BABILÔNIA (PAÍS)
Aquela terra antiga no baixo vale mesopotâmico através do qual correm os rios Tigre e Eufrates, e que corresponde à parte sudeste do moderno Iraque. Estende- se por cerca de 48 km a O do Eufrates, sendo contígua ao deserto da Arábia. A leste do Tigre, é limitada pelas colinas da Pérsia; a SE, pelo golfo Pérsico. Seu limite norte é um limite natural, assinalado por observável aumento da altitude próximo de Bagdá. Aqui no N os dois rios se aproximam a uns 40 km um do outro. A planície se estende por cerca de 400 km ao S, e tem uns 160 km de largura em seu ponto mais amplo. Esta área de uns 20.720 km2 tem um tamanho similar ao estado de Nova Jersey, E.U.A., ou de Sergipe, Brasil. Esta região é tão plana que, do limite norte até o golfo existe um declive de apenas 38 m no nível dos rios.
Às vezes os historiadores subdividem a região de Babilônia, chamando a parte setentrional de Acade e a parte sul de Suméria ou Caldéia. Originalmente este território foi designado nas Escrituras como a “terra de Sinear”. (Gên. 10:10; 11:2) Mais tarde, quando os regentes dominantes fizeram da cidade de Babilônia a sua capital, era conhecida como a região ou país de Babilônia. Visto que as dinastias caldéias às vezes a dominavam, era também chamada de “a terra dos caldeus”. (Jer. 24:5; 25:12; Eze. 12:13) Algumas das antigas cidades do país de Babilônia eram Adabe, Acade, Babilônia, Borsipa, Ereque, Quis, Lágaxe, Nipur e Ur.
Composta de depósitos de aluvião resultantes das inundações causadas pelos dois grandes rios, a terra, como um todo, era bastante fértil. Extensivo sistema de canais, tanto para irrigação como para drenagem, tornava possível produzir safras colossais de cevada, milho, tâmaras, figos e romãs.
A escavação arqueológica feita aqui no berço da civilização trouxe à luz muitos fatos interessantes sobre povos do passado, e seu modo de vida. O deciframento de milhares de tabuinhas de argila e de inscrições revela que as pessoas, há muito, faziam contratos, assinavam arrendamentos e comercializavam com outras nações. Possuíam um sistema de pesos e medidas, e tinham conhecimento da ciência da matemática. A astronomia, embora explorada pelos astrólogos adoradores de demônios, conseguia, mesmo assim, manter um registro do tempo e do movimento dos corpos celestes, e, destarte, desenvolveram-se calendários úteis.
Por volta da primeira metade do oitavo século A.E.C., um rei assírio chamado Tiglate-Pileser III (Pul) regia o país de Babilônia. (2 Reis 15:29; 16:7; 1 Crô. 5:26) Mais tarde, durante o reinado de Sargão II, um caldeu chamado Merodaque-Baladã proclamou-se rei da cidade de Babilônia, com o apoio de Elão e de alguns arameus, mas, depois de alguns anos, foi expulso por Sargão. Senaqueribe, ao suceder a Sargão II, enfrentou outra revolta babilônica liderada por Merodaque-Baladã. Depois da tentativa frustrada de Senaqueribe de capturar Jerusalém em 732 A.E.C., Merodaque-Baladã enviou emissários a Ezequias, de Judá, possivelmente para conseguir apoio contra a Assíria. (Isa. 39:1, 2; 2 Reis 20:12-18) Alguns anos depois, Senaqueribe expulsou Merodaque-Baladã e fez-se coroar regente da cidade de Babilônia, posição que reteve até à morte. Seu filho, Esar-Hadom, reconstruiu a cidade de Babilônia; este, por sua vez, foi sucedido por Assurbanipal, que governou o país de Babilônia através dum vice-rei. Após a morte de Assurbanipal, os babilônios cerraram fileiras em torno de Nabopolassar, e lhe concederam a realeza. Isto, então, foi o começo da dinastia neobabilônica, que devia continuar até Belsazar.
Evidentemente, em 632 A.E.C., a Assíria foi subjugada por esta nova dinastia caldéia, com a ajuda dos aliados medos e citas. Em 625, o filho de Nabopolassar derrotou o Faraó Neco, do Egito, na batalha de Carquemis, e, mais tarde nesse ano, assumiu as rédeas do governo como Nabucodonosor II. (Jer. 46:1, 2) Em 620, compeliu Jeoiaquim a pagar-lhe tributo, mas, depois de dois anos, Jeoiaquim se revoltou. Em 618, ou durante o terceiro ano de Jeoiaquim como regente tributário, Nabucodonosor subiu contra Jerusalém. (2 Reis 24:1; 2 Crô. 36:6) No entanto, antes que pudesse ser vencido pelos babilônios, Jeoiaquim morreu. Joaquim, tendo sucedido a seu pai, rapidamente se entregou e foi levado cativo para Babilônia, junto com os demais nobres, em 617. (2 Reis 24:12) Zedequias foi em seguida designado para o trono de Judá, mas também se rebelou; e, em 609, os babilônios cercaram de novo Jerusalém e finalmente romperam suas muralhas em 607 A.E.C. — 2 Reis 25:1-10; Jer. 25:3-12.
Pelo menos uma tabuinha cuneiforme foi encontrada, referindo-se a uma campanha contra o Egito, no 37.° ano de Nabucodonosor (588/587 A.E.C.) Esta pode ter sido a ocasião em que o poderoso Egito veio a ficar sob controle babilônico, segundo predito pelo profeta Ezequiel, evidentemente no ano 591 A.E.C. (Eze. 29:17-19) Por fim, depois dum reinado de 43 anos, que incluía tanto a conquista de muitas nações como um grandioso programa de edificações na própria Babilônia, Nabucodonosor II morreu, e foi sucedido por seu filho, Evil-Merodaque (Amel-Marduque), em 581. Este novo regente mostrou bondade para com o cativo Rei Joaquim. (2 Reis 25:27-30) O período seguinte da história babilônica é bastante obscuro. Informações históricas mais completas acham-se disponíveis quanto a Nabonido e seu filho, Belsazar, que evidentemente atuavam como co-regentes na época da queda de Babilônia.
Já então os medos e os persas, sob o comando de Ciro, o Grande, marchavam para assumir o controle de Babilônia, e tornarem-se a quarta potência mundial. Na noite de 5/6 de outubro de 539 A.E.C. (calendário gregoriano), apoderaram-se de Babilônia, e Belsazar foi morto. Dentro de dois anos, Ciro expediu seu famoso decreto que permitia que cerca de 50.000 cativos retornassem a Jerusalém. Cerca de duzentos anos depois, o domínio persa sobre o país de Babilônia chegou ao fim quando Alexandre Magno capturou a cidade de Babilônia, em 331. Em meados do segundo século A.E.C., os partos, sob seu rei, Mitridates I, detinham o controle sobre a região de Babilônia. Visto que floresciam comunidades judaicas nesta terra, Pedro, o apóstolo para os judeus, dirigiu-se à cidade de Babilônia, e foi dali que escreveu pelo menos uma de suas cartas inspiradas. (Gál. 2:7-9; 1 Ped. 5:13) Os líderes judeus nestas comunidades orientais também desenvolveram o Targum Babilônico, também conhecido como Targum de Onkelos, bem como produziram vários manuscritos das Escrituras Hebraicas. Um dos textos mais importantes da linha de textos orientais ou babilônios é catalogado como o Códice Babilônico Petropolitano de 916 E.C., agora em Leningrado, U.R.S.S. Em 226 E.C., a regência parta sobre o pais de Babilônia foi substituída pela dinastia sassânida (persa), e, por volta de 640 E.C., os árabes muçulmanos assumiram o controle de Babilônia. — Veja BABILÔNIA (CIDADE).