Harmonizemos nosso emprego com o ‘amor ao próximo’
Há mais de oitenta anos atrás, a revista Sentinela (abril de 1891, em inglês), publicou uma carta, na qual um dos seus leitores contava como havia deixado de usar o fumo “com a ajuda do Senhor”. Depois disso, em diversas ocasiões, A Sentinela incentivou outros a se livrarem também desta forma de escravidão. — Em inglês: 1/8/1895; 15/11/1905; 1/2/1912; 1/3/1935; 1/7/1942; 15/2/1950; em português: 15/8/69; 1/7/72; e na Despertai! de 15/7/54.
Com o decorrer dos anos, a luz da verdade sobre este assunto tornou-se cada vez mais brilhante, até que as testemunhas de Jeová compreenderam claramente qual a posição do cristão hoje neste assunto. A Sentinela de 1.º de dezembro de 1973 apresentou os motivos bíblicos pelos quais é errado alguém usar o fumo e mostrou que os cristãos batizados que usarem fumo seriam removidos da congregação cristã. Concedia-se aos batizados que usavam fumo um período razoável de tempo para se livrarem do vício.
A Sentinela de 1.º de janeiro de 1974 forneceu exemplos de cristãos dedicados que, em reconhecimento dos efeitos prejudiciais do fumo sobre a família humana, exerceram sua consciência e se recusaram a continuar a cultivar o fumo. Salientou também que alguns haviam deixado de trabalhar para firmas que fabricam e distribuem cigarros, charutos e produtos de tabaco.
Também o Ministério do Reino de maio de 1974 continha um artigo sobre como os que usam fumo devem ser encarados pela congregação cristã.
Desde então, fizeram-se diversas perguntas sobre o cultivo, a venda e a distribuição de fumo e produtos de tabaco, relacionados com o emprego da pessoa. Há alguns tipos de emprego que bem flagrantemente estão em conflito aberto com as normas bíblicas. Por isso, as testemunhas de Jeová recusam-se já por muito tempo a reconhecer como membros da congregação aqueles que ganham a vida com a jogatina, com a fabricação de objetos de idolatria ou que trabalham em algo que contraria diretamente o proceder de paz descrito em Isaías 2:4. Quando o trabalho de alguém é flagrantemente contrário às normas bíblicas, pode resultar corretamente em ele ser rejeitado pela congregação, em ele ser desassociado. A própria Bíblia estabelece a norma ou regra em que tal ação se baseia.
A Sentinela apresentou uma declaração clara mostrando os efeitos prejudiciais do fumo sobre o corpo e classificou-o corretamente como droga viciadora, prejudicial. Diversas autoridades governamentais têm reconhecido os efeitos prejudiciais do fumo, mas até agora não proibiram o uso do fumo ou a sua produção. A legalidade do fumo não altera o erro básico envolvido na produção ou venda com lucro dum produto que é prejudicial ao próximo. Para ilustrar isso, certo país talvez legalizasse a maconha (assim como pode haver países em que há prostituição legalizada), no entanto, quem ganhasse a vida com a produção ou venda de maconha claramente ainda não seria membro apto da congregação de Deus.
Portanto, quem for proprietário duma tabacaria, quem se empregou numa fábrica dedicada a produtos de fumo, o vendedor duma firma cujo negócio é vender fumo e o lavrador que controla a lavoura no seu sítio ou na fazenda e que decide cultivar fumo deve reconhecer que é responsável pelo que faz. Como pode sua consciência cristã permitir-lhe causar dano ao seu próximo, quando ele está em condições de controlar o que se faz? Os irmãos deverão poder avaliar a seriedade do assunto e também a pesada responsabilidade que as pessoas têm na questão do emprego que envolve uma prática errada. Não deve haver dúvida quanto ao flagrante erro da parte daqueles que têm como principal fonte de renda a promoção do uso de fumo, às custas do bem-estar de seu próximo. Tal proceder está em flagrante contradição com a ordem básica de amar o próximo como a si mesmo. — Mat. 22:39.
Depois há aquele que é proprietário dum armazém ou negócio e que mantém um estoque de fumo como produto menor entre os muitos que vende. Talvez diga que preferiria não mantê-lo, mas que seus fregueses o exigem, e isto talvez se baseie em fatos. Ele acha que não promove ativamente o fumo. No entanto, embora sua responsabilidade possa ser menor do que a daquele cuja renda principal provém do fumo, qual é seu motivo para satisfazer a demanda dos seus fregueses? Não é manter seu negócio e o lucro que produz? Visto que é dono do armazém ou do negócio e tem controle sobre o que se vende ali, a responsabilidade recai diretamente sobre ele, e sua consciência cristã devia induzi-lo a se desfazer de todo o seu estoque de fumo e a não substituí-lo, mesmo que resulte numa perda financeira para ele. Certamente, deve poder ajustar seus negócios dentro dum período razoável, digamos, três meses, e aliviar-se de tal responsabilidade, embora sofra alguma perda, para assim poder continuar como membro da congregação. Se um freguês perguntar por que não vende mais fumo, poderá explicar que é bom vizinho e quer fazer o bem ao próximo.
Em comparação, pode haver um cristão que simplesmente é empregado dum estabelecimento que vende fumo incidentalmente, sem influência ou controle sobre o que se vende. Por exemplo, o empregado dum restaurante pode ser pedido pelo freguês a lhe vender um charuto daqueles que a gerência tem à disposição. Ou talvez trabalhe num armazém ou num mercado; os principais produtos vendidos são gêneros alimentícios e carne, mas os proprietários mantêm um estoque de fumo como artigo incidental. Espera-se do empregado cristão que receba dinheiro pelos produtos vendidos, inclusive pelo fumo. A consciência pessoal teria de ditar-lhe o que ele ou ela poderia e deveria fazer em tal situação quanto a manejar produtos de fumo até este ponto. Talvez prefira pedir que seu patrão o exonere do manejo destes produtos objetáveis. A menos que se levantasse uma questão séria, tal empregado não seria impedido de servir como pioneiro, ancião ou servo ministerial na congregação.
Surgem algumas perguntas sobre quando um armazém ou negócio é da propriedade de sócios, sendo apenas um deles cristão batizado, ou quando o cristão é contratado como gerente do lugar de negócios ou trabalha sob um arranjo de concessão, vendendo-se ali fumo. O que se deve considerar basicamente, em tais casos, é se o cristão exerce controle sobre o negócio ao ponto de poder parar com a venda dos produtos de fumo. Num arranjo de sociedade, o sócio ou os sócios que não estão na verdade talvez insistam em que se continue a vender ali fumo e o cristão talvez não possa impedir isso. Em tais casos, o cristão que deseja ter uma boa consciência no assunto poderá informar seus sócios de que eles assumam plena responsabilidade pelas vendas de fumo e de que ele não quer receber nenhuma parte dos lucros com a venda dos produtos de fumo. Caso o proprietário dum negócio exija do gerente que venda fumo junto aos outros produtos, então o cristão terá de decidir na sua própria consciência se poderá continuar no seu emprego, sob tais circunstâncias, ou não. Alguns talvez prefiram desvincular-se de tal negócio. Caso continuem nisso, os anciãos locais poderão pedir que tais pessoas lhes mostrem que estocarem e venderem fumo no seu lugar de negócio não é resultado de sua própria escolha ou decisão.
Aquele cujo emprego ou trabalho principal é manejar, processar, fabricar ou vender fumo ou produtos de fumo contribui para o vício de outros. Se um cristão dedicado e batizado se achar trabalhando em tal tipo objetável de emprego, deve providenciar dentro dum tempo razoável, talvez três meses, achar outro emprego que não esteja em desacordo com os requisitos das Escrituras para uma vida cristã. Por outro lado, se depois deste período ele decidir continuar no emprego objetável, será necessário que a congregação aja e o expulse da congregação.
Cultivar fumo também faz parte da indústria do fumo e é tão objetável como usar pessoalmente o fumo ou ganhar a vida com a venda de produtos de fumo. O cristão dedicado que é dono de suas próprias terras tem controle sobre o que quer plantar e tem de assumir a responsabilidade pelo que suas terras produzem. Conforme indicou A Sentinela de 1.º de janeiro de 1974, a consciência cristã deve induzi-lo a fazer o bem aos outros. O fumo não faz o bem à família humana. Portanto, por que deveria o lavrador ou fazendeiro cristão envolver-se na produção e na venda de fumo?
Nos Estados Unidos, o governo providenciou o que se chama de “lote de tabaco” para as terras em regiões da produção de fumo. Pode-se usar certa porcentagem de terra para o cultivo do fumo ou pode-se produzir certo número de libras de fumo sob o arranjo dos lotes. Alguns perguntaram o que devem fazer quando têm um lote de tabaco para suas terras. Eles não precisam usá-lo, mas podem cultivar outros produtos na sua lavoura. É verdade que, segundo cartas recebidas, a maior renda entre as safras provém da safra de fumo. Se o irmão se negar a plantar, no futuro, fumo nas suas terras, poderá significar para ele uma perda financeira, mas ao mesmo tempo significará ter uma boa consciência para com Deus e uma boa situação na congregação. (1 Tim. 1:5, 19) Nestes dias de crescente falta de gêneros alimentícios, o lavrador ou fazendeiro cristão pode fazer o bem ao seu próximo por produzir gêneros alimentícios em vez de causar-lhe dano por produzir fumo.
Há irmãos que são arrendatários de terras nas quais há um lote de tabaco, e nisso se aplica o mesmo princípio. O lavrador cristão evitará qualquer emprego objetável por produzir safras que não sejam de fumo ou de outras drogas viciadoras similares.
Quando um irmão é proprietário de terras em que há um lote de tabaco e ele as arrenda ou aluga, não desejará envolver-se num arranjo de meeiro no qual sabe de antemão que o arrendatário produzirá fumo na lavoura. O mesmo se aplica a dar em arrendamento um lote de tabaco. Ele certamente sentirá responsabilidade por se envolver conscientemente e por ganhar dinheiro da produção do fumo prejudicial. Portanto, ao ponto que tiver controle sobre o assunto, desejará cuidar de que suas terras, arrendadas a outros para a lavoura, sejam usadas para a produção de safras que não incluam o fumo, se quiser continuar como membro da congregação.
Em tais circunstâncias, alguns lavradores cristãos em regiões de produção de fumo, talvez concluam que o único proceder prático que lhes está disponível é entrar em outro negócio e deixar a lavoura. Podem até mesmo decidir vender suas terras para as quais o governo designou um lote de tabaco. Haveria alguma objeção a que o cristão vendesse suas terras nas quais há um lote de tabaco? Não há motivo pelo qual o lavrador ou fazendeiro cristão deva sentir responsabilidade pelo que outro faz com as terras depois de ele as ter vendido. Isto vem a ser da responsabilidade do novo proprietário, e se este decidir usar o lote de tabaco, o lavrador ou fazendeiro cristão que vendeu as terras não terá nada com isso e não ficará afetado na sua situação na congregação cristã.
Algumas cartas indicam que certos irmãos já firmaram contratos e deram a sua palavra no sentido de que lavrarão certas terras e produzirão fumo. Talvez já tenha arrendado suas terras a alguém para o próximo ano ou mais. Não se sabe se tais irmãos poderão cancelar tais contratos ou se eximir deles de algum modo, mas será elogiável se procurarem meios de evitar continuar a envolver-se no cultivo do fumo. Em alguns casos, será possível que o lavrador cristão rescinda o contrato para o qual deu sua palavra e fez um acordo legal. Talvez tenha feito o arranjo em boa fé, sem reconhecer que aquilo que fez realmente era impróprio para o cristão. Em tais casos, parece razoável que o lavrador cristão explique sua situação à comissão judicativa da congregação, salientando o que fez para tentar eximir-se da obrigação de produzir fumo e mostrando à comissão o contrato assinado ou a evidência do acordo. Em tais casos, os anciãos locais poderão considerar o caso individual e não precisarão expulsar da congregação o lavrador cristão, por cumprir sua palavra anteriormente dada no contrato e cumprir o contrato. Contudo, durante o tempo em que o contrato envolve alguém diretamente na produção de fumo, não será apropriado usá-lo como pioneiro, ancião ou servo ministerial na congregação. Nesta situação, ele não é “irrepreensível”, nem está ‘livre de acusação’. (1 Tim. 3:2, 10) Mas assim que o contrato terminar, se o lavrador ou fazendeiro cristão fizer outro contrato para cultivar fumo, estará sujeito a ser expulso da congregação cristã.
Recebemos também perguntas sobre o emprego em fazendas da propriedade de outros, nas quais se produz fumo. Neste caso, a situação é similar à do emprego numa firma mundana em que o empregado cristão pergunta a seu patrão se lhe permite trabalhar com outras coisas que não firam sua consciência cristã, neste caso, com lavoura diferente (cereais, frutas e legumes ou verduras). Talvez haja na fazenda gado a tratar ou trabalho com a manutenção dos prédios não usados para a produção de fumo. A consciência cristã e o entendimento dos princípios o induzirão a evitar participar na produção de fumo. Para alguns empregados de fazendas poderá significar procurar emprego em outro lugar, assim como já fizeram alguns que não se quiseram envolver na jogatina, na fabricação de artigos de Natal, em trabalhar para Babilônia, a Grande, e ser pagos por ela, etc., para não se expor a ser removidos da congregação. A mulher cristã que estiver casada com um homem mundano que tem lavoura de fumo poderá cuidar da casa, da cozinha e de outros deveres domésticos, e participar em atividades de lavoura que não envolvam diretamente o cultivo de fumo.
Assim como se dá com os que usam fumo, se houver alguém que cultiva ou vende fumo e que antigamente era membro batizado da congregação, mas abandonou a organização há muito tempo, não afirma ser agora testemunha de Jeová, nem é localmente reconhecido como tal, e se a sua atividade não causar vitupério comunal, nem perturbação na congregação, não será necessário que os anciãos o procurem e indaguem se ele trabalha com fumo, nem será necessário tomarem ação contra tal, se ele não mais se associar com a organização. Mas, se alguém que se associa ocasionalmente com a congregação ou é identificado como testemunha de Jeová causar vitupério público, os anciãos terão a responsabilidade de manter o nome puro da congregação e proteger sua posição correta perante Deus.
Todos os cristãos reconhecem que a luz da verdade brilha cada vez mais clara, e, com o passar dos anos, as coisas tornaram-se mais claras para nós. (Pro. 4:18) De fato, há anos atrás, alguns talvez não tenham entendido a significação de textos tais como João 17:16, Isaías 2:2-4, Isaías 65:11, Atos 15:29, Revelação 18:4 e outros, e tiveram empregos que estes textos mostram ser errados. No entanto, ao passo que o entendimento se torna claro e a luz brilha mais, os cristãos dedicados sempre estiveram prontos para se harmonizar com as Escrituras e separar-se dum negócio ou emprego a respeito do qual se verificou que não estava em harmonia com as instruções bíblicas, embora possa ter significado alguma perda financeira, pessoal. (Talvez tenham observado que alguns irmãos perderam seu emprego por insistirem em tomar tempo para assistir a um congresso, contrário aos desejos de seu patrão. Alguns superintendentes perderam seu emprego por cursarem a Escola do Ministério do Reino, onde puderam preparar-se para servir melhor os irmãos na sua congregação. No entanto, sempre vimos que, por terem fé em Jeová e confiarem nele, puderam resolver seus problemas, obter outro emprego e continuar a prover as necessidades da vida para sua família, assim como salienta Hebreus 13:5.) Mais recentemente, chegamos a compreender de modo mais claro a questão do uso e manejo de fumo e produtos de fumo, folhas de coca, noz-de-bétele e outras drogas viciadoras, prejudiciais, similares. Com plena fé em Jeová Deus, que é o grande Provedor de todas as coisas boas, confiamos em que Jeová cuide das necessidades de seus servos que continuam a servi-lo fielmente em boa consciência. Os que colocam em primeiro lugar os interesses do Reino e persistem em buscar o Reino não ficarão privados das necessidades materiais. — Mat. 6:33; veja também Filipenses 3:7-9; 4:11-13.
Alguns perguntaram se o princípio envolvido em Deuteronômio 14:21 se aplica com respeito à venda de cigarros ou produtos de fumo às pessoas do mundo. Naquela lei, Deus reconheceu que animais não sangrados, vendidos a estrangeiros, seriam usados por eles como alimento. Não há nenhum dano físico conhecido resultando disso necessariamente, e tais estrangeiros já eram espiritualmente impuros perante Jeová. Comerem tal carne não mudava em nada a situação deles, quer física quer espiritualmente. Por outro lado, no que se refere aos produtos do fumo, sabemos que não são alimento, que não são benéficos para o corpo, mas são definitivamente prejudiciais. Então, como poderíamos apelar para a consciência dos outros se desconsiderássemos isso ou permitíssemos que o lucro pessoal se sobrepusesse ao amor ao próximo?
Com plena confiança em Jeová Deus, cada um deve procurar fazer a vontade de Jeová e obter Seu favor. Jeová não abandonará os seus fiéis. Espera-se sinceramente que todos os envolvidos no fumo ou em produtos similares tenham bom êxito em resolver a questão, para terem uma boa consciência perante Jeová Deus, e, em resultado, continuarem a ter participação feliz em divulgar as boas novas. — Sal. 37:25-29.