Capítulo 5
Deus forma seu “propósito eterno” quanto ao seu ungido
1. Que espécie de vida na terra deve a humanidade ter segundo o propósito de Deus?
A VIDA humana na terra pode ser bela. A vida do Criador do homem é bela. É da Sua vontade que a vida de Sua criação humana também seja bela. Foi a humanidade que arruinou a sua própria existência. No entanto, não foram todos os membros da humanidade que fizeram isso. Apesar do fracasso da humanidade até agora, o propósito benévolo do Criador é agora que homens e mulheres ainda tenham a oportunidade de tornarem a vida na terra bela para si mesmos.
2. (a) Com que espécie de vida começou a humanidade? (b) O que mostra se Deus planejou ou não que o homem tomasse um rumo que levaria à morte?
2 No começo, a vida da humanidade era bela. Iniciou-se há cerca de seis mil anos atrás, num Paraíso terrestre. Viver ali era um prazer, motivo pelo qual se chamava Jardim do Éden ou Paraíso de Delícias. (Gênesis 2:8, versão Matos Soares) Nossos primeiros pais humanos, o primeiro homem e a primeira mulher, eram perfeitos, tendo abundante saúde e a perspectiva de nunca morrerem. Sendo humanos, eram mortais, mas tinham diante de si a oportunidade oferecida pelo seu Criador de viver no Paraíso de Delícias por todo o tempo futuro, eternamente. Deste modo, seu Dador da vida, celestial, podia tornar-se Pai Eterno deles. Ele não planejou que morressem, por adotarem o proceder que levaria à morte. Desejou-se que vivessem eternamente como seus filhos sempiternos. Mais de três mil anos depois, expressou seus sentimentos sinceros sobre o assunto, ao dizer ao seu povo escolhido:
“‘Acaso me agrado de algum modo na morte do iníquo’, é a pronunciação do Senhor Jeová, ‘e não em que ele recue dos seus caminhos e realmente continue a viver?’” — Ezequiel 18:23.
3. Visto que o desejo de Deus era que a humanidade continuasse a viver no Paraíso, que pergunta se nos impõe hoje?
3 De modo que o Criador não tinha nenhum desejo de que o casal humano inocente, no Paraíso de Delícias, se tornasse “iníquo” e merecesse morrer. Seu desejo era que continuassem a viver, sim, para ver toda a terra devidamente cheia de descendentes, tão perfeitos e felizes como eles mesmos, em relação pacífica e amorosa com seu Criador, seu Pai celestial. Hoje, porém, toda a humanidade morre, e nossa terra poluída está longe de ser um paraíso. Por que se dá isso? O Criador do homem fez com que a explicação fosse registrada na Bíblia.
4. Por que era estranho que uma serpente se fizesse observável a alguém humano no Paraíso?
4 No início do capítulo três do livro bíblico de Gênesis, o local é o Paraíso de Delícias. Todas as criaturas terrestres, inferiores, estavam em sujeição aos nossos primeiros pais humanos, Adão e Eva. Estes não temiam a nenhuma dessas criaturas terrestres, inferiores, nem mesmo as cobras. Sim, havia cobras ou serpentes no Paraíso de Delícias, e era interessante observá-las. Sua locomoção sem membros era maravilhosa, era manifestação da sabedoria diversificada de Deus na projeção. No entanto, eram criaturas arredias. Gênesis 3:1 faz um comentário sobre esta espécie de réptil, dizendo: “Ora, a serpente [nahhásh] mostrava ser a mais cautelosa de todos os animais selváticos do campo, que Jeová Deus havia feito.” Portanto, em vez de estar de tocaia, para ferir um humano, estava inclinada a retirar-se do contato com os humanos. Estranho, porém, era então claramente observável, quer no chão, quer numa árvore. Por quê?
5. Por que era estranho que a serpente fizesse a Eva uma pergunta e por que não era a voz de Deus em forma indireta?
5 “Assim”, prossegue Gênesis 3:1, “ela começou a dizer à mulher: ‘É realmente assim que Deus disse, que não deveis comer de toda árvore do jardim?’” Ora, como soube a serpente de tal coisa? Ou como podia entender isso? Também, por que nunca antes tinha falado com o marido da mulher, Adão? Como é que podia falar na língua humana? Nunca antes havia uma serpente falado com o homem, e nunca mais aconteceu isso desde então. Eva não estava imaginando que alguém falasse com ela. Não estava falando consigo mesma, na sua própria mente, apenas pensando. A voz em forma humana parecia proceder da boca da serpente. Como podia ser isso? A única outra voz, além da de seu marido Adão, que Eva havia ouvido no jardim, fora a de Deus, mas de modo direto, não por intermédio de alguma criatura animal, subumana. Por todas as evidências, segundo o que a serpente disse, a voz não era a de Deus. A voz perguntava a Eva algo sobre o que Deus disse.
6. De que modo agiu o indagador que usou a serpente para fazer a pergunta e por que respondeu Eva?
6 Quando Eva respondeu à pergunta, não falou àquela serpente, mas à inteligência invisível que usava a serpente assim como faz o ventríloquo. Era este orador inteligente, invisível, amigável para com Deus ou não? Por certo, o método usado pelo orador invisível em falar com Eva era enganoso, induzindo-a a pensar que fosse a serpente que falava. Aquele orador indagador ocultava sua identidade atrás duma serpente visível e assim agia de modo enganoso. No entanto, Eva não discerniu nem reconheceu que este orador, usando a serpente, estava maliciosamente tentando enganá-la. Não suspeitando nada, Eva respondeu.
“A isso a mulher disse à serpente: ‘Do fruto das árvores do jardim podemos comer. Mas, quanto a comer do fruto da árvore que está no meio do jardim, Deus disse: “Não deveis comer dele, não, nem deveis tocar nele, para que não morrais.”’” — Gênesis 3:2, 3.
7. Onde obteve Eva a sua informação sobre a árvore no meio do Jardim?
7 Por chamá-la de “árvore que está no meio do jardim”, Eva referia-se à árvore do conhecimento do que é bom e do que é mau. Mas, como chegou Eva a saber desta árvore? Deve ter sido informada por Adão como profeta de Deus. Foi a ele que Deus disse, quando Adão estava sozinho, antes da criação de Eva: “De toda árvore do jardim podes comer à vontade. Mas, quanto à árvore do conhecimento do que é bom e do que é mau, não deves comer dela, porque no dia em que dela comeres, positivamente morrerás.” (Gênesis 2:16, 17) Segundo Eva, Deus dissera também que não se devia tocar na árvore proibida. Por isso, Eva não desconhecia a penalidade pela violação da lei de Deus. Era a morte.
8. O que mostra se o indagador invisível pedia apenas informação?
8 Se o orador invisível, atrás da serpente, apenas tivesse pedido informações, teria parado com a palestra, ao receber a informação. Não se declara se, nesta ocasião, a serpente estava no meio do jardim, onde se achava a árvore proibida, ou se a serpente estava no chão ou na árvore. A conversa, pelo menos, era sobre aquela “árvore que está no meio do jardim”.
9, 10. Como se transformou o orador invisível atrás da serpente em mentiroso, Diabo e Satanás?
9 Como podia a mera serpente saber ou ter autoridade para dizer o que Eva ouviu dela a seguir? “A isso a serpente disse à mulher: ‘Positivamente não morrereis. Porque Deus sabe que, no mesmo dia em que comerdes dele, forçosamente se abrirão os vossos olhos e forçosamente sereis como Deus, sabendo o que é bom e o que é mau.” — Gênesis 3:4, 5.
10 Com isso, o orador invisível, atrás da serpente visível, tornou-se mentiroso, porque contradisse a Jeová Deus. Ao declarar flagrantemente que Deus tinha motivação errada em proibir que Adão e Eva comessem da árvore do conhecimento do que é bom e do que é mau, o orador invisível tornou-se caluniador, Diabo, para com Jeová Deus. Não estava amorosamente interessado na vida eterna de Eva, mas tramava causar-lhe a morte. De fato, tentava tirar-lhe o temor da morte, não da morte às mãos dele, mas da morte às mãos de Jeová Deus, pela violação de Sua ordem conhecida. O orador invisível colocou-se em oposição a Deus e desta maneira tornou-se Satanás, que quer dizer Opositor. Interessava-se em conseguir que mais alguém se opusesse a Deus e que mais alguém se colocasse do lado de Satanás. Sabemos quem era o verdadeiro proferidor de tal mentira e calúnia. Não era a serpente!
11. Como mostrou então Eva falta de lealdade a Deus e de respeito pelo seu marido, deixando-se tentar?
11 Infelizmente, Eva não disputou esta declaração mentirosa e caluniadora. Ela não defendeu amorosa e lealmente seu Pai celestial. Não reconheceu então a chefia de seu marido Adão sobre ela, nem se dirigiu a ele para perguntar-lhe se ele aprovava ou não a atuação egoísta dela neste assunto. Ele podia ter exposto a fraude. Mas, Eva deixou-se enganar completamente. Ficou com a idéia errônea que lhe foi apresentada por um mentiroso, caluniador e opositor de Deus, seu Pai celestial. Deixou desvanecer o temor da terrível penalidade pela desobediência. Deixou que se começasse a formar o desejo egoísta no seu coração. Deixou-se atrair e enganar por este desejo. Deus dissera que seria mau para ela e para Adão comerem do fruto proibido, mas ela decidiu determinar por si mesma o que era mau e o que era bom. Por isso, decidiu mostrar que seu Pai celestial e Deus era mentiroso. Então, olhando Eva para a árvore, esta tornou-se atraente.
12. O que se tornou Eva inescusavelmente ao comer do fruto proibido?
12 “Conseqüentemente, a mulher viu que a árvore era boa para alimento e que era algo para os olhos anelarem, sim, a árvore era desejável para se contemplar. De modo que começou a tomar de seu fruto e a comê-lo.” (Gênesis 3:6) Tornou-se assim transgressora contra Deus, pecadora. Ser ela totalmente enganada não a desculpava. Ela perdeu sua perfeição moral.
13. O que deixou de fazer Adão ao comer dele, com que efeito sobre si?
13 O marido dela não estava ali para impedir a sua ação independente. Quando ela depois se juntou a ele, precisou usar de persuasão para fazê-lo comer, porque ele de modo algum foi enganado. Ele não decidiu mostrar que aquele que falou por meio da serpente era mentiroso e vindicar a Jeová Deus, como Aquele que usava Sua Soberania universal de modo certo, benéfico. Então, o que aconteceu quando Adão participou com Eva na transgressão? Gênesis 3:6, 7, nos informa:
“Depois deu também dele a seu esposo, quando estava com ela, e ele começou a comê-lo. Abriram-se então os olhos de ambos e começaram a perceber que estavam nus. Por isso coseram folhas de figueira e fizeram para si coberturas para os lombos.”
14. O que levou Adão e Eva a se condenarem antes de Deus o fazer, e como agiram à aproximação dele?
14 Tornaram-se assim “como Deus, sabendo o que é bom e o que é mau”, por não mais aceitarem as normas do bem e do mal, conforme fixadas por Jeová Deus, mas por eles mesmos se tornarem juízes do que era bom e do que era mau. Apesar disso, sua consciência começou a incomodá-los. Sentiram-se expostos, precisando de coberturas. Sua nudez física não era mais um estado puro e inocente aos seus olhos, no qual devessem comparecer perante Jeová Deus. Por isso começaram a coser e a cobrir as suas partes pudendas, que Deus lhes dera para o fim honroso da reprodução da sua espécie. Desta maneira condenaram-se a si mesmos, sob o testemunho condenatório de sua própria consciência mesmo antes de o Soberano Senhor Jeová fazer isso. Portanto, lemos:
“Mais tarde ouviram a voz de Jeová Deus que andava pelo jardim, por volta da viração do dia, e o homem e sua esposa foram esconder-se da face de Jeová Deus entre as árvores do jardim. E Jeová Deus chamava o homem e dizia-lhe: ‘Onde estás?’ Por fim, ele disse: ‘Ouvi a tua voz no jardim mas tive medo, porque estava nu, e por isso me escondi.’ A isso ele disse: ‘Quem te informou que estavas nu? Comeste da árvore de que te mandei que não comesses?’” — Gênesis 3:8-11.
15. (a) O que mostra que não houve arrependimento da parte de Adão e Eva? (b) O que disse Deus então à serpente?
15 Notemos agora que não houve expressão de arrependimento da parte de Adão e Eva, mas, antes, um empenho de se desculparem: A culpa cabia a outro. “E o homem prosseguiu, dizendo: ‘A mulher que me deste para estar comigo, ela me deu do fruto da árvore e por isso o comi.’ Com isso, Jeová Deus disse à mulher: ‘Que é que fizeste?’ A que a mulher respondeu: ‘A serpente — ela me enganou e por isso comi.”’ (Gênesis 3:12, 13) No entanto, as desculpas não absolviam estes transgressores deliberados. Mas, que dizer da serpente?
“E Jeová Deus passou a dizer à serpente: ‘Porque fizeste isso, maldita és dentre todos os animais domésticos e dentre todos os animais selváticos do campo. Sobre o teu ventre andarás e pó é o que comerás todos os dias da tua vida. E porei inimizade entre ti e a mulher, e entre o teu descendente e o seu descendente. Ele te machucará a cabeça e tu lhe machucarás o calcanhar.’” — Gênesis 3:14, 15, NM; Almeida, atualizada; Trinitariana; Liga de Estudos Bíblicos.
16, 17. (a) A quem se aplicavam realmente as palavras de à Deus a serpente? (b) A que comparou um escritor do primeiro século tal rebaixamento?
16 Esta não foi uma maldição sobre toda a família dos ofídios. Evidentemente, as palavras de Deus foram dirigidas àquela única serpente literal, mas Ele sabia que ela apenas havia sido vítima para servir de instrumento de alguém invisível, sobre-humano, espiritual, que até então havia sido filho celestial, obediente, de Deus. Esse também se havia deixado atrair e engodar por um desejo egoísta. Era o desejo de exercer a soberania sobre a humanidade, independente da soberania universal de Jeová. Deixou que este desejo se arraigasse no coração e o cultivou, até que se tornou fértil e produziu a transgressão, a rebelião contra o Soberano Senhor Jeová. Este transgressor espiritual tornou-se assim mentiroso, caluniador ou Diabo, e Opositor ou Satanás, ali mesmo no Paraíso de Delícias.
17 Conforme sugerido pelo rebaixamento sentenciado para aquela serpente vitimada, Deus rebaixou este recém-surgido mentiroso, Diabo e Satanás. Um dos comentadores bíblicos do primeiro século comparou este rebaixamento a ‘lançar Satanás no Tártaro’, um estado reprovado de escuridão espiritual, sem esclarecimento da parte de Deus. — 2 Pedro 2:4.
PREDITO O UNGIDO DE DEUS
18. Que coisa nova foi anunciada ali, com que particularidades?
18 Jeová Deus formou ali um novo propósito e o anunciou. Havia surgido o mentiroso Satanás, o Diabo, e tornou-se então o propósito de Deus suscitar um Ungido, um Mashíahh (maxiah; Messias), segundo a língua de Adão. (Daniel 9:25) Deus falou deste Ungido, deste Messias, como sendo o “descendente” da “mulher”. Deus poria inimizade entre este Ungido e Satanás, o Diabo, então simbolizado pela serpente. Esta inimizade viria a existir também entre o Ungido e o “descendente” da Grande Serpente.
19. (a) Em que conflito resultaria esta “inimizade”? (b) Por que teria de ser celestial o Ungido do propósito de Jeová?
19 A predita inimizade havia de resultar numa batalha que teria efeitos dolorosos, mas acabaria em vitória para o “descendente” da “mulher”. Igual a uma serpente que ataca o calcanhar (Gênesis 49:17), a Grande Serpente, Satanás, o Diabo, causaria um ferimento no calcanhar do “descendente” da mulher. Este ferimento no calcanhar não seria fatal. Sararia, habilitando o “descendente” da mulher a machucar fatalmente a cabeça da Grande Serpente. Assim pereceria a Grande Serpente, e com ela o seu “descendente”. O ponto vital a notar sobre este conflito é o seguinte: Para que o “descendente” da mulher pudesse machucar e esmagar a cabeça da Grande Serpente, Satanás, o Diabo, o “descendente” da mulher teria de ser uma pessoa espiritual, celestial, não mero filho humano duma mulher na terra. Por quê? Porque a Grande Serpente é uma pessoa espiritual, sobre-humana, filho celestial rebelde, de Deus. O mero “descendente” humano duma mulher terrestre não seria bastante poderoso para destruir o invisível Satanás, o Diabo, no domínio espiritual. Portanto, o Ungido do propósito de Jeová tem de ser um Messias celestial.
20. Então, quem é a “mulher” de Gênesis 3:15?
20 Então, que dizer da “mulher” cujo “descendente” é o Ungido ou Messias? Ela também teria de ser celestial. Assim como a serpente que foi sentenciada a ter a cabeça esmagada não foi aquela serpente literal usada para enganar Eva, assim a “mulher” da profecia de Jeová, em Gênesis 3:15, não foi uma mulher literal na terra. A própria Eva foi transgressora da lei de Deus e engodadora de seu marido, Adão, à transgressão. Portanto, ela mesma não era digna de ser a própria mãe do “descendente” prometido. A “mulher” da profecia de Deus tinha de ser uma mulher simbólica. É exatamente como quando Jeová fala de seu povo escolhido como sendo sua esposa, sua mulher, dizendo-lhes: “Convertei-vos, ó filhos rebeldes, diz o SENHOR; porque eu sou o vosso esposo.” (Jeremias 3:14; 31:32, Almeida, atualizada) De maneira similar, a organização celestial de Deus, de santos anjos é como uma esposa para Jeová Deus, e ela é a mãe celestial do “descendente”. Ela é “a mulher”. É entre esta “mulher” e a Serpente que Deus põe inimizade.
O PROPÓSITO ORIGINAL NÃO FRACASSARÁ
21. Fracassaria o propósito original de Deus com respeito à terra por causa do surgimento da transgressão?
21 Que dizer, porém, do propósito de Deus a respeito da terra, conforme declarado a Adão e Eva, no fim do sexto “dia” criativo? Fracassaria então, por causa da transgressão de Eva e Adão, que lhes mereceu a morte? Este propósito original era de ter toda a superfície da terra transformada em Paraíso, povoada pelos descendentes dos primeiros e originais homem e mulher na terra, Adão e Eva. Fracasso é algo que não pode acontecer com o propósito declarado de Deus. Nem Satanás, o Diabo, é capaz de fazer fracassar o propósito de Deus e desonrá-lo. Que o propósito original de Deus ainda prosseguia para o cumprimento triunfante é indicado no que Jeová Deus, o Juiz Supremo, disse então à mulher Eva.
22. (a) Por quem devia continuar a povoação da terra? (b) Era razoável crer que machucar a cabeça da Serpente resultaria em benefício para a humanidade?
22 “À mulher ele disse: ‘Aumentarei grandemente a dor da tua gravidez; em dores de parto darás à luz filhos, e terás desejo ardente de teu esposo, e ele te dominará.”’ (Gênesis 3:16) Isto significava que se permitiria a produção de mais habitantes da terra, por este casal humano original. Isto tem continuado até agora, e hoje se fala com preocupação sobre uma “explosão demográfica”. Visto que a Grande Serpente, Satanás, o Diabo, havia causado que a morte sobreviesse a todos os descendentes do primeiro casal humano, evidentemente, machucar a “cabeça” desta Grande Serpente havia de resultar em proveito daqueles descendentes que haviam sido prejudicados pela sua transgressão. Mas como? Isto era algo que Jeová Deus esclareceria no tempo devido. Contribuiria para o bom êxito de Seu propósito original.
23-25. (a) Quando se proferiu a sentença de morte sobre Adão, por causa de sua transgressão? (b) De que modo, pois, havia de morrer Adão no dia em que comesse da árvore proibida, e que dizer de sua descendência?
23 Então, por fim chegou a vez do homem, o terceiro na ordem da transgressão. Deus dissera-lhe que no dia em que comesse do fruto proibido positivamente morreria. (Gênesis 2:17) Para que a esposa dele, Eva, desse à luz filhos em dores de parto, seria necessário que Adão continuasse a viver como esposo dela e pai de seus filhos. Portanto, como se cumpriu aquilo a respeito de que Deus o advertira?
24 Gênesis 3:17-19 esclarece isso: “E a Adão ele disse: ‘Porque escutaste a voz de tua esposa e foste comer da árvore a respeito da qual te ordenei, dizendo: “Não deves comer dela”, maldito é o solo por tua causa. Em dor comerás dos seus produtos todos os dias da tua vida. E ele fará brotar para ti espinhos e abrolhos, e terás de comer a vegetação do campo. No suor do teu rosto comerás pão, até que voltes ao solo, pois dele foste tomado. Porque tu és pó e ao pó voltares.”’ Com tais palavras judiciais, Jeová Deus proferiu a sentença de morte do transgressor, e isto dentro do mesmo dia em que Adão transgrediu.
25 Judicialmente, do ponto de vista de Deus, Adão morreu naquele mesmo dia, bem como sua esposa transgressora, Eva. Cortou-se de ambos a oportunidade e a perspectiva de viverem para sempre em felicidade no Paraíso de Delícias. Ele estava então morto na sua própria transgressão. Portanto, só podia transmitir aos seus descendentes por Eva uma existência morredoura e a condenação, por causa da imperfeição humana, herdada. Todos os seus descendentes teriam de dizer, conforme disse o salmista Davi, milhares de anos depois: “Eis que em erro fui dado à luz com dores de parto, e em pecado me concebeu minha mãe.” (Salmo 5:1-5) Deus pode dizer a toda a humanidade pecadora, assim como ele disse ao seu povo escolhido: “Teu próprio pai, o primeiro, pecou.” (Isaías 43:27) Toda a humanidade morreu em Adão no dia em que o Juiz Supremo proferiu sentença contra ele, por causa de seu pecado. Depois de Adão ser sentenciado, não podia escapar da morte física.
26. Mesmo que se encare um “dia” como sendo de mil anos, como morreu Adão no dia de sua transgressão e o que deixou de ser?
26 O “livro da história de Adão” nos diz bem apropriadamente: “Ele se tornou pai de filhos e de filhas. De modo que todos os dias que Adão viveu somaram novecentos e trinta anos, e morreu.” (Gênesis 5:1-5) Viveu setenta anos menos que mil anos. Nenhum de seus descendentes viveu mil anos inteiros, sendo que o mais velho, Metusalém, viveu apenas novecentos e sessenta e nove anos. (Gênesis 5:27) Mesmo encarando mil anos do ponto de vista de Deus como um só dia, Adão morreu dentro do primeiro “dia” milenar da existência da humanidade. Para onde foi na morte física? Nem mesmo a sua “alma” (néfes) havia sido tomada do céu, e ele não ‘voltou’ para lá. Voltou para o pó do solo porque, conforme Deus dissera, Adão havia sido tomado dele. Deixou de ser então uma “alma vivente”. (Gênesis 2:7) Deixou de existir. Quando sua esposa Eva sofreu a morte física, ela também deixou de ser uma “alma vivente”. Não havia alma para continuar a viver para todo o sempre, conforme dizia a mitologia religiosa, babilônica.
PERDA DO PARAÍSO
27. A que parte da terra aplicava-se a maldição sobre o solo, e o que significava para Adão e Eva trabalharem o solo amaldiçoado?
27 A fraseologia da sentença de Deus sobre Adão, especialmente as palavras “maldito é o solo”, significava que Adão perderia o Paraíso. Ele o perdeu. O Paraíso não foi amaldiçoado por causa da transgressão de Eva e Adão; continuou a ser um lugar de vida, contendo ainda a “árvore da vida”. Gênesis 3:20-24 nos informa:
“Depois disso, Adão chamou a sua esposa pelo nome de Eva, porque ela havia de tornar-se a mãe de todos os viventes. E Jeová Deus passou a fazer vestes compridas de peles para Adão e para a sua esposa, e a vesti-los. E Jeová Deus prosseguiu dizendo: ‘Eis que o homem se tem tornado como um de nós, sabendo o que é bom e o que é mau, e agora, a fim de que não estenda a sua mão e tome realmente também do fruto da árvore da vida, e coma, e viva por tempo indefinido . . .’ Com isso, Jeová Deus o pôs para fora do jardim do Éden para lavrar o solo de que tinha sido tomado. E expulsou assim o homem e colocou ao oriente do jardim do Éden os querubins e a lâmina chamejante duma espada que se revolvia continuamente para guardar o caminho para a árvore da vida.”
28. Por que não era mais possível a Adão viver por tempo indefinido?
28 Tendo o poder da morte, Jeová Deus pôs o homem fora do alcance da árvore da vida, a fim de impor a pena de morte a Adão. A esposa de Adão acompanhou seu marido, para se tornar mãe dos filhos dele. O registro não indica se Deus expulsou a serpente que fora usada para tentar Eva. Adão e Eva não tinham mais a possibilidade de vida por tempo indefinido.
29. (a) Como pôs Deus então “inimizade” entre a “mulher” e a “serpente”? (b) Que efeito teve o propósito anunciado de Deus sobre o seu propósito original para com a terra, e por que podemos agora alegrar-nos?
29 Não há registro de que, fora do jardim do Éden, Eva criasse seus filhos com ódio das serpentes. Mas a organização celestial de Deus, de santos anjos, a verdadeira “mulher” a que se refere a profecia de Gênesis 3:15, imediatamente começou a odiar a Grande Serpente, Satanás o Diabo. A organização semelhante a uma mulher foi induzida a isso pelo amor a Jeová Deus, como seu marido celestial. Deus pôs realmente inimizade entre Sua “mulher” e a Grande Serpente. Estava dentro do propósito de Jeová Deus fixar quando ela daria à luz o “descendente” que machucaria a cabeça da Grande Serpente. Ele havia então formado seu propósito quanto ao seu Ungido, seu Messias, e havia divulgado este fato ao céu e à terra, agora já há cerca de seis mil anos atrás. Isto foi eras de tempo atrás. Este propósito adicional reforçou o propósito original de Deus quanto a uma terra paradísica e tornou certo seu cumprimento. O Deus imutável ainda se apega a este propósito anunciado quanto ao seu Ungido, Seu Messias. Podemos alegrar-nos muito de que triunfa agora para o bem do homem.