, causando-se assim ressentimentos ou parcialidade. É só quando o ofensor não quer ouvir que, como último recurso, se torna necessário buscar o conselho dos servos na congregação, participando eles talvez em falar com o ofensor.
13. Como devem os cristãos exercer o controle sobre a língua ao tratarem das ofensas cometidas por irmãos?
13 Outra oportunidade para refrear a língua de respeito pela paz e unidade na congregação oferece-se em relação com qualquer violação da lei de Deus por parte dum membro da congregação cristã. Quando ouvimos que alguém errou ou mesmo se entregou à imoralidade, não é correto espalhar isso prontamente e causar agitação. Assuntos desta natureza são da alçada dos servos de congregação que representam a congregação, e a língua controlada falará a estes. Não se deve procurar prestígio por contar a todos o que se veio a saber, más, com a devida humildade, é preciso considerar os interesses da congregação como um todo. Que a comissão da congregação decida a ação que se deve tomar e qual a informação a transmitir à congregação. Se ouviu falar de algo que na realidade é falso e o tiver espalhado, então cai na classe dos caluniadores. “O mexeriqueiro descobre o segredo, mas o fiel de espírito o encobre.” — Pro. 11:13, ALA.
14. Que influência tem o coração cheio de amor sobre a maneira de falar a respeito dum transgressor disciplinado?
14 Quando se tratou pessoalmente do assunto com o ofensor ou quando a congregação tratou da ofensa que exigiu um período de prova ou a desassociação dum membro, e, depois de algum tempo, tal irmão ou irmã foram readmitidos, não há proveito nenhum para ninguém se se continua a falar da transgressão cometida. Onde está o amor pelos irmãos quando se fala assim? Quando algo foi decidido e esquecido, então que fique esquecido. “Quem encobre a transgressão, busca o amor; mas quem a faz lembrar, separa amigos íntimos.” — Pro. 17:9.
15, 16. (a) Que significa perdoar a um ofensor, e como provou Jesus a necessidade de realmente perdoar? (b) Como mostrou Paulo a necessidade de humildade e de perdão?
15 Esta talvez não seja a norma do mundo, mas é a norma dos cristãos amorosos. Quando Jesus ensinou a oração-modelo registrada em Mateus 6:9-13, ele nos ensinou as coisas essenciais, e devemos aprender das suas palavras quão importante é realmente perdoar a um ofensor e seguir a paz com todos os homens. “Porque se perdoardes aos homens as suas ofensas, também vosso Pai celeste vos perdoará; se, porém, não perdoardes aos homens, tão pouco vosso Pai vos perdoará as vossas ofensas.” (Mat. 6:14, 15, ARA) Perdoa aos que o ofendem, ou apenas pensa que está perdoando? O dicionário de Webster diz: “O perdão subentende a renúncia não só à qualquer reivindicação de represália ou retribuição, mas também a qualquer ressentimento ou desejo de vingança.” Quando esteve envolvido na questão e concordou perdoar ao que o ofendeu, continua ainda a ter ressentimento, ou pode cumprimentar o irmão e tratá-lo como irmão, exatamente como se não tivesse havido ofensa? Talvez seja uma forte prova para seu amor, mas se houver um sentimento de vingança ou de ressentimento, então realmente não lhe perdoou. Mesmo que se tenha irado muito naquela ocasião, se tem o espírito de autocontrole, terá pensado no fato de que também pode ter às vezes ofendido alguém, e terá refreado a sua língua.
16 Paulo disse aos gálatas (6:1, NM): “Irmãos, ainda que um homem dê um passo em falso antes de se aperceber disso, vós que tendes as qualificações espirituais, procurai restaurar tal homem em um espírito de brandura, olhando cada um a si mesmo, temendo ser também tentado.” E ele disse aos efésios (4:31, 32, NM): “Sejam tiradas dentre vós toda a amargura maliciosa, e ira, e cólera, e gritaria, e linguagem abusiva, junto com tudo o que é injurioso. Mas, tornai-vos bondosos uns para com os outros, ternamente compassivos, perdoando-vos livremente uns aos outros, assim como também Deus, mediante Cristo, vos perdoou livremente.” Se Jeová e Cristo Jesus, que não cometem ofensas, podem amorosa e completamente perdoar as ofensas dos outros, não podemos nós homens imperfeitos, com a devida humildade, aprender a realmente perdoar uns aos outros?
OUTRAS OFENSAS DA LÍNGUA
17, 18. (a) Por que é a linguagem obscena imprópria para os ministros cristãos? (b) Em que espécie de conversação se empenham os cristãos maduros? (c) Como podemos explicar o fato de alguém querer falar coisas obscenas?
17 O que é popular neste mundo muitas vezes não é direito. Ao passo que o mundo degenera cada vez mais, a moral e a ética geral do povo degeneram também. Foi por isso que se nos admoestou a não mais nos amoldarmos a este sistema de coisas, mas a nos transformarmos pela renovação da mente. O exemplo de muitos dos artistas famosos do mundo e dos oradores populares, bem como a tendência das conversações nos clubes, nas reuniões sociais, e até nas escolas entre menores, é que a linguagem obscena dá destaque à pessoa e a faz popular. As crianças, observando os outros, talvez sejam induzidas a crer que praguejar e usar linguagem obscena são evidência de tal pessoa ser adulta e ter brio, mas, na realidade, provam apenas a mundanalidade da pessoa. Já é por mais de dezenove séculos que os cristãos têm o conselho inspirado do apóstolo Paulo: “Não sejam nem mencionadas entre vós fornicação e impureza de toda espécie, ou avareza, tal como convém a um povo santo, tampouco comportamento vergonhoso, nem falatório tolo, nem gracejos obscenos, coisas que são inconvenientes, mas antes ações de graça.” — Efé. 5:3, 4; Col. 3:5-8, NM.
18 Voltando atrás às palavras de Tiago 3:11, pode a nossa fonte de palavras fornecer tanto água doce como água amarga? Que explicação há para o desejo da pessoa de querer falar coisas obscenas ou más em qualquer ocasião, mesmo na associação com pessoas mundanas, durante o trabalho secular? É ele ministro cristão apenas quando está na reunião da congregação? De que fala na presença dos outros? Está sempre falando sobre coisas mundanas, ou toma por hábito elevar o nível da conversação por falar de coisas espirituais ou construtivas? Quando tem a ocasião de estar com seus irmãos, está falando sobre o último filme que está passando no cinema ou sobre os eventos desportivos, ou sobre as conversas ou escândalos do dia? Cristo Jesus nos dá a resposta a tudo isso em Mateus 15:18-20 (ARA): “Mas o que sai da boca, vem do coração, e é isso que contamina o homem. Porque do coração procedem maus desígnios, homicídios, adultérios, prostituição, furtos, falsos testemunhos, blasfêmias. São estas as cousas que contaminam o homem.” De modo que depende do que a pessoa tem no íntimo do seu coração. O que realmente é de interesse para ela é o assunto de que falará regular e animadamente.
19. (a) A luz de Gálatas 5:16-26, como devemos encarar o modo de se usar a faculdade de falar? (b) Por que é importante ter o coração cheio de boas coisas e daí falar delas?
19 Ao analisarmos a situação, vemos que a maneira de cada um usar a sua faculdade de falar depende de estar ele empenhado nas obras da carne ou de ter evidência de produzir os frutos do espírito. Falar de modo errado provém dum coração posto na fornicação, na impureza, no ódio, no ciúme, na bebedeira, nas orgias, no egoísmo, no orgulho e no lucro pessoal. Os que não sabem nada das leis justas de Deus e que não procuram segui-las usam má linguagem e falam continuamente das coisas carnais; esta é a influência que vemos prevalecer no mundo atual. Mas, quando a mente e o coração foram influenciados pelo espírito de Deus e a pessoa tem transformado a sua mente, verificamos que fala das coisas espirituais. Tal pessoa adquiriu autocontrole, que é um dos frutos do espírito, e ela pensa antes de falar. Não fica logo irada, falando sem pensar, mas é longânime e bondosa, e fala com brandura. Isto não significa que não fale vigorosamente ao denunciar a iniqüidade, mas o faz da mesma maneira dignificada como fez Jesus Cristo, ao falar contra a iniqüidade, as tradições desencaminhantes e a hipocrisia. Há uma íntima relação entre domar a língua e sujeitar-se à orientação do espírito e da Palavra de Deus. Jeová julga, não pela aparência externa, mas por aquilo que está no coração. Portanto, o desejo de todo aquele que teme a Deus deve ser o de encher o coração de coisas espirituais, de ter um bom coração para a reanimação e o benefício dos outros e para se tornar como uma fonte fresca que jorra continuamente água doce num dia de verão. A maneira correta de falar conduz à salvação. — 1 Sam. 16:7; Apo. 2:23; Mat. 23:1-17; Gál. 5:16-26.