Falemos segundo a “mesma maneira de pensar” sobre nosso serviço a Deus
SEM DÚVIDA, já teve a oportunidade de ler a Sentinela de 1.º de março de 1976 e a informação que fornece sobre os termos “ministro” e “ministério”. Que efeito terá esta apresentação bíblica sobre nosso serviço a Deus?
Na realidade, nosso serviço a Deus continua a ser o que sempre foi. A informação nos artigos da Sentinela simplesmente nos ajuda a encarar este serviço numa luz um pouco mais clara, aumentando nosso apreço por ele. Ajuda-nos também a entender de modo mais preciso o significado de certos termos bíblicos e usá-los dum modo que ressalte mais plenamente seu sentido e “sabor” original. Ajuda-nos a evitar mal-entendidos da parte das pessoas do mundo por causa de nossa maneira de falar, não usando os termos portugueses dum modo contrário ao seu sentido, geralmente aceito, no idioma moderno. E, por fim, auxilia-nos a harmonizar melhor nosso modo de pensar e de falar, em escala global, não importa qual seja nossa língua, por termos a “mesma maneira de pensar”, baseada solidamente nas Escrituras. — 1 Cor. 1:10.
Conforme poderá observar, a publicação mensal que por muitos anos tem sido chamada de “Ministério do Reino” teve seu nome mudado para “Nosso Serviço do Reino”, a partir deste número de março de 1976. Assim se transmitirá mais plenamente a idéia de serviço expressa pelo termo das Escrituras Gregas, diakonia. Esta mudança afeta primariamente apenas alguns idiomas: inglês, espanhol, francês, italiano e português. Por que estes? Porque nos outros idiomas em que se publica este mensário o título já contém a idéia da palavra correspondente para “serviço”, sendo o motivo de ter havido dificuldade em traduzir “ministério” de modo exato naqueles idiomas. Portanto, este novo título, em nosso idioma, harmonizará o nome da publicação mais de perto com o usado em outras partes do mundo.
Doravante usaremos o nome, “Escola Teocrática” em vez de “Escola do Ministério Teocrático”, como no passado. Isto simplificará o nome da Escola mesmo em idiomas diferentes dos cinco já mencionados. Em alemão, por exemplo, por não haver um termo correspondente para “ministério” no sentido religioso, nossos irmãos tiveram de usar um termo substituto, e por isso a chamaram de “Escola Teocrática do Serviço de Pregação” (Theokratische Predigtdienstschule).
A “Escola do Ministério do Reino” continuará a ser conhecida por este nome em português. Os que agora são convidados a ela são anciãos, e, por isso, são aqueles a quem, na realidade, se ‘impuseram as mãos’, designando-os para a realização de serviço ou “ministério” congregacional. (Atos 13:2, 3; 1 Tim. 4:14; 5:22) Por isso, o nome da escola permanece apropriado em português.
O Uso do Termo “Ministro” no Serviço de Campo
Que dizer de nosso uso do termo “ministro” na atividade de pregação que realizamos no campo? Visto que o sentido original da palavra “ministro” é o de “servo”, o proclamador ou a proclamadora do Reino não erra ao chamar-se de “ministro” no sentido de ser “servo” ou “serva” de Deus. Mas, será que nosso uso deste termo será entendido corretamente por aqueles a quem levamos a mensagem do Reino? Ou poderá suscitar perguntas na mente deles, que de outro modo não surgiriam, em especial quando mulheres ou talvez jovens se apresentam como “ministros”? Será que ajudará realmente a abrir a mente e o coração das pessoas para com a mensagem que levamos? Estas são perguntas que devemos considerar ao decidir o que é mais aconselhável.
Por exemplo, na Grécia, onde foram escritas algumas das Escrituras Gregas Cristãs, nenhuma Testemunha poderia ir às portas das pessoas e chamar-se de diákonos. Por que não? Porque as pessoas pensariam que se trata dum “diácono” da igreja, visto que é assim que se usa agora esta palavra na Grécia moderna.
Mesmo quando a sua língua contém uma palavra para “ministro”, os irmãos em certos países acharam aconselhável não usá-la. Por exemplo, na maioria dos países latino-americanos, a maioria das pessoas são da religião católica. Visto que a palavra portuguesa e espanhola ministro costuma ser entendida como se referindo a um pregador protestante ou evangélico, seu uso poderia indispor as pessoas católicas contra o proclamador do Reino que a usa.
Por outro lado, também, podemos lembrar-nos da declaração do apóstolo Paulo sobre a sua maneira de se esforçar a levar a verdade às pessoas. Ele disse em 1 Coríntios 9:20-23: “Para os judeus tornei-me como judeu, para ganhar judeus; para os debaixo de lei tornei-me como debaixo de lei, embora eu mesmo não estivesse debaixo de lei, para ganhar os debaixo de lei. Para os sem lei tornei-me como sem lei, embora eu não estivesse sem lei para com Deus, mas estivesse debaixo de lei para com Cristo, para ganhar os sem lei. Para os fracos tornei-me fraco, para ganhar os fracos. Tornei-me todas as coisas para pessoas de toda sorte, para de todos os modos salvar alguns. Mas, faço todas as coisas pela causa das boas novas, para tornar-me compartilhador delas com outros.”
Quando falamos com as pessoas nos seus lares, não queremos principalmente apresentar-nos como simples pessoas, vizinhos, que estão interessados nelas e no bem-estar delas? Elas acharão assim que estamos como que “no mesmo nível” delas, e, conforme esperamos, se expressem mais livremente. Se nos apresentarmos com o termo “ministro”, não lhes daria isso antes a idéia de alguma superioridade nossa, como se estivéssemos num nível mais elevado do que elas? Sabemos que os clérigos, no mundo, que são chamados de “ministros”, têm este nome como título de alto prestígio, que lhes dá a sensação de superioridade, distinguindo-os dos demais do rebanho de sua igreja. De modo que queremos tomar em consideração também este fator, ao decidirmos se o uso do termo “ministro” será mesmo de proveito em dar testemunho às pessoas em nosso território ou se outra forma de apresentação seria preferível. Com estes pontos em mente, talvez se dê conta, ao recordar, de que as publicações da Sociedade, já por bastantes meses, não têm usado a expressão “ministério de campo” com relação ao nosso serviço de campo.
Seu Uso nos Tratos com Autoridades
Às vezes talvez tenhamos de responder a perguntas oficiais sobre nossa posição com relação à congregação cristã. Talvez se pergunte se somos “ministros”, e, neste caso, se fomos “ordenados”. Conforme salientou A Sentinela de 1.º de março, na página 153, parágrafo 23: “Com o termo ‘ministro’, tais autoridades governamentais não descrevem, nem se referem ao serviço que cada cristão ou cristã individual pode prestar no seu empenho pessoal de transmitir as boas novas a outros. Portanto, em resposta à inquirição, pode-se responder razoavelmente em harmonia com o que os indagadores oficiais querem saber, em vez de impormos nossa própria definição a tais termos.”
Ser “ordenado”, segundo o sentido aceito deste termo, não se refere a alguém tornar-se discípulo cristão por ocasião do batismo. A ordenação refere-se à designação de alguém para responsabilidades congregacionais, a fim de servir os outros discípulos cristãos na congregação. Aplica-se especialmente aos que fazem serviço de pastoreio ou pastoral dentro da congregação, embora observemos que a palavra grega, diákonos, muitas vezes traduzida “ministro”, se aplique igualmente bem aos que são “servos ministeriais”.
Conforme já declarado anteriormente, os que servem quais anciãos e servos ministeriais receberam a ‘imposição de mãos’ no sentido de terem sido designados para servir a congregação em cargos de responsabilidade. (1 Tim. 3:1-10, 12, 13; 5:22) Neste respeito pode-se dizer que foram “ordenados”, no sentido em que se entende hoje, em geral, a ordenação. Não os consideramos como classe “clerical” ou superior aos demais da congregação, como se estes últimos formassem uma classe “leiga”. Antes, são servos designados da congregação, recebendo tal designação para trabalharem a favor da congregação e servirem os interesses de seus membros. Assim, ao passo que todos os cristãos batizados são servos de Deus, nem todos recebem tais designações de trabalho congregacional ou cargos de serviço.
Para ilustrar o princípio envolvido nisso, basta considerar a atividade de ensino realizada pelos membros da congregação. A Palavra de Deus manda que todos os pais cristãos sejam instrutores de seus filhos. (Efé. 6:4) As mulheres mais idosas devem ser “instrutoras do que é bom”, em fazerem “as mulheres jovens recobrar o bom senso”. (Tito 2:3, 4) E os cristãos em geral servem quais “iluminadores no mundo”, serviço que exige deles que instruam os do mundo que querem ser informados sobre os propósitos de Deus, assim como fazemos na nossa atividade de estudos bíblicos. (Fil. 2:15) De modo que todos os servos de Deus são convidados a ensinar. Mas, significa isso que todos devem receber a designação de “instrutores” na congregação ou que devam ser encarados como instrutores “ordenados”?
Sabemos que não é assim, não sabemos? Pois, o discípulo Tiago disse em Tiago 3:1: “Não muitos de vós deviam tornar-se instrutores, meus irmãos, sabendo que havemos de receber um julgamento mais pesado.” Ele se referiu aos que eram instrutores congregacionais, designados para tal trabalho de ensino. (Veja Efésios 4:11, 12; 1 Coríntios 12:28, 29.) Foi neste respeito que o apóstolo Paulo escreveu: “Não permito que a mulher ensine ou exerça autoridade sobre o homem.” (1 Tim. 2:11, 12) Assim, embora a atividade de instruir fosse algo em que todos os cristãos podiam participar de um modo ou de outro, nem todos foram designados para servir quais “instrutores” em sentido congregacional, recebendo uma designação para servir como tais.
Isto nos ajuda a entender por que o apóstolo Paulo podia referir-se a Febe como sendo diákonos da congregação em Cencréia. (Rom. 16:1, 2) Conforme mostra a Tradução Interlinear do Reino (em inglês), com isso queria dizer que ela era “serva” da congregação. Isto, evidentemente, não queria dizer que ela era serva congregacional, designada, igual a um ancião ou servo ministerial, mas simplesmente que ela prestava serviço voluntário à congregação de modo elogiável e notável. O serviço dela, sem dúvida, era da espécie do prestado pelas mulheres que anteriormente haviam ‘ministrado [diakonéo] a Jesus e os apóstolos dele de seus bens’. (Luc. 8:1-3) Em sentido similar, podemos notar que o evangelizador Filipe tinha quatro filhas que “profetizavam”. (Atos 21:8, 9; veja 1 Coríntios 11:5; 13:8.) Isto não significa, porém, que tenham sido designadas para “profetas” e, por isso, viessem logo depois dos apóstolos em termos de serviço vital prestado dentro da estrutura congregacional. (1 Cor. 12:28, 29) Apenas homens são chamados assim de “profetas” cristãos, conforme se pode observar em textos tais como Atos 11:27, 28; 13:1; 15:32.
Vemos assim que todos os cristãos servem (ou ministram), mas nem todos recebem uma designação congregacional de deveres para realizar, tais como os de anciãos e servos ministeriais. Isto não causa divisão na congregação, tal como a divisão entre “clérigos” e “leigos” encontrada em muitas religiões da cristandade. Antes, é uma cópia fiel da estrutura da congregação dos verdadeiros cristãos no primeiro século e dos arranjos orientados pelo espírito que então prevaleciam, conforme revelados nas Escrituras. Não há nada de errado com os arranjos congregacionais que Jesus Cristo instituiu ao fazer “dádivas em homens” e em estabelecer procedimentos pelos quais alguns seriam designados ou nomeados para certos deveres de serviço dentro da congregação. (Efé. 4:8, 11) É a maneira de se comportarem os assim designados que decide se o arranjo resulta no bem e tem um efeito unificador, ou se é prejudicial e tem efeito divisório. (Veja Hebreus 13:7.) A apostasia que deu origem à cristandade em grande parte resultou do mau uso da estrutura congregacional e da deturpação de seu propósito para obter vantagens egoístas. — Atos 20:29, 30.
Visto que as autoridades às vezes exigem algum comprovante da “ordenação” da parte dos que servem em tais cargos, prepara-se uma “Certidão de Ministro Ordenado”, que será fornecida a pedido aos anciãos ou servos ministeriais que precisarem dela. Indicará a data, não de seu batismo, mas quando foram designados para servir em tais cargos, e, assim, quando ocorreu ‘a imposição das mãos’ no caso deles.
Quando um ancião ou servo ministerial se mudar, será aconselhável que o corpo de anciãos onde serviu até então escreva ao corpo de anciãos da congregação para onde se mudou, fazendo sua recomendação quanto a ele continuar a ser usado na qualidade em que serviu, em vez de se esperar até o tempo em que aquele corpo de anciãos talvez escreva, pedindo essa informação. Assim, quando estiver em questão a “ordenação” desta pessoa nos seus tratos com autoridades, e se o corpo de anciãos achar próprio recomendar que continue a servir na qualidade de ancião ou servo ministerial (tomando-se em consideração a recomendação do corpo de anciãos onde serviu antes), talvez seja possível evitar uma aparente interrupção no seu serviço como “ministro ordenado”.
Mas, que dizer dos que se empenham no serviço de tempo integral como pioneiros ou membros de famílias de Betel? À base das Escrituras torna-se claro que ser ancião ou servo ministerial não é algo que se possa pedir pelo preenchimento dum formulário, tal como o formulário da petição para pioneiro ou da petição para Betel. Tampouco é principalmente o número de horas que alguém talvez gaste na divulgação das boas novas a outros, que o habilita para tais responsabilidades congregacionais como ancião ou servo ministerial. Em vez disso, os que recebem tal designação satisfazem as qualificações especificadas nas Escrituras, em 1 Timóteo 3:1-10, 12, 13; Tito 1:5-9 e outros textos relacionados.
Muitos daqueles que são pioneiros ou que servem como membros de famílias de Betel estão qualificados para ser reconhecidos como anciãos ou servos ministeriais. Os que não estão, naturalmente, ainda fazem voluntariamente do serviço direto a Deus sua vocação, empenhando-se neste serviço por tempo integral. Sua designação como pioneiro ou membro da família de Betel é o reconhecimento de tal serviço voluntário. Tal designação, porém não se enquadra no significado de “ordenação”, conforme este termo é entendido em geral. E serem irmãs e também jovens ainda adolescentes aceitos para o serviço de pioneiro e o serviço de Betel também torna inapropriada a aplicação de tal termo. Visto que a própria Bíblia apresenta apenas duas posições congregacionais de responsabilidade, a de ancião e a de servo ministerial, limitamos a aplicação do termo “ministro ordenado” aos que se enquadram neste arranjo bíblico.
Não obstante, além do termo “ministro ordenado”, algumas agências governamentais em certos países, têm usado o termo “ministro regular” para descrever alguém que não é “ordenado”, mas que prega e ensina as crenças duma religião como sua vocação. Por este motivo, quem for pioneiro ou membro da família de Betel e não for ancião ou servo ministerial, mas quiser ter algum comprovante para apresentar, de que sua vocação é o serviço de tempo integral a Deus, poderá pedir uma certidão para este fim. A certidão apresentará a data em que se tornou pioneiro ou membro da família de Betel, declarando que, em virtude de fazer de tal serviço de tempo integral sua vocação, está habilitado a enquadrar-se na definição de “ministro regular”.
Será que a informação que apresentamos produz alguma mudança real na posição que nós, individualmente, ocupamos à luz das Escrituras? Não, não produz. Como poderia, se nossos irmãos de outros idiomas, diferentes dos cinco mencionados antes, servem do mesmo modo que nós e ainda assim nunca aplicaram a si mesmos termos correspondentes ao uso moderno de “ministro” e “ministro ordenado”? Na realidade, nossa maneira de falar se harmonizará agora mais de perto com a deles. Assim, em vez de afetar o que somos, nosso ajuste simplesmente faz com que nosso uso dos termos “ministro” e “ministro ordenado” se harmonize com o que a maioria das pessoas de língua inglesa ou de origem latina querem dizer com eles, e isso elimina também a diferença entre nosso modo de falar e o de nossos irmãos em outras terras. Cada um de nós continua sendo exatamente o que ele ou ela foi servo ou serva de Deus, alguns tendo uma designação congregacional de alguma tarefa de serviço, outros não.
Portanto, sirvamos todos unidos, na “mesma maneira de pensar” de nossos irmãos em todo o mundo, e abunde nosso “amor . . . ainda mais e mais com conhecimento exato e pleno discernimento”. (Fil. 1:9) Reconheçamos que é Deus quem habilita a pessoa para determinada designação de responsabilidade e serviço congregacionais. (2 Cor. 3:4-6) Se formos designados assim, cumpramos nosso ministério ou designação de serviço sem queixas e livre de motivos egoístas ou desejo de autoglorificação, confiando na “força que Deus fornece”. (1 Ped. 4:11; 5:2; 2 Cor. 4:1, 5; Rom. 12:6-8) Que os assim designados mostrem ser semelhantes ao apóstolo Paulo e seus colaboradores, que se preocupavam com que ‘não se achasse falta’ no ministério ou serviço que lhes foi designado, e que, por isso, humilde e voluntariamente padeciam toda espécie de dificuldades, a fim de se ‘recomendarem realmente como ministros ou servos de Deus’. — Leia 2 Coríntios 6:3-10; 11:23-28.
Sim, prossigamos todos unidamente em prestar “serviço sagrado” a Jeová Deus e ao nosso Senhor Jesus Cristo, doravante e para sempre. — Rom. 12:1; Rev. 7:15.