Perguntas dos Leitores
● Ezequiel 29:1-16 indica que o Egito ficaria desolado por quarenta anos. Aconteceu isso realmente? — E. U. A.
Esta desolação do Egito talvez tenha ocorrido após a conquista do Egito por Nabucodonosor. A queda do Egito já fora declarada pelo profeta de Jeová, Jeremias. (Jer. 25:17-19) Ela começou com a derrota decisiva do Egito em Carquemis, junto ao rio Eufrates, infligida pelos babilônios sob Nabucodonosor, na primeira parte de 625 A. E. C. Este acontecimento é descrito em Jeremias 46:2-10, bem como nas Crônicas Babilônicas.
Nabucodonosor se apossou a seguir da Síria e da Palestina, e Judá se tornou estado vassalo de Babilônia. (2 Reis 24:1) O Egito fez pelo menos uma última tentativa de continuar como potência na Ásia. O faraó governante (que se acredita ter sido Hofra) veio a Canaã em resposta ao pedido de apoio militar, feito pelo rei judeu Zedequias, na sua revolta contra Babilônia, em 609-607 A. E. C. Conseguindo apenas um levantamento temporário do sítio babilônico, as tropas egípcias se viram obrigadas a retirar-se, e Jerusalém ficou entregue à sua destruição. — Jer. 37:5-7; Eze. 17:15-18.
Apesar dos fortes avisos de Jeremias (Jer. 42:7-22), o restante da população de Judá fugiu mais tarde para o Egito em busca de santuário. (Jer. 24:1, 8-10) Mas o cumprimento das profecias de Jeová apanhou os refugiados israelitas quando Nabucodonosor marchou contra o Egito e conquistou o país.
Sobre isso, as palavras proféticas de Jeová declararam: “E ele [Nabucodonosor] terá de entrar e golpear a terra do Egito. Quem estiver destinado para a praga mortífera, ficará para a praga mortífera, e quem estiver destinado para o cativeiro, ficará para o cativeiro, e quem estiver destinado para a espada, ficará para a espada. E eu vou ascender um fogo nas casas dos deuses do Egito; e ele certamente os queimará e os levará cativos.” “Faze para ti meramente bagagem para o exílio, ó moradora, filha do Egito. Pois a própria Nofe tornar-se-á mero assombro e será realmente incendiada, de modo a ficar sem habitante. . . . Pois chegou sobre eles o próprio dia do seu desastre.” — Jer. 43:11, 12; 46:19, 21.
Jeová predisse assim a devastação certa do Egito pelas forças de Babilônia, sob Nabucodonosor. E Nabucodonosor recebeu as riquezas do Egito como seu “salário” pelo serviço militar prestado na execução do julgamento de Jeová contra Tiro opositora do povo de Deus. — Eze. 29:18-20; 30:10-12.
Embora alguns comentários se refiram ao reinado de Amasis (Amés) II, sucessor de Hofra, como tendo sido próspero, fazem isso à base do testemunho de Heródoto, que visitou o Egito mais de cem anos depois. Mas a Encyclopœdia Britannica (1959, Vol. 8, p. 62) comenta a história de Heródoto a respeito deste período: “Suas declarações não se mostram inteiramente fidedignas quando podem ser verificadas com a escassa evidência nativa.”
Também o comentário bíblico de F. C. Cook observa que Heródoto “devia a sua informação sobre a história passada aos sacerdotes egípcios, cujos contos ele aceitou com credulidade cega. . . . Toda a história [contada por Heródoto] de Apriés [Hofra] e Amasis é misturada com tanta coisa incoerente e lendária, que faremos bem em hesitar em aceitá-la como história autêntica. Não é de modo algum estranho que os sacerdotes se esforçassem a encobrir a desonra nacional de terem sido submetidos a um jugo estrangeiro.”
Portanto, embora a história secular do Egito não forneça evidência positiva do cumprimento da profecia, podemos confiar na exatidão do registro bíblico. Houve deveras um período de desolação de quarenta anos, conforme Jeová havia claramente predito. Este pode ter ocorrido quando Nabucodonosor conquistou o Egito depois de ele desolar Judá e Jerusalém.
● Qual é o significado do comentário em Revelação 19:10, de que “dar-se testemunho de Jesus é o que inspira o profetizar”? — E. U. A.
Esta declaração faz parte do que um anjo disse ao idoso apóstolo João, quando João, num momento de forte emoção, começou a prestar homenagem a ele. O anjo disse: “Toma cuidado! Não faças isso! Sou apenas co-escravo teu e dos teus irmãos, que têm a obra de dar testemunho de Jesus. Adora a Deus; pois, dar-se testemunho de Jesus é o que inspira [literalmente: “é o espírito do”] profetizar.” (Rev. 19:10) As palavras sem dúvida significam basicamente que o “espírito” ou todo o intento e objetivo da profecia bíblica era apontar para Jesus Cristo.
Jeová designou ao seu Filho Jesus o papel principal na realização do propósito de Deus, de santificar seu nome, e de restabelecer a terra e sua população humana no devido lugar no Seu arranjo. (Efé. 1:9, 10; Col. 2:3) O cumprimento do grandioso propósito de Deus revolve todo em torno de Jesus; portanto, o teor principal da profecia bíblica ou das mensagens inspiradas de Deus proclamadas pelos seus servos apontava para Jesus.
O próprio Deus começou este profetizar quando predisse o “descendente” que finalmente machucaria a cabeça da serpente, do adversário de Deus, o Diabo. (Gên. 3:15; Rev. 12:9) As numerosas profecias inspiradas a respeito do descendente e de sua posição e suas realizações todas davam testemunho de Jesus. (Gên. 22:18; 2 Sam. 7:12-16; Sal. 2:6-12; 110:1-7; Isa. 53:1-12; Miq. 5:2-6) Conforme disse o apóstolo Pedro: “Dele [Cristo] é que todos os profetas dão testemunho.” (Atos 10:43) As visões proféticas do livro de Revelação também contêm muita coisa sobre Jesus como Rei vencedor da parte de Deus. — Rev. 5:12-6:2; 19:11-16.
Até mesmo os anjos fiéis no céu estavam interessados nas profecias das Escrituras Hebraicas a respeito do Cristo. (1 Ped. 1:10-12) Junto com os servos de Deus na terra podiam reconhecer, assim que Jesus se mostrou fiel até à morte e foi ressuscitado, que, “não importa quantas sejam as promessas de Deus, elas se tornaram Sim por meio dele”. (2 Cor. 1:20) De modo que o anjo que falou com João podia corretamente salientar que todo o “espírito” ou toda a inclinação e todo o objetivo destas profecias era dar testemunho de Jesus.
O mesmo se pode dizer a respeito do profetizar e das profecias mencionadas nas Escrituras Gregas Cristãs. Estas evidentemente envolviam dar testemunho direto de Jesus, realizar a obra de pregação que ele comissionou ou entender os propósitos de Deus referentes ao Reino do qual Jesus era rei. (Atos 21:9-13; 1 Cor. 14:22-25) É similar com o profetizar dos servos de Deus nestes “últimos dias”, “antes de chegar o grande e atemorizante dia de Jeová”. (Joel 2:28-32) As testemunhas de Jeová não fazem profecias novas sobre o futuro. Mas proclamam o cumprimento atual e futuro de profecias registradas na Bíblia, bem como profetizam no sentido de proclamarem hoje a mensagem de Deus. Nisto elas destacam o papel desempenhado por Jesus como o principal no propósito de Jeová, o rei de Seu reino.