Cultivemos intenso amor uns pelos outros
“Amai-vos uns aos outros intensamente de coração.” — 1 Ped. 1:22
1, 2. (a) Quão importante é o amor? (b) Por que reconhecem até mesmo os cientistas ateus que o amor é vital?
O AMOR é vital para o usufruto de paz, felicidade e contentamento. De fato, a vida nem vale a pena viver sem amor — o que é até mesmo reconhecido pelos cientistas materialistas. “Quero asseverar a importância extraordinária do amor . . . O amor é indispensável” escreveu o afamado cientista Sir Julian Huxley.
2 Por que será que mesmo aqueles que se negam a reconhecer a existência dum Criador enfatizam a importância do amor? Em primeiro lugar, é porque os estudos científicos documentaram nossa necessidade de amor. Esses estudos indicam que, assim como se precisa saciar a fome para a pessoa sobreviver, os humanos também precisam amar e ser amados. O cientista Ashley Montagu escreveu: “Sabemos agora, à base das observações de vários médicos e investigadores, que o amor é uma parte essencial da nutrição de todo bebê, e que, a menos que seja amado, não se desenvolverá como organismo sadio . . . Mesmo que seja fisicamente bem nutrido, poderá apesar disso definhar e morrer.”
POR QUE OS HOMENS TÊM AMOR
3. (a) Por que costumam as crianças receber o amor de que necessitam? (b) Donde receberam os homens essa faculdade e capacidade de amar?
3 Felizmente, porém, há pouco perigo de que a criança deixe de receber o cuidado terno e altruísta de que precisa. Isto se dá porque, conforme diz a Bíblia, instintivamente, “a mãe lactante . . . acalenta os seus próprios filhos”. (1 Tes. 2:7) Onde é que obtiveram as mães tal amor pelos seus filhos? Não se desenvolveu por acaso. Não é evidente que foi implantado nelas pelo Criador amoroso? Todos nós temos a faculdade e capacidade de amar, e, quando cultivada, esta qualidade pode ser expressa nas maneiras mais belas e comovedoras.
4. (a) Por que sabemos que Adão foi dotado da qualidade de amor ao ser criado? (b) Que evidência há de que Adão amava Eva e que esta capacidade de amar alguém do sexo oposto foi transmitida aos seus descendentes?
4 Jeová Deus concedeu este dom do amor na criação do primeiro casal humano. Sabemos isso porque Adão foi criado “à imagem de Deus”. E, visto que “Deus é amor” — o amor sendo sua qualidade predominante — a criatura feita à sua imagem também possuiria amor. (Gên. 1:26, 27; 1 João 4:8) Que o primeiro homem Adão foi dotado de amor à sua bela esposa nova é evidenciado pela sua expressão alegre ao vê-la: “Esta, por fim, é osso dos meus ossos e carne da minha carne.” (Gên. 2:23) Embora Adão pecasse e perdesse a perfeição, transmitiu aos seus descendentes a capacidade de amar, inclusive a capacidade humana de deliciar-se com alguém do sexo oposto. De fato, um sábio antigo disse que uma das quatro coisas maravilhosas demais para ele entender era “o caminho do varão vigoroso com a donzela”. — Pro. 30:19; Gên. 24:67; 26:8.
O AMOR É EXPANSIVO
5. Além do amor romântico entre homens e mulheres, que evidência há de amor existente entre parentes carnais?
5 Mas, além deste amor romântico que pode existir entre homens e mulheres, os humanos costumam ter um profundo sentimento natural de afeto pelos seus parentes carnais. Assim, quando José, depois de muitos anos de separação, viu a Benjamim, “suas emoções íntimas [ficaram] agitadas para com seu irmão”. Mais tarde, “lançou-se . . . ao pescoço de Benjamim, seu irmão, e entregou-se ao choro, e Benjamim chorava ao seu pescoço”. (Gên. 43:30; 45:14) Este amor familiar induziu também André, depois de ter encontrado o Messias, a procurar seu irmão Pedro, para contar-lhe esta grandiosa notícia. — João 1:40-42.
6. Que exemplos bíblicos mostram que o amor da pessoa pode incluir outros, além dos parentes carnais?
6 No entanto, esta qualidade de amor tem capacidade de ampliar-se e incluir outros, que não são parentes carnais. Jonatã, filho benjamita do Rei Saul de Israel, ficou tão comovido pelas boas qualidades de Davi, descendente de Judá, que sua “própria alma . . . se ligou à alma de Davi, e Jonatã começou a amá-lo como a sua própria alma”. Mais tarde, quando Jonatã foi morto, Davi ficou induzido a chamá-lo de “irmão” e a dizer: “Meu irmão Jonatã, tu me eras muito agradável. Teu amor a mim era mais maravilhoso do que o amor das mulheres.” O amor da moabita Rute pela sua sogra Noemi é outro exemplo de como o amor pode incluir pessoas que não são parentes carnais, naturais. — 1 Sam. 18:1; 2 Sam. 1:26; Rute 1:16, 17.
7. Quão inclusivo tem de ser o amor do cristão?
7 Os que se tornam verdadeiros cristãos também precisam ter cordial amor fraternal uns para com os outros, sem consideração de raça, nacionalidade, posição social ou situação econômica de seus irmãos e irmãs cristãos. Jesus mostrou isso, dizendo: “Por meio disso saberão todos que sois meus discípulos, se tiverdes amor entre vós.” (João 13:35) Contudo, o amor do verdadeiro cristão não se pode limitar apenas a conservos de Deus. Precisa estender-se a mais outros. De fato, Jesus ordenou: “Continuai a amar os vossos inimigos e a orar pelos que vos perseguem; para que mostreis ser filhos de vosso Pai, que está nos céus.” — Mat. 5:44, 45.
O AMOR QUE PRECISA SER CULTIVADO
8. Explique como o amor pode ser expresso em vários graus e sentidos.
8 Torna-se claro que esta qualidade de amor, com que Deus dotou os homens, pode ser expressa em vários graus e sentidos. Como? Porque é evidente que o amor que o cristão tem ao inimigo que o persegue não é a mesma terna afeição que a mãe lactante sente para com o seu bebê, que José tinha para com Benjamim, que Jonatã tinha para com Davi ou que o cristão sente para com um concrente. Deus não espera que tenhamos afeto ao inimigo, nem necessariamente que gostemos dele. Contudo, somos obrigados a amá-lo. Não é isso contraditório?
9, 10. (a) Como nos ajuda conhecermos o significado de agape e do seu exercício por Jeová a reconhecer que se pode amar alguém, sem necessariamente gostar dele? (b) Como podemos mostrar amor a pessoas más e imorais?
9 Não, não é quando entendemos o significado da principal palavra grega traduzida por “amor” nas Escrituras Gregas Cristãs, o chamado Novo Testamento. A forma de substantivo desta palavra é agape. A respeito do agape de Deus para com a humanidade, diz o Dicionário Expositivo de Palavras do Novo Testamento, de W. E. Vine (em inglês): “Este não é o amor de complacência ou afeição, quer dizer, não é provocado por alguma excelência de seus objetos.” E isso é um fato: A humanidade, como um todo, não é uma turma muito amável. Mas, não lhe cabe realmente a culpa. — Efé. 4:17-19; Tito 3:3.
10 Por herança de Adão, todos os homens foram concebidos em pecado e dados à luz com a inclinação para o proceder errado. (Sal. 51:5) Deus sabe disso. Por isso é induzido a amar a humanidade, não por qualquer mérito ou excelência da parte dela, mas, em especial, porque ele reconhece que muitos homens, com o tempo, aceitarão seu amor e harmonizarão a vida deles com a sua vontade. (Rom. 5:8-11) Portanto, agape contém o significado de amor que se distingue pelo respeito aos princípios. Assim, pois, se imitarmos o exemplo de nosso Pai celestial, amaremos até mesmo os que não evidenciam merecer nosso amor. Talvez sejam cínicos, egoístas e até mesmo imorais ou criminosos. Odiaremos o que eles fazem e dizem, mas, ao mesmo tempo, preocupar-nos-emos com o bem-estar pessoal deles. Faremos tudo o que pudermos para animá-los a aceitar o amor de Deus. Cultiva tal amor à humanidade em geral, amor guiado por princípios?
11, 12. (a) Deve o amor do cristão aos seus irmãos ser guiado apenas por princípios? (b) Como indicam o amor marital e o amor de Jeová a seu Filho que agape inclui mais do que apenas amor guiado por princípios?
11 Mas, não se trata apenas de amor orientado por princípios, desprovido de afeto e cordialidade, a que Pedro se referia quando escreveu a concristãos: “Amai-vos uns aos outros intensamente de coração.” (1 Ped. 1:22) Embora o respeito pelos princípios seja uma particularidade distintiva de agape, tal amor pode incluir também afeto e afeição. Lemos neste respeito: “Os maridos devem estar amando [a forma verbal agapáo] as suas esposas.” (Efé. 5:28) É evidente que isso não significa que os maridos cristãos devem amar sua esposa simplesmente assim como amam seus inimigos! Não; antes, porém, a admoestação de que “devem estar amando as suas esposas” significa que os maridos devem também ter sentimentos de cordialidade, ternura e afeto para com sua esposa, assim como era do propósito do Criador.
12 Que a palavra grega agape pode incluir sentimentos muito profundos de afeto e afeição é também indicado por outros exemplos bíblicos. Por exemplo, somos informados: “O Pai ama o Filho.” (João 3:35) O amor de Deus a seu Filho, Jesus Cristo, não é simplesmente governado pelo respeito aos princípios. Jeová tem terna afeição e compaixão para com Jesus, assim como diz a Bíblia: “O Pai tem afeição pelo Filho e mostra-lhe todas as coisas que ele mesmo faz.” Jeová Deus disse: “Este é meu Filho, meu amado, a quem eu mesmo tenho aprovado.” — João 5:20; 2 Ped. 1:17.
13. (a) Que grau de amor devem os cristãos ter uns pelos outros? (b) Como é o grau correto de nosso amor indicado pelo significado básico da palavra grega para “intensamente”?
13 Portanto, este é o grau de amor que os cristãos precisam cultivar uns para com os outros. Não é um amor tíbio, nem é amor simplesmente por dever para com os de quem talvez nem se goste. Mas é cordial e terna afeição a outros, comparável ao terno amor que se tem a um parente querido e que Jeová tem ao seu muito amado Filho. O apóstolo Pedro salientou que nosso amor mútuo deve ser desta espécie ou grau, ao exortar: “Amai-vos uns aos outros intensamente”, ou, conforme outras traduções o expressam, “ardentemente”, “de toda a vossa força”. (1 Ped. 1:22; Almeida; Nova Bíblia Inglesa) A palavra grega, original, traduzida por “intensamente”, significa de modo literal “extensamente”. (Tradução Interlinear do Reino, em inglês) Portanto, nosso amor precisa empenhar-se ao limite com intensidade. Cultiva tal espécie de amor?
14. (a) Por que precisamos fazer empenho em cultivar amor? (b) Como podemos aprender a nos amarmos mutuamente?
14 Todos nós precisamos fazer empenho neste respeito. Isto se deve a que a desobediência de Adão, há cerca de 6.000 anos atrás, mergulhou a família humana profundamente no pecado e na imperfeição, o que afetou adversamente nossa capacidade de refletir a qualidade predominante de Jeová, o amor. Até mesmo os sentimentos instintivos de amor que parentes chegados têm naturalmente uns pelos outros ficam às vezes perturbados e pervertidos, como nos casos antigos de Caim, Esaú e dos meios-irmãos de José. A Bíblia predisse que isso se evidenciaria também “nos últimos dias”, quando as pessoas estariam “sem afeição natural”. (2 Tim. 3:1-3) Quão vital é, pois, que cultivemos o amor, para mantê-lo vivo em nosso coração! Mas, como podemos nós, os que vivemos neste período crítico dos “últimos dias”, aprender a amar-nos uns aos outros? O apóstolo Paulo explica isso: “Com referência ao amor fraternal, não necessitais de que vos escrevamos, porque vós mesmos sois ensinados por Deus a vos amardes uns aos outros.” (1 Tes. 4:9) Como nos ensina isso Deus?
COMO SOMOS ENSINADOS POR DEUS A AMAR
15. (a) Como se pode dizer que Jeová nos ensina a nos amarmos uns aos outros? (b) Quanto são os cristãos obrigados a se amarem uns aos outros?
15 Ele faz isso de diversas maneiras. Poderíamos dizer que Deus, por criar o homem à sua imagem, dotando a humanidade com a faculdade e capacidade de amar, virtualmente nos inclinou a ser amorosos, embora agora pecaminosos. Também, Deus nos ensinou a nos amarmos mutuamente por repetidas vezes tornar o exercício do amor uma ordem. Segundo Jesus Cristo, um dos dois principais mandamentos da lei de Deus para Israel era: “Tens de amar o teu próximo como a ti mesmo.” O discípulo Tiago chamou-o de “lei régia”. (Mat. 22:39; Lev. 19:18; Tia. 2:8) No entanto, falando como representante de Deus, Jesus revelou que os cristãos precisam ter um amor ainda superior, amando-se mutuamente assim como ele amou seus discípulos. (João 13:34; 1 João 3:16) Mas Jeová ensinou à humanidade a amarem-se uns aos outros ainda por um outro modo especialmente atraente.
16. (a) De que modo especialmente excelente nos ensina Jeová a nos amarmos uns aos outros? (b) Qual é a maior manifestação do amor de Deus?
16 Este é por meio de exemplos. O apóstolo Paulo falou a uma multidão na antiga província romana da Galácia, na Ásia Menor, dizendo a respeito de Deus: “[Ele fez] o bem, dando-vos chuvas do céu e estações frutíferas, enchendo os vossos corações plenamente de alimento e de bom ânimo.” (Atos 14:17) Assim, Deus não só nos ordena a nos amarmos uns aos outros, mas ele mostra por exemplos como devemos fazer isso. (Mat. 5:44, 45) Seu melhor exemplo da demonstração de amor é a provisão de seu bem mais precioso em nosso benefício. A Bíblia explica: “Deus enviou o seu Filho unigênito ao mundo, para que ganhássemos a vida por intermédio dele. . . . Amados, se é assim que Deus nos amou, então nós mesmos temos a obrigação de nos amarmos uns aos outros.” — 1 João 4:9-11.
17. Qual deve ser o resultado de aprendermos a verdade a respeito de Jeová e suas grandiosas provisões para nós?
17 Portanto, ao considerarmos as coisas maravilhosas feitas por Jeová — provendo-nos abundantes bênçãos materiais, mas especialmente a dádiva de seu Filho, que torna possível a vida eterna num novo sistema de justiça — aprendemos a verdade sobre quão excelente Deus e Criador é Jeová. Qual deve ser o resultado de nossa aceitação desta grandiosa verdade a respeito das provisões de Jeová e depois viver em harmonia com ela? O apóstolo Pedro falou sobre “o amor fraternal sem hipocrisia” “por resultado”, sim, uma bela relação familiar de fraternidade e amor! E assim, o que é vital fazermos em apreço disso, Pedro acrescentou: “Amai-vos uns aos outros intensamente de coração.” — 1 Ped. 1:22.
POR QUE O INTENSO AMOR FOI VITAL NAQUELE TEMPO
18. O que era iminente, quando Pedro escreveu a sua primeira carta?
18 A fim de reconhecermos por que o intenso amor foi vital nos dias de Pedro, precisamos examinar as circunstâncias existentes naquele tempo. Pedro explica: “Tem-se aproximado o fim de todas as coisas. Sede ajuizados, portanto, e sede vigilantes, visando as orações. Acima de tudo, tende intenso amor uns pelos outros.” (1 Ped. 4:7, 8) É verdade, o fim estava então próximo. Pedro escreveu por volta de entre 62 e 64 E. C., e foi pouco depois disso, no ano 70, que finalmente veio o fim do sistema judaico de coisas. Os exércitos romanos devastaram toda a região da Judéia, e especialmente Jerusalém. Uma profecia de Jesus nos ajuda a reconhecer por que os cristãos daquele tempo precisavam ter “intenso” amor uns aos outros.
19. (a) Que sinal deu Jesus para que os cristãos soubessem que o fim estava próximo, e como se cumpriu este sinal? (b) Como podiam os cristãos acatar a ordem de fugir, dada por Jesus e era sábio que obedecessem?
19 Jesus predisse: “Quando virdes Jerusalém cercada por exércitos acampados, então sabei que se tem aproximado a desolação dela.” (Luc. 21:20; Mat. 24:15) Foi em novembro de 66 E. C. que os exércitos romanos, sob o comando de Céstio Galo, cercaram Jerusalém. Avançaram para dentro da cidade, lugar considerado “santo” pelos judeus, e atacaram a muralha do templo, minando-a. Os romanos poderiam ter facilmente capturado a cidade inteira, mas, de repente, sem aparente motivo para isso, o General Galo retirou-se e recuou. Isto forneceu aos cristãos a oportunidade de acatar a próxima admoestação de Jesus: “Então, comecem a fugir para os montes os que estiverem na Judéia.” (Luc. 21:21-24) Mais tarde voltaram os exércitos romanos sob o comando do General Tito, e devastaram o país, resultando em se relatarem 1.100.000 mortos só em Jerusalém, o que deveras foi uma “grande tribulação”!
20. Que evidência há de que os cristãos acataram a ordem de Jesus?
20 Mas, o que dizer dos cristãos? O historiador Eusébio Pânfilo, do terceiro século, observa: “No entanto, todo o corpo da igreja em Jerusalém, mandado por revelação divina, dada a homens de piedade aprovada, ali, antes da guerra, mudaram-se da cidade e moraram em certa cidade além do Jordão, chamada Pela.”a Sim, os cristãos evidentemente acataram as instruções de Cristo, e, depois da retirada de Céstio Galo e seus exércitos, fugiram para a região montanhosa em volta de Pela, salvando assim a sua vida. Mas, isso não lhes foi fácil.
21. (a) Por que enfatizou Jesus a urgência da fuga imediata? (b) Por que situações deverão ter passado os cristãos fugitivos?
21 Sabendo que os acontecimentos relacionados com a volta dos soldados romanos — sob o General Tito — logo tornariam quase impossível sair da cidade condenada, Jesus instara há muito tempo antes: “O homem que estiver no alto da casa não desça para tirar de sua casa os bens; e o homem que estiver no campo não volte para casa para apanhar a sua roupa exterior.” (Mat. 24:17, 18) Em resultado, centenas ou talvez milhares de cristãos obedientes partiram às pressas, assim que Galo e suas tropas se retiraram, levando consigo poucos bens. Era bom não estarem sobrecarregados, porque a viagem era longa, o terreno era escabroso e as condições do tempo, sem dúvida, eram opressivas naquela época do ano. Em tais circunstâncias, poderiam ter ocorrido facilmente discussões e outras dificuldades entre os fugitivos. Depois, havia também a questão de onde todos morariam.
22. (a) Que condições existiam então em toda aquela região? (b) Por que era vital que os cristãos naquele tempo aplicassem a admoestação de Pedro?
22 É possível que finalmente armassem abrigos provisórios em volta de Pela, talvez estabelecendo ali alguma espécie de campo de refugiados nas montanhas. Não sabemos isso. Mas, não importa qual tenha sido o caso, era-lhes difícil. Era um tempo de escassez e dificuldades em toda a região. Aproximava-se o fim de todo o sistema judaico! Quão apropriado, pois, era o encorajamento inspirado de Pedro aos leitores de sua carta, os quais eram “residentes temporários”: “Tem-se aproximado o fim de todas as coisas. . . . Acima de tudo, tende intenso amor uns pelos outros.” (1 Ped. 1:1; 4:7, 8) Com tal amor, os cristãos não seriam egoístas e irritantes uns para com os outros, mas compartilhariam uns com os outros e se edificariam e fortaleceriam mutuamente a perseverar na situação provadora que enfrentavam.
POR QUE O AMOR INTENSO É VITAL AGORA
23. Têm algum significado para nós hoje as advertências bíblicas a respeito da proximidade do fim?
23 No entanto, não queremos apenas olhar para trás, para aquele tempo. Pois, a profecia de Jesus, a respeito da “terminação do sistema de coisas”, tem aplicação atual; de fato, sua aplicação principal se dá agora. E o mesmo se dá também com a advertência similar de Pedro, de que se tem “aproximado o fim de todas as coisas”. É do propósito de Deus exterminar todo este sistema iníquo de coisas e introduzir seus “novos céus e uma nova terra” no futuro imediato! (Mat. 24:3-22; 2 Ped. 3:13) De modo que vivemos num tempo que ofuscará a horrível destruição de Jerusalém e suas vizinhanças como insignificante, em comparação com a “grande tribulação” agora tão próxima! As provações que a maioria dos cristãos terá de enfrentar na “grande tribulação” iminente podem ser similares às suportadas em duas ocasiões recentes.
24, 25. (a) Que transe sofreram as Testemunhas malauis, e por que lhes era importante obedecer à admoestação de Pedro? (b) Que exame de nós mesmos faríamos sabiamente?
24 A primeira destas envolveu as testemunhas de Jeová em Malaui. Sob o cabeçalho: “Testemunhas de Jeová — Fugindo Para Salvar a Vida”, o Times de Nova Iorque, de 22 de outubro de 1972, noticiou: “Na semana passada receberam-se notícias de Malaui, pequeno país da África Oriental, a respeito de hostilizações maciças . . . o estupro de mulheres, membros do grupo, o incêndio de lares das Testemunhas e o que importava em ser uma expulsão à força da maioria dos 23.000 aderentes no país.” Por causa de sua fidelidade à lei de Deus, as Testemunhas malauis foram expulsas através da fronteira e obrigadas a ir ali a um enorme campo de refugiados, onde, no princípio, havia uma séria falta das necessidades da vida. Muitos morreram por causa das dificuldades. Quão importante é, pois, em tais circunstâncias aflitivas, acatar o conselho inspirado: “Acima de tudo, tende intenso amor uns pelos outros.”
25 A maioria das Testemunhas malauis atravessaram este transe em fidelidade a Deus e espiritualmente fortes, e o que certamente lhes ajudou foi a sua obediência ao acima mencionado conselho bíblico. Mas, que dizer de nós? Preparamo-nos para as provações à frente? Cultivamos o sentimento intenso de terna afeição mútua, assim como José para com seu irmão, como Jonatã para com Davi e Jeová Deus para com seu amado Filho Jesus Cristo? O exercício de tal amor é realmente vital nestes “últimos dias”.
26, 27. (a) O que ocorreu em Manágua, Nicarágua, em dezembro de 1972, e de que poderá ser uma previsão em pequena escala? (b) Como mostraram as testemunhas de Jeová amor mútuo durante aquele desastre em Manágua?
26 As dificuldades à frente também podem ter sido demonstradas antecipadamente pelo desastre noticiado na Despertai! de 8 de agosto de 1973, que dizia: “O letreiro ainda está de pé. Em testemunho mudo, declara: MANÁGUA, 404.700 HABITANTES. E, no centro da cidade, outra sentinela silenciosa dá testemunho. O relógio da entrada principal do Palácio Nacional parou às 12,35 horas da noite. Naquelas primeiras horas do dia de sábado, 23 de dezembro de 1972, no meio da escuridão, a capital da Nicarágua morreu num terrível terremoto.” Sim, a cidade simplesmente deixou de funcionar — águas e esgotos não funcionaram, a eletricidade ficou cortada e praticamente tudo o mais parou. Isto acontecerá em breve, não só a uma cidade, mas cidade após cidade entrará em colapso — o inteiro sistema de coisas morrerá! Em tais circunstâncias, o que é vital que exerçamos?
27 Muitas centenas de testemunhas de Jeová, em Nicarágua e países vizinhos, demonstraram seu intenso amor, conforme relatou Despertai!: “De imediato iniciaram-se esforços de cuidar destas Testemunhas [afetadas pelo terremoto] e de suas famílias. O genuíno amor que existe entre o povo de Deus certamente se manifestou. Por volta da tarde de sábado, uma Testemunha chegou com um caminhão e 1.130 litros de água, de uma congregação a uns 25 quilômetros de distância. . . . Daí, às 22 horas chegaram os primeiros dois caminhões de suprimentos enviados pelas testemunhas de Jeová de Libéria, na Costa Rica. Pouco depois, chegaram dois outros caminhões das Testemunhas em Tegucigalpa, Honduras. Assim se achavam disponíveis alimento, roupa, remédios, água e gasolina, dentro de vinte e quatro horas mais ou menos desde que acontecera o desastre!”
28. (a) O que podemos aprender do que aconteceu em Manágua? (b) De que outras maneiras receberam as testemunhas de Jeová treinamento em mostrarem amor uns pelos outros?
28 Podemos aprender algo desta experiência. Quando houver grandes dificuldades e desastres em toda a parte, o que necessitaremos mais, acima de tudo, é ter intenso amor uns pelos outros. E, pensando bem, não recebemos nós, como testemunhas de Jeová, o treinamento para enfrentar tais situações? Reunimo-nos regularmente em assembléias, grandes e pequenas, onde recebemos boa instrução e encorajamento para nos amarmos uns aos outros. Também, temos tido restaurantes para nos alimentarmos mutuamente e temos provido hospitaleiramente acomodações para concristãos, em nossos lares. Tem sido realmente um bom treinamento em amarmos e cuidarmos uns dos outros! Mas, temos de continuar a expressar esta maravilhosa qualidade de amor, com que Deus dotou os homens, a qual, porém, ficou muito pervertida e deturpada por cerca de 6.000 anos de pecado e imperfeição. É vital que continuemos a cultivar agora intenso amor uns pelos outros, porque se aproximou o fim de todas as coisas.
[Nota(s) de rodapé]
a The Ecclesiastical History of Eusebius Pamphilus, traduzida do grego para o inglês por C. F. Crusé (1894), página 75.
[Foto na página 721]
O genuíno amor a Davi induziu Jonatã a dar-lhe presentes como sinal de seu afeto.