Nação próspera e feliz sob a lei de Deus
“As decisões judiciais de Jeová são verdadeiras; mostraram-se inteiramente justas.” — Sal. 19:9.
1. Como se pode, até certo ponto, medir a justeza e a justiça das leis duma nação?
UMA LEI, para manter uma nação por muito tempo unida, precisa ser justa, reta e forte. De modo que, em grande parte, a prosperidade e duração dum governo ou duma nação é uma medida da justeza e justiça de suas leis. Os Estados Unidos, com sua boa Constituição e Carta de Direitos, tornaram-se uma nação grande e próspera, mas ela está tendo dificuldades depois de menos de duzentos anos, porque ela tem sido atacada como sendo imperfeita, injusta e parcial em muitos sentidos. De fato, os governos do mundo todo têm as mesmas dificuldades.
2. A que única nação foi dado por Deus um código de leis, e o que era elogiável nesta Lei?
2 Estas nações foram estabelecidas em base de leis humanas, adotando ocasionalmente algum estatuto da lei mosaica, conforme dada à nação de Israel, no monte Sinai, na Arábia. A única nação a que já se deu alguma vez uma coleção completa de leis da parte de Deus foi a nação de Israel. Esta lei foi dada em 1513-1512 A. E. C., no ermo de Sinai. Embora Israel passasse por muitas vicissitudes por causa de seus contínuos desvios daquela lei, passaram-se 905 anos antes de Jerusalém finalmente cair em sujeição, por causa da apostasia judaica. Por isso, o Governador Neemias escreveu em Neemias 9:36, 37: “Eis que hoje somos escravos; e quanto à terra que deste aos nossos antepassados para que comessem dos seus frutos e das suas coisas boas, eis que somos escravos nela, e seus produtos abundam para os reis que puseste sobre nós por causa dos nossos pecados, e eles governam sobre os nossos corpos e sobre os nossos animais domésticos, segundo o seu bel-prazer, e estamos em grande aflição.” A existência de Israel, durante este longo período, como nação organizada sob o seu próprio governo, fala bem da força e da justeza destas leis.
3. De que proveito será para nós um exame da Lei dada a Israel?
3 Entretanto, visto que a Bíblia nos mostra que a Lei condenou os judeus por causa de sua violação dela, talvez tenhamos a tendência de formar um conceito impróprio do valor daquela Lei e de achar que ela era extremamente restritiva e dura para se viver sob ela. Mas um exame revela que era imensuravelmente superior a qualquer código de lei já constituído e vigorava para o maior bem-estar de seus súditos. Uma consideração da Lei esclarece como Jeová considera os assuntos e quais os princípios segundo os quais trata com a sua criação.
4. Descreva em que sentido era extraordinário o governo da nação do antigo Israel.
4 A administração do governo de Israel era extraordinária por Jeová ser seu Soberano supremo e absoluto. Ele era o Rei, e, além disso, o Deus, o Chefe da religião. E o estado de Israel era dessemelhante dos outros governos, que costumam ter o executivo, o legislativo e o judiciário separados. O próprio Jeová fez as leis e era também o Chefe judicial, interpretando e aplicando-as. Isaías 33:22 diz: “Jeová é o nosso Juiz, Jeová é o nosso Legislador, Jeová é o nosso Rei; Ele mesmo nos salvará.” A idolatria ou a adoração de algum outro deus era ao mesmo tempo lesa-majestade. Do mesmo modo, levantar-se contra as leis do país era levantar-se contra o Chefe da religião, o que significava apostasia ou blasfêmia. Por isso, Deus disse a Israel: “Quem oferecer sacrifícios a quaisquer deuses, e não somente a Jeová, deve ser devotado à destruição.” “E tem de dar-se que, se é que te esqueceres de Jeová, teu Deus, e realmente andares seguindo outros deuses, e os servires e te curvares diante deles, deveras testifico hoje contra vós que definitivamente perecereis.” (Êxo. 22:20; Deu. 8:19) A obediência às leis era também parte da adoração verdadeira.
DIREITOS CIVIS
5, 6. Havia problemas com direitos civis sob a Lei? Por que não era Israel um estado de beneficência social?
5 Não havia problemas de direito civil sob a Lei, quando seus juízes e governantes obedeciam a Deus. Ela protegia o nativo, o residente forasteiro e até mesmo o estrangeiro que permanecesse temporariamente no país. — Êxo. 22:21; 23:9; Lev. 19:33, 34; Deu. 24:17.
6 Sob a Lei, o pobre não ficava privado da justiça por ser pobre, nem o rico por ser rico — não existia a ideologia de “tirar do rico e dar ao pobre”. (Lev. 19:15) O estado de beneficência social era impossível sob a Lei. No entanto, cuidava-se amplamente do pobre, todavia, preservando ainda seu respeito próprio, pois tinha de trabalhar por aquilo que ganhava. Compare isto com Gênesis 3:19 e 2 Tessalonicenses 3:10, onde lemos: “Se alguém não quiser trabalhar, tampouco coma.”
CONSIDERAÇÃO PARA COM OS POBRES
7. Que provisões se faziam para o pobre, e como beneficiava isso tanto o pobre como o proprietário de terras?
7 A economia de Israel era na maior parte agrícola, cada homem possuindo a sua própria herança de terra. Alguns israelitas, devido à má administração ou a reveses financeiros, talvez se tornassem pobres e tivessem de vender a sua terra; alguns residentes forasteiros talvez caíssem em má situação. Em bondade para com eles, o arranjo era que cada lavrador, na colheita, não devia colher as beiradas de seu campo; devia também deixar atrás qualquer molho de cereal que os ceifeiros deixaram cair acidentalmente. (Lev. 19:9; Deu. 24:19-21) Isto se deixava como respiga para o pobre. (Rute 2:3, 7) Naturalmente, exigia trabalho da parte dele, pois respigar não era fácil. Por conseguinte, não havia pobres ociosos ao encargo do governo. E este arranjo excelente beneficiava o proprietário do campo, pois exigia dele generosidade bem como obediência a Deus. Promovia a fraternidade e a unidade. — Lev. 25:35-43; Deu. 15:11; Rute 2:15, 16.
A ESCRAVIDÃO, UMA BÊNÇÃO
8. Quando um homem ficava em situação financeira difícil, que provisão havia para se cuidar da família dele, e como eram tratados tais?
8 Havia a questão da escravidão, que em nossos dias tem um aspecto duro. Mas quando examinamos as leis a respeito dela, verificamos que era uma bênção para Israel. Quando um homem se via obrigado pela situação financeira a vender sua herança e não havia parente para remi-la para ele, tanto ele como a sua família não eram deixados a encarar a inanição. Em tal caso, ele podia vender a si mesmo e a sua família em escravidão. (Lev. 25:47) Os israelitas que assim se tornavam escravos não deviam ser tratados como alguém de uma “casta” inferior, mas como trabalhadores contratados. Por isso está escrito em Levítico 25:53: “Deve continuar com ele de ano em ano como trabalhador contratado. Não o pode espezinhar com tirania diante dos teus olhos.”
9. (a) O que provia a escravidão para o pobre? (b) Podia ele livrar-se da escravidão, e tinha ele alguma oportunidade enquanto escravo?
9 A escravidão beneficiava o pobre por prover alimento, roupa e abrigo ao homem e à sua família, fazendo ele, porém, ao mesmo tempo, trabalho honroso para ganhar o sustento. O escravo israelita podia ser resgatado por um parente e ficar livre. (Lev. 25:48, 49) Caso contrário, no sétimo ano ele ficava livre automaticamente, mas não sem recursos. Havia de receber cereais, azeite e vinho, conforme as posses do amo. (Êxo. 21:2; Deu. 15:12-14) Assim, o escravo tinha algo para recomeçar até que pudesse prover para si mesmo pelo trabalho ou por negócios. Os escravos também tinham oportunidades. Alguns se tornavam bastante abastados, pois se lhes permitia investir seu dinheiro. (Lev. 25:49) Por causa de sua diligência e honestidade, muitos escravos alcançavam posições de grande honra, em alguns casos administrando todos os negócios de seu amo. — Compare isso com Gênesis 15:2; 24:2; 39:5, 6.
O DIA DE SÁBADO
10. De que modo promovia a lei do dia de sábado a diligência, e como se devia passar este dia?
10 O dia de sábado era deveras uma bênção. Oferecia aos homens e aos animais domésticos um dia de descanso dentre sete dias. Os outros seis dias eram para o trabalho, não para a ociosidade. Em Êxodo 20:9, Jeová Deus ordenara: “Deves prestar serviço e tens de fazer toda a tua obra por seis dias.” Os seis dias de trabalho eram benéficos para promover a diligência e contribuíam para a prosperidade nacional. Nos nossos tempos, verificou-se que a semana de cinco dias de trabalho tem contribuído para a decadência moral, porque as pessoas tendem a usar o tempo livre de modo errado. Não era assim em Israel. Aquele um dia livre do trabalho podia ser reservado para ser um dia de espiritualidade. Foi declarado dia “sagrado”. (Êxo. 20:8, 10, 11) Portanto, não devia ser profanado, mas usado para coisas sagradas. Estava disponível como dia para se falar sobre a lei de Deus, ensinando-a aos filhos e assim achegando-se mais ao seu Rei e Criador. Nisto se enquadrava bem o que Deus dissera em Deuteronômio 5:15; 6:6-8, onde lemos: “E tens de lembrar-te de que te tornaste escravo na terra do Egito e que Jeová, teu Deus, passou a fazer-te sair de lá com mão forte e braço estendido. É por isso que Jeová, teu Deus, te mandou observar o dia de sábado.” “E estas palavras que hoje te ordeno têm de estar sobre o teu coração; e tens de inculcá-las a teu filho, e tens de falar delas sentado na tua casa e andando pela estrada, e ao deitar-te e ao levantar-te. E tens de atá-las como sinal na tua mão, e elas têm de servir de frontal entre os teus olhos.”
O ANO SABÁTICO
11. Que excelentes benefícios se usufruíam durante o ano sabático?
11 O sétimo ano era ano sabático. A terra devia ficar de pousio, não sendo cultivada nem ceifada. Os que cuidam da conservação do solo reconhecem o valor desta prática. (Lev. 25:1-4) O proprietário podia comer o que crescesse de si mesmo, naquele ano, conforme o necessitasse. Também o pobre da terra podia vir e comer. Mostrava-se nisso consideração até mesmo para com os animais do campo, pois permitia-se que também participassem disso. (Lev. 25:5-7) Visto que a maioria dos israelitas eram lavradores, os habitantes do país não estavam muito ocupados com o trabalho durante o ano sabático. Novamente, a folga assim obtida não devia ser usada mal, mas devia resultar em mais tempo para associação espiritual, para a edificação da família na lei de Deus. Era em cada sétimo ano, durante a festividade das barracas, que os sacerdotes liam a lei inteira de Deus à nação. A respeito disso lemos em Deuteronômio 31:10-13: “Moisés foi ordenar-lhes, dizendo: ‘Ao fim de cada sete anos, no tempo designado do ano da remissão, na festividade das barracas, quando todo o Israel vier para ver a face de Jeová, teu Deus, no lugar que ele escolhei, lerás esta lei na frente de todo o Israel, aos seus ouvidos. Congrega o povo, os homens e as mulheres, e os pequeninos, e teu residente forasteiro que está dentro dos teus portões, para que escutem e para que aprendam, visto que têm de temer a Jeová, vosso Deus, e cuidar em cumprir todas as palavras desta lei. E seus filhos, que não a conheciam, devem escutar, e têm de aprender a temer a Jeová, vosso Deus, todos os dias em que vivais no solo para o qual estais atravessando o Jordão, a fim de tomar posse dele.’”
O JUBILEU
12. Por que exigia fé a observância do ano do Jubileu?
12 Cada qüinquagésimo ano era um Jubileu, em que a terra tinha de ser deixada sem cultivo. (Lev. 25:8, 9, 11, 12) Durante aquele ano se aplicava o mesmo princípio quanto ao colher dos produtos da feira. Guardar o Jubileu exigia fé. Tinham de confiar em Jeová para prover no quadragésimo oitavo ano em cada ciclo de cinqüenta anos alimentos suficientes para durarem até a colheita do qüinquagésimo primeiro ano, o ano depois do Jubileu. — Lev. 25:20-22.
13. (a) O que acontecia durante o ano do Jubileu? (b) De que modo era o Jubileu uma proteção para o povo, e, por causa do Jubileu, como se calculava o valor da terra?
13 O Jubileu, em certo sentido, era um ano inteiro de festividades, um ano de liberdade, de felicidade e de agradecimentos pelas provisões de Jeová. Tinham de restituir-se todas as terras e propriedades hereditárias que haviam sido vendidas. Cada homem retornava à sua família e aos seus bens ancestrais. (Lev. 20:13) Todos os escravos hebreus e eram libertos. (Lev. 25:10) Por meio deste arranjo, nenhuma família podia afundar em pobreza perpétua. Cada família tinha a sua honra e respeito próprio. Mesmo que um homem fosse desperdiçador dos seus bens, nunca podia para sempre perder a herança de sua posteridade, desonrando seu nome no país. Por causa da lei do Jubileu, seguia-se que nenhuma terra podia ser vendida perpetuamente. (Lev. 25:23, 24) Na realidade, a compra de terra era apenas um arrependimento, no seu efeito, sendo o valor da terra calculado segundo o valor das safras até o próximo Jubileu. — Lev. 25:14-16.
14. Do ponto de vista nacional, que benefício maravilhoso trazia o Jubileu?
14 Pode-se avaliar melhor a provisão maravilhosa do ano do Jubileu quando se consideram não só os resultados benéficos para o israelita individual, mas também mais especificamente o efeito sobre a nação como um todo. Quando considerado corretamente, vê-se que o Jubileu era o restabelecimento pleno e correto do estado teocrático estabelecido por Deus originalmente na Terra da Promessa. A economia nacional era assim mantida estável. Deus havia prometido a Israel que, se obediente, “certamente emprestarás sob caução a muitas nações, ao passo que tu mesmo não tomarás empréstimo”. (Deu. 15:6) O Jubileu trazia consigo uma norma estável dos valores da terra e assim impedia uma grande dívida interna, com falsa prosperidade e resultante inflação, deflação e depressão comercial. O Jubileu afastava também a necessidade de impostos onerosos.
15. Como impedia o Jubileu a condição que vemos hoje em muitas nações?
15 A lei do Jubileu, quando obedecida, preservava a nação contra ela chegar ao estado triste que hoje vemos em muitos países, onde há virtualmente apenas duas classes, os extremamente ricos e os extremamente pobres — servos, meeiros e outros semelhantes. Os benefícios resultantes para a pessoa fortaleciam a nação, pois ninguém ficava desprivilegiado e oprimido até à improdutividade devido a uma situação econômica péssima. Hoje em dia, muitos cidadãos valiosos não podem usar seus talentos devido à condição econômica que os prende a algum trabalho cotidiano monótono, só para ganharem o sustento. Mas em Israel, o cidadão diligente podia contribuir todos os seus talentos e habilidades ao bem-estar nacional.
PROTEÇÃO PARA MULHERES
16. Mencione algumas das proteções que a Lei concedia às mulheres em Israel.
16 As mulheres eram protegidas pelas leis maritais. Embora se praticasse a poligamia, não agindo Deus ainda para restabelecer o estado original da monogamia (Gên. 2:23, 24), ela era regulamentada. O filho primogênito dum homem, mesmo que fosse o da esposa menos amada, não podia ser privado de seus direitos de primogênito. (Deu. 21:15-17) O homem tinha de ter motivos válidos para se divorciar de sua esposa, e exigia-se dele adicionalmente que lhe desse um certificado de divórcio. (Deu. 24:1) Isto a protegia contra possíveis acusações posteriores de adultério ou prostituição. Uma escrava hebréia, tomada como esposa, tinha garantido o seu sustento, sua roupa e seus direitos maritais, mesmo que o homem favorecesse outra esposa. (Êxo. 21:7-11) Aquele que seduzia uma moça virgem antes do casamento, nunca se podia divorciar dela. (Deu. 22:28, 29) O soldado que se casasse com uma moça virgem, cativa, não a podia vender depois em escravidão. — Deu. 21:10-14.
LEIS DO DIREITO PENAL
17. Mencione algumas das vantagens de não ter havido encarceramentos sob a Lei.
17 As leis do direito penal eram muito mais excelentes do que as que hoje existem nos códigos penais. Sob esta Lei não se faziam provisões para o encarceramento. Só mais tarde, durante a regência dos reis, instituíram-se indevidamente prisões em Israel. (Jer. 37:15, 16; 38:6, 28) Não se aplicar nenhuma sentença de encarceramento por qualquer crime significava que não se precisava alimentar nem atrigar nenhum criminoso às custas do povo trabalhador que acatava a Lei. Quando alguém furtava algo de seu próximo, não era lançado na prisão, tornando-o assim incapaz de restituir o que havia furtado, deixando a sua vítima sofrer a perda. Não, exigia-se que pagasse em dobro o que havia furtado, ou mais, dependendo do objeto furtado e do que fez com ele. (Êxo. 22:1, 4, 7) Se não pagasse, era vendido em escravidão, o que significava que tinha de trabalhar até pagar a sentença contra ele pelo que havia furtado. (Êxo. 22:3) Esta lei não só ajudava a vítima do ladrão, mas também servia de forte inibição ao furtar.
18. Como enfatizava a Lei que a vida é sagrada?
18 A vida era considerada sagrada sob a Lei. O assassino deliberado não podia ser de modo algum exonerado. Tinha de ser morto, sem falta. Lemos assim, em Números 35:30-33, com respeito aos fugitivos nas cidades de refúgio: “Todo aquele que golpear fatalmente uma alma deve ser morto como assassino, pela boca de testemunhas, e uma só testemunha não pode testificar contra uma alma para ela morrer. E não deveis aceitar nenhum resgate pela alma dum assassino que merece morrer, pois, sem falta, deve ser morto. E não deveis aceitar resgate por alguém que fugiu para a sua cidade de refúgio, para ele voltar a morar no país antes da morte do sumo sacerdote. E não deveis poluir a terra em que estais; porque é o sangue que polui a terra, e não pode haver nenhuma expiação para a terra quanto ao sangue que se derramou sobre ela, exceto pelo sangue daquele que o derramou.” Isto eliminava assim o iníquo da sociedade israelita. O homicida acidental podia receber misericórdia. (Veja Números 35:9-15, 26-29.) Até mesmo um assassinato não solucionado não devia ficar sem expiação. A cidade mais próxima da cena do assassinato era considerada culpada de sangue e como estando sob maldição, a menos que realizasse a cerimônia exigida, para se remover perante Deus a culpa de sangue da comunidade. — Deu. 21:1-9.
19. De que modo fornecia a Lei proteção para a integridade da pessoa?
19 A integridade pessoal era considerada inviolável. As mulheres eram protegidas contra ataques. (Deu. 22:25-27) O rapto era crime capital. O raptor, em cujas mãos era encontrada a pessoa raptada, ou aquele que havia vendido o raptado em escravidão, tinha de ser morto, sem falta. — Êxo. 21:16; Deu. 24:7.
NÃO HAVIA DISTÚRBIOS NEM DELINQÜÊNCIA
20. Como eliminava a Lei a delinqüência e os distúrbios?
20 Enquanto a nação seguia a Lei, não havia o problema da delinqüência. Tampouco havia ações grevistas, nem distúrbios, amotinações ou golpes populares para assumir qualquer função do governo. Êxodo 23:2 diz: “Não deves acompanhar a multidão para maus objetivos; e não deves testificar a respeito duma controvérsia de modo a te desviares com a multidão, para perverter a justiça.” Isto se dava porque a unidade essencial da nação era a família. Ensinava-se muito respeito pelos regentes, bem como pelos próprios pais. (Êxo. 20:12; 22:28) Por exemplo, quem golpeasse seu pai ou sua mãe, ou invocasse o mal sobre eles, tinha de ser morto. (Êxo. 21:15, 17; Lev. 20:9) O filho que era incuravelmente rebelde, o qual, por exemplo, se tornou glutão e beberrão, tinha de ser executado. (Deu. 21:18-21) O respeito pelo lar e pela família resultava no respeito pelos regentes da nação, especialmente pelo seu Regente Principal, Jeová Deus.
RESPEITO PELOS DIREITOS DE PROPRIEDADE
21. Como salientava a lei o respeito pelos direitos de propriedade pelo que estipulava quanto aos objetos perdidos?
21 Nos tempos modernos, o costume popular seguido com respeito a um objeto perdido é que quem o acha fica com ele. Mas em Israel, quando alguém achava um objeto, exigia-se dele que o restituísse ao seu dono. Se o dono morava longe e não era conhecido, então o objeto tinha de ser guardado até que o dono o procurasse. (Deu. 22:1-3) Isto indica que aquele que o encontrou tinha de relatar o assunto oficialmente, para ajudar o dono na sua procura.
22. Como se protegia o direito de propriedade?
22 Os direitos de propriedade eram muito respeitados. Ninguém podia cobrar uma dívida por ir à casa do devedor para retirar o que havia sido penhorado. O credor tinha de esperar do lado de fora e deixar o homem trazer-lhe o objeto penhorado. (Deu. 24:10, 11) Tampouco podia o credor privar a pessoa de seus meios de vida imediatos ou de sua roupa essencial. Sobre isso está escrito em Deuteronômio 24:6, 12, 13: “Ninguém deve tomar como penhor um moinho manual ou sua mó superior, porque toma em penhor uma alma. E se o homem estiver em dificuldades, não te deves deitar com o seu penhor. Deves terminantemente restituir-lhe o penhor assim que se por o sol, e ele se tem de deitar no seu manto e tem de abençoar-te; e isto significará para ti justiça perante Jeová, teu Deus.”
BONDADE PARA COM ANIMAIS
23. Que regulamentos foram dados em benefício dos animais?
23 Também os animais deviam receber consideração bondosa. Quando um homem via um animal em apuros, mesmo que pertencesse ao seu inimigo, exigia-se dele que prestasse ajuda. (Êxo. 23:5; Deu. 22:4) Os animais de carga não deviam ser sobrecarregados ou maltratados. Não se devia açaimar o touro que debulhava, ao ponto de ele não poder partilhar dos frutos do seu trabalho enquanto debulhava o cereal. (Deu. 25:4) Os animais selváticos deviam ser tratados com bondade. O homem não devia remover tanto a ave materna como seus filhotes, nem a ave e seus ovos, eliminando assim a família. (Deu. 22:6, 7) Tampouco se devia abater o touro ou a ovelha e sua cria no mesmo dia. — Lev. 22:28.
LEIS MILITARES
24. (a) De que natureza eram as guerras de Israel no entanto, tinha o dever militar precedência a tudo o mais? (b) Que isenções havia do serviço militar, baseadas em que princípios?
24 As leis militares eram para as guerras de Jeová, por sua ordem e sob a sua direção. Mas, mesmo assim, a defesa nacional não devia ser considerada tão importante que se sobrepusesse aos direitos da família. O homem que havia ficado noivo e ainda não havia tomado sua esposa, e o homem casado por menos de um ano, estavam isentos até que, em cada caso, o casamento pudesse completar um ano. Isto se baseava no direito de o homem ter um herdeiro e de ver este herdeiro; também, no direito de a mulher ter um filho de seu marido. (Deu. 20:7; 24:5) Quando um homem havia construído uma casa, mas ainda não a havia inaugurado, ou quando um homem ainda não havia colhido os frutos dum vinhedo recém-plantado, ele estava isento. (Deu. 20:5, 6) A isenção se baseava no princípio de que o homem tinha o direito de gozar os frutos do seu trabalho. Os levitas estavam isentos por prestarem serviço no santuário. Esta lei colocava claramente a adoração de Jeová acima das necessidades militares. — Núm. 1:47-49; 2:33.
25. Como se assegurava a pureza religiosa e física do exército, e em que proveito resultava isso no caso do sítio de cidades inimigas?
25 Visto que as guerras eram as guerras de Jeová, os soldados eram santificados para a guerra e se exigia pureza no acampamento. (Deu. 23:9-14) Tampouco havia mulheres seguindo as tropas, assim como nos exércitos do mundo, para oferecerem relações sexuais aos soldados. Isto seria imoralidade. Além disso, havia abstenção até mesmo das relações sexuais com a esposa, durante uma campanha militar. (1 Sam. 21:5; 2 Sam. 11:6-11) Assim se garantia a pureza religiosa e física do exército. Concordemente, não se violentavam mulheres entre os inimigos capturados. A lei, rigorosamente observada, era benéfica por oferecer induzimento ao inimigo para se render, sabendo que suas mulheres não seriam molestadas. — Deu. 21:10-13.
ZELO PELA VERDADE
26. Que estatutos relacionados com causas jurídicas promovia o zelo pela verdade e pela justiça?
26 Exigia-se que a testemunha testificasse aquilo que sabia. (Lev. 5:1) Não devia cometer perjúrio, pois isto seria mentir “perante Jeová”. Quando se descobria que as acusações levantadas contra outro eram deliberadamente falsas, o acusador sofria a mesma pena que teria sido aplicada ao acusado. Por isso lemos em Deuteronômio 19:16-19: “Caso se levante contra um homem uma testemunha que trame violência, para levantar contra ele uma acusação de revolta, então os dois homens que tiverem a disputa têm de ficar de pé perante Jeová, perante os sacerdotes e perante os juízes que estiverem em exercício naqueles dias. E os juízes têm de pesquisar cabalmente, e se a testemunha for uma testemunha falsa e tiver levantado uma acusação falsa contra seu irmão, então tendes de fazer-lhe assim como ele tramou fazer ao seu irmão, e tens de eliminar o mal do teu meio.” Ninguém podia ser morto em base de evidência circunstancial. Precisava haver duas testemunhas oculares para se determinar a verdade. (Deu. 17:6; 19:15) Os que eram testemunhas contra o homem achado culpado dum crime capital deviam ser os primeiros a participar no apedrejamento do homem até a morte. Esta lei promovia o zelo pela justiça em Israel. Não só os juízes, mas todo cidadão era obrigado a demonstrar seu desejo de manter o país livre da culpa de sangue perante Deus. Isto inibia também o testemunho falso, apressado ou descuidado. A lei em Deuteronômio 17:7 resultava em bem, dizendo: “A mão das testemunhas deve ser a primeira a vir sobre ele para o entregar à morte, e depois a mão de todo o povo; e tens de eliminar o mal do teu meio.”
RELAÇÕES CONJUGAIS PROIBIDAS
27. Quais eram algumas das leis com respeito às relações maritais?
27 As leis que governavam o matrimônio proibiam o casamento entre parentes carnais muito próximos. Neste respeito, Levítico 18:6 diz: “Não vos deveis chegar, nenhum de vós, a qualquer parente carnal que lhe seja chegado, para descobrir a nudez. Eu sou Jeová.” Tais relações eram repugnantes à natureza humana e não eram geneticamente sábias. E o ato imundo de se terem relações sexuais deliberadas com a esposa durante o seu período menstrual “descobre a fonte de seu sangue”. Ambos sofriam a pena de morte. (Lev. 20:18) A prática revoltante do homossexualismo e da bestialidade também era punida com a morte, segundo Levítico 20:13, 15, onde está escrito: “Quando um homem se deita com um macho assim como alguém se deita com uma mulher, ambos realmente fazem algo detestável. Sem falta devem ser mortos. Seu próprio sangue está sobre eles. E quando um homem dá a sua emissão seminal a um animal, sem falta deve ser morto, e deveis matar o animal.”
LIMPEZA
28, 29. (a) De que maneira serviam as leis sanitárias e de alimentação para manter Israel como nação separada? (b) Quais eram alguns dos benefícios literais para a saúde?
28 As leis sanitárias e de alimentação tinham um objetivo duplo. Serviam para manter Israel como nação separada, sempre lembrada de que devia ser um povo religiosamente limpo perante Jeová. Estes regulamentos também impediam que o povo tivesse relações sociais com os pagãos que os cercavam. Ao ler o livro bíblico de Levítico, capítulos 11 a 15, verá que os israelitas tinham de se manter escrupulosamente limpos, em sentido religioso e físico. Caso uma família israelita aceitasse um convite de ir a um lar pagão para comer, poderia haver inúmeras coisas que os tornariam religiosamente impuros ou que talvez os tornassem sem querer culpados de comer sangue. Depois havia o grande perigo de se ficar envolvido num ato idólatra, e, naturalmente, o perigo adicional de levar os seus filhos a envolvimentos matrimoniais com os pagãos. Declara-se apropriadamente a Israel em Deuteronômio 7:3: “Não deves formar com elas nenhuma aliança matrimonial. Não deves dar tua filha ao seu filho e não deves tomar sua filha para teu filho.”
29 Daí, do ponto de vista médico, as leis sanitárias e de quarentena, junto com as leis de moral e a proibição do sangue, constituíam uma proteção maravilhosa contra a febre tifóide, o tifo, a peste bubônica, a hepatite, a gonorréia e a sífilis, e contra inúmeras outras doenças.
30. Por que devemos ser diligentes em descobrir tudo o que a Lei prefigurava?
30 A Lei era muito excelente, no entanto, foi dada apenas a uma nação típica de Deus, e fornecia uma sombra das boas coisas vindouras. Isto é declarado em Hebreus 10:1, onde lemos: “Pois, visto que a Lei tem uma sombra das boas coisas vindouras, mas não a própria substância das coisas, os homens nunca podem, com os mesmos sacrifícios que oferecem continuamente de ano em ano, aperfeiçoar os que se aproximam.” Portanto, quão diligentes devemos ser em estudar o que foi prefigurado, a saber, a lei da liberdade introduzida por Jesus Cristo, mencionada em Tiago 1:25, onde lemos: “Mas aquele que olha de perto para a lei perfeita que pertence à liberdade e que persiste nisso, este, porque se tornou, não ouvinte esquecediço, mas fazedor da obra, será feliz em fazê-la.” E podemos aguardar com viva expectativa o governo justo da terra, durante o glorioso reinado milenar de Cristo, agora tão perto! Então se darão aos habitantes da terra as necessárias instruções justas, incluindo até mesmo os mortos ressuscitados, conforme se descreve em Revelação 20:12, 13, onde lemos: “Eu vi os mortos, os grandes e os pequenos, em pé diante do trono, e abriram-se rolos. Mas outro rolo foi aberto; é o rolo da vida. E os mortos foram julgados pelas coisas escritas nos rolos, segundo as suas ações. E o mar entregou os mortos nele, e a morte e o Hades entregaram os mortos neles, e foram julgados individualmente segundo as suas ações.”
[Foto na página 754]
A lei de Deus provia um dia livre do trabalho. Podia ser usado para coisas sagradas, tais como ensinar aos filhos os mandamentos de Deus.