Transformação do pranto em um dia bom
1. Por que não ficam os verdadeiros cristãos intrigados quando vem a perseguição?
OS VERDADEIROS cristãos sabem que serão odiados por este mundo, porque o mundo odiava também a Jesus, matando-o até mesmo cruelmente. (João 15:18-25) O apóstolo Pedro escreveu à congregação cristã: “Amados, não fiqueis intrigados com o ardor [perseguição] entre vós . . . Ao contrário, prossegui em alegrar-vos por serdes partícipes dos sofrimentos do Cristo [Messias], para que vos alegreis e estejais também cheios de alegria durante a revelação de sua glória.” — 1 Ped. 4:12, 13.
2, 3. (a) O que permitiu a perseguição no caso de Mordecai e Ester, mas por que pranteava Mordecai? (b) Que proceder decidiu Mordecai adotar, e qual foi a resposta de Ester?
2 Este privilégio de se participar na vindicação do nome Deus por meio da perseverança e da confiança no poder libertador de Jeová foi demonstrado tanto por Mordecai como por Ester, quando Hamã tramou a aniquilação de todos os judeus. Um edito, indicando o décimo terceiro dia de adar como dia fatídico, foi divulgado em todos os 127 distritos jurisdicionais do império dos persas e dos medos, inclusive em Susã, o castelo real. Quando Mordecai soube dele, pôs sobre si serapilheira e cinzas, sem dúvida em súplica a Jeová, assim como outros servos de Deus haviam feito. (Dan. 9:3; Sal. 12:1) Quando Ester perguntou pelo motivo de seu profundo pesar, ele a informou de todas as coisas que haviam acontecido e lhe deu a ordem de comparecer perante o rei e fazer-lhe uma solicitação direta a favor do próprio povo dela.
3 Profundamente comovida por esta ordem de Mordecai, Ester lembrou-lhe que, segundo a lei dos medos e dos persas, todo aquele que comparecesse perante o rei sem ter sido convidado era morto. Só no caso de o rei lhe estender o cetro de ouro continuaria vivo. Além disso, Ester informou Mordecai de que ela não havia sido chamada ao rei já por trinta dias. Se comparecesse agora, assim como Mordecai pedia, sem ter sido convidada pelo rei, poderia ser morta. Mordecai, porém, permaneceu inflexível e respondeu a Ester: “Não imagines no íntimo da tua própria alma que dentre todos os outros judeus escaparão os da casa do rei. Pois se tu, neste tempo, ficares completamente calada, o próprio alívio e livramento, procedentes de outro lugar, pôr-se-ão de pé para os judeus; mas, quanto a ti e à casa de teu pai, vós perecereis. E quem sabe se não foi para um tempo como este que atingiste a realeza?” A obediência de Ester a Mordecai e o amor dela ao seu povo saíram vencedores. Ela respondeu: “Vai, reúne todos os judeus que se acham em Susã e jejuai por mim, e não comais nem bebais por três dias, noite e dia. Também eu, com as minhas moças, jejuarei igualmente, e então entrarei até o rei, o que não é segundo a lei; e se eu tiver de perecer, terei de perecer.” — Ester 4:1-17.
DISCERNIMENTO EM FACE DO PERIGO
4. Que atitude demonstraram tanto Ester como Mordecai, e que exemplo é dado pelos prefigurados por eles?
4 Ester não se prevaleceu de sua relação com o rei. Tampouco Mordecai se estribou no seu próprio ato de lealdade, que até então não havia sido recompensado. (Ester 2:21-23) Ambos confiaram inteiramente em Jeová e procuraram a sua orientação quanto ao proceder que deviam adotar para servir como instrumentos para preservar vivo o povo de Deus. Ester, arriscando a própria vida, vestiu-se regiamente e compareceu perante o rei. “Assim que o rei viu Ester, a rainha, parada no pátio, ela obteve favor aos seus olhos, de modo que o rei estendeu a Ester o cetro de ouro que estava na sua mão.” (Ester 5:1, 2) Hoje, também, os da classe de Ester enfrentam o mesmo perigo que enfrenta a classe de Mordecai. Mas não se retraem, mas mostram verdadeiro amor a todos os do povo de Deus e cooperam com a classe de Mordecai em completa união, procurando a preservação daqueles que Deus convoca deste mundo para representá-lo neste “tempo do fim”. (Mat. 12:30; Sal. 133:1) Que exemplo para os que se associam com os ungidos de Jeová, confiantes no resultado de sua confiança no Assuero Maior, Jesus Cristo!
5. Que pedido fez Ester, mas em que sentido foi seu proceder para com Hamã não em contradição com o de Mordecai?
5 Ester aproximou-se do rei, mas pediu simplesmente que o rei comparecesse a um banquete que ela havia preparado para ele e para Hamã. O rei aceitou prontamente. (Ester 5:3-5) Ester aparentemente demonstrava favor a Hamã, dessemelhante de Mordecai, ao incluir Hamã neste arranjo. Isto concorda com o fato de que, no antítipo, os da classe de Ester, agindo sob as instruções da classe de Mordecai, não procuram destruir pela violência os professos clérigos cristãos da cristandade. Não procuram desfazer a intimidade de sua união entre Igreja e Estado. (Efé. 6:12) Segundo a profecia bíblica, esta precisa ser revelada no pleno grau. Os da classe de Hamã demonstrarão o que realmente são: inimigos de Deus por serem amigos do mundo. Precisa tornar-se bem evidente que os representados por Hamã são os do “homem que é contra a lei” para com Deus, positivamente destinados à destruição. — 2 Tes. 2:3, 4, 8.
6. Como acolheu Hamã este aparente favor de Ester, mas o que se propôs então a fazer para com Mordecai?
6 Contudo, Ester não revelou o que havia no seu coração. Sem dúvida, agindo sob a direção de Jeová, conforme é fortemente sugerido pelos acontecimentos subseqüentes, ela pediu que o rei voltasse para um segundo banquete, ao qual compareceria também Hamã. Hamã saiu “alegre e contente de coração”. Mas quando viu que Mordecai, no portão do rei, não se curvava nem tremia diante dele, ficou logo cheio de ira. Todavia, controlou-se e entrou na sua casa, onde se gabou de sua grandeza, diante de sua esposa e de seus amigos. Eles se alegraram com ele, mas concordaram também, quando Hamã se queixou de que “tudo isso — nada disso me convém enquanto eu estiver vendo a Mordecai, o judeu, sentado no portão do rei”. Então foi aconselhado por Zeres e por todos os seus amigos: “Faça-se um madeiro de cinqüenta côvados de altura. Então, de manhã, dize ao rei que se deve pendurar nele a Mordecai. Então entra alegremente com o rei para o banquete.” Isto agradou muito a Hamã. Ele decidiu que logo de manhã cedo compareceria perante o rei e lhe faria esta solicitação. — Ester 5:6-14.
JEOVÁ MANOBRA A SITUAÇÃO
7. Que acontecimento inesperado, naquela noite, mudou a situação para Mordecai?
7 Os acontecimentos tomaram então um rumo inesperado. Naquela noite, enquanto Hamã tramava o mal contra Mordecai, o Rei Assuero foi deitar-se, mas não conseguiu dormir. Tirando a conclusão de que, havia omitido alguma coisa, de que estava culpado de alguma omissão ou de alguma falha, mandou que lhe trouxessem o livro dos registros e pediu que seus servos o lessem. Eles foram verificar a lista, para ver se se deixou de fazer alguma coisa. “Finalmente, achou-se escrito o que Mordecai tinha relatado a respeito de Bigtana e de Teres, dois oficiais da corte do rei, porteiros, que tinham procurado deitar a mão no Rei Assuero. O rei disse então: ‘Que honra e que grande coisa se fez por isso a Mordecai?’ A isto disseram os ajudantes do rei, seus ministros: ‘Nada se fez com ele.’” O rei determinou imediatamente honrar a Mordecai. — Ester 6:1-3.
8. Que acontecimento assegurou a Mordecai a continuar a desempenhar um papel na realização do propósito de Jeová?
8 Logo na manhã seguinte, Hamã veio apresentar-se ao rei e o Rei Assuero mandou que entrasse. Mas antes que pudesse executar o que havia resolvido quanto a Mordecai, o rei fêz primeiro a sua pergunta, impedindo assim o que poderia ter resultado em acontecimentos bem diferentes. Se Hamã tivesse conseguido pedir primeiro que Mordecai fosse pendurado, o rei, procurando honrar a Mordecai, poderia muito bem ter-se voltado logo contra Hamã, sem a intervenção da Rainha Ester ou de Mordecai. Assim, o papel deles neste drama teria sido baldado e eles não teriam servido para levar a cabo a guerra de Jeová contra os amalequitas. — Ester 6:4, 5.
9. Como foi Hamã humilhado diante de Mordecai?
9 Segundo o propósito de Jeová, o rei falou primeiro: “Que se deve fazer ao homem em cuja honra se agradou o próprio rei?” (Ester 6:6) Hamã, ainda lembrado de suas jactâncias da noite anterior, só via a si mesmo como usufruindo a estima mais elevada do rei, e concluiu que devia ser ele a quem o rei se agradava em honrar. Por isso, aconselhou o rei segundo as suas próprias ambições: ‘Traga-se o cavalo do próprio rei com uma coroa na cabeça, e mande-se montar no cavalo o homem que deve ser honrado, e faça-se que o principal oficial no domínio do rei tome o cavalo e faça o homem favorecido cavalgar na praça pública da cidade, proclamando alto diante dele: “Assim se faz ao homem em cuja honra o próprio rei se agradou.”’ Cheio de confiança, Hamã aguardava a resposta do rei, mas teve de ouvi-lo dizer: “Depressa, toma a vestimenta e o cavalo, assim como disseste, e faze assim a Mordecai, o judeu, que está sentado no portão do rei.” Hamã sentiu-se completamente esmagado. Mas não podia senão obedecer. Deixar de fazer isso significaria morte certa para ele. Assim, quando Mordecai precisava mais ser lembrado, Jeová agiu a seu favor, para a proteção dele, e lhe salvou a vida. Hamã, ao contrário, viu-se obrigado a admitir que, não ele, mas este judeu odiado e desprezado, Mordecai, era aquele a quem o rei se agradava de honrar. — Ester 6:6-11.
INVERSÃO COMPLETA
10. O que levou à queda de Hamã, e que paralelo disso ocorre hoje?
10 Hamã era homem orgulhoso. Provérbios 16:18 diz: “O orgulho vem antes da derrocada e o espírito soberbo antes do tropeço.” Segundo este princípio, havia apenas um resultado para Hamã. Este tinha de ser a queda dele. Hoje acontece uma coisa exatamente igual. Nos tempos passados, os clérigos têm sido elevados às posições mais altas neste sistema de coisas. Embora afirmassem reger pela graça de Deus e por seu Rei Jesus Cristo, os clérigos realmente não têm nenhuma posição perante Deus, o que se torna cada vez mais evidente a todos os observadores compreensivos. (Mat. 7:15-23) Os da classe de Mordecai, por outro lado, estão obtendo cada vez mais favor do Senhor Jesus Cristo, especialmente desde 1926, quando se declararam favoráveis para com Deus, no número inglês de A Sentinela de 1.º de janeiro daquele ano, no artigo principal: “Quem Honrará a Jeová?” Muitos acontecimentos desde aquele tempo corroboraram estes fatos. As testemunhas de Jeová fizeram uma série de proclamações, de 1922 a 1928, muitas das quais se destinavam diretamente a expor os clérigos. Em 1930 se publicaram dois livros chamados “Luz”, explicando a Revelação ou Apocalipse, e estes também expunham os clérigos da cristandade, enaltecendo ao mesmo tempo o reino de Deus mediante o Senhor Jesus Cristo. Todas estas proclamações e exposições atordoaram os clérigos da cristandade com humilhação. Contudo, mesmo no auge de seu poder, não puderam impedir que estas e muitas outras publicações fossem distribuídas em todo o mundo, em milhões de exemplares.a Este registro ainda é autêntico, e à luz dos acontecimentos atuais se mostra ainda mais verídico. Os que quiserem verificar o registro, podem ver por si mesmos que a infidelidade dos clérigos para com a Bíblia e sua falta de interesse em elevar as normas morais do povo não são novidade, mas são assim conforme expuseram as testemunhas de Jeová já desde aquele período primitivo, quando Deus mostrou seu favor aos seus servos verdadeiros, os da classe de Mordecai, às custas dos clérigos e para a vergonha dos clérigos. Só o futuro revelará que humilhações adicionais os aguarda antes de seu fim ignominioso.
11. Que futuro previram para Hamã a esposa e os amigos dele?
11 Hamã se arrastou para casa, para junto de sua família e seus amigos, mas não encontrou ali nenhum consolo. Ao contrário, “lhe disseram seus sábios e Zeres, sua esposa: ‘Se Mordecai, diante de quem principiaste a cair, é da descendência dos judeus, não prevalecerás contra ele, mas sem falta, cairás diante dele.’” Mal haviam saído de sua boca estas palavras de perdição, quando chegaram os oficiais da corte do rei e passaram a levar Hamã ao segundo banquete que Ester havia preparado para o rei. — Ester 6:12-14.
IDENTIFICAÇÃO E EXPOSIÇÃO
12. Como efetuou Ester a exposição de Hamã, e qual foi o resultado para este?
12 Então, no fim do segundo banquete, chegou o tempo para Ester fazer seu pedido ao rei. “Se eu tiver achado favor aos teus olhos, ó rei, e se parecer bem ao rei, dê-se-me a minha própria alma ao meu pedido, e meu povo, à minha solicitação. Pois fomos vendidos, eu e meu povo, para sermos aniquilados, mortos e destruídos. Ora, se tivéssemos sido vendidos apenas como escravos e apenas como servas, eu teria ficado calada. Mas a aflição não convém quando é com dano para o rei.” O rei ficou muito agitado. “‘Quem é este, e onde é que está este que se afoitou a fazer isso?’ Ester disse então: ‘O homem, o adversário e inimigo, é este mau Hamã.’” O rei, incapaz de conter o seu furor, retirou-se para o jardim do palácio, para recuperar a calma. Hamã, aterrorizado com a virada da situação, pleiteou pela sua vida junto a Ester, porque sabia que a face do rei se havia posto contra ele. Seus rogos foram tão intensos, que caiu sobre o leito dela, ao lado dela, justamente quando o rei voltou do Jardim. Vendo isso, o rei disse: “‘Há de se violar também a rainha, estando eu na casa?’ A própria palavra saiu da boca do rei, e eles cobriram a face de Hamã. Harbona, um dos oficiais da corte perante o rei, disse então: ‘Há também o madeiro que Hamã fez para Mordecai, que falou bem referente ao rei, erguido na casa de Hamã — de cinqüenta côvados de altura.’ Então disse o rei: ‘Pendurai-o nele.’ E passaram a pendurar Hamã no madeiro que tinha preparado para Mordecai; e o furor do rei se aplacou.” — Ester 7:1-10.
13. (a) Como se realizou a identificação da classe de Ester e como tem aumentado isso a exposição da classe de Hamã? (b) O que prefigurou ser Hamã pendurado no madeiro preparado para Mordecai?
13 A exposição de Hamã como arquiinimigo, por Ester, exigiu que revelasse a sua própria identidade. Quando se identificaram os da classe de Ester, nos tempos modernos, segundo o registro histórico? A melhor evidência é a identificação ocorrida no domingo, 26 de julho de 1931, numa assembléia do povo de Jeová em Columbus, Ohio, E. U. A. Naquela ocasião, adotaram uma resolução pela qual se identificaram com o nome de “testemunhas de Jeová”. (Isa. 43:10, 12) Publicou-se um folheto, contendo esta resolução, o qual recebeu distribuição ampla. Esta identificação também serviu para expor a classe clerical. O ódio que já haviam manifestado aos verdadeiros servos de Deus foi então revelado em ação ainda mais forte, e a classe de Hamã ficou identificada de modo ainda mais positivo como sendo contrária a Deus, decidida a destruir os servos de Deus. (Mat. 23:29-36) O povo de Jeová se viu confrontado com oposição como nunca antes na sua história.b O cumprimento da ação de se pendurar Hamã no madeiro preparado para Mordecai não precisa esperar a destruição de Babilônia, a Grande, pois, por meio destes atos, a partir daquele tempo, os da classe de Hamã morreram aos olhos de Deus e aos olhos dos sinceros em todo o mundo. Além disso, os dez filhos de Hamã sobreviveram a ele, continuando o quadro até um cumprimento adicional.
14. Que trabalho adicional se viu então para os da classe de Mordecai?
14 Foi naquele mesmo ano de 1931 que se publicou o primeiro duma série de três livros chamados Vindicação, e naquela mesma assembléia se proferiu um discurso explicando em pormenores o capítulo nove de Ezequiel. Neste discurso foi identificado no cumprimento antitípico o homem vestido de linho e com um tinteiro de escrevente, bem como os que suspiravam e gemiam, que haviam de ser marcados nas testas, e também os vinte e cinco homens diante do templo, que adoravam o sol, em vez de a Jeová Deus. Os da classe de Mordecai e da classe de Ester, juntos, davam-se então conta de que tinham uma obra adicional a fazer, para a qual estavam sendo retidos na terra por mais algum tempo. Esta era a de acharem os que suspiravam e gemiam por causa das condições produzidas pelos que pervertiam a adoração verdadeira de Deus, representados pelos vinte e cinco homens que adoravam o sol, a saber, a classe clerical. Esta ação de salvar vidas havia de ocorrer antes de se trazer a destruição sobre todos os que não haviam recebido o sinal na sua testa. Portanto, a identificação do povo de Jeová pelo nome significativo de testemunhas de Jeová ocorreu numa ocasião de grande necessidade do povo de Deus e simultaneamente com o início de uma nova fase importante do propósito de Deus neste “tempo do fim”.
ORGANIZADOS PARA A DEFESA E PARA A OFENSIVA
15. (a) Que inversão para os da classe de Mordecai predisse Jesus? (b) Que ameaça havia ainda contra os judeus, e que medidas tomou Mordecai para frustrá-la?
15 Mordecai foi então promovido e recebeu o anel de sinete do rei, que fora removido do dedo de Hamã, antes de este ser pendurado. O cumprimento está em harmonia com a profecia de Jesus, quando ele disse: “É por isso que vos digo [isto é, aos clérigos dos seus dias]: O reino de Deus vos será tirado e será dado a uma nação que produza os seus frutos.” (Mat. 21:43) Tratava-se deveras de uma inversão dramática ocorrida nos nossos dias. Mas era preciso fazer algo mais. Embora a vida pessoal de Mordecai ficasse a salvo e ele tivesse sido enaltecido, os dez filhos de Hamã ainda viviam e ainda vigorava o decreto de extermínio de todos os judeus em todo o império, no dia 13 de adar. Mordecai dava-se conta de que havia uma saída para os judeus, não tomada em conta no decreto de Hamã. Tratava-se da autorização concedida ao povo de Jeová de se reunir e combater em defesa própria. Os judeus podiam assim tomar a iniciativa contra os que os queriam destruir e podiam em vez disso destruir os inimigos maldosos. O rei concordou com isso e o decreto neste sentido foi selado com o seu anel, enviando-se cópias a todos os 127 distritos jurisdicionais. — Ester 8:1-14.
16. (a) Que mudança de atitude ocorreu então entre os judeus? (b) Como se cumpriu isso nos tempos modernos?
16 Isto causou uma grande transformação. Agora, em vez de grande pranto entre os judeus, e em vez de jejuns, choro e lamentação, eles começaram a alegrar-se e a reunir-se, e uniram-se para tomar posição contra seus inimigos. Além disso, o temor dos judeus caiu sobre os povos do país e muitos começaram a dizer-se judeus. (Ester 8:15-17) Esta parte do drama teve um cumprimento dramático durante a década crítica de 1930. Dando-se conta de que tinham o direito de tomar todas as medidas pacíficas e legais para a proteção de sua vida, os servos de Deus passaram a apelar para os tribunais e para os governos, a favor de sua obra dada por Deus, de encontrar os sinceros para com Jeová e seu povo. Tomaram-se medidas adicionais de unificação, e, por volta de 1938, havia-se alcançado plenamente a estrutura teocrática da organização. Os do povo de Deus estavam então plenamente unidos e preparados para o tempo do cumprimento antitípico de 13 de adar.c
17. Quando veio o antitípico dia 13 de adar e o que aconteceu nele?
17 Este tempo veio durante o período da segunda guerra mundial. Toda a evidência leva à conclusão de que os inimigos do povo de Deus haviam decidido usar esta situação da guerra, com seu patriotismo, seu nacionalismo, seus preconceitos e suas acusações falsas de comunismo, por um lado, e de nazismo, pelo outro lado, a fim de apanhar as testemunhas de Jeová e destruí-las. Começou a formar-se um ataque global que parecia poder exterminar completamente a pregação mundial dos da classe de Mordecai e da de Ester, bem como seus companheiros, que já haviam começado a se juntar a eles.d Poderia ter sido realmente um dia desolador, um de pranto, mas estes fiéis servos de Deus não enfrentaram inermes esta ação conjugada. Durante este tempo, representado pelo dia 13 de adar, as testemunhas de Jeová lutaram como nunca antes. Travaram uma luta espiritual para preservar a sua vida espiritual em todo o mundo, combatendo desde uma sede central e oferecendo uma frente unida contra o inimigo. Houve baixas, mas não houve luta com armas carnais, da parte do povo de Jeová. (2 Cor. 10:3, 4) Jeová abençoou esta demonstração de coragem da parte de suas testemunhas até mesmo nos campos de concentração, e o resultado desta luta tem causado uma impressão duradoura nos que suspiravam e gemiam na cristandade, visto que os clérigos se expuseram mais do que antes como sendo contrários a Deus e contrários ao reino de Cristo.e (2 Tes. 1:4, 5) Esta contínua morte espiritual dos clérigos aos olhos de pessoas sinceras é bem representada pela morte dos dez filhos de Hamã, mortos em 13 de adar. Junto com eles foram mortos 500 inimigos de Deus em Susã e 75.000 nas outras partes do domínio. A luta continuou no castelo de Susã em 14 de adar, e mais 300 inimigos dos judeus foram mortos, enquanto nos distritos longínquos os judeus celebravam a sua vitória. — Ester 9:1-19.
DO PESAR PARA A ALEGRIA
18. Qual foi o resultado dos esforços do inimigo de aniquilar o povo de Deus, e o que representa a continuação desta guerra espiritual?
18 O dia planejado para ser um dia de pranto se havia tornado um dia bom, um dia de vitória, de vindicação e de alegria! O mesmo se deu também nos tempos modernos! Quando começou a Segunda Guerra Mundial, em 1939, havia 71.509 do povo de Jeová unidos em defesa da adoração verdadeira. Quando acabou a guerra entre as nações do mundo, longe de terem sido aniquilados, os do grupo fiel de testemunhas ativas se haviam multiplicado quase por dois, e em 1945 havia 141.606 que travavam a guerra espiritual contra os inimigos de Deus. Mas a nossa guerra espiritual em defesa própria ainda não acabou. Ela continua até hoje, conforme representado pela celebração anual de “Purim”, imposta a todos por Mordecai, a saber, “de celebrarem regularmente o décimo quarto dia do mês de adar e o décimo quinto dia dele, de ano em ano, segundo os dias em que os judeus descansaram dos seus inimigos e o mês que se lhes mudou de pesar em alegria e de pranto num dia bom”. (Ester 9:20-32) Neste ano (1971), os judeus ortodoxos celebraram sua “festa de Ester” em 10 de março, e a sua festa de Purim em 11 e 12 de março.
19, 20. Que resultado final é certo, e como devemos encarar o cumprimento do “trabalho forçado” imposto pelo Rei Assuero?
19 Visto que a prova plena da libertação por Jeová já faz parte do registro histórico tanto nos tempos antigos como nos modernos, aguardamos com confiança e viva expectativa a “grande tribulação” no futuro próximo, quando todos estes da classe de Hamã, bem como seus apoiadores, literalmente ceifarão o que semearam, assim como o Rei Assuero declarou a respeito de Hamã: “Recaia sobre a sua própria cabeça seu ardil mau que maquinou contra os judeus.” (Ester 9:25; Mat. 24:21, 22) Quando este tempo vier, o Assuero Maior acabará literalmente com todos os seus inimigos e enaltecerá os da classe de Mordecai e os da de Ester à posição que lhes é reservada no reino messiânico. — 2 Tes. 1:6-10.
20 No ínterim, precisam realizar-se os preparativos finais dos demais dos súditos do Rei, segundo o propósito de Jeová para este “tempo do fim”. Isto é indicado em Ester 10:1: “E o Rei Assuero passou a impor trabalho forçado ao país e às ilhas do mar.” Quão abençoado é atualmente o privilégio das “outras ovelhas” do Messias, de cumprir de todo o coração e lealmente a comissão hodierna de serviço! Fazem isso por cooperarem, para o seu próprio benefício eterno, com os que tomam a dianteira neste “trabalho enérgico” promovido pelos cristãos ungidos que foram prefigurados por Mordecai. “Pois Mordecai, o judeu, era o segundo depois do Rei Assuero, e era grande entre os judeus e aprovado pela multidão de seus irmãos, trabalhando para o bem de seu povo e falando paz a toda a descendência deles.” — Ester 10:2, 3.
“Assim disse Jeová: ‘Num tempo aceitável te respondi e num dia de salvação te ajudei; e eu te estive resguardando.’” — Isa. 49:8.
[Nota(s) de rodapé]
a Um exemplo notável disso é mencionado no livro As Testemunhas de Jeová no Propósito Divino, páginas 117, 118 da edição inglesa.
b Quanto a pormenores, veja o livro As Testemunhas de Jeová no Propósito Divino, págs. 125, 126, 128-147, em inglês,
c Veja o livro As Testemunhas de Jeová no Propósito Divino, págs. 127, 147-149, em inglês.
d Veja o livro As Testemunhas de Jeová no Propósito Divino, págs. 150-153, em Inglês.
e Veja o livro As Testemunhas de Jeová no Propósito Divino, págs. 154-185.
[Foto na página 567]
Ester expôs Hamã como sendo o arquiinimigo, revelando assim também a sua própria identidade.