Como Deus manteve Israel como povo separado
A BÍBLIA é um tesouro inesgotável de conhecimento. Inspirada, é “proveitosa para ensinar, para repreender, para endireitar as coisas, para disciplinar em justiça. Incluídas nisto se acham as leis que Jeová Deus forneceu à nação de Israel para separá-la das nações em sua volta. — 2 Tim. 3:16.
Por que Jeová quis que seu povo se mantivesse separado das outras nações, e como conseguiu isto? Desejou que fosse um povo separado a fim de ter um povo para Seu nome, um povo que mantivesse viva a adoração pura na terra, um povo ao qual pudesse vir o Messias e que Deus pudesse usar para abençoar todas as famílias da terra: “Se obedecerdes estritamente à minha voz e deveras guardardes meu pacto, então vos haveis de tornar minha propriedade especial dentre todos os outros povos, pois minha é toda a terra. E vós mesmos vos, tornareis para mim um reino de sacerdotes e uma nação santa.” — Êxo. 19:5, 6.
Ou, conforme expresso pelo profeta Isaías: “‘Vós sois as minhas testemunhas’, é a pronunciação de Jeová, ‘sim, meu servo a quem escolhi, para que saibais e tenhas fé em mim, e para que entendais que eu sou o Mesmo. . . . Eu mesmo o comuniquei, e salvei, e fiz que fosse ouvido, quando entre vós não havia nenhum deus estranho. Portanto, vós sois as minhas testemunhas’, é a pronunciação de Jeová, ‘e eu sou Deus’.” — Isa. 43:10, 12.
A fim de manter a nação de Israel como povo separado, Deus lhe forneceu um grande número de leis que especificavam o que era limpo e o que era impuro. Estas foram registradas primariamente no livro de Levítico. Por tal motivo, em alguns idiomas, o livro se tornou sinônimo da Lei. Assim, ‘ler Levítico para alguém’ significava que se dava um sermão sobre o que dizia a lei. Entre as muitas coisas mencionadas naquele livro e que tornavam impuro o israelita se achavam certas moléstias da pele, tais como a lepra, tocar em cadáveres, a emissão seminal do homem à noite e o fluxo menstrual da mulher. O israelita tinha por obrigação evitar contato com outros se estes o tornassem impuro. Tudo isto servia para manter os israelitas separados dos vizinhos pagãos, pois estes não reconheciam tais tabus e, por conseguinte, poderiam estar impuros em quaisquer destas muitas formas. A circuncisão era outro meio usado para o mesmo fim. — Lev. 11:39; 13:2-4; 15:16, 19.
Em especial, as leis dietéticas de Moisés, definindo o que os israelitas podiam ou não podiam comer, serviram para manter os israelitas afastados de seus pagãos vizinhos. Não se lhes permitia comer qualquer gordura animal nem sangue, ou a carne de qualquer mamífero que não ruminasse e que não tivesse casco partido. Foram proibidas muitas aves, bem como grande número de criaturas marinhas, todas que não tivessem escamas e barbatanas. — Lev. 11:1-31.
Suponhamos que um vizinho gentio convidasse um israelita a comer com ele. O israelita teria de perguntar: Que tipo de carne será? Foi sangrada devidamente? Como foi preparada? Foi usada gordura animal? Ao invés de embaraçar seu anfitrião, ele simplesmente declinaria o convite, assim servindo ao propósito de Jeová. E, ao passo que muitos destes tabus tinham fins de saúde, não se deve olvidar que o motivo principal de Jeová Deus fornecer todas estas restrições era para o bem-estar espiritual de seu povo; de modo a erguer o muro separatório entre os israelitas e seus vizinhos de forma tão alta quanto possível, sem, contudo, causar qualquer dificuldade indevida a Seu povo.
Outro meio usado por Deus para manter sua nação escolhida como povo separado foi proibir que se casassem com povos ao redor deles. Mui explicitamente, Jeová ordenou: ‘Não deves formar com elas nenhuma aliança matrimonial. Não deves dar tua filha ao seu filho e não deves tomar sua filha para teu filho. Pois, ele desviará teu filho de seguir-me e certamente servirão a outros deuses; e a ira de Jeová deveras se acenderá contra vós e ele certamente te aniquilará depressa.” — Deu. 7:3, 4.
Sabiamente, esta lei destacou um dos maiores perigos para que Israel continuasse como povo para o propósito especial de Deus, suas testemunhas. A falsa religião é cada vez mais cativante para a carne e fácil de praticar. Por conseguinte, seria dificílimo que o israelita sentisse a forte antipatia que deveria sentir para com os degradantes ritos religiosos se ficasse continuamente exposto a eles, em especial se sua própria esposa os praticasse. Ademais, como simples questão matemática, os israelitas eram amplamente menos numerosos do que os povos do país. Se Deus lhes permitisse casar-se com os gentios, logo teriam sido assimilados por eles e teriam desaparecido.
Suplementando tais leis fornecidas primariamente para manter Israel como povo separado, havia os mandamentos de Jeová no tocante a não terem outros deuses diante dele e não fazerem quaisquer imagens e nem adorá-las. Elas cumpriam o mesmo fim. Os elevados e nobres princípios da adoração de Jeová foram assim contrastados com o politeísmo popular da terra de Canaã, e, em especial, com seu falicismo, que era tão comum. A medida que os israelitas obedeciam a tais leis, serviam também como muro separatório entre eles e as nações os redor. — Êxo. 20:1-6.
O mesmo também se dava com o restante do Decálogo, que exigia que mantivessem sagrado o nome e o sábado de Jeová, e mantivessem uma conduta correta para com seu próximo. Também, pode-se dizer o mesmo sobre Suas leis que proibiam o incesto, o homossexualismo, a bestialidade e a imoralidade semelhante. As restrições severas que a Palavra de Deus continha sobre tais crimes faziam com que os israelitas vissem em sua verdadeira luz aqueles que praticavam tais coisas, como pessoas egoístas, perversas, crassamente imorais, e, por conseguinte, nem desejassem associar-se com elas. — Êxo. 20:7-17; Lev. 20:13-17.
Ao ponto que os israelitas, no decorrer dos anos, guardassem tais leis, teriam benefícios delas, tanto física como espiritualmente. No entanto, quando o Messias veio, só encontrou um pequeno restante que guardava tanto o espírito como a letra de tais leis. Estas se tornaram parte do Israel espiritual.
Visto que apenas um restante foi comprovado como fiel, Deus voltou sua atenção para as nações a fim de tirar delas um povo para Seu nome, uma nação de testemunhas. Para que servissem à finalidade para a qual Deus os escolhera, tinham, semelhantemente, de manter-se afastados das pessoas em volta. Na verdade, os cristãos não têm um código de leis que governam o que possam comer, a fim de mantê-los separados dos que não adoram a Jeová Deus. No entanto, têm mandamentos explícitos no que tange a prestarem a Deus a adoração exclusiva, à sua conduta correta, a se refrearem de casar-se com aqueles que não adoram a Jeová. Permaneceram neutros nos conflitos mundanos, sua recusa de tomar sangue e evitarem o fumo ilustra como são deveras um povo separado. Aplicarem as leis da Bíblia ou seus princípios subjacentes em suas vidas diárias certamente resulta em separá-los de outros que apenas professam ser cristãos.