Capítulo 7
Desenvolvimento da linhagem humana do “descendente”
1. Por que fizeram os casos de Abel, Enoque e Noé com que Satanás o Diabo, ficasse ainda mais desesperado no seu objetivo de arruinar o “descendente” prometido?
NO ÂMAGO do “propósito eterno” de Deus está o “descendente” a ser produzido pela “mulher” de Deus. A competição que começou no jardim do Éden entre Satanás e Deus centralizava-se neste “descendente” misterioso. Tinha de ser assim, porque este “descendente” havia de ser produzido no tempo devido para machucar a cabeça da Grande Serpente, e Satanás, o Diabo, sabia que a “cabeça” seria a dele próprio. (Gênesis 3:15) Satanás estava decidido a quebrantar a integridade do vindouro “descendente” e torná-lo assim impróprio para o propósito de Deus. No Dilúvio, acabou o primeiro assalto na competição entre Satanás e Deus, mas o resultado foi contrário a Satanás. Ele não conseguiu quebrantar a integridade pelo menos de três homens, descendentes do primeiro homem e da primeira mulher, cuja integridade tramara arruinar. Abel, Enoque e Noé haviam enfraquecido a atitude confiante de Satanás e haviam-no deixado mais desesperado no seu objetivo de arruinar o “descendente”.
2. A humanidade devia hoje ser grata de que Noé lhe deu que espécie de começo na vida após o dilúvio? Por quê?
2 Os próximos seiscentos e cinqüenta e oito anos após o fim do Dilúvio mostraram ser muito reveladores a respeito dos pormenores sobre o “descendente” da “mulher” de Deus. Depois do dilúvio, toda a humanidade, até o dia de hoje, podia derivar sua descendência de Noé, construtor da arca, que sobreviveu ao dilúvio. De modo que o mundo da humanidade recebeu então um começo justo, porque Noé “andou com o verdadeiro Deus”. (Gênesis 6:9) Ele era imperfeito por herança, mas, em sentido moral, era sem defeito, imaculado, diante de Deus. Quão gratos devemos ser nós, seus descendentes, por causa disso! Logo depois de sair da arca e pisar no solo do monte Ararate, Noé liderou a humanidade na adoração do Preservador dela, Jeová Deus.
“Noé começou a construir um altar a Jeová e a tomar alguns de todos os animais limpos, e de todas as criaturas voadoras limpas, e a fazer ofertas queimadas sobre o altar. E Jeová começou a sentir um cheiro repousante, e Jeová disse então no seu coração: ‘Nunca mais invocarei o mal sobre o solo por causa do homem, porque a inclinação do coração do homem é ma desde a sua mocidade: e nunca mais golpearei toda coisa vivente assim como tenho feito. Pois, por todos os dias que a terra continuar nunca cessarão sementeira e colheita, e frio e calor, e verão e inverno, e dia e noite.’” — Gênesis 8:20-22; compare isso com Isaías 54:9.
3. Como se mostrou veraz a profecia de Lameque feita por ocasião do nascimento de Noé e de que se tornou símbolo o arco-íris?
3 A profecia que Lameque, pai de Noé, proferiu sobre ele por ocasião de seu nascimento mostrou-se justificada. (Gênesis 5:29) Levantou-se a maldição divina proferida sobre o solo fora do jardim do Éden, após a transgressão de Adão, e Noé (cujo nome significa “Descanso”) fez com que um cheiro repousante ascendesse de suas ofertas queimadas a Deus e induzisse Deus a determinar um descanso para a humanidade, da labuta da cultivação do solo amaldiçoado. Deus fez também com que aparecesse o primeiro arco-íris de que há noticia, na luz do sol que então brilhava diretamente sobre a terra, por causa da eliminação da abóbada de água. Referindo-se àquele arco-íris como sinal de garantia, Jeová prometeu que “as águas não se tornarão mais um dilúvio para arruinar toda a carne”. Não mais haveria um dilúvio aquoso. — Gênesis 9:8-15.
4. Visto que os três filhos de Noé e suas esposas sobreviveram ao dilúvio junto com Noé, que pergunta surgiu a respeito do “descendente” prometido?
4 Os três filhos de Noé, Sem, Cã e Jafé, e as esposas deles, sobreviveram junto com ele e sua esposa. Qual destes três filhos, então, seria aquele por meio de quem passaria a linhagem até o aparecimento terrestre do “descendente” da “mulher” de Deus? A escolha a ser feita afetaria de modo diverso as três raças descendentes dos três patriarcas, Sem, Cã e Jafé. A profecia que Deus inspirou Noé a proferir sobre os seus três filhos, numa ocasião crítica, indicou que direção tomariam o favor e a bênção divinos. Em que se baseava isso?
5. O que induziu Noé a proferir uma maldição sobre Canaã, filho de Cã?
5 Em obediência a ordem de Deus aos filhos de Noé, de se tornarem fecundos na terra, Sem tornou-se pai de Arpaxade, dois anos depois do começo do dilúvio. (Gênesis 11:10) Com o tempo, Cã tornou-se pai de Canaã. (Gênesis 9:18; 10:6) Algum tempo depois do nascimento de Canaã, houve uma ocasião em que Noé, por um motivo não declarado, embriagou-se com vinho de seu vinhedo. Cã entrou na tenda de Noé e o viu deitado descoberto, nu, mas não fez nada para encobrir a nudez de seu pai. Antes, falou sobre ela a Sem e Jafé. Sem e Jafé, com o devido respeito pelo seu pai, negaram-se a olhar para a nudez, e andando com as costas viradas para seu pai, estenderam sobre ele um pano. Não se aproveitaram da nudez de seu pai, mostrando e mantendo seu elevado respeito por ele, como seu pai e como profeta de Jeová.
“Por fim, Noé acordou do seu vinho e soube o que lhe havia feito seu filho mais moço. Ele disse então: ‘Maldito seja Canaã. Torne-se ele o escravo mais baixo de seus irmãos.’ E acrescentou: ‘Bendito seja Jeová, Deus de Sem e torne-se Canaã escravo dele. Conceda Deus amplo espaço a Jafé, e resida ele nas tendas de Sem. Torne-se Canaã também escravo dele.’” — Gên. 9:20-27.
6. Segundo a profecia de Noé, através de que filho passaria a linhagem do Messias?
6 Noé estava sóbrio quando proferiu estas palavras. Não amaldiçoou toda a raça descendente de Cã, por causa da falta de respeito de Cã, especialmente pelo profeta de Deus. Por isso, Deus inspirou Noé a amaldiçoar apenas um dos filhos de Cã, a saber, Canaã, cujos descendentes passaram a residir na terra de Canaã, na Palestina. Os cananeus tornaram-se escravos dos descendentes de Sem, quando Deus levou os israelitas a terra de Canaã, segundo a Sua promessa feita a Abraão, o hebreu. Sem viveu ainda quinhentos e dois anos depois do começo do Dilúvio, de modo que sua vida coincidiu com a de Abraão por cento e cinqüenta anos. (Gênesis 11:10, 11) Noé declarou que Jeová era o Deus de Sem. Jeová havia de ser bendito, porque foi o temor dele que motivou Sem a mostrar o devido respeito por Noé, como profeta de Deus. Jafé devia ser tratado como hóspede nas tendas de Sem e não como escravo, igual a Canaã. Assim, por ser anfitrião de seu irmão Jafé, Sem foi classificado superior a ele na fraseologia da profecia. Em harmonia com isso, a descendência de Sem havia de levar ao Messias.
A FUNDAÇÃO DE BABILÔNIA
7. Que neto de Cã estabeleceu o primeiro Império Babilônico, e como?
7 Outro descendente de Cã, que não saiu bem, foi seu neto Ninrode. Por sobreviver trezentos e cinqüenta anos após o começo do Dilúvio, Noé viveu para ver a ascensão, e, sem dúvida, a queda deste bisneto seu. (Gênesis 9:28, 29) Ninrode fundou uma organização que agiu como parte do “descendente” visível da Grande Serpente, Satanás, o Diabo. Gênesis 10:8-12 diz: “E Cus tornou-se pai de Ninrode. Ele principiou a tornar-se poderoso na terra. Apresentou-se como poderoso caçador em oposição a Jeová. É por isso que há um ditado: ‘Igual a Ninrode, poderoso caçador em oposição a Jeová.’ E o princípio do seu reino veio a ser Babel, e Ereque, e Acade, e Calné, na terra de Sinear. Daquela terra saiu para a Assíria e pôs-se a construir Nínive, e Reobote-Ir, e Calá, e Resem, entre Nínive e Cala: esta é a grande cidade.” Segundo isso, Ninrode estabeleceu o primeiro Império Babilônico.
8, 9. (a) Por que não escolheu Jeová a Babel como a cidade de seu nome? (b) A língua de quem não foi mudada em Babel?
8 Foi em Babel (chamada Babilônia pelos judeus de língua grega) que ocorreu a confusão da língua da humanidade, quando Jeová Deus mostrou seu desagrado da construção da cidade e duma torre de religião falsa nela, porque os construtores se propunham fazer para si um nome célebre e impedir serem “espalhados por toda a superfície da terra”. Não previram a decadência das cidades que ocorre atualmente. (Gênesis 11:1-9) Embora fosse o primeiro império na terra, este Império Babilônico de Ninrode não se tornou a Primeira Potência Mundial do registro bíblico. Esta foi o antigo Egito. O poder político de Babel ficou enfraquecido, porque seus construtores, então desunidos por idiomas diferentes, foram assim obrigados por Jeová a se espalhar por toda a terra.
9 Jeová Deus não escolheu Babilônia como a cidade a que dar seu nome. Noé e seu filho bendito Sem não participaram na construção de Babel e de sua torre de religião falsa, e a língua deles não foi confundida.
10, 11. (a) Nos dias de Sem, a linhagem do “descendente” prometido foi delimitada a qual de seus descendentes? (b) Isto foi indicado por meio de que revelação, feita a quem?
10 Dois anos depois da morte de Noé, em 2020 A. E. C., nasceu Abraão na linhagem de Sem, que ainda vivia. Este descendente mostrou-se adorador do Deus de Sem, Jeová. Sem deve ter tido grande satisfação ao saber da revelação emocionante que Jeová fez a Abraão. Esta provava que Jeová se apegava ao seu “propósito eterno”, que Ele formara no jardim do Éden, após a transgressão de Eva e Adão. Delimitava a vinda do “descendente” da “mulher” de Deus à linhagem de Abraão, dentre todos os descendentes de Sem. Mas qual foi a revelação divina a Abraão, que naquele tempo era chamado Abrão?
11 Abrão (Abraão) estava na Mesopotâmia, na cidade de Ur dos Caldeus, não muito longe de Babilônia (Babel), quando se lhe fez a revelação. Gênesis 12:1-3 nos diz: “E Jeová passou a dizer a Abrão: ‘Sai da tua terra, e da tua parentela, e da casa de teu pai, para a terra que te mostrarei; e farei de ti uma grande nação e te abençoarei, e hei de engrandecer o teu nome, e mostra-te uma bênção. E hei de abençoar os que te abençoarem e amaldiçoarei aquele que invocar o mal sobre ti, e todas as famílias do solo certamente abençoarão a si mesmas por meio de ti.’”
12. Para quem eram “boas novas” tal revelação e que era, pode-se dizer, começou com aquela revelação?
12 “Todas as famílias do solo” — estas incluem as nossas famílias hoje, neste século vinte! Os que são de nossa família podem procurar uma bênção por meio deste antigo Abrão (Abraão)! Estas são realmente boas novas! E foram reveladas ao mundo pós-diluviano da humanidade lá no século vinte antes de nossa Era Comum. A significância disso foi comentada mais tarde nas seguintes palavras inspiradas: “Certamente sabeis que os que aderem à fé é que são filhos de Abraão. Ora, a Escritura, vendo de antemão que Deus declararia justas a pessoas das nações devido à fé, declarou de antemão as boas novas a Abraão, a saber: ‘Por meio de ti serão abençoadas todas as nações.’” (Gálatas 3:7, 8) Em vista disso, pode-se dizer corretamente que a Era das Boas Novas (a Era Evangélica, conforme alguns talvez queiram chamá-la) começou lá naquele tempo, pouco antes de Abraão obedecer à ordem divina.
13. (a) Qual era a condição carnal de Abraão quando recebeu a ordem de Deus e, assim, o que é que contava perante Deus? (b) Quando cruzou Abraão o rio Eufrates?
13 Um ponto a ser também notado aqui é que, no tempo em que Deus o escolheu para ser o instrumento de bênção de todas as famílias e nações, Abraão não era circuncidado na carne. A ordem que Deus lhe deu, para ele e os homens de sua família serem circuncidados, só veio pelo menos vinte e quatro anos mais tarde no ano antes do nascimento de seu filho Isaque (1918 A. E. C.). Se não era a condição carnal de Abraão, então o que era que contava perante Deus? Era a fé que Abraão tinha. Jeová Deus sabia que Abraão tinha fé Nele. Não foi em vão que Ele deu a Abraão a ordem de abandonar a sua pátria. Abraão partiu prontamente e mudou-se com sua família em direção ao noroeste, para Harã, e dali, após a morte de seu pai Terá, em Harã, cruzou o rio Eufrates e avançou em direção da terra que Deus passou a mostrar-lhe. A travessia do rio Eufrates ocorreu em 14 de nisã da primavera setentrional do ano 1943 A. E. C., ou seja, 430 anos antes da celebração da primeira Páscoa pelos descendentes de Abraão, lá no Egito. — Êxodo 12:40-42; Gálatas 3:17.
14. O que disse Jeová a Abraão na terra de Canaã e o que fez Abraão depois disso?
14 O profeta Moisés registrou isso, escrevendo: “Em vista disso, Abrão foi como Jeová lhe falara e Ló foi com ele. E Abrão tinha setenta e cinco anos de idade quando saiu de Harã Abrão tomou, pois, Sarai, sua esposa, e Ló, filho de seu irmão, e todos os bens que tinham acumulado e as almas que tinham adquirido em Harã, e eles passaram a sair a fim de ir para a terra de Canaã. Por fim chegaram à terra de Canaã. E Abrão atravessou o país até o lugar de Siquém, perto das árvores grandes de Moré; e naquele tempo havia o cananeu no país. Jeová apareceu então a Abrão e disse: ‘Vou dar esta terra à tua descendência.’ Depois, ele construiu ali um altar a Jeová, que lhe havia aparecido.” — Gênesis 12:4-7; Atos 7:4, 5.
15. Por que exigiria um milagre a promessa de Deus a Abraão, de que teria, um “descendente”, envolvendo que milagre ainda maior?
15 Assim, embora Abrão naquele tempo, à idade de setenta e cinco anos, não tivesse filhos, nem tivesse filho de sua esposa Sarai, de sessenta e cinco anos de idade ainda assim, Jeová prometeu que Abrão teria um descendente ou descendência, ao qual Jeová daria a terra de Canaã. Abraão aceitou esta promessa divina em fé. Pois, quanto à faculdade feminina de reprodução nesta idade, lá naquele tempo, isto importava em Deus prometer um milagre. Vinte e quatro anos depois, quando Abraão soube que ia ter um filho de sua esposa Sara, ele riu e disse no coração: “Nascerá um filho a um homem de cem anos de idade, e dará à luz Sara, sim, uma mulher de noventa anos de idade?” (Gênesis 17:17; 18:12-14) Se isto era “extraordinário”, ainda mais maravilhoso seria o milagre em cumprimento da profecia de Deus em Gênesis 3:15. Isto seria assim porque a “mulher” de Deus era celestial e seu “descendente” prometido seria celestial, contudo, este “descendente” estaria vinculado com a descendência terrestre de Abraão. Desta maneira, tal “descendente” da “mulher” de Deus poderia ser chamado de “descendente de Abraão”, sim, “filho de Abraão”.
16. A promessa de Deus, de fazer proceder de Abraão e Sara nações e reis, suscitou que perguntas a respeito do “descendente”?
16 Na ocasião em que Deus, por meio de seu anjo assegurou a Abraão que ele teria um filho de sua esposa Sara, a ser chamado Isaque, Deus disse a Abraão: “Vou fazer-te muitíssimo fecundo e vou fazer que te tornes nações, e reis sairão de ti. . . . E vou abençoá-la [Sara] e também dar-te dela um filho, e vou abençoá-la e ela se tornará nações; reis de povos procederão dela.” (Gênesis 17:6, 16) Agora, pois, qual destas “nações” seria a nação favorecida de Jeová? Teria ela um rei? Tornar-se-ia o “descendente” da “mulher” de Deus tal rei? É só natural fazer tais perguntas.
MELQUISEDEQUE
17. Qual foi o contato mais notável com reis de Canaã na carreira de Abraão, e por que lhe pagou Abraão um dízimo?
17 Antes disso, Abraão já tivera contato com reis terrestres. O mais significativo de tais contatos foi quando ele se encontrou com o rei mais notável na terra de Canaã. Abraão acabava de ver-se obrigado a recuperar seu sobrinho Ló das mãos de quatro reis, que haviam invadido a terra de Canaã e derrotado cinco reis dela, levando cativos, inclusive Ló. Quando ele voltou depois de infringir uma derrota a estes quatro reis incursores, Abraão chegou à cidade de Salém, nas montanhas ao oeste do Mar Morto. “E Melquisedeque, rei de Salém, trouxe para fora pão e vinho, e ele era sacerdote do Deus Altíssimo. Abençoou-o então e disse: ‘Bendito seja Abrão do Deus Altíssimo, Produtor do céu e da terra, e bendito seja o Deus Altíssimo, que entregou os teus opressores na tua mão!’ Então, Abrão deu-lhe um décimo de tudo.” (Gênesis 14:18-20) Uma vez que, conforme Melquisedeque disse a Abraão, o Deus Altíssimo entregara os opressores de Abraão na mão deste, era apenas apropriado que Abraão desse um décimo de todos os despojos ao sacerdote do Deus Altíssimo, Melquisedeque.
18. Por que não era uma declaração vã a bênção de Melquisedeque sobre Abraão, e como mostrou Davi a importância daquele no propósito de Deus?
18 A bênção que Melquisedeque proferiu sobre Abraão não era uma declaração vã. Valia alguma coisa, e estava em harmonia com a própria promessa de Jeová, que Abraão seria uma bênção para todas as famílias do solo — que todas as famílias deviam procurar a bênção por meio dele. (Gênesis 12:3) Este misterioso Rei-Sacerdote Melquisedeque, embora recebesse apenas menção tão escassa na história, não foi perdido de vista. Novecentos anos mais tarde, o Deus Altíssimo inspirou outro rei de Salém, o Rei Davi de Jerusalém, a profetizar e a mostrar quão significativo Melquisedeque havia sido no propósito do Deus Altíssimo. De acordo com isso, Melquisedeque prefigurava um rei ainda maior, maior mesmo do que Davi, a quem até mesmo Davi seria obrigado a chamar de “meu Senhor”. Este rei prefigurado não podia ser outro senão o Messias, o “descendente” da “mulher” de Deus. Davi escreveu assim, sob o poder do espírito santo de Deus, no Salmo 110:1-4:
“A pronunciação de Jeová a meu Senhor é: ‘Senta-te à minha direita, até que eu ponha os teus inimigos como escabelo para os teus pés.’ Jeová enviará de Sião o bastão da tua força, dizendo: ‘Subjuga no meio dos teus inimigos.’ Teu povo se oferecerá voluntariamente no dia da tua força militar. Nos esplendores da santidade, da madre da alva, tens a tua companhia de homens Jovens assim como gotas de orvalho. Jeová Jurou (e não o deplorará): ‘Tu és sacerdote por tempo indefinido à maneira de Melquisedeque!’”
19. O profetizado a brandir o bastão de força no monte Sião tinha de ser descendente de quem, e por que não profetizava Davi a respeito dos reis de Salomão a Zedequias?
19 Note o significado destas palavras inspiradas. Dizer o Rei Davi que Jeová enviaria o bastão de força do Rei desde Sião indicava que o Rei seria descendente carnal de Davi. Segundo o pacto de Jeová com Davi, para um reino eterno, ninguém se assentaria qual rei no monte Sião e brandiria o cetro de força, qual bastão, exceto um descendente carnal de Davi. (2 Samuel 7:8-16) Portanto, este, cujo bastão de força seria enviado de Sião, chamar-se-ia “filho de Davi”. Mas, neste caso, Davi não se referia profeticamente ao seu filho, o Rei Salomão, que foi o rei mais glorioso da linhagem de Davi a estar entronizado no monte Sião e a reinar sobre todas as doze tribos de seu povo. Davi nunca se dirigiu ao seu filho Salomão como “Meu Senhor”, nem a qualquer outro dos reis em Sião, que sucederam a Salomão até o Rei Zedequias. Além disso, nem Salomão, nem qualquer dos reis seguintes, no monte Sião, foram tanto sacerdotes como reis, assim como Melquisedeque foi. — 2 Crônicas 26:16-23.
20. Como seria tal profetizado o “Senhor” de Davi, embora fosse filho de Davi?
20 No entanto, visto que este governante prometido havia de ser “filho” do Rei Davi, por que o chamaria Davi de “Meu Senhor”? Isto se devia a que este notável “filho de Davi” seria um rei muito mais elevado do que Davi. Embora Davi se assentasse no “trono de Jeová” no monte Sião terrestre, ele nunca, nem mesmo na sua morte, ascendeu ao céu e se assentou “à direita” de Jeová. Mas isto seria feito por aquele que se tornaria “Senhor” de Davi. Sua posição régia à direita de Jeová, no céu, poderia ser chamada de Monte Sião celestial, porque foi representada pelo monte Sião terrestre, que costumava estar dentro das muralhas de Jerusalém, o que não se dá mais hoje. Conforme disse o próprio Jeová, no Salmo 89:27, a respeito do Messias: “Também, eu mesmo o colocarei como primogênito, o mais excelso dos reis da terra.” Ele não só seria Rei senhoril mais elevado do que Davi, mas também seria para sempre “sacerdote” do Deus Altíssimo, igual a Melquisedeque, rei da antiga Salém. — Salmo 76:2; 110:4.
21. Então, por que se tornaria grande o nome de Abraão?
21 Lá no século vinte A. E. C., pouco se dava conta o patriarca Abraão de que os “reis” dos quais ele e sua esposa Sara haviam de tornar-se antepassados incluiriam o rei messiânico prefigurado por Melquisedeque, a quem Abraão pagou dízimos de todos os seus despojos da conquista. Não é de se admirar que o nome de Abraão havia de tornar-se grande, por causa de sua associação com tal Rei-Sacerdote! Não é de se admirar que todas as famílias da terra abençoariam a si mesmas ou procurariam uma bênção por meio de Abraão através deste Sacerdote-Rei igual a Melquisedeque! — Gênesis 12:3.
O “AMIGO” DE DEUS
22. Como ilustrou Deus que Sua nação escolhida procederia através do filho e herdeiro natural de Abraão?
22 Depois do confronto vitorioso de Abraão com os quatro reis invasores, Deus prometeu a Abraão a necessária proteção e também que o “herdeiro” dele seria filho natural seu. Deus assegurou a Abraão, por meio duma ilustração, que a nação escolhida de Deus viria através deste filho e herdeiro: “Ele o levou então para fora e disse: ‘Olha para os céus, por favor, e conta as estrelas, se as puderes contar.’ E prosseguiu, dizendo-lhe: ‘Assim se tornará o teu descendente.’ E ele depositou fé em Jeová; e este passou a imputar-lhe isso como justiça.” — Gênesis 15:1-6.
23. À base de que se atribuía justiça a Abraão e para que foi ele justificado?
23 Não nos esqueçamos de que, nesta ocasião, Abraão ainda era hebreu incircunciso. Portanto, não se podia imputar justiça a Abraão por sua circuncisão na carne; ela lhe foi imputada por causa de sua fé em Jeová, que revelou a Abraão parte de seu propósito. De modo que Abraão foi considerado justo perante Deus, foi assim justificado para ter amizade com Jeová Deus. Séculos depois, o Rei Jeosafá, de Jerusalém, chamou Abraão de amigo de Jeová ou ‘aquele que o amava’. Mais tarde ainda, mediante o profeta Isaías, Jeová falou dele como sendo “Abraão, meu amigo”. (2 Crônicas 20:7, Isaías 41:8) Isto mostra quão valiosa, quão vital, realmente, é a fé em Jeová, relacionada com o seu “descendente”.
24. Como se tornou Abraão pai de Ismael e, depois de Isaque?
24 No ano 1932 A. E. C., à sugestão de sua idosa e estéril esposa Sara, Abraão gerou um filho por meio da escrava egípcia dela, Agar e chamou-o Ismael. (Gênesis 16:1-16) Treze anos depois, em 1919 A. E. C., Jeová disse a Abraão que Ismael não serviria qual verdadeiro “descendente”, mas que se escolheria um filho de sua verdadeira esposa Sara para ser o “descendente”. Seria o filho duma mulher livre. E assim, no ano seguinte nasceu Isaque, quando Sara tinha noventa anos de idade. “E Abraão tinha cem anos de idade quando lhe nasceu Isaque, seu filho.” No oitavo dia de sua vida, Isaque foi circuncidado, assim como havia sido seu pai Abraão no ano anterior. — Gênesis 21:1-5.
25. O que mostra o relato quanto a se Jeová constituiu uma nação incluindo todos os filhos naturais de Abraão?
25 É interessante notar que Deus não fez então uma nação dos seus dois filhos, Ismael, o primogênito, e Isaque, uma nação de duas tribos. Não, mas cinco anos depois, ao pedido urgente de sua esposa Sara, Abraão despediu Agar e seu filho Ismael de sua casa, para tomarem conta de si mesmos e irem aonde quer que quisessem. (Gênesis 21:8-21) Tampouco depois, após a morte de Sara em 1881 A. E. C., fez Deus uma nação, uma nação de sete tribos, de Isaque e dos outros filhos que Abraão gerou por meio duma concubina, Quetura. “Posteriormente, Abraão deu a Isaque tudo o que possuía, mas, aos filhos das concubinas que Abraão tinha, Abraão deu dádivas. Então os enviou para longe de Isaque, seu filho, enquanto ainda vivia, para o leste, para a terra do Oriente.” — Gênesis 25:14.
26. Por causa de que demonstração admirável de te recebeu Abraão uma bênção especial na terra de Moriá, e o que se declarava nela?
26 Uma demonstração muito admirável de fé da parte de Abraão levou a uma grande bênção para este “amigo” de Jeová. Esta resultou depois duma prova esquadrinhadora da fé e obediência de Abraão para com o Deus Altíssimo. A bênção de aprovação divina foi proferida no cume dum monte na terra de Moriá, considerado por muitos como tendo sido o lugar onde o Rei Salomão construiu o magnífico templo de Jeová séculos depois. (2 Crônicas 3:1) Ali, no lugar indicado por Jeová e na lenha empilhada num recém-construído altar de pedra, jazia a figura dum rapaz. Era Isaque. Ao lado do altar estava seu pai Abraão com um cutelo na mão. Ele estava prestes a cumprir a ordem de Deus, de matar sacrificialmente Isaque e oferecê-lo qual oferta queimada a Deus, que lhe havia dado milagrosamente o rapaz. Daí:
“O anjo de Jeová começou a chamá-lo desde os céus e a dizer. ‘Abraão, Abraão!’” Não estendas tua mão contra o rapaz e não lhe faças nada, pois agora sei deveras que temes a Deus, visto que não me negaste o teu filho, teu único.’ . . . E o anjo de Jeová passou a chamar Abraão pela segunda vez, desde os céus, e a dizer: ‘“Juro deveras por mim mesmo”, é a pronunciação de Jeová, “que, pelo fato de que fizeste esta coisa e não me negaste teu filho, teu único, seguramente te abençoarei e seguramente multiplicarei a tua descendência como as estrelas dos céus e como os grãos de areia que há à beira do mar; e teu descendente tomará posse do portão dos seus inimigos. E todas as nações da terra hão de abençoar a si mesmas por meio de tua descendência, pelo fato de que escutaste a minha voz.” ’”— Gênesis 22:1-18.
27. O que mostrou esta declaração divina quanto à escolha do “descendente” e quanto a se buscar uma bênção por meio dele?
27 Isto significava que o “descendente” prometido, por meio de quem todas as nações procurariam uma bênção viria por meio da linhagem de Isaque. Jeová Deus mostrou assim que ele fazia a escolha da linhagem e que todos os meios-irmãos de Isaque não participavam em prover este “descendente”. Não obstante, as nações descendentes dos meios-irmãos de Isaque podiam procurar para si uma bênção por meio deste “descendente”. Todas as nações da atualidade, quer dizer, pessoas de todas as nacionalidades, hoje em dia, podem igualmente procurar uma bênção mediante o “descendente” de Abraão.
28. Sem viveu o bastante para saber de que acontecimentos relacionados com a sua descendência?
28 O patriarca Sem, sobrevivente do dilúvio global, viveu o bastante para saber desta bênção divina proferida sobre Abraão; de fato, Sem viveu o bastante para saber do casamento de Isaque com a bela Rebeca, de Harã, na Mesopotâmia. Sem viveu até 1868 A. E. C., dez anos após este casamento, mas não viveu para ver a prole deste casamento. No entanto, Abraão a viu. — Gênesis 11:11; 25:7.