Perguntas dos Leitores
● Qual é a atitude das testemunhas de Jeová quanto a servir como jurado?
As testemunhas de Jeová reconhecem que aquilo que as pessoas fazem com referência a servir como jurados é um assunto pessoal, governado pelos ditames da consciência.
No que se refere a elas pessoalmente, as testemunhas de Jeová, em geral, acham que não deviam arvorar-se em juízes de outros. Quando confrontado com a oportunidade de resolver uma disputa jurídica, seu Exemplo, o Senhor Jesus Cristo, rejeitou-a, dizendo: “Quem me designou juiz ou partidor sobre vós?” (Luc. 12:14) O apóstolo Paulo suscitou perguntas similares na sua carta aos Coríntios: “O que tenho eu que ver com o julgamento dos de fora? Não julgais vós os de dentro [da congregação cristã], ao passo que Deus julga os de fora?” — 1 Cor. 5:12, 13
Também, muitos dos que servem como jurados não desejam ser guiados pelas leis da Palavra de Deus para chegar a um veredicto. Alguns jurados têm consultado horóscopos, entregando-se a preconceitos pessoais ou cedendo às pressões dos outros em chegar a uma decisão. Portanto, há o perigo de se tornar partícipe de um erro judicial. Quando está envolvida a vida dum acusado, isto poderia significar incorrer em culpa de sangue. Pode-se ver, assim, por que servir como jurado pode levar a sérios conflitos de consciência.
As exigências legais para se servir num júri e as provisões de isenção variam de lugar em lugar. Dentro dos Estados Unidos, a situação num estado pode ser bastante diferente da em outro estado. Às vezes, explicar-se a situação ao funcionário judicial ou ao juiz pode resultar em se riscar o nome da pessoa da lista dos prospectivos jurados. Opiniões jurídicas nos estados de Virgínia Ocidental, Minnesota e Washington, de fato, sustentaram o direito da pessoa de recusar por motivos religiosos servir num júri. E no Estado de Colorado, os que podem provar por documentos que são testemunhas de Jeová obtêm isenção de servir como jurados.
As isenções, porém, não são concedidas em toda a parte. Quando alguém não pode ser isento, ao ser chamado para servir num júri, mesmo depois de explicar o assunto ao juiz, não obstante, poderá declarar seus escrúpulos de consciência com respeito ao caso quando interrogado pelos advogados, antes de começar o julgamento. Se os seus escrúpulos de consciência não forem aceitos para desqualificá-lo como jurado, o cristão talvez ache que terá de recusar servir, para não violar a sua consciência. Neste caso, deve estar preparado para enfrentar quaisquer conseqüências que possam surgir em resultado de sua decisão.
● Por que se permite nas reuniões das testemunhas cristãs de Jeová que as mulheres falem embora 1 Coríntios 14:34 diga que “não se lhes permite falar”?
A aplicação da ordem inspirada do apóstolo Paulo deve ser entendida à luz do contexto. Quando Paulo escreveu, nas reuniões da congregação em Corinto, inclusive as reuniões em que incrédulos estavam presentes, faltava certa ordem. Às vezes, mais de uma pessoa profetizava ou falava numa língua. (1 Cor. 14:22-32) Evidentemente, algumas mulheres ali suscitavam questões desafiadoras e disputavam com os homens designados para instruir a congregação. Assim, estas mulheres realmente assumiam o cargo de instrutoras e desconsideravam a situação de chefia designada ao homem. — 1 Cor. 11:3.
Para corrigir a situação, Paulo trouxe à atenção que “Deus não é Deus de desordem, mas de paz”. (1 Cor. 14:33) A respeito das mulheres, ele escreveu: “Fiquem caladas as mulheres nas congregações, pois não se lhes permite falar, mas estejam em sujeição, assim como diz até mesmo a Lei. Se, então, quiserem aprender algo, interroguem a seus próprios maridos em casa, pois é ignominioso para uma mulher falar na congregação.” (1 Cor. 14:34, 35) Esta admoestação está de acordo com as palavras posteriores de Paulo, na sua primeira carta a Timóteo: “A mulher aprenda em silêncio com plena submissão. Não permito que a mulher ensine ou exerça autoridade sobre o homem, mas que esteja em silêncio.” — 1 Tim. 2:11, 12.
Concordemente, a ordem de as mulheres não falarem aplicava-se sempre que tal falar tinha o efeito prejudicial de minar a autoridade dos homens na congregação. Que isto não excluía todo o falar por parte das mulheres é evidente em 1 Coríntios 11:5: “Toda mulher que orar ou profetizar com a sua cabeça descoberta envergonha aquele que é sua cabeça.” Entretanto, teria sido ignominioso para as mulheres suscitarem questões desafiadoras ou elevarem-se acima dos homens reunidos, começando a instruí-los. Fazerem tais coisas traria vitupério sobre seus maridos.
Em harmonia com a norma apostólica, as mulheres nas congregações das testemunhas cristãs de Jeová não instruem a congregação nas reuniões públicas. Não exercem autoridade sobre os homens. O que falam é feito sob a direção dos homens designados para supervisionar a reunião. Assim, em ocasião alguma, é seu falar contrário à autoridade que os homens exercem na congregação.
● Não mostra o exemplo bíblico, em que Jeová expressou sua desaprovação de Onã desperdiçar seu sêmen, que é errado o uso de preventivos?
Não, porque um exame do registro a respeito do Onã revela que ele não foi morto por praticar controle de natalidade.
Depois da morte de seu irmão Er, Onã foi mandado por seu pai Judá a realizar o casamento de cunhado com Tamar. Isto tinha por objetivo expresso ‘suscitar descendência’ para seu irmão falecido. De outro modo não teria direito de ter relações com ela. Lemos a respeito da reação de Onã à ordem de Judá: “Onã sabia que a descendência não se tornaria sua; e deu-se que, quando teve relações com a esposa de seu irmão, desperdiçou o seu sêmen na terra, para não dar descendência a seu irmão. Ora, o que ele fez era mau aos olhos de Jeová.” (Gên. 38:8-10) O casamento de cunhado foi mais tarde incorporado no pacto da Lei, às ordens de Jeová. — Deu. 25:5, 6.
Por agir contrário ao objetivo do casamento de cunhado, Onã demonstrou desrespeito para com seu pai. Em desobediência à ordem de seu pai, refreou-se egoistamente de preservar a linhagem de Er. Isto expressava também ódio a Er porque Onã não agia a favor dos interesses de seu irmão falecido mas sim contra eles. Onã desonrou empedernidamente a viúva de seu irmão. Expôs egoistamente a nudez dela, mas negou-lhe o direito legítimo da maternidade. Mostrou também que não tinha apreço de “coisas sagradas”, visto que havia a possibilidade de o prometido Messias vir através da descendência que talvez gerasse por meio de Tamar. (Veja Hebreus 12:16.) Todos estes fatores revelam que Onã era homem iníquo, que não tinha consideração para com os interesses dos outros, quando seus próprios interesses pareciam estar em jogo. Foi por causa desta baixeza do motivo de Onã não dar descendência a seu irmão falecido que Jeová o matou.
Sendo o caso de Onã um que envolvia a desconsideração egoísta para com o objetivo do casamento de cunhado, ele não pode ser usado para condenar o controle da natalidade. É digno de nota que a Bíblia, em parte alguma, trata do uso de preventivos ou do controle da natalidade no casamento. Nem diz ela que os cristãos têm a obrigação de ter filhos. Por conseguinte, no que se refere ao controle da natalidade, os casais cristãos precisam deixar-se controlar pela sua consciência treinada pela Bíblia.
● Segundo Samuel 11:4, 5 reza: “Davi enviou mensageiros, a fim de tomá-la. De modo que ela entrou até ele e ele se deitou com ela, enquanto ela se santificava da sua impureza. . . . E a mulher ficou grávida.” Refere-se esta “impureza” à menstruação, e, se se referir, como poderia Bate-Seba ficar grávida nessa ocasião?
A Bíblia não diz exatamente qual era a impureza da qual Bate-Seba se santificava. Poderia estar associada com seu período mensal ou com um corrimento ou outra coisa que resultou em impureza cerimonial. Alguns tradutores até mesmo traduzem este trecho de tal modo que sugerem que ela se santificava da impureza resultante de suas relações sexuais com Davi. A tradução alemã de Leander van Ess reza: “E ela veio até ele, e ele dormiu com ela. E ela se santificou de sua impureza, e voltou para a casa dela.” Segundo esta versão, Bate-Seba cumpriu a lei de Levítico 15:18: “Quanto à mulher com quem um homem se deitar com emissão de sêmen, eles terão de banhar-se em água e ser impuros até à noitinha.”
Todavia, no caso de a santificação da impureza estar ligada com o ciclo menstrual de Bate-Seba, ela ainda poderia ficar grávida. Segundo Levítico 15:19, 29, a mulher que menstruava era impura por sete dias (contando-se a partir de seu fluxo menstrual) e devia santificar-se no oitavo dia. Se uma mulher poderia ficar grávida no oitavo dia ou não dependeria de seu ciclo, que não tem a mesma duração para todas as mulheres. Se Bate-Seba tivesse um ciclo entre vinte e um e vinte e seis dias de duração, poderia ficar grávida no oitavo dia de seu ciclo. No caso de um ciclo de vinte e um dias, por exemplo, a gravidez pode resultar de relações sexuais no terceiro dia (a partir do início do fluxo menstrual) até o décimo dia.
● Mostra Gálatas 4:15 como os cristãos devem encarar o transplante de órgãos do corpo?
Gálatas 4:15 reza: “Se tivesse sido possível teríeis arrancado os vossos olhos e mos teríeis dado.” O apóstolo Paulo usou ali simplesmente uma figura de retórica. A consideração e o afeto dos gálatas para com Paulo era tão grande, que teriam estado dispostos a sacrificar qualquer coisa útil para eles mesmos, sim, mesmo algo tão precioso e indispensável como os seus olhos literais para ajudá-lo a enxergar. De modo similar, Jesus Cristo fez referência ao olho como representando algo dotado de vista, quando disse: “Se, pois, aquele olho direito teu te faz tropeçar, arranca-o e lança-o para longe de ti.” (Mat. 5:29) O uso da vista para olhar para algo que faz tropeçar para uma queda espiritual devia ser amortecido. Nem Jesus nem Paulo consideravam ali o assunto dos transplantes de órgãos do corpo.