Perguntas dos Leitores
● Deuteronômio 10:6 (ALA) reza: “Partiram os filhos de Israel de Beerote-Bene-Jacã para Moserá.” Não obstante, Números 33:31, 32 diz exatamente o contrário. Como devemos entender esta aparente discrepância?
O relato no livro de Números declara que, quando os israelitas estavam em sua jornada através do deserto, eles “partiram de Moserote, e acamparam-se em Bene-Jaacã. E partiram de Bene-Jaacã, e acamparam-se em Hor-Gidgate”. (ALA) Assim, o relato em Deuteronômio alista a direção da viagem dos israelitas na ordem inversa do relato de Números. Em vista dos muitos anos gastos no deserto, é bem possível que os israelitas passassem duas vezes por esta região.
Conforme sugere o comentário sobre Deuteronômio 10:6 de The Pentateuch and Haftorahs: “Uma explicação provável é que os israelitas, depois de peregrinarem numa direção meridional para a terra de Edom, tiveram de virar-se acentuadamente para o norte. . . . Talvez tivessem de voltar atrás por uma curta distância, e revisitar alguns lugares por onde já tinham passado, desta vez em ordem inversa.” Deve-se notar que o registro em Deuteronômio (10:6) refere-se à morte de Aarão logo depois de se referir à parada de Moserá, enquanto que o relato de Números (33:31-39) descreve as viagens dos israelitas a Eziom-Geber, e daí para o noroeste, para Cades, antes de tratar do assunto da morte de Aarão. Isto, junto com um longo número de anos envolvidos, certamente permitiria certa medida de regressão, se tal for o caso. Bene-Jaacã (Beerote-Bene-Jacã, significando “fontes dos filhos de Jacã”) identifica-se usualmente como um local a alguns quilometros ao norte de Cades-Barnéia.
● Em Mateus 19:24 e em Lucas 18:25, Jesus Cristo compara a dificuldade de o homem rico entrar no reino de Deus à dificuldade do camelo em passar pelo olho duma agulha. Alguns dicionários da Bíblia falam do “olho da agulha” como sendo possivelmente uma pequena porta numa cidade murada oriental, e tais livros às vezes mostram gravuras de pequenas portas. Estava Jesus se referindo a uma porta assim? — F. M., EUA.
Têm-se feito tentativas de explicar Mateus 19:24; Marcos 10:25 e Lucas 18:25 como se referindo a uma pequena porta em uma das grandes portas de Jerusalém. A explicação abrangia a idéia de que, se a porta grande fosse fechada à noite, esta pequena porta poderia ser aberta e, com dificuldade, um camelo poderia conseguir passar por ela. No entanto, em Lucas 18:25, a palavra grega usada se refere especificamente a uma agulha de costura, e, assim a Tradução do Novo Mundo rende o texto: “De fato, é mais fácil para um camelo passar pelo orifício duma agulha de costura do que para um rico entrar no reino de Deus.”
Várias autoridades sobre o grego bíblico, tais como An Expository Dictionary of New Testament Words, de W. E. Vine, concordam com a versão da Tradução do Novo Mundo. No Volume 3, páginas 106, 707, esta obra explica que a palavra grega encontrada em Lucas 18:25 é belone, que é “relacionada a belos, um dardo, denota um ponto afiado, daí, uma agulha”. Esta obra passa a indicar: “A idéia de aplicar ‘o olho duma agulha’ a pequenas portas parece ser moderna; não há vestígio antigo dela. Mackie indica (Dic. Bíb. de Hastings) que ‘às vezes se faz a tentativa de explicar as palavras como sendo referência à pequena porta, com pouco mais de 60 cm de altura e largura, na larga porta pesada duma cidade murada. Isto estraga a figura sem materialmente alterar o significado, e não tem justificativa na língua e nas tradições da Palestina.”
É razoável concluir-se que Jesus Cristo queria dizer uma literal agulha de costura e um camelo literal, e usou ambos para ilustrar a impossibilidade da coisa mencionada. A Tradução do Novo Mundo se baseia na linguagem real de Jesus Cristo e seu discípulo Lucas, antes que na tradição. Quanto ao que diz respeito a agulhas de costura, têm sido descobertas na Terra Santa tanto agulhas de osso como de metal, de origem antiga, mostrando que eram objetos domésticos comuns.
● Qual é o conceito bíblico a respeito do uso de pedras de signos? — M. O., EUA.
Se o cristão usará um anel com certa pedra preciosa nele ou não é uma questão a ser decidida pela própria pessoa. Os princípios bíblicos podem ajudar a pessoa a fazer uma decisão sábia. A Bíblia nos admoesta: “Acima de tudo o mais que há de ser guardado, resguarda o teu coração, pois dele procedem as fontes da vida.” (Pro. 4:23) Assim, ao fazer esta decisão, o cristão deve examinar seu coração para ver qual é seu motivo. Será simplesmente que a pedra preciosa que atrai a pessoa é por acaso também uma chamada pedra de signo? Ou a pessoa, de alguma forma, é influenciada pelo conceito supersticioso que certas pessoas atribuem a elas?
Muitas pessoas dos tempos antigos acreditavam que uma pedra de signo traria “boa sorte” a quem a usasse. Será que o cristão crê nisso? Não, sabe que Jeová condena os que confiam em “o deus da Boa Sorte”. (Isa. 65:11) Alguns também achavam que a pedra de signo influenciaria a personalidade da pessoa para o bem. Será que o cristão crê nisso? Não, sabe que “a nova personalidade” é obtida pela aplicação dos princípios bíblicos. (Efé. 4:22-24) Durante a Idade Média, as pessoas que prediziam a sorte selecionaram uma pedra preciosa para cada mês, e foi este grupo que incentivou as pessoas a usarem a pedra preciosa do mês em que nasceram para evitarem o dano. Mas, a Bíblia condena aqueles que procuram agouros e os prognosticadores de eventos futuros, de modo que não seria apropriado os cristãos seguirem a orientação deles. (Deu. 18:9-12) Nem seria apropriado o cristão atribuir um significado especial ao fato de que um anel tinha uma “pedra de signo”, visto que as testemunhas cristãs de Jeová não celebram aniversários, sendo os pagãos os únicos mencionados na Bíblia como celebrando aniversários. — Gên. 40:20; Mat. 14:6-10.
Tendo estes pontos em mente, cada um pode examinar o seu próprio motivo, considerar os efeitos que seu proceder exerce sobre si mesmo e sobre outras pessoas, e daí, fazer uma decisão pessoal.