Capítulo 6
Recompensadora sujeição à autoridade
1. Por que podemos dizer que a sujeição aos arranjos existentes é sábia e proveitosa?
PODE ser sábio mostrar sujeição e submissão a arranjos existentes. Não importa que atrativo aparente a independência total possa ter, ela é indesejável e não realística. Ninguém, na terra, pode fazer tudo ou pode saber tudo. Assim como dependemos do ar, do sol, do alimento e da água para a vida, também necessitamos de outros e do que podem fazer por nós, se havemos de tirar proveito da vida e usufruí-la.
2. Como deve afetar nossa vida o fato de Jeová ser o Soberano Supremo?
2 Os arranjos governamentais, as relações entre patrão e empregado, os vínculos familiares, a associação com a congregação cristã e nossa própria vida no meio das pessoas, tudo isso nos impõe certos deveres. Devemos algo em troca do que recebemos dos outros. Nosso reconhecimento da posição de Jeová Deus é de importância primária no cumprimento destas obrigações para com as pessoas. Ele, como Criador, é legitimamente o Soberano Supremo, a quem devemos tudo. O apóstolo João ouviu numa visão 24 anciãos proclamar: “Digno és, Jeová, sim, nosso Deus, de receber a glória, e a honra, e o poder, porque criaste todas as coisas e porque elas existiram e foram criadas por tua vontade.” (Revelação 4:11) Reconhecermos similarmente a Jeová como o Altíssimo não é apenas uma questão de palavras. Podemos demonstrar, em todas as nossas relações, que somos submissos à vontade de Deus para nós e que reconhecemos a Jesus Cristo como nosso Senhor designado.
“PELA CAUSA DO SENHOR”
3, 4. Quais são as ‘criações humanas’ a que devemos estar sujeitos, e por que podem ser identificadas assim?
3 O apóstolo Pedro apresentou vigorosamente este conceito elevado sobre o principal motivo da sujeição à autoridade humana. Escreveu: “Pela causa do Senhor, sujeitai-vos a toda criação humana: quer a um rei, como sendo superior, quer a governadores, como enviados por ele para infligir punição a malfeitores, mas para louvar os que fazem o bem.” — 1 Pedro 2:13, 14.
4 As ‘criações humanas’ a que devemos estar sujeitos são as autoridades governantes constituídas pelos homens. São ‘criações humanas’ porque foram os homens, não Deus, quem criou as posições de reis, e de governantes e regentes menores. O Altíssimo apenas permitiu que viessem à existência e as tolera, visto que servem a um fim útil, nas condições atuais. Visto que as autoridades governamentais existem por Sua permissão, os que se rebelam contra elas revoltam-se contra “o arranjo de Deus”, uma provisão que ele ainda não achou conveniente eliminar e substituir por um reino celestial mediante seu Filho. (Romanos 13:1, 2) Nos dias do apóstolo Pedro, o imperador romano, ou César, nomeava governadores para administrarem os assuntos nas províncias imperiais, inclusive na Judéia. Estes governadores eram diretamente responsáveis perante o imperador para manter a lei e a ordem no território sob a sua jurisdição. No cumprimento de seus deveres, os governadores ‘infligiam punição a malfeitores’ — assaltantes, raptores, ladrões e sediciosos. Mas eles também ‘louvavam os que faziam o bem’, quer dizer, honravam pessoas retas por dar-lhes reconhecimento público como homens de mérito e por proteger sua pessoa, sua propriedade e seus direitos.
5. Por causa de quem devemos estar em sujeição, e por que é ele chamado corretamente de “Senhor”?
5 Não é primariamente para escapar da punição e para obter ‘louvor’ para si que os cristãos são exortados a estarem em sujeição. Mas, é “pela causa do Senhor”. Este Senhor é Jesus Cristo, porque o apóstolo Pedro o identificara antes como sendo ele. (1 Pedro 1:3) As Escrituras falam do Filho de Deus como sendo “Senhor tanto sobre mortos como sobre viventes”. (Romanos 14:9) Portanto, ele ocupa uma posição que nenhum governante humano já ocupou. Como ‘Senhor sobre os mortos’, Jesus Cristo pode chamá-los a si por devolver-lhes a vida. O alcance do domínio de Jesus vai até mesmo além de sua autoridade sobre humanos vivos e mortos. Após a sua própria ressurreição, o Filho de Deus disse: “Foi-me dada toda autoridade no céu e na terra.” (Mateus 28:18) Certamente, seremos sábios se nos sujeitarmos aos governantes humanos por causa Daquele que possui autoridade muitíssimo superior à deles.
6, 7. Como nos sujeitamos aos governantes humanos “pela causa do Senhor”?
6 Que significa sujeitar-nos a homens em altos cargos governamentais “pela causa do Senhor”? Nosso reconhecimento de Jesus Cristo como nosso Senhor deve ser a força motivadora da devida sujeição aos governantes. O Filho de Deus proveu o exemplo perfeito neste sentido. Ele não se revoltou contra as exigências da autoridade governamental, nem ensinou outros a fazerem isso. Antes, exortou-os: “Se alguém sob autoridade te obrigar a prestar serviço por mil passos, vai com ele dois mil.” (Mateus 5:41) “Pagai de volta a César as coisas de César.” — Mateus 22:21.
7 Às vezes, os governos talvez ordenem aos cidadãos a se registrarem, por vários motivos, ou podem exigir deles apoiarem certos projetos comunitários de construção ou lavoura, possivelmente com relação à construção de estradas, açudes ou escolas. (Veja Lucas 2:1-3.) Em todos estes assuntos, naturalmente, deve-se considerar a consciência cristã. Entretanto, não havendo nenhuma questão que viole a consciência biblicamente treinada do cristão, poderá contribuir para a promoção das “boas novas”, se ele fizer o que puder para mostrar-se submisso e cooperativo. Seria muito impróprio incitar alguém contra determinado projeto ou tornar-se francamente rebelde contra a autoridade governamental em qualquer nível. A injunção bíblica é ‘estar sujeito e ser obediente a governos e autoridades como governantes, estar pronto para toda boa obra’. A atitude beligerante e arrogante não condiz com o ensino e o exemplo do Filho de Deus. — Tito 3:1, 2.
8. Que benefícios podem ser derivados da devida sujeição aos governantes?
8 Mostrando que a devida sujeição à autoridade pode promover ainda mais a causa da verdadeira adoração, o apóstolo Pedro escreve: “Pois a vontade de Deus é que, por fazerdes o bem, possais açaimar a conversa ignorante dos homens desarrazoados.” (1 Pedro 2:15) Os cristãos podem ser elogiados por fazerem o que os governantes consideram como bom, decente e legítimo, preservando ao mesmo tempo uma boa consciência perante Deus. Isto resulta em se silenciar os homens ignorantes que talvez acusem falsamente os servos do Altíssimo de serem obstinados, insubordinados, anti-sociais, sediciosos e subversivos. A conduta elogiável dos cristãos mostra-se assim a melhor defesa contra a difamação de seu bom nome.
9, 10. Por que não é a nossa sujeição à autoridade governamental semelhante a dum escravo servil diante do seu amo?
9 Mas, será que a sujeição do cristão aos governantes significa escravidão servil a eles, ser totalmente subserviente? A resposta inspirada é: Não. O apóstolo Pedro prossegue: “Sede como livres, contudo, mantende a vossa liberdade, não como disfarce para a maldade, mas como escravos de Deus.” — 1 Pedro 2:16.
10 Nós, como cristãos, fomos libertos da escravidão ao pecado e à morte. (João 8:31-36) o Filho de Deus até mesmo nos emancipou do medo duma morte violenta, medo pelo qual Satanás, o Diabo, tem conseguido manter os homens em escravidão, manobrando-os por meio de ordens ditatoriais de homens para agirem contra a sua própria consciência. (Hebreus 2:14, 15) Por sermos um povo livre, porém, nossa consciência não pode ser subserviente aos ditames e às ameaças de qualquer homem ou grupo de homens. Nossa sujeição aos governantes é voluntária e é limitada pelas ordens superiores do Soberano Supremo, Jeová Deus. Não podemos tornar-nos escravos servis de qualquer homem, prestando-lhe obediência incondicional sem consideração para com a lei divina. Conforme salientou o apóstolo Pedro, os cristãos são “escravos de Deus”. Por isso, sujeitamo-nos de bom grado aos desejos das autoridades governamentais até onde isso não entra em conflito direto com a nossa adoração prestada ao Altíssimo. Do contrário, temos de adotar a atitude expressa por Pedro e pelos outros apóstolos perante a suprema corte judaica: “Temos de obedecer a Deus como governante antes que aos homens.” — Atos 5:29.
LIBERDADE COM LIMITES
11. Que atitude para com a autoridade governamental constituiria um abuso da liberdade cristã?
11 Todavia, seria errado vivermos como se os governos políticos não tivessem nenhuma autoridade sobre nós, desafiando-os em assuntos que não estão em desacordo com a lei divina. Tal conduta desrespeitosa constituiria abuso da liberdade cristã. A liberdade que usufruímos está limitada pela nossa condição de escravos de Deus. Não nos dá licença para abandonarmos todos os freios, entregando-nos à maldade ou desprezando as leis que talvez nos sejam inconvenientes, mas que se destinam a proteger a vida e o ambiente. Antes, devemos mostrar pela nossa conduta que reconhecemos a finalidade boa das leis de trânsito, dos regulamentos contra a poluição, das restrições à caça e pesca, e outras semelhantes.
12. O que determina que espécie de obrigações temos para com os outros?
12 Sim, temos obrigações para com os outros. A natureza desses deveres é afetada pela relação específica que temos com Jeová Deus e com o nosso próximo. O apóstolo Pedro salienta essas obrigações e admoesta: “Honrai a homens de toda sorte, tende amor à associação inteira dos irmãos, tende temor de Deus, dai honra ao rei.” — 1 Pedro 2:17.
13. (a) Por que merecem todos os homens que se lhes dê honra? (b) O que devemos aos nossos irmãos espirituais? (c) O que deve determinar que espécie de honra damos a homens? (d) O que devemos somente a Deus?
13 Todos os homens são produto da criação de Deus e foram comprados com o sangue precioso de Jesus Cristo. Por isso os honramos de direito, tratando-os com respeito e imparcialidade. (Atos 10:34, 35; 1 Timóteo 2:5, 6) A “associação inteira dos irmãos”, porém, merece muito mais do que apenas o respeito formal que se deve aos homens em geral. Devemos aos nossos irmãos, adicionalmente, profundo amor e afeto. Além disso, embora se deva conceder a um soberano terreno e a autoridades inferiores a honra que seu cargo requer, somente o Deus Altíssimo merece temor reverente, venerador. Por conseguinte, a honra que se dá a qualquer homem sempre precisa ser limitada pelo respeito sadio por Jeová Deus e suas ordens. Por exemplo, não há objeção a alguém se dirigir aos governantes pelos seus títulos costumeiros, quando estes não lhes atribuem a espécie de honra que só pertence a Deus. Mas, homens mortais não são salvadores de cristãos, nem são aqueles por meio de quem vêm todas as bênçãos. (Salmo 146:3, 4; Isaías 33:22; Atos 4:12; Filipenses 2:9-11) Portanto, o cristão genuíno não se dirige aos homens dum modo que ponha em dúvida seu próprio temor a Deus e que enalteça os governantes muito acima do que sua posição requer.
SÃO TODAS AS AUTORIDADES MERECEDORAS DE HONRA?
14, 15. (a) Por que não é a honra que o cristão dá a um governante ou a uma autoridade afetada pela condição moral dele? (b) O que podemos aprender da maneira em que o apóstolo Paulo lidou com autoridades?
14 Em vista da injunção bíblica de honrar os governantes, alguns talvez perguntem com respeito a determinada autoridade: ‘Como posso respeitar ou honrar alguém que talvez seja moralmente corruto?’ O que deve ser lembrado é que a base de tal honra não é a condição moral da pessoa em autoridade. Antes, o que requer certa espécie de respeito é a autoridade que ela representa e exerce. Se não houvesse nenhum respeito pela autoridade devidamente constituída, prevaleceria a anarquia, com o conseqüente dano para a sociedade, inclusive para os cristãos.
15 Os tratos do apóstolo Paulo com autoridades ilustra que aquilo que os governantes são como pessoas não tem influência sobre o tipo de honra que se lhes deve dar. O antigo historiador Tácito descreveu o governador romano Félix como homem que “pensava que podia cometer qualquer ato mau com impunidade”, e que, “entregando-se a toda espécie de barbaridade e lascívia, exerceu o poder de rei no espírito de escravo”. Contudo, por consideração para com o cargo ocupado por Félix, Paulo iniciou respeitosamente sua defesa perante este homem com as palavras: “Bem sabendo que esta nação te tem tido como juiz por muitos anos, falo prontamente em minha defesa as coisas a meu respeito.” (Atos 24:10) Apesar de o Rei Herodes Agripa II viver em incesto, Paulo mostrou-lhe a devida honra, dizendo: “Considero-me feliz de que é diante de ti que hoje devo fazer a minha defesa, especialmente visto que tu és perito em todos os costumes bem como nas controvérsias entre os judeus.” (Atos 26:2, 3) Embora o Governador Festo fosse idólatra, ainda assim Paulo o chamou de “Excelência”. — Atos 26:25.
O PAGAMENTO DE IMPOSTOS
16. Que conselho se dá aos cristãos em Romanos 13:7?
16 Além de concederem aos homens a espécie de honra que se deve à sua autoridade, os cristãos receberam também a ordem divina de pagarem conscienciosamente os impostos. As Escrituras nos dizem: “Rendei a todos o que lhes é devido, a quem exigir imposto, o imposto; a quem exigir tributo, o tributo; a quem exigir temor, [por causa de sua autoridade, inclusive o poder sobre vida ou morte,] tal temor; a quem exigir honra, tal honra.” (Romanos 13:7) Por que é correto pagar impostos e ser honesto em declarar a renda?
17. (a) Por que devem os cristãos encarar o pagamento de impostos do mesmo modo que o pagamento de dívidas? (b) Por que devem os cristãos ser exemplares no pagamento de todos os impostos?
17 As autoridades governantes prestam serviços vitais para garantir a segurança, a estabilidade e o bem-estar de seus súditos. Isto inclui a manutenção de estradas, a provisão de agências para fazer vigorar a lei, tribunais, escolas, serviços de saúde, sistemas postais, e outros assim. O governo tem direito de receber compensação pelos serviços prestados. Portanto, os cristãos encaram corretamente o pagamento de impostos ou tributos como pagamento duma dívida. Como a autoridade governante usa depois os impostos recebidos não é da responsabilidade do cristão. O uso errôneo de impostos ou de tributos recebidos pelas autoridades não dá ao cristão o direito de se negar a pagar sua dívida. Sob o atual arranjo, ele precisa dos serviços governamentais, e, portanto, em boa consciência, paga o que se requer. No que se refere ao pagamento duma dívida a uma pessoa, o mau uso que esta faz do dinheiro não cancela a dívida que se tem para com ela. De maneira similar, não importa o que os governos possam fazer, o cristão não está isento do dever de pagar impostos e tributos. Ele deve ser exemplar em satisfazer as exigências legais na declaração de renda ou na compra de objetos sobre os quais incidem taxas. Ser ele consciencioso nestes assuntos impedirá que lance vitupério sobre si mesmo e sobre a congregação cristã. Lança também uma luz favorável sobre a verdadeira adoração, para a honra de Deus e de Cristo.
RELAÇÕES ENTRE PATRÃO E EMPREGADO
18. A que situação atual pode ser aplicado o princípio bíblico da relação entre amo e escravo?
18 A relação do cristão com a autoridade governamental não é a única que exige a devida sujeição. Por exemplo, no seu lugar de trabalho, ele pode ter de prestar contas a um supervisor ou a alguém superior. Lá no primeiro século E. C., quando a escravidão era comum no Império Romano, muitos cristãos estavam trabalhando como escravos ou servos. A Palavra de Deus considera apropriadamente a obrigação destes para com os seus amos. Podemos hoje aplicar estes princípios de conduta na relação entre amo e escravo à relação entre patrão e empregado.
19. Que conselho deu Pedro aos servos domésticos que eram cristãos?
19 Dirigindo seu conselho a servos domésticos ou criados, o apóstolo Pedro escreveu:
“Os servos domésticos estejam sujeitos aos seus donos com todo o temor devido, não somente aos bons e razoáveis, mas também aos difíceis de agradar. Porque, se alguém, por causa da consciência para com Deus, agüenta coisas penosas e sofre injustamente, isto é algo agradável. Pois, que mérito há nisso se, quando estais pecando e estais sendo esbofeteados, perseverais? Mas, se perseverais quando estais fazendo o bem e sofreis, isto é algo agradável a Deus.” — 1 Pedro 2:18-20.
20. (a) Como estaria o servo doméstico em sujeição “com todo o temor devido”? (b) Que situações poderiam ter resultado em sofrimento para o escravo cristão?
20 O que exigia o acatamento deste conselho? O cristão, no cumprimento de suas obrigações qual escravo, devia mostrar o devido temor ou respeito para com seu amo, não querendo desagradá-lo. Devia mostrar tal temor mesmo que o amo não tivesse consideração, e fosse duro ou desarrazoado nas suas exigências. O amo talvez fosse alguém que achava defeito até mesmo num trabalho bem feito. Talvez exigisse que o escravo cristão fizesse algo contrário à lei de Deus. Em vista de sua obediência fiel aos ditames de sua consciência piedosa, o escravo cristão pode ter sofrido injustamente por negar-se a furtar ou a mentir por seu amo. Também em outras Ocasiões o escravo talvez fosse alvo de ultrajes físicos e verbais.
21. O que podia resultar de bom da perseverança paciente do escravo sob maus tratos?
21 Em harmonia com o conselho de Pedro, o escravo cristão não se levantaria contra seu amo duro. Continuaria a fazer seu trabalho de maneira conscienciosa, suportando pacientemente os maus tratos. Tal proceder era agradável aos olhos de Deus, porque não refletia desfavoravelmente sobre o cristianismo. Outros podiam ver que a verdadeira adoração havia influenciado o escravo para o bem. Isto podia induzi-los a investigar o cristianismo, para saber como um escravo maltratado podia exercer um autodomínio tão elogiável. Em contraste, se o escravo prejudicasse seu amo e fosse severamente disciplinado por isso, as pessoas não veriam nenhum mérito especial em ele quietamente suportar a punição.
22. Como desejará o empregado cristão comportar-se no trabalho?
22 Atualmente, o cristão que se confronta com uma situação especialmente provadora no trabalho talvez possa procurar outro emprego. Mas, isso talvez nem sempre seja possível. Pode estar trabalhando sob contrato ou ver-se obrigado a continuar a trabalhar sob condições indesejáveis, simplesmente porque não há outros empregos disponíveis. De modo que a sua situação talvez difira muito pouco daquela do servo doméstico, no primeiro século E. C., que não podia afastar-se de um amo desarrazoado. Portanto, enquanto o cristão continuar no emprego de alguém, fará o máximo para prestar serviço de qualidade, suportando com paciência e sem queixa qualquer abuso a que possa ficar sujeito, e que não possa ser impedido por meios bíblicos. Continuará também a tratar seu patrão com o devido respeito e consideração.
O EXEMPLO DE JESUS DÁ ÂNIMO
23, 24. (a) O exemplo de quem pode animar-nos quando sofremos maus tratos por fazer o que é direito? (b) Com que se confrontou ele, e como se comportou?
23 Naturalmente, nunca é fácil para alguém ter de suportar injustiça. Felizmente, porém, temos um modelo perfeito para seguir, a saber, nosso Senhor Jesus Cristo. Seu exemplo pode dar realmente ânimo. O apóstolo Pedro, consolando escravos cristãos, maltratados, indicou o exemplo de Jesus, dizendo:
“De fato, fostes chamados para este proceder, por que até mesmo Cristo sofreu por vós, deixando-vos uma norma para seguirdes de perto os seus passos. Ele não cometeu pecado, nem se achou engano na sua boca. Quando estava sendo injuriado, não injuriava em revide. Quando sofria, não ameaçava, mas encomendava-se àquele que julga justamente.” — 1 Pedro 2:21-23.
24 O apóstolo lembrou assim aos escravos cristãos que um dos motivos pelos quais foram chamados para ser discípulos do Filho de Deus era demonstrar um espírito igual ao dele, enquanto sujeitos a sofrimentos injustos. Jesus Cristo suportou muito, especialmente no último dia de sua vida como homem na terra. Foi esbofeteado, socado, cuspiram nele, açoitaram-no com um chicote (provavelmente tendo pedaços de chumbo, ossos ou farpas, para dilacerar a carne), e, finalmente, foi pregado numa estaca, igual ao criminoso da pior espécie. Contudo, sujeitou-se a todas essas indignidades, nunca injuriando, nem ameaçando os homens responsáveis por tal tratamento injustificado. Jesus Cristo sabia que seu proceder na vida havia sido puro, mas não passou a agir por conta própria para se vindicar. Entregou sua causa ao Pai, confiante em que seu Deus e Pai faria um julgamento justo a seu respeito. Nós também podemos estar certos de que o Todo-poderoso toma nota de quaisquer injustiças que possamos sofrer. Ele equilibrará a balança da justiça, desde que continuemos a agüentar pacientemente o sofrimento. Se o Filho impecável de Deus estava disposto a suportar os maus tratos, certamente nós, seguidores seus, temos um motivo ainda maior para fazer isso, reconhecendo que somos criaturas pecaminosas.
25. Que proveito tiramos do sofrimento de Cristo?
25 O sofrimento de Jesus Cristo foi realmente em nosso benefício, provendo-nos motivação adicional para imitá-lo. Este aspecto é salientado nas palavras adicionais do apóstolo Pedro:
“Ele mesmo levou os nossos pecados no seu próprio corpo, no madeiro, a fim de que acabássemos com os pecados e vivêssemos para a justiça. E ‘pelos seus vergões fostes sarados’. Porque vós éreis como ovelhas, perdendo-vos; mas agora voltastes para o pastor e superintendente das vossas almas.” — 1 Pedro 2:24, 25.
26, 27. Que efeito deve ter sobre nos o sofrimento de Cristo a nosso favor?
26 Visto que somos pecadores, não merecemos a dádiva da vida. A Bíblia nos diz: “O salário pago pelo pecado é a morte.” (Romanos 6:23) Jesus Cristo, porém, assumiu voluntariamente a penalidade pelos nossos pecados, morrendo como sacrifício, igual a um cordeiro imaculado, sem queixa, em nosso lugar. Por sofrer ele a penalidade extrema duma morte vergonhosa numa estaca, o Filho de Deus tornou possível que os humanos crentes fossem libertos do pecado e começassem a levar uma vida justa. Quando consideramos o sofrimento de Jesus Cristo a nosso favor, certamente devemos sentir-nos induzidos a mostrar profundo apreço pelo que fez por nós. Isso requer que imitemos a Jesus em todos os aspectos da vida, inclusive em estarmos dispostos a sofrer maus tratos pela causa da justiça, assim como ele. Sempre que sofrermos injustiças, faremos bem em pensar no sofrimento de nosso Senhor.
27 Tal contemplação pode fazer-nos compreender a importância de nos harmonizarmos com o exemplo de Cristo, para que não desacertemos o propósito de seu grande sofrimento por nós. No nosso estado pecaminoso, estávamos numa condição lastimável, comparável à de uma ovelha perdida, que não tem a orientação dum pastor amoroso. Isto se deu porque, como pecadores, estávamos apartados de nosso Grande Pastor, Jeová Deus. Mas, à base do sacrifício de Jesus e de nossa fé nele, realizou-se uma reconciliação. (Colossenses 1:21-23) Assim, passamos a estar sob o amoroso cuidado, a proteção e a orientação do superintendente de nossas almas, a saber, Jeová Deus, e de seu “pastor principal”, Jesus Cristo. (1 Pedro 5:2-4) Portanto, nenhuma aflição por causa da justiça, não importa quão grande, seria realmente grande demais para suportar, para demonstrarmos nosso apreço pelo que Jesus Cristo fez. Quanto maior foi o sofrimento de Cristo a nosso favor do que quaisquer maus tratos que possamos sofrer pela causa dele!
ARRANJOS DE TRABALHO COM CRENTES
28, 29. (a) Que conselho deu o apóstolo Paulo aos escravos cristãos que tinham donos crentes? (b) Por que se precisava de tal conselho?
28 No entanto, nem todos os escravos cristãos, no primeiro século E. C., tinham amos desarrazoados, em cujas mãos sofriam maus tratos. Em vista das condições sociais existentes naquele tempo, até mesmo alguns cristãos tinham escravos. Quando o escravo e seu amo eram discípulos do Filho de Deus, ambos os homens precisavam encarar sua relação espiritual na luz correta. Dirigindo sua admoestação aos escravos que tinham amos crentes, o apóstolo Paulo declarou: “Os que tiverem donos crentes não os menosprezem, porque são irmãos. Ao contrário, sejam escravos com tanto mais prontidão, porque os que recebem o proveito do seu bom serviço são crentes e amados.” — 1 Timóteo 6:2.
29 Por que se precisava deste conselho? O escravo crente era co-herdeiro de Cristo, e, portanto, gozava de igualdade espiritual com o seu amo crente. Por conseguinte, o escravo precisava precaver-se para não imaginar que esta igualdade espiritual anulava a relação secular existente entre eles e a autoridade do amo nesta relação. Tal atitude poderia levar facilmente a que o escravo se aproveitasse de seu amo, por não fazer o melhor no cumprimento de seus deveres. O conselho do apóstolo Paulo atacou as possíveis conclusões errôneas que os escravos pudessem ter tirado de sua relação fraternal com outros membros da congregação. Por estarem em tal relação com os seus amos, tinham motivos ainda mais fortes para se desincumbirem de seus deveres de maneira excelente. Era seu privilégio fazer algo a favor dum irmão cristão, e isto devia ter sido motivo de grande alegria para eles.
30. Por que deve o cristão fazer hoje o melhor que pode, se estiver trabalhando sob a supervisão dum crente?
30 Hoje, de maneira similar, se um cristão estiver trabalhando sob a direção dum supervisor crente ou estiver no emprego dum crente, deveria querer fazer o melhor que pode. É seu irmão quem tira proveito de seu trabalho. Se fizesse trabalho de qualidade inferior ou poupasse a si mesmo, causaria desapontamento e irritação a este irmão. (Provérbios 10:26) Quanta falta de afeição mostraria para com o irmão que ele tem a obrigação de amar! — 1 João 4:11.
31. De que conselho tinham de se lembrar os amos cristãos?
31 Por outro lado, os amos ou patrões cristãos não deviam desconsiderar que eles, também, têm um amo, Cristo. Reconhecerem que têm de prestar contas ao Filho de Deus devia influir na maneira em que tratam seus escravos ou trabalhadores. Comentando isso, o apóstolo Paulo escreveu: “Vós, amos, persisti em tratar vossos escravos de modo justo e eqüitativo, sabendo que vós também tendes um Amo no céu.” — Colossenses 4:1.
32. Que responsabilidade temos para com os crentes que talvez trabalhem para nós ou nos prestem serviços?
32 Além disso, se irmãos cristãos trabalham para nós ou nos prestam serviços como médicos, advogados, eletricistas, carpinteiros, encanadores, mecânicos e outros similares, certamente devemos querer dar-lhes a devida compensação. Não seria impróprio tirar vantagem de nossa relação espiritual por adiar o pagamento a um irmão cristão, usando ao mesmo tempo grande parte do que ganhamos para pródigas diversões, luxos ou férias dispendiosas? Em questões de negócios, não devemos querer que nossos concrentes recebam aquilo a que têm direito? Certamente, é bom quando podemos assim ajudar nossos irmãos a ganhar seu sustento. Caso se nos mostre consideração especial, encaramos isso corretamente com apreço, reconhecendo que nossos concrentes não têm nenhuma obrigação de nos dar preços especiais ou de favorecer a nós, em contraste com outros. Portanto, em todos estes assuntos podemos mostrar que queremos fazer tudo dum modo que agrade ao nosso Chefe celestial, o Filho de Deus.
SUJEIÇÃO DA ESPOSA
33. (a) Que admoestação é dada as esposas cristãs? (b) Em 1 Pedro 3:1, o que há de significativo na palavra que quer dizer “da mesma maneira”?
33 O matrimônio é mais outra relação que requer sujeição a um chefe. Por isso, Pedro relaciona sua consideração da sujeição da esposa com a sua admoestação anterior sobre a sujeição debaixo de condições adversas, começando com a palavra grega que significa “da mesma maneira”. Lemos:
“Da mesma maneira vós, esposas, estai sujeitas aos vossos próprios maridos, a fim de que, se alguns não forem obedientes à palavra, sejam ganhos sem palavra, por intermédio da conduta de suas esposas, por terem sido testemunhas oculares de sua conduta casta, junto com profundo respeito.” — 1 Pedro 3:1, 2.
34. Sob que circunstâncias deve a esposa estar em sujeição, segundo exorta Pedro, e por que isso talvez não seja fácil?
34 A situação mencionada aqui, em que as esposas cristãs são exortadas a estarem em sujeição, é desfavorável. Quando o marido não aceita os princípios da Palavra de Deus, pode tornar a vida muito difícil para a esposa cristã, sendo duro e desarrazoado nos tratos com ela. Mas isto não a desculpa de não agir em harmonia com o fato de que o marido é o chefe da família. Portanto, sempre que os pedidos dele não entrem em conflito com a lei divina, a esposa cristã deve querer fazer o máximo para agradar ao marido.
35. Como pode a esposa ganhar o marido “sem palavra”?
35 Conforme salientou o apóstolo Pedro, o exemplo excelente dela pode ajudar o marido a se tornar crente. Ganhar a esposa assim seu marido “sem palavra” não significa, porém, que ela nunca compartilharia com ele idéias bíblicas, mas ela deixaria que suas ações louváveis falassem ainda mais alto do que as palavras. O marido poderia assim ver que a conduta de sua esposa é casta ou pura em palavra e em atos, e que ela o respeita profundamente.
36, 37. Segundo Tito 2:3-5, a que deve atentar a mulher cristã para ser esposa exemplar?
36 Aquilo que o apóstolo Paulo escreveu sobre as mulheres fornece ainda mais pormenores quanto a que se pode esperar da esposa cristã. Ele diz na sua carta a Tito:
“As mulheres idosas sejam reverentes no comportamento, não caluniadoras, nem escravizadas a muito vinho, instrutoras do que é bom, a fim de fazerem as mulheres jovens recobrar o bom senso para amarem seus maridos, para amarem seus filhos, para serem ajuizadas, castas, operosas em casa, boas, sujeitando-se aos seus próprios maridos, para que não se fale da palavra de Deus de modo ultrajante.” — Tito 2:3-5.
37 De acordo com esta admoestação, a mulher deve procurar conscienciosamente comportar-se de maneira que mostre seu apreço pelo fato de todo o seu proceder na vida estar sob a vista de Jeová Deus e do Senhor Jesus Cristo. Ela se empenhará arduamente em usar sua língua para edificar e estimular outros, não para recorrer à calúnia ou à tagarelice prejudicial. Certamente é própria a moderação na comida e na bebida. Como esposa e mãe, a mulher cristã deve ser exemplar no seu amor, cuidando de que faça a sua parte em prover refeições nutritivas e em tornar o lar um lugar limpo e agradável. O amor ao marido e aos filhos inclui estar disposta a colocar os interesses da família à frente de seus próprios. O marido não deve poder encontrar evidência de que sua esposa negligencia seriamente os seus deveres. Mas deve poder ver que ela, quando comparada com as mulheres incrédulas, é deveras exemplar.
CONCEITO EQUILIBRADO SOBRE O ADORNO
38. Que conselho sobre o adorno encontramos em 1 Pedro 3:3, e como deve ser entendido?
38 É também importante que a esposa mantenha o adorno na perspectiva correta. O apóstolo Pedro salientou que a esposa cristã não deve colocar a ênfase principal em tornar-se atraente por meio de adorno ostentoso. Ele disse: “Não seja o vosso adorno o trançado externo dos cabelos e o uso de ornamentos de ouro ou o trajar de roupa exterior.” (1 Pedro 3:3) No primeiro século E. C., as mulheres gastavam muito tempo e esforço em trançar seu cabelo comprido em estilos complexos para atrair a atenção, inclusive em forma de harpas, trombetas, grinaldas e coroas. Além disso, adornavam-se com vestimenta muito suntuosa e uma abundância de correntinhas, anéis e braceletes de ouro. Para a mulher cristã, tal atenção extrema ao adorno físico era imprópria, visto que podia sugerir que seu principal objetivo na vida era sua própria pessoa, em vez de ser agradável a Jeová Deus e ao Senhor Jesus Cristo. Além disso, as mulheres que vivem principalmente para a ostentação ou a moda costumam cair vítimas do orgulho, da inveja e da procura de posição social, o que priva a mente e o coração do espírito de calma, produzindo frustração e irritação.
39. Por que não deve a esposa negligenciar sua aparência?
39 Todavia, isto não significa que a esposa cristã deve dar pouca atenção à sua aparência. Aconselhando de modo similar contra a vestimenta ostentosa, o apóstolo Paulo disse também: “Desejo que as mulheres se adornem em vestido bem arramado, com modéstia e bom juízo.” (1 Timóteo 2:9) Por isso, a esposa cristã fará bem em cuidar de não apresentar uma aparência desleixada ao seu marido, por ser negligente quanto à sua maneira de se vestir e pentear, e na sua aparência física. Outrossim, a Bíblia diz que “a mulher é a glória do homem”. (1 Coríntios 11:7) É evidente que uma mulher preguiçosa e desleixada não dá crédito ou glória ao marido. Ela rebaixa a aparência dele aos olhos dos outros. E se o marido se orgulhar razoavelmente de sua própria aparência, sua esposa, pelo relaxamento dela, pode ser causa de muita irritação. Portanto, é bem desejável que o vestido e o adorno da mulher cristã indiquem que ela tem bom senso na escolha daquilo que é modesto ou decente, e apropriado para a sua pessoa.
O “ESPÍRITO QUIETO E BRANDO”
40. (a) O que faz com que a mulher cristã seja realmente bela? (b) Com que não se deve contundir o “espírito quieto e brando”?
40 No entanto, a verdadeira beleza da esposa cristã está naquilo que ela é no coração. O apóstolo Pedro exorta sabiamente que o adorno dela “seja a pessoa secreta do coração, na vestimenta incorrutível dum espírito quieto e brando, que é de grande valor aos olhos de Deus”. (1 Pedro 3:4) Este “espírito quieto e brando” não deve ser confundido com uma aparência superficial de doçura. Por exemplo, a mulher talvez fale de modo suave e se sujeite meigamente, em palavras, aos desejos do chefe da família. Mas, no coração, ela talvez procure dominar seu marido por ser rebelde, ardilosa e manhosa.
41. Como pode a mulher saber se o “espírito quieto e brando” faz parte de seu adorno permanente?
41 No caso da mulher que realmente tem o “espírito quieto e brando”, este espírito humilde reflete o que ela realmente é no íntimo. Como pode a mulher saber se tal “espírito” faz parte de seu adorno permanente? Ela poderia perguntar a si mesma: ‘O que acontece quando meu marido, em certas ocasiões, não mostra consideração, é desarrazoado ou se esquiva de suas responsabilidades? Fico amiúde exaltada, enfurecendo-me e criticando-o duramente pelas suas falhas? Ou costumo manter-me calma por dentro, evitando um confronto aberto?’ A mulher que tem “espírito quieto e brando” não parece apenas por fora pacífica, quando, realmente, no íntimo, é como um vulcão ativo, prestes a explodir. Não, ela procura manter-se calma e serena nas circunstâncias provadoras, tanto por fora como no íntimo, causando nos observadores uma profunda impressão pela força íntima que mostra ter e pela maneira bondosa com que se comporta.
42. De acordo com 1 Pedro 3:5, 6, quem possuía tal “espírito quieto e brando”?
42 Tal “espírito quieto e brando” distinguia as mulheres tementes a Deus nos tempos pré-cristãos. Chamando atenção para isso, o apóstolo Pedro escreveu:
“Pois assim se costumavam adornar também antigamente as santas mulheres que esperavam em Deus, sujeitando-se aos seus próprios maridos, assim como Sara costumava obedecer a Abraão, chamando-o de ‘senhor’. E vós vos tornastes filhas dela, desde que persistais em fazer o bem e não temais qualquer causa para terror.” — 1 Pedro 3:5, 6.
43. O que indica que Sara era uma ‘santa mulher’, que esperava em Deus?
43 Sara, como uma das “santas mulheres” dos tempos pré-cristãos, depositava sua esperança e confiança em Jeová. Dessemelhante da esposa de Ló, que olhava almejantemente para trás, para Sodoma, e pereceu por isso, Sara abandonou voluntariamente os confortos de Ur e passou a viver em tendas com seu marido, Abraão, durante o resto de sua vida. Junto com Abraão, aguardava uma moradia permanente sob o governo divino. (Hebreus 11:8-12) Sara certamente não dava importância demais aos bens e confortos materiais. Vivia dum modo que revelava um conceito espiritual. Sara reconhecia que Deus a recompensaria ricamente por ocasião da ressurreição. De maneira similar, as mulheres cristãs de hoje tomam sabiamente por objetivo principal na vida agradar a Jeová Deus. — Veja Provérbios 31:30.
44. O que prova que Sara tinha profundo respeito pelo marido?
44 A bela Sara tinha profundo respeito pelo seu marido. Quando certa vez chegaram visitantes inesperados, Abraão não se sentia hesitante em dizer a sua fiel companheira: “Depressa! Apanha três seás [22 litros] de flor de farinha, amassa-a e faze bolos redondos.” (Gênesis 18:6) Naquele mesmo dia, Sara chamou Abraão de seu “senhor”. Visto que fez isso no íntimo e não aos ouvidos de outros, mostra claramente que ela, no coração, estava submissa a seu marido. — Gênesis 18:12.
45. O que mostra que Sara não tinha personalidade fraca?
45 Todavia, Sara não era mulher de personalidade fraca. Quando notou que Ismael, filho da escrava egípcia Agar, ‘caçoava’ de seu próprio filho Isaque, Sara falou resolutamente a Abraão, dizendo: “Expulsa esta escrava e o filho dela, pois o filho desta escrava não vai ser herdeiro com o meu filho, com Isaque!” Mas, que ela estava fazendo um apelo vigoroso a Abraão, não demandando ou ordenando de modo impróprio, é demonstrado por Jeová ter aprovado o pedido de Sara. O Todo-poderoso notou que o apelo fora feito no espírito correto e orientou Abraão para que o executasse. — Gênesis 21:9-12.
46, 47. (a) Como pode a mulher que expressa fortes conceitos e toma a iniciativa demonstrar que ela é submissa? (b) O que devíamos esperar duma mulher que teme a Deus?
46 Do mesmo modo, a submissa mulher cristã não precisa ser fraca ou irresoluta. Pode expressar conceitos pessoais, específicos, e tomar a iniciativa em cuidar de certos assuntos de importância para a felicidade da família. Mas, ela se esforçaria a lembrar-se dos desejos e sentimentos do marido, deixando-se guiar por eles ao fazer compras, decorar o lar ou cuidar de outros afazeres domésticos. Se não tiver certeza do que ele pensa sobre determinada atividade ou grande compra, ela poderá evitar problemas por consultá-lo antes Quando procura desincumbir-se de seus deveres como esposa, dum modo que agrade a Deus, ela agradará também ao marido, não lhe dando nenhum motivo válido para crítica Tal esposa costuma obter uma posição honrosa e digna na família Sua situação mostra ser similar à da esposa capaz descrita em Provérbios 31:11, 28: “Nela confia o coração do seu dono . . . Seus filhos se levantaram e passaram a chamá-la feliz; seu dono se levanta e a louva “ O marido que confia em que sua esposa aja sabiamente e não ponha em perigo o bem-estar da família não achará necessário estabelecer uma porção de regras destinadas a controlar ações imprudentes. Simplesmente haverá bom entendimento entre eles. Cuidando dos assuntos da família, ela terá prazer em usar sua capacidade e iniciativa de modo pleno.
47 Para ser esposa temente a Deus, no sentido bíblico, a esposa cristã precisa ser diligente e apta para tomar a iniciativa em ajudar outros. De modo que não será uma mulher que virtualmente vive ‘à sombra’ do marido. (Veja Provérbios 31:13-22, 24, 27.) Isto é evidente na descrição das mulheres cristãs que se habilitaram a ser colocadas numa lista especial, no primeiro século E. C. Lemos: “Seja colocada na lista a viúva que não tiver menos de sessenta anos de idade, esposa de um só marido, dando-se dela testemunho de obras excelentes, se tiver criado filhos, se tiver hospedado estranhos, se tiver lavado os pés dos santos, se tiver socorrido os em tribulação, se tiver seguido diligentemente toda boa obra.” (1 Timóteo 5:9, 10) Note que sua reputação de boas obras remontaria ao tempo em que era “esposa de um só marido”. Por isso, não devemos confundir um “espírito quieto e brando” com o que na realidade talvez seja apenas falta de iniciativa e diligência.
BENEFÍCIOS DA DEMONSTRAÇÃO DUM ESPÍRITO CRISTÃO
48. Como pode a esposa cristã tornar-se mais semelhante ao Filho de Deus?
48 Visto que Cristo é ‘o modelo a ser seguido por todos os seus discípulos’, a esposa cristã desejará empenhar-se em se tornar mais semelhante a ele, quando confrontada com circunstâncias desfavoráveis. (1 Pedro 2:21) Isto requer que seja honesta consigo mesma na avaliação de suas palavras e ações. Daí, por considerar com oração o exemplo de Jesus Cristo e por continuar a pedir a Jeová Deus a ajuda de seu espírito, para se tornar esposa melhor, passará a ter a “mente de Cristo” em grau maior. (1 Coríntios 2:16) Seu progresso se tornará evidente aos outros. Isto se dá porque quanto mais pensarmos nas qualidades excelentes e atos louváveis de alguém a quem amamos, tanto mais desejaremos ser semelhantes a ele.
49-51. (a) Por que é sempre sábio que a esposa aplique princípios bíblicos? (b) Que belo proveito pode advir da aderência fiel às Escrituras? (c) Que “causa para terror” não deve temer a mulher cristã, e por que não?
49 Mesmo quando o marido mostra falta de consideração, é desarrazoado ou se esquiva da responsabilidade, a esposa pode ter plena confiança em que a aplicação dos princípios bíblicos lhe trará os melhores resultados possíveis nestas circunstâncias. Pouco conseguirá a esposa que fizer uma grande questão por causa de cada decisão errada tomada pelo marido, desconsiderando assim o conselho bíblico de ser submissa. Os humanos estão inclinados a defender-se mesmo quando errados. Portanto, se a esposa ‘criar caso’ sempre que seu marido não usar de bom critério, ela poderá obter uma reação contrária à que procura. Ele talvez fique ainda mais decidido a não fazer caso do que ela diz, só para provar-lhe que não precisa do conselho dela. Por outro lado, se a reação dela mostra a compreensão de que nós, humanos pecaminosos, não podemos inteiramente evitar erros de critério, ele talvez esteja muito mais inclinado a tomar em consideração os pensamentos dela, da próxima vez. Ele achará mais fácil impedir que o seu orgulho fique envolvido demais na questão.
50 Animando assim o marido de maneira bondosa e gentil, a esposa cristã pode induzi-lo a refletir seriamente no modo em que ele se comporta, começando então a fazer mudanças na vida dele. Embora este progresso possa ser vagaroso, a esposa consegue uma recompensa imediata. Qual? A de evitar a enorme tensão emocional, amargura e desgosto a que estaria sujeita pelo confronto aberto com o marido. — Provérbios 14:29, 30.
51 A aderência fiel da esposa às Escrituras, na conduta e na maneira de falar, talvez nem sempre faça com que seu marido incrédulo se torne cristão. Mas, ainda assim ela tem a satisfação de saber que seu proceder é “bem agradável a Deus”. A maneira elogiável com que ela cuida de suas responsabilidades como esposa e mãe faz parte de sua reputação de boas obras, que é como um tesouro armazenado no céu. Este tesouro produzirá muitos juros na forma de bênçãos divinas. (Mateus 6:20) Reconhecendo a importância de manter uma boa posição perante Deus, ela deve ‘persistir em fazer o bem’ e não deve temer qualquer “causa para terror” — qualquer ultraje, ameaça ou oposição que possa resultar por ela ser discípula de Jesus Cristo. Em vez de se entregar ao medo e perder sua relação com Jeová e seu Filho, ela poderá encarar sua experiência como sofrimento pela causa de Cristo. Mostrará assim ser filha da submissa Sara, mulher piedosa de fé.
“SEGUNDO O CONHECIMENTO”
52. O que há de significativo no uso, por Pedro, da palavra grega que significa “igualmente” ou “da mesma maneira”, quando aconselhou os maridos cristãos?
52 Assim como a esposa tem certos deveres por causa de sua relação com o marido, também o marido tem, por causa de sua relação com a esposa. O apóstolo Pedro lembrou isso aos maridos, usando a palavra grega para “igualmente” ou “da mesma maneira”, para relacionar sua admoestação a eles com o conselho anterior às esposas, dizendo:
“Vós, maridos, continuai a morar com elas da mesma maneira, segundo o conhecimento, atribuindo-lhes honra como a um vaso mais fraco, o feminino, visto que sois também herdeiros com elas do favor imerecido da vida, a fim de que as vossas orações não sejam impedidas.” — 1 Pedro 3:7.
53. O que deve governar a maneira em que o marido mora com sua esposa?
53 É digno de nota que o inspirado apóstolo, que era homem casado, primeiro traz à atenção que a maneira em que o marido mora ou vive com a esposa deve ser governada pelo “conhecimento”. (Marcos 1:30; 1 Coríntios 9:5) O marido certamente desejará conhecer bem a esposa — os sentimentos, a força, as limitações, os gostos e as aversões dela. Mas, o que é ainda mais importante, deve chegar a conhecer suas responsabilidades como marido cristão. Por realmente conhecer a esposa e também conhecer seu próprio papel designado por Deus, o marido pode ‘continuar a morar com a esposa segundo o conhecimento’.
54. O que exige o exercício da chefia?
54 As Escrituras mostram que o marido é cabeça da esposa. Mas não é chefe absoluto, porque precisa sujeitar-se à chefia de Jesus Cristo em tratar dos assuntos familiares. “A cabeça de todo homem é o Cristo”, nos diz a Bíblia. (1 Coríntios 11:3) “Maridos”, escreveu o apóstolo Paulo, “continuai a amar as vossas esposas, assim como também o Cristo amou a congregação e se entregou por ela”. (Efésios 5:25) Portanto, a maneira em que o Filho de Deus trata a congregação cristã serve de modelo para o marido se desincumbir de suas obrigações familiares. Certamente não há nada de tirânico ou cruel na chefia de Jesus Cristo sobre a congregação. Até mesmo deu a sua vida por ela. Portanto, a chefia do marido não lhe dá o direito de dominar a esposa, colocando-a numa posição inferior, rebaixada. Antes, impõe-lhe a responsabilidade de ser abnegado no seu amor, disposto a colocar o bem-estar e os interesses da esposa à frente de seus próprios desejos e preferências.
55. Visto que Jesus Cristo é o exemplo, o que devem fazer os maridos cristãos?
55 Visto que Jesus Cristo é o perfeito exemplo para os maridos, estes farão bem em se familiarizar com o que ele fez ao lidar com os seus discípulos. O que e mais importante, os maridos devem esforçar-se a se harmonizar com o modelo do Filho de Deus, no cumprimento de suas obrigações familiares. Considere apenas algumas das muitas coisas que Jesus Cristo fez enquanto na terra, ao cuidar de seus discípulos.
56, 57. (a) Como mostrou o Filho de Deus que tinha interesse genuíno no bem-estar espiritual de seus discípulos? (b) Em vista do exemplo de Jesus, o que se poderia perguntar o marido?
56 O Filho de Deus estava genuinamente interessado no bem-estar espiritual de seus seguidores. Mesmo quando foram vagarosos em entender assuntos vitais, não ficou impaciente com eles. Tomou tempo para esclarecer-lhes as coisas e cuidou de que realmente entendessem seu ensino. (Mateus 16:6-12; João 16:16-30) Quando continuaram a ter problemas quanto a ter um conceito apreciativo de sua relação mútua, Jesus repetiu os pontos sobre a necessidade de ministrarem humildemente uns aos outros. (Marcos 9:33-37; 10:42-44; Lucas 22:24-27) Na última noite que passou com eles, reforçou seu ensino sobre a humildade por lavar-lhes os pés, dando-lhes assim um exemplo. (João 13:5-15) Jesus tomou também em consideração as limitações dos discípulos e não lhes deu mais informações do que podiam compreender na ocasião. — João 16:4, 12.
57 Portanto, o marido cristão poderia perguntar-se: ‘Quão preocupado estou com o bem-estar espiritual da minha esposa e dos filhos? Certifico-me de que realmente entendem os princípios bíblicos? Quando noto atitudes e ações erradas, esclareço-lhes exatamente por que são erradas e por que precisa haver uma mudança? Tomo em consideração suas limitações e cuido de não exigir demais?’
58. Como poderá o marido imitar o exemplo de Jesus em dar consideração às necessidades físicas da família?
58 O Filho de Deus estava também atento a observar o que seus discípulos precisavam do ponto de vista físico. Quando os apóstolos, depois duma viagem de pregação, voltaram a Jesus e lhe relataram suas atividades, ele disse: “Vinde, vós mesmos, em particular, a um lugar solitário, e descansai um pouco.” (Marcos 6:31) De maneira similar, o marido cuida sabiamente de que a esposa e os filhos tenham tempo para recreação e revigoramento, interrompendo a rotina regular da vida.
59, 60. (a) Como tem mostrado Jesus Cristo confiança e fé nos seus discípulos? (b) Como pode ajudar isso ao marido a exercer a chefia?
59 No exercício da chefia, Jesus Cristo não restringe os membros da congregação por meio duma lista de regulamentos complicados Deu-lhes ordens e orientações realmente importantes como base para tomarem decisões corretas em lidar com os problemas da vida. Seu amor abnegado, junto com a sua confiança e fé nos discípulos, na realidade ‘compele-os’ a corresponderem com amor igual, fazendo o máximo para agradá-lo. — 2 Coríntios 5:14, 15; veja 1 Timóteo 1:12; 1 João 5:2, 3.
60 De maneira similar, quando o marido mostra que tem confiança na esposa, isso pode contribuir muito para preservar a felicidade no matrimônio A esposa que tem pouca margem para usar de iniciativa em cuidar de suas responsabilidades logo perde a alegria com o seu trabalho. Ela se sente reprimida no uso de seu conhecimento, de seus talentos e suas habilidades, o que resulta em frustração. Por outro lado, quando o marido entrega certos assuntos importantes ao bom critério dela, ela terá prazer em cuidar das coisas da maneira que agrade ao marido.
“ATRIBUINDO-LHES HONRA COMO A UM VASO MAIS FRACO”
61-63. (a) O que dizem as Escrituras sobre a maneira em que o marido deve lidar com a esposa? (b) O que deve ser evitado pelo marido, se ele há de atribuir um lugar honroso à esposa? (c) No que se refere a importantes assuntos familiares, a que deve estar disposto o marido? (d) Por que não basta tomar em consideração apenas a palavra falada, quando se tomam decisões finais?
61 O marido, morando com a esposa segundo o seu conhecimento dela qual pessoa e de suas responsabilidades bíblicas para com ela, também ‘lhe atribuirá honra como a um vaso mais fraco, o feminino’. Visto que a constituição física da mulher lhe impõe maiores limitações físicas do que se costuma dar com os homens, ela é o “vaso mais fraco”. Mas, ela deve ocupar uma posição honrosa e digna na família. As seguintes palavras do apóstolo Paulo ilustram como o marido pode atribuir honra à esposa: “Deste modo, os maridos devem estar amando as suas esposas como aos seus próprios corpos. Quem ama a sua esposa, ama a si próprio, pois nenhum homem jamais odiou a sua própria carne; mas ele a alimenta e acalenta, assim como também o Cristo faz com a congregação.” — Efésios 5:28, 29.
62 Os maridos, em geral, não rebaixam suas próprias realizações, fazendo-se parecer incompetentes, nem sujeitam seu corpo a tratamento cruel, nem desconsideram sua necessidade de descanso e recreação. Não querem ter a reputação de serem “imprestáveis”, mas desejam ter uma posição digna aos olhos dos outros. Se o marido realmente for cristão, não zombará de quaisquer fraquezas que a esposa possa ter, nem a rebaixará ou fará sentir-se inferior, menosprezada. Atribuirá à esposa a mesma espécie de dignidade e consideração que quer para si mesmo, fazendo-a sentir-se querida, apreciada e necessária.
63 Para que a esposa ocupe uma posição honrosa no lar, o marido precisa estar disposto a considerar com ela assuntos familiares de maneira calma e razoável, para saber os pensamentos e as idéias dela. A esposa deverá poder expressar-se livremente, com a garantia de que aquilo que diz, na consideração de assuntos sérios, não será prontamente rejeitado, mas receberá a devida consideração do marido. (Veja Juízes 13:21-23; 1 Samuel 25:23-34; Provérbios 1:5, 6, 8, 9.) Além disso, o marido precisa estar atento a observar mais do que apenas a palavra falada. Profundos sentimentos íntimos podem ser revelados pelo tom da voz, pelas expressões faciais, ou pela falta de entusiasmo ou espontaneidade. (Veja Provérbios 15:13.) O marido que chega a conhecer a esposa não desconsiderará tais coisas, nem prosseguirá cegamente com algo que possa criar irritação desnecessária.
64. Quando é que o marido não cederia à esposa, e por que é isso proveitoso?
64 Naturalmente, como chefe da família, quando o marido está cabalmente convencido, na própria mente, de que os interesses da família como um todo seriam prejudicados com isso, não satisfará o desejo da esposa. (Veja Números 30:6-8.) Reconhecerá que tem a obrigação bíblica de defender aquilo que acredita ser certo, apesar de quaisquer demonstrações emocionais da esposa. Se o marido acatasse os desejos da esposa, contrário ao melhor critério, significaria desonrar a Deus, que confiou ao homem a posição de chefe da família. E se a questão depois trouxesse dificuldades à família, ele poderia ficar amargurado com a esposa. Por outro lado, manter-se ele firme a favor do que definitivamente crê ser certo trará benefícios a família. Se a sua decisão for tomada com oração e estiver em harmonia com os princípios bíblicos, a esposa poderá chegar a ver a sabedoria da decisão tomada e alegrar-se de que o marido permaneceu firme. Isto deverá aumentar-lhe o respeito por ele e contribuir para a felicidade dela e de toda a família.
UM MOTIVO ESPIRITUAL
65. Que motivo espiritual há para o marido cristão conviver com sua esposa crente “segundo o conhecimento”?
65 Há um forte motivo pelo qual o marido cristão deve viver com a esposa crente “segundo o conhecimento”, atribuindo-lhe honra. Não é apenas para propiciar maior paz na família. O apóstolo cristão Pedro mostrou aos seus concrentes um motivo ainda maior. Salientou que os maridos são ‘herdeiros com sua esposa do favor imerecido da vida’. Em vista de sua morte sacrificial, Jesus Cristo abriu tanto para homens como para mulheres a oportunidade de serem aliviados da condenação do pecado e da morte, visando a vida eterna. Portanto, a esposa pode ter uma posição tão aprovada perante Deus e Cristo como seu marido. Há um motivo sério, portanto, pelo qual o marido deve ter cuidado de não tratar a esposa como se fosse alguém inferior, de menor valor aos olhos de Deus do que ele.
66. Quando os assuntos maritais não são resolvidos biblicamente, por que pode resultar disso sério dano espiritual?
66 Quando os assuntos maritais não são tratados em harmonia com o exemplo de Jesus Cristo com sua congregação, isso tem efeito pernicioso sobre o estado espiritual tanto do marido como da esposa. Sim, ‘as orações poderiam ficar impedidas’. No lar, quando há disposição para brigar, ofender-se, ressentir-se e agir com dureza e irracionalidade, é difícil apelar para Deus em oração. Visto que a pessoa se sente condenada no coração, falta-lhe franqueza no falar. (1 João 3:21) Também, Jeová Deus estabeleceu requisitos para ouvir orações. Ele não ouve apelos por ajuda daqueles que são impiedosos, não estando dispostos a perdoar as transgressões dos outros. (Mateus 18:21-35) Somente os que se esforçam a harmonizar sua vida com as ordens dele recebem audiência favorável. (1 João 3:22) Nem os maridos, nem as esposas, que deixam de imitar no seu casamento o exemplo de Jesus Cristo com sua congregação, podem esperar receber ajuda divina em lidar com os seus problemas. Por outro lado, a fiel obediência a admoestação bíblica garante a aprovação e a bênção divinas. Certamente, esta é uma bela recompensa, resultante da sujeição à chefia do Filho de Deus.
SUJEIÇÃO NA CONGREGAÇÃO CRISTÃ
67. Segundo Mateus 23:8-11, que atitude deve existir dentro da congregação cristã?
67 Dentro da congregação cristã há também uma necessidade real do reconhecimento da chefia de Cristo. Este reconhecimento afeta a atitude e a conduta dos membros individuais de uns para com os outros. Segundo as próprias palavras de Jesus, sua congregação devia ser uma fraternidade. Ele disse aos seus discípulos: “Vós, não sejais chamados Rabi, pois um só é o vosso instrutor, ao passo que todos vós sois irmãos. Além disso, não chameis a ninguém na terra de vosso pai, pois um só é o vosso Pai, o Celestial. Tampouco sejais chamados ‘líderes’, pois o vosso Líder é um só, o Cristo Mas o maior dentre vós tem de ser o vosso ministro [servo, Almeida].” — Mateus 23:8-11.
68, 69. (a) Visto que a congregação é uma fraternidade, que liberdades não se deve tomar? (b) De que precisava lembrar-se Timóteo ao lidar com membros da congregação?
68 Portanto, ninguém deve fazer as vezes de príncipe na congregação. Mas, os que servem quais anciãos e instrutores nela devem imitar o Amo, Cristo, em trabalhar humildemente como escravos para seus irmãos. Todavia, visto que a congregação é uma fraternidade composta tanto de jovens como de idosos, de homens e mulheres, os membros individuais da congregação não podem tomar liberdades que violem o senso natural do que é próprio O apóstolo Paulo aconselhou a Timóteo: “Não critiques severamente um ancião. Ao contrário’ suplica-lhe como a um pai, os homens mais jovens, como a irmãos, as mulheres mais idosas, como a mães, as mulheres mais jovens, como a irmãs, com toda a castidade.” — 1 Timóteo 5:1, 2.
69 Na época em que o apóstolo escreveu estas palavras, Timóteo tinha provavelmente uns trinta e poucos anos Embora servisse como ancião designado, foi admoestado a lembrar-se de que ainda era comparativamente jovem Se um homem mais idoso necessitasse de correção, Timóteo não devia ser ríspido com ele, mas devia apelar para ele com o porte respeitoso de um filho que está em pé diante do pai (Veja a maneira respeitosa em que Jacó foi rogado pelos seus filhos, conforme registrado em Gênesis 43:2-10.) As mulheres mais velhas também deviam receber a consideração e a bondade que se deviam à mãe Nem mesmo com os jovens podia Timóteo tomar liberdades, mas devia tratá-los como se fossem amados irmãos carnais. Em vista da forte atração que os homens sentem para com o sexo oposto, era bem apropriado que Timóteo fosse admoestado a tratar as jovens como se fossem suas próprias “irmãs” carnais, “com toda a castidade”. Isto significava que, na associação com as jovens cristãs, ele devia permanecer casto, puro e limpo em pensamentos, palavras e ações.
70. (a) Por que precisa haver um espírito de sujeição para se manter a conduta correta na congregação? (b) O que pode ajudar alguém a manter o espírito de sujeição?
70 Na nossa relação com os outros membros da congregação, precisamos ter um espírito humilde, para manter nosso lugar e não violar o senso natural de decência e decoro. O apóstolo Pedro admoestou, portanto, corretamente: “Vós, homens mais jovens, sujeitai-vos aos homens mais idosos.” (1 Pedro 5:5) Os jovens deviam esforçar-se a cooperar com os homens mais idosos, especialmente com os anciãos designados da congregação. Certamente, seria impróprio um jovem falar a homens mais idosos ou agir para com eles dum modo que seria inimaginável, se lidasse com o seu próprio pai carnal. Mas, o que pode fazer o jovem para manter o espírito submisso? Talvez ache proveitoso pensar nas qualidades elogiáveis dos irmãos mais idosos e em seu serviço fiel. Isto pode contribuir para aprofundar seu amor e apreço por eles. — Veja Hebreus 13:7, 17.
71. O que se quer dizer com ‘cingirmo-nos de humildade mental’?
71 Naturalmente, Pedro fez mais do que apenas incentivar os jovens a ser submissos aos homens mais idosos. Ele prosseguiu: “Todos vós, porém, cingi-vos de humildade mental uns para com os outros.” A expressão “cingi-vos de humildade mental”, na língua original, continha a idéia de amarrar em si mesmo tal humildade mental como se fosse atada em nós. Essa “humildade mental” devia ser como avental ou vestimenta cingida por um escravo. Portanto, o espírito que Pedro incentivou é o da disposição de servir e ser de proveito para os outros. Quão excelente é quando tratamos a todos na congregação com respeito e deferência, concedendo-lhes a dignidade que merecem! Tal proceder leva à bênção e ao favor de Jeová, pois, Pedro acrescentou: “Deus se opõe aos soberbos, mas dá benignidade imerecida aos humildes.” — 1 Pedro 5:5.
72. Que recompensas vêm de se mostrar a devida sujeição?
72 Deveras, mostrarmos a espécie de sujeição que se harmoniza com as Escrituras Sagradas traz uma rica recompensa. Nunca fará com que uma situação péssima fique pior, mas nos dará uma boa consciência perante Deus e os homens. A sujeição às autoridades governamentais, aos patrões, a supervisores ou mesmo a um marido incrédulo pode dar testemunho excelente a respeito do valor do verdadeiro cristianismo e pode ajudar outros a se tornarem discípulos do Filho de Deus, visando a vida eterna. Em nosso próprio caso, podemos ter a certeza de que Jeová Deus nos recompensará ricamente por adotarmos o proceder que lhe agrada. Sim, a devida submissão à autoridade é uma parte vital de usufruirmos agora o melhor modo de vida.