Livro bíblico número 10 — 2 Samuel
Escritores: Gade e Natã
Lugar da Escrita: Israel
Escrita Completada: c. 1040 AEC
Tempo Abrangido: 1077-c. 1040 AEC
1. Com que fundo histórico começa Segundo Samuel, e como se desenvolve o relato?
A NAÇÃO de Israel estava desesperada por causa da derrota que sofrera em Gilboa e da invasão do país pelos vitoriosos filisteus em conseqüência disso. Os líderes de Israel e a nata de seus jovens jaziam mortos. É então que Davi, o jovem “ungido de Jeová”, filho de Jessé, faz sua entrada propriamente dita na cena nacional. (2 Sam. 19:21) Assim começa o livro de Segundo Samuel, que bem poderia ser chamado de livro de Jeová e Davi. A narrativa está cheia de ação de toda sorte. Vai desde o nadir da derrota até o zênite da vitória, desde a angústia de uma nação dilacerada pelas lutas internas até a prosperidade de um reino unido e desde o vigor da juventude até a sabedoria da idade avançada. Aqui se relata a vida íntima de Davi, que de todo o coração procurava seguir a Jeová.a É um relato que deve incitar o leitor a fazer um escrutínio de seu coração, a fim de estreitar sua relação com seu Criador e ter o Seu favor.
2. (a) Como veio o livro a ser chamado de Segundo Samuel? (b) Quem foram os escritores, quais eram as qualificações deles e que único relato procuraram preservar?
2 O nome de Samuel, na realidade, nem sequer é mencionado no relato de Segundo Samuel, sendo este nome dado ao livro, pelo que parece, por ter sido originalmente um só rolo, ou volume, com Primeiro Samuel. Os profetas Natã e Gade, que completaram o relato de Primeiro Samuel, continuaram a escrita de todo o livro de Segundo Samuel. (1 Crô. 29:29) Estavam bem qualificados para essa tarefa. Não só Gade estivera com Davi, quando este foi perseguido como fora-da-lei em Israel, mas, perto do fim do reinado de 40 anos de Davi, ainda colaborava ativamente com o rei. Foi a Gade que Jeová usou para declarar seu desagrado a Davi, por este ter feito imprudentemente a contagem de Israel. (1 Sam. 22:5; 2 Sam. 24:1-25) Durante a vida de Gade, e mesmo depois da morte deste, o profeta Natã, colaborador íntimo de Davi, continuou as suas atividades. Ele teve o privilégio de dar a conhecer o importante pacto de Jeová com Davi, o pacto referente a um Reino eterno. Foi também ele que corajosamente e sob inspiração denunciou o grande pecado de Davi, com relação a Bate-Seba, e pronunciou a penalidade. (2 Sam. 7:1-17; 12:1-15) Assim, Jeová serviu-se de Natã, cujo nome significa “[Deus] Tem Dado”, e Gade, cujo nome significa “Boa Sorte”, para escreverem as informações inspiradas e proveitosas contidas em Segundo Samuel. Estes historiadores modestos não procuraram preservar a memória deles, pois o livro não dá nenhuma informação sobre seus antepassados ou sobre a vida particular deles. Procuraram preservar unicamente o relato inspirado por Deus, em benefício dos futuros adoradores de Jeová.
3. Que espaço de tempo abrange Segundo Samuel, e quando foi completada a sua escrita?
3 O livro de Segundo Samuel prossegue a narrativa da história bíblica exata depois da morte de Saul, o primeiro rei de Israel, até perto do fim do reinado de 40 anos de Davi. Assim, abrange o espaço de tempo desde 1077 AEC até cerca de 1040 AEC. O fato de o livro não falar da morte de Davi é forte evidência de que foi escrito em cerca de 1040 AEC, ou pouco antes de sua morte.
4. Que motivos nos permitem aceitar Segundo Samuel como parte do cânon da Bíblia?
4 Devemos aceitar o livro de Segundo Samuel como parte do cânon da Bíblia pelos mesmos motivos apresentados com respeito a Primeiro Samuel. É incontestável a sua autenticidade. A própria franqueza e sinceridade dos escritores, não passando por alto nem mesmo os pecados e as faltas do Rei Davi, é, em si, forte evidência indireta da veracidade desse documento.
5. Qual é o motivo mais convincente para se aceitar Segundo Samuel como Escritura inspirada?
5 Todavia, a evidência mais convincente da autenticidade de Segundo Samuel reside no cumprimento das profecias, especialmente as relacionadas com o pacto do Reino feito com Davi. Deus fez a seguinte promessa a Davi: “Tua casa e teu reino hão de ficar firmes por tempo indefinido diante de ti; teu próprio trono ficará firmemente estabelecido por tempo indefinido.” (2 Samuel 7:16) Mesmo no crepúsculo do reino de Judá, Jeremias declarou que esta promessa feita à casa de Davi subsistiria, dizendo: “Assim disse Jeová: ‘No caso de Davi, não se decepará homem seu, impedindo-o de sentar-se no trono da casa de Israel.” (Jer. 33:17) Esta profecia se cumpriu, pois, mais tarde, Jeová suscitou a “Jesus Cristo, filho de Davi”, da tribo de Judá, segundo testifica tão claramente a Bíblia. — Mat. 1:1.
CONTEÚDO DE SEGUNDO SAMUEL
6. Como reage Davi ao ouvir as notícias da morte de Saul e de Jonatã?
6 Eventos no início do reinado de Davi (2 Samuel 1:1-4:12). Após a morte de Saul, junto ao monte Gilboa, um amalequita foge da batalha e apressadamente vai ter com Davi, em Ziclague, para lhe dar a notícia. Procurando agradar a Davi, inventa a história de que ele próprio tirou a vida de Saul. Em vez de elogios, o amalequita recebe como recompensa a morte, pois testifica contra si mesmo, dizendo que matou “o ungido de Jeová”. (1:16) O novo rei, Davi, compõe então uma endecha, “O Arco”, na qual deplora a morte de Saul e de Jonatã. Este cântico atinge um belo clímax na expressão comovente do superabundante amor de Davi por Jonatã: “Estou aflito por ti, meu irmão Jonatã, tu me eras muito agradável. Teu amor a mim era mais maravilhoso do que o amor das mulheres. Como caíram os poderosos e pereceram as armas de guerra!” — 1:17, 18, 26, 27.
7. Que outros eventos marcam o início do reinado de Davi?
7 Sob a ordem de Jeová, Davi e seus homens mudam-se com suas famílias para Hébron, no território de Judá. Ali, os anciãos da tribo ungem a Davi qual rei, em 1077 AEC. O general Joabe se torna o mais proeminente dos apoiadores de Davi. Contudo, Is-Bosete, filho de Saul, como rival no trono de Israel, é ungido por Abner, chefe do exército. Há choques periódicos entre as duas forças oponentes, e Abner mata um irmão de Joabe. Por fim, Abner passa para o lado de Davi. Ele leva para Davi a Mical, filha de Saul, por quem Davi havia pago muito tempo antes o dote do casamento. Mas Joabe aproveita a oportunidade para matar Abner, vingando assim a morte de seu irmão. Davi fica muito angustiado com isso, eximindo-se de qualquer culpa. Pouco depois, o próprio Is-Bosete é assassinado, enquanto ‘faz a sua sesta do meio-dia’. — 4:5.
8. Como faz Jeová prosperar o reinado de Davi sobre todo o Israel?
8 Davi, rei em Jerusalém (5:1-6:23). Embora esteja reinando em Judá já por sete anos e seis meses, Davi se torna agora o rei absoluto, e os representantes das tribos o ungem para ser rei sobre todo o Israel. Esta é a sua terceira unção (1070 AEC). Um dos primeiros atos de Davi na qualidade de rei do inteiro reino é capturar a fortaleza de Sião, em Jerusalém, ocupada pelos jebuseus; ele os surpreende, passando pelo túnel de água. Davi faz, então, de Jerusalém a sua capital. Jeová dos exércitos abençoa a Davi, tornando-o grande, cada vez mais. Até mesmo Hirão, o rico rei de Tiro, envia a Davi cedros valiosos e também trabalhadores para a construção de uma casa para o rei. A família de Davi aumenta, e Jeová faz prosperar o seu reino. Há mais duas batalhas com os combativos filisteus. No primeiro destes, Jeová rompe as fileiras do inimigo diante de Davi, em Baal-Perazim, dando-lhe assim a vitória. No segundo combate, Jeová realiza outro milagre, fazendo ouvir um “ruído de marcha nas copas dos lentiscos”, o que indica que Jeová vai à frente de Israel para derrotar os exércitos dos filisteus. (5:24) Mais uma grande vitória para as forças de Jeová!
9. Descreva os eventos relacionados com a transferência da Arca para Jerusalém.
9 Tomando consigo 30.000 homens, Davi põe-se a caminho para trazer a arca do pacto de Baale-Judá (Quiriate-Jearim) para Jerusalém. Ao ser transportada ao som da música e com grande alegria, a carroça em que é carregada dá um solavanco, e Uzá, que está caminhando do lado, estende a mão para segurar a Arca sagrada. “Nisso se acendeu a ira de Jeová contra Uzá, e o verdadeiro Deus o golpeou ali pelo ato irreverente.” (6:7) A Arca fica na casa de Obede-Edom, e, nos três meses seguintes, Jeová abençoa ricamente a casa de Obede-Edom. Depois de três meses, Davi põe-se a caminho para ir buscar a Arca e levá-la de modo correto pelo resto do caminho. A Arca é conduzida para a capital de Davi com gritos alegres, música e dança. Davi dá livre curso à sua grande alegria, dançando perante Jeová, mas sua esposa Mical desaprova isto. Davi insiste: “Vou festejar perante Jeová.” (6:21) Em conseqüência disso, Mical permanece sem filhos até morrer.b
10. Que pacto e que promessa de Jeová são trazidos à nossa atenção a seguir?
10 O pacto de Deus com Davi (7:1-29). Chegamos, agora, a um dos mais importantes eventos da vida de Davi, diretamente relacionado com o tema central da Bíblia: a santificação do nome de Jeová por meio do Reino, sob a Semente prometida. Este evento se origina do desejo de Davi de construir uma casa para a arca de Deus. Residindo ele próprio numa linda casa de cedro, Davi revela a Natã seu desejo de construir uma casa para a arca do pacto de Jeová. Por intermédio de Natã, Jeová reafirma a Davi Sua benevolência para com Israel e faz com ele um pacto que subsistirá para sempre. Entretanto, não será Davi, mas o seu descendente (semente) quem edificará uma casa para o nome de Jeová. Além disso, Jeová faz a amorosa promessa: “E tua casa e teu reino hão de ficar firmes por tempo indefinido diante de ti; teu próprio trono ficará firmemente estabelecido por tempo indefinido.” — 7:16.
11. Com que oração expressa Davi seus agradecimentos?
11 Comovido pela bondade que Jeová manifestou, fazendo este pacto do Reino, o coração de Davi transborda de gratidão por toda a benevolência de Deus: “Que única nação na terra é semelhante ao teu povo Israel, que Deus foi remir para si como povo e designar um nome para si, e fazer para eles coisas grandes e atemorizantes? . . . E tu mesmo, ó Jeová, te tornaste seu Deus.” (7:23, 24) E Davi ora fervorosamente pela santificação do nome de Jeová e para que a sua casa seja firmemente estabelecida perante Ele.
12. Que guerras trava Davi, e que bondade demonstra ele para com a casa de Saul?
12 Davi estende o domínio de Israel (8:1-10:19). Mas, Davi não reinará em paz. Restam combates a travar. Davi passa a derrubar os filisteus, os moabitas, os zobaítas, os sírios e os edomitas, estendendo assim o território de Israel até os limites fixados por Deus. (2 Sam. 8:1-5, 13-15; Deut. 11:24) Depois, ele volta a sua atenção para a casa de Saul, a fim de, em consideração a Jonatã, manifestar sua benevolência para quem quer que remanesça. Ziba, servo de Saul, chama a atenção de Davi para Mefibosete, filho de Jonatã, que tem os pés aleijados. Davi ordena imediatamente que todos os bens de Saul sejam entregues a Mefibosete e que suas terras sejam cultivadas por Ziba e seus servos, a fim de fornecerem sustento à casa de Mefibosete. Quanto ao próprio Mefibosete, comerá à mesa de Davi.
13. Que outras vitórias alcançadas por Davi demonstram que Jeová estava com Davi?
13 Morrendo o rei de Amom, Davi envia embaixadores a seu filho Hanum para lhe expressar sua benevolência. Mas os conselheiros de Hanum acusam Davi de os ter enviado para espiarem o país, e eles os humilham e os enviam de volta meio nus. Irritado com tal afronta, Davi envia Joabe com seu exército para vingar essa injúria. Dividindo as suas forças, ele derrota facilmente os amonitas e os sírios que haviam vindo para socorrê-los. Os sírios reúnem novamente as suas forças, só para sofrerem nova derrota causada pelos exércitos de Jeová, sob o comando de Davi, e perdem 700 condutores de carros e 40.000 cavaleiros. Eis mais uma evidência do favor e da bênção de Jeová sobre Davi.
14. Que pecados comete Davi no tocante a Bate-Seba?
14 Davi peca contra Jeová (11:1-12:31). No ano seguinte, na primavera, Davi envia de novo Joabe contra Amom, para sitiar a cidade de Rabá, mas ele próprio fica em Jerusalém. Certa noitinha, do terraço de sua casa, ele vê a linda Bate-Seba, esposa de Urias, o hitita, que se banha. Ele manda trazê-la para sua casa, tem relações sexuais com ela, e ela fica grávida. Davi tenta encobrir isto, mandando Urias vir da luta em Rabá e enviando-o para casa para se revigorar. Mas, Urias recusa agradar a si mesmo e ter relações sexuais com sua esposa enquanto a Arca e o exército “estão morando em barracas”. Davi, desesperado, manda Urias de volta para junto de Joabe com uma carta que diz: “Ponde Urias na frente das mais fortes cargas de batalha e tereis de retirar-vos de detrás dele, e ele terá de ser golpeado e morto.” (11:11, 15) Assim morre Urias. Depois de passados os dias de luto de Bate-Seba, Davi leva-a imediatamente para sua casa, onde ela se torna sua esposa, e nasce o filho deles, um menino.
15. Como pronuncia Natã um julgamento profético contra Davi?
15 Isto é mau aos olhos de Jeová. Ele envia o profeta Natã a Davi com uma mensagem de julgamento. Natã diz a Davi que havia dois homens, um rico e outro pobre. Um tinha muitos rebanhos, mas o outro tinha uma só cordeirinha que criava como animal de estimação na família e era “como uma filha”. Mas, quando chegou a ocasião de fazer uma festa, o rico não tomou uma ovelha dos seus próprios rebanhos, mas a cordeirinha do homem pobre. Ouvindo isto, Davi fica irado e exclama: “Por Jeová que vive, o homem que fez isso merece morrer!” Em resposta, vêm as palavras de Natã: “Tu mesmo és o homem!” (12:3, 5, 7) Ele pronuncia então um julgamento profético de que as esposas de Davi serão violadas publicamente por outro homem, a sua casa será flagelada por lutas internas e seu filho, nascido de Bate-Seba, morrerá.
16. (a) Qual é o significado dos nomes dados ao segundo filho de Davi nascido de Bate-Seba? (b) Qual é o resultado final do ataque contra Rabá?
16 Sinceramente desolado e arrependido, Davi reconhece abertamente sua falta: “Pequei contra Jeová.” (12:13) Cumprindo-se a palavra de Jeová, a criança, fruto da união adúltera, morre depois de sete dias de enfermidade. (Mais tarde, Davi tem outro filho com Bate-Seba; a este chamam de Salomão, nome que se deriva de uma raiz que significa “paz”. Entretanto, Jeová manda, por intermédio de Natã, que o chamem também de Jedidias, que significa “Amado de Jah”.) Depois desta triste experiência, Joabe chama Davi a Rabá, onde tudo está pronto para o ataque final. Tendo capturado as reservas de água daquela cidade, Joabe, por respeito ao rei, deixa para este a honra de capturar a própria cidade.
17. Que dificuldades internas começam a afligir a casa de Davi?
17 As dificuldades na família de Davi (13:1- 18:33). Começam as dificuldades na casa de Davi quando Amnom, um dos filhos de Davi, se apaixona por Tamar, irmã de seu meio-irmão, Absalão. Amnom finge estar doente e pede que lhe enviem a bela Tamar para cuidar dele. Ele a violenta, e daí a odeia intensamente, de modo que a manda embora em humilhação. Absalão planeja vingança, aguardando um momento oportuno. Cerca de dois anos mais tarde, ele organiza um banquete, ao qual Amnom e todos os demais filhos do rei são convidados. Quando o coração de Amnom está alegre pelo vinho, ele é apanhado de surpresa e morto por ordem de Absalão.
18. Que subterfúgio permite que Absalão retorne do exílio?
18 Temendo o desagrado do rei, Absalão foge para Gesur, onde vive em semi-exílio por três anos. No ínterim, Joabe, o chefe do exército de Davi, trama um meio de reconciliação entre Davi e Absalão. Faz com que uma mulher sábia de Tecoa conte ao rei uma história inventada sobre retribuição, banimento e punição. Quando o rei pronuncia o veredicto, a mulher lhe revela a verdadeira razão de sua presença: é que o próprio filho do rei, Absalão, está banido em Gesur. Davi percebe que Joabe planejou isto, mas dá permissão para que seu filho retorne a Jerusalém. Passam mais dois anos até o rei consentir ver Absalão face a face.
19. Que conspiração se revela agora, e com que conseqüências para Davi?
19 Apesar da benevolência de Davi, Absalão não tarda em conspirar contra seu pai para se apoderar de seu trono. Absalão é extraordinariamente belo entre todos os homens valentes de Israel, e isto contribui para torná-lo ambicioso e orgulhoso. Cada ano, o cabelo que se corta de sua bela cabeleira pesa uns dois quilos e trezentos gramas. (2 Sam. 14:26, nota) Por meio de diversas manobras astutas, Absalão começa a seduzir o coração dos homens de Israel. Por fim, a conspiração é revelada. Absalão, obtendo permissão de seu pai para ir a Hébron, anuncia ali o seu propósito rebelde e pede a ajuda de todo o Israel na sua insurreição contra Davi. Quando grande número de pessoas toma o lado deste seu filho rebelde, Davi foge de Jerusalém com uns poucos apoiadores leais, sendo típico destes Itai, o geteu, que declara: “Por Jeová que vive e por meu senhor, o rei, que vive, no lugar em que meu senhor, o rei, vier a estar, quer para a morte quer para a vida, lá virá a estar o teu servo!” — 15:21.
20, 21. (a) Que eventos ocorrem durante a fuga de Davi, e como se cumpre a profecia de Natã? (b) Qual foi o fim do traiçoeiro Aitofel?
20 Ao fugir de Jerusalém, Davi fica sabendo da traição de um de seus conselheiros de maior confiança, Aitofel. Ele ora: “Por favor, transforma em estultícia o conselho de Aitofel, ó Jeová!” (15:31) Zadoque e Abiatar, sacerdotes leais a Davi, e Husai, o arquita, são enviados de volta a Jerusalém, para observarem as atividades de Absalão e darem notícias. Nesse meio tempo, no ermo, Davi se encontra com Ziba, o assistente de Mefibosete, que informa que seu amo espera que agora o reino seja devolvido à casa de Saul. Quando Davi passa por lá, Simei, da casa de Saul, amaldiçoa-o e atira pedras nele, mas Davi impede que seus homens se vinguem.
21 O usurpador Absalão, em Jerusalém, tem relações sexuais com as concubinas de seu pai “sob os olhares de todo o Israel”, seguindo a sugestão de Aitofel. Isto se dá em cumprimento do julgamento profético de Natã. (16:22; 12:11) Aitofel aconselha também Absalão a tomar uma força de 12.000 homens e ir perseguir Davi no ermo. No entanto, Husai, que ganhou a confiança de Absalão, recomenda outro plano. E, segundo a oração de Davi, o conselho de Aitofel é frustrado. Semelhante a Judas, o frustrado Aitofel vai para casa e se estrangula. Husai relata secretamente os planos do usurpador Absalão aos sacerdotes Zadoque e Abiatar, que, por sua vez, mandam transmitir a mensagem a Davi que se acha no ermo.
22. Que tristeza estraga para Davi a vitória que alcançou?
22 Isto possibilita que Davi atravesse o Jordão e escolha o lugar para a batalha na floresta de Maanaim. Ali, ele desdobra em ordem de combate suas tropas e ordena-lhes que tratem Absalão com bondade. Os rebeldes sofrem derrota esmagadora. Quando Absalão foge num mulo por entre a floresta fechada, a sua cabeça fica presa nos ramos mais baixos de uma grande árvore, e ali fica suspenso no ar. Encontrando-o em tal apuro, Joabe o mata, desconsiderando totalmente a ordem do rei. A profunda tristeza de Davi ao ouvir a notícia da morte de seu filho se reflete na sua lamentação: “Meu filho Absalão, meu filho, meu filho Absalão! Oh! que eu, eu mesmo, tivesse morrido em teu lugar, Absalão, meu filho, meu filho!” — 18:33.
23. Que providências toma Davi ao assumir de novo sua função como rei?
23 Eventos finais do reinado de Davi (19:1-24:25). Davi continua a lamentar amargamente até que Joabe insta com ele que reassuma a sua devida posição como rei. Ele nomeia agora a Amasa qual chefe sobre o exército, no lugar de Joabe. A caminho de volta, ele é bem acolhido pelo povo, também por Simei, cuja vida Davi poupa. Mefibosete também pleiteia a sua causa, e Davi lhe dá herança igual à de Ziba. Todo o Israel e Judá ficam de novo unidos sob Davi.
24. Que mais acontece, envolvendo a tribo de Benjamim?
24 Entretanto, novas dificuldades hão de surgir. Seba, um benjamita, proclama-se rei e desvia de Davi a muitos. Amasa, a quem Davi instrui para convocar homens para pôr fim à rebelião, encontra Joabe que o assassina traiçoeiramente. Joabe assume então o controle do exército e persegue Seba até a cidade de Abel de Bete-Maacá, sitiando-a. Seguindo o conselho de uma mulher sábia da cidade, os habitantes executam Seba, e Joabe se retira. Por causa de culpa de sangue, não-vingada, em razão de Saul ter matado os gibeonitas, há uma fome em Israel que dura três anos. Para remover essa culpa de sangue, sete filhos da casa de Saul são executados. E, novamente em batalha contra os filisteus, a vida de Davi é salva por um triz por Abisai, seu sobrinho. Seus homens juram que ele não mais deverá sair à batalha com eles “para que não apagues a lâmpada de Israel!”. (21:17) Três de seus homens valentes se distinguem, destruindo os gigantes filisteus.
25. Que expressa Davi nos cânticos relatados em seguida?
25 Nesta altura, o escritor insere no relato um cântico de Davi a Jeová, que corresponde ao Salmo 18, e que expressa agradecimentos por livrá-lo “da palma da mão de todos os seus inimigos e da palma de Saul”. Com alegria, ele declara: “Jeová é meu rochedo, e minha fortaleza, e Aquele que me põe a salvo. Aquele que faz grandes atos de salvação para o seu rei e usa de benevolência para com o seu ungido, para com Davi e para com a sua descendência por tempo indefinido.” (22:1, 2, 51) Segue-se, então, o último cântico de Davi, em que admite: “Foi o espírito de Jeová que falou por meu intermédio, e a sua palavra estava na minha língua.” — 23:2.
26. O que se acha declarado relativo aos homens poderosos de Davi, e como mostra este respeito pelo sangue vital deles?
26 Voltando à narrativa histórica, encontramos alistados os homens poderosos que pertencem a Davi; três dos quais são notáveis. Estes estão envolvidos num incidente que ocorre quando se estabelece um posto avançado dos filisteus em Belém, a cidade natal de Davi. Davi expressa o desejo: “Quem me dera beber da água da cisterna de Belém, que está junto ao portão!” (23:15) Com isso, os três homens valentes irrompem pelo acampamento dos filisteus, tiram água da cisterna e a trazem a Davi. Mas, Davi recusa beber. Em vez disso, derrama-a no chão, dizendo: “É inconcebível, da minha parte, ó Jeová, fazer isso! Beberia eu o sangue dos homens que andam arriscando as suas almas?” (23:17) Para ele a água é equivalente ao sangue vital que arriscaram para obtê-la. A seguir são alistados os 30 homens mais poderosos de seu exército, bem como as façanhas.
27. Qual foi o último pecado de Davi? Como cessou o flagelo resultante?
27 Por fim, Davi peca por fazer a contagem do povo. Implorando misericórdia a Deus, propõe-se-lhe a escolha entre três tipos de punição: sete anos de fome, três meses de derrotas militares ou três dias de pestilência no país. Davi responde: “Caiamos na mão de Jeová, porque são muitas as suas misericórdias; mas não caia eu na mão dum homem.” (24:14) A pestilência sobre a nação inteira mata 70.000 pessoas, e só pára quando Davi, agindo segundo as instruções de Jeová, que recebe por intermédio de Gade, compra a eira de Araúna, onde oferece a Jeová sacrifícios queimados e de participação em comum.
POR QUE É PROVEITOSO
28. Que avisos fortes estão contidos em Segundo Samuel?
28 O leitor de hoje encontrará muita coisa proveitosa em Segundo Samuel! Quase todas as emoções humanas da vida real são retratadas em linguagem viva e muito expressiva. Assim, os resultados desastrosos da ambição, da represália (3:27-30), do desejo ilícito de possuir o cônjuge de outrem (11:2-4, 15-17; 12:9, 10), de atos traiçoeiros (15:12, 31; 17:23), do amor baseado somente na paixão (13:10-15, 28, 29), do julgamento precipitado (16:3, 4; 19:25-30) e da falta de respeito pelos atos de devoção de outrem constituem fortes avisos para nós. — 6:20-23.
29. Que excelentes exemplos de boa conduta e ações encontramos em Segundo Samuel?
29 Mas, tiramos proveito muito maior de Segundo Samuel, examinando-o de um ângulo positivo e seguindo seus numerosos e excelentes exemplos de boa conduta e boas ações. Davi é um modelo de alguém que demonstrou devoção exclusiva a Deus (7:22), foi humilde diante de Deus (7:18), enalteceu o nome de Jeová (7:23, 26), teve atitude correta na adversidade (15:25), arrependeu-se sinceramente do pecado (12:13), foi fiel à sua promessa (9:1, 7), manteve o equilíbrio sob prova (16:11, 12), teve confiança contínua em Jeová (5:12, 20) e demonstrou profundo respeito pelas providências tomadas por Jeová e pelas designações feitas por ele (1:11, 12). Não é de admirar que Davi tenha sido chamado ‘um homem que agradava ao coração de Jeová’! — 1 Sam. 13:14.
30. Que princípios são aplicados e ilustrados em Segundo Samuel?
30 Em Segundo Samuel, encontra-se também a aplicação de muitos princípios da Bíblia. Entre estes, os princípios sobre a responsabilidade coletiva (3:29; 24:11-15), que as boas intenções não mudam os requisitos de Deus (6:6, 7), que a chefia estabelecida na organização teocrática de Jeová deve ser respeitada (12:28), que o sangue deve ser considerado sagrado (23:17), que se requer expiação pela culpa de sangue (21:1-6, 9, 14), que uma pessoa sábia pode evitar que sobrevenha calamidade a muitos (2 Sam. 20:21, 22; Ecl. 9:15) e que a lealdade à organização de Jeová e a seus representantes precisa ser mantida, “quer para a morte quer para a vida”. — 2 Sam. 15:18-22.
31. Como permite Segundo Samuel ver vislumbres do Reino de Deus, segundo atestam as Escrituras Gregas Cristãs?
31 Mas, acima de tudo, Segundo Samuel aponta para o Reino de Deus e dá brilhantes vislumbres desse Reino que Ele estabelece nas mãos do “filho de Davi”, Jesus Cristo. (Mat. 1:1) O juramento que Jeová fez a Davi, relativo à permanência de seu reino (2 Sam. 7:16), é citado em Atos 2:29-36, com referência a Jesus. Que a profecia: “Eu mesmo me tornarei seu pai e ele mesmo se tornará meu filho” (2 Sam. 7:14), aponta realmente para Jesus, é demonstrado em Hebreus 1:5. Isto foi também comprovado pela voz de Jeová que falou desde os céus: “Este é meu Filho, o amado, a quem tenho aprovado.” (Mat. 3:17; 17:5) Finalmente, o pacto do Reino com Davi é mencionado por Gabriel nas suas palavras dirigidas a Maria, ao falar de Jesus: “Este será grande e será chamado Filho do Altíssimo; e Jeová Deus lhe dará o trono de Davi, seu pai, e ele reinará sobre a casa de Jacó para sempre, e não haverá fim do seu reino.” (Luc. 1:32, 33) Quão emocionante parece ser a promessa da Semente do Reino à medida que se vai desenvolvendo cada fase diante de nossos olhos!
[Nota(s) de rodapé]
b Estudo Perspicaz das Escrituras, “Merabe”.