Capítulo 10
Pacto para um reino feito com Davi
1. Que período é demarcado para nós em 1 Reis 6:1, e por que é apropriada tal medição do tempo?
DEUS marca seus próprios períodos de tempo segundo o Seu “propósito eterno”. Um de tais períodos é demarcado para nós no livro de 1 Reis, capítulo seis, versículo um, onde está escrito: “E sucedeu no quadringentésimo octogésimo ano depois da saída dos filhos de Israel da terra do Egito, no quarto ano, no mês de zive, que é o segundo mês, depois de Salomão se ter tornado rei sobre Israel, que ele passou a construir a casa a Jeová.” Esta é uma medição apropriada do tempo, porque vai desde quando os israelitas foram libertos do Egito, sendo que pouco depois começaram a construir a casa de adoração no ermo de Sinai, até quando o Rei Salomão, filho de Davi, começou a construir o templo em Jerusalém. Vai de 15 de nisã de 1513 A. E. C. a 1.º de zive (ou íiar) de 1034 A. E. C. — Números 33:1-4; 1 Reis 6:37.
2, 3. (a) Por que peregrinaram os israelitas por tanto tempo no ermo de Sinai? (b) Quanto tempo levaram para subjugar a Terra Prometida, sendo então governados de que modo durante séculos?
2 Naturalmente, muita coisa aconteceu durante estes quase cinco séculos. Por falta de fé na capacidade de Deus de subjugar as nações que então habitavam a Terra da Promessa, os israelitas foram obrigados a peregrinar no ermo de Sinai por quase quarenta anos. Durante este tempo, os israelitas mais idosos, que se haviam revoltado contra a invasão da Terra da Promessa sob a liderança de Deus, no segundo ano de seu êxodo, extinguiram-se. (Números 13:1 até 14:38) No fim dos quarenta anos, Deus os levou milagrosamente através do rio Jordão em cheia para a Terra da Promessa, a terra de Canaã.
3 Então, sob a liderança de Josué, sucessor de Moisés, começaram anos de guerra para subjugar o país. Segundo as palavras do fiel Calebe, filho de Jefuné, da tribo de Judá por ocasião da divisão da terra ocupada entre as famílias de Israel, os israelitas levaram seis anos para conquistar o país e desapossar seus habitantes. (Josué 14:1-10) Depois, Deus deu aos então estabelecidos israelitas, durante séculos, uma série de juízes, até se introduzir uma mudança na forma do governo nacional nos dias do profeta Samuel. Um cronologista judaico de há dezenove séculos atrás mediu resumidamente para nós este período. Falando certo sábado numa sinagoga em Antioquia da Pisídia, na Ásia Menor, este cronologista disse:
4, 5. (a) Que período marcou aquele cronologista bíblico na história de Israel antes de eles terem Juízes? (b) Com que acontecimentos começou e terminou este período?
4 “Varões israelitas, e vós que temeis a Deus, ouvi: O Deus deste povo de Israel escolheu nossos pais e exaltou este povo, enquanto eram estrangeiros na terra do Egito, de onde os tirou com o seu braço levantado, e os alimentou no deserto, durante cerca de quarenta anos. E destruindo sete nações na terra de Canaã, distribuiu entre eles o território delas e deu-lhas, em herança, por espaço de cerca de quatrocentos e cinqüenta anos [tudo isso durante cerca de quatrocentos e cinqüenta anos, NM]. Depois disso, deu-lhes juízes até ao profeta Samuel. Depois pediram um rei; e Deus deu-lhes Saul, Filho de Cis [Quis], homem da tribo de Benjamim, por espaço de quarenta anos.” — Atos 13:14-21, versão católica de Matos Soares, 32.ª edição revista de 1974. Veja também a Versão Brasileira, publicada em 1911. Também A Bíblia na Linguagem de Hoje, de 1973.
5 A distribuição da terra entre Calebe e os outros israelitas, como herança, ocorreu no ano 1467 A. E. C. Se medirmos para trás “cerca de quatrocentos e cinqüenta anos”, chegamos ao ano de 1918 A. E. C. Este foi o ano em que nasceu Isaque, filho de Abraão por Sara, e Deus escolheu Isaque, em vez de Ismael, filho mais velho de Abraão pela serva egípcia de Sara, Agar. Deus confirmara com juramento a Isaque o pacto que Ele fez com Abraão quanto a posse da terra de Canaã, e então, no fim deste período de quatrocentos e cinqüenta anos, Deus repartiu esta Terra da Promessa como herança à descendência de Isaque. Jeová Deus aderiu em fidelidade ao seu “propósito eterno” para a bênção de toda a humanidade.
6. (a) Como mostrou o Juiz Gideão sua lealdade à soberania de Deus? (b) Como se saiu o filho de Gideão, Abimeleque, qual rei?
6 Durante o período dos quinze juízes, de Josué a Samuel, os homens de Israel tentaram persuadir o sexto juiz, Gideão, filho de Joás, da tribo de Manasses, a estabelecer uma dinastia de governantes na sua família, em vez de terem a Jeová Deus por Rei. Mas Gideão era leal ao Governante Soberano de Israel e rejeitou a oferta de governança, dizendo: “Eu é que não dominarei sobre vós, nem tampouco meu filho dominará sobre vós. Jeová é quem dominará sobre vós.” (Juízes 8:22, 23) Um dos muitos filhos de Gideão, chamado Abimeleque (que significa “Meu Pai É Rei”), influenciou os proprietários de terras de Siquém a empossá-lo como rei sobre eles. Ele sofreu julgamentos adversos de Deus, e, depois de reinar por três anos, uma mulher causou-lhe a morte em batalha. — Juízes 9:1-57.
REI SOBRE TODO O ISRAEL
7. Quando e como veio Israel a ter um rei humano escolhido por Deus, e quanto tempo reinou ele?
7 Na velhice do décimo quinto juiz, o profeta Samuel, os anciãos de Israel vieram a ele com o pedido: “Agora, designa-nos deveras um rei para nos julgar, igual a todas as nações.” Samuel considerou isto como sendo rejeição dele, qual juiz designado de Deus, mas Jeová disse-lhe: “Escuta a voz do povo referente a tudo o que te dizem; pois, não é a ti que rejeitaram, mas é a mim que rejeitaram como rei sobre eles.” Deus mandou que Samuel advertisse os israelitas de todas as dificuldades que lhes causaria terem um rei humano, visível, mas eles ainda assim preferiram tal rei. Deus, como Soberano Senhor sobre Israel, fez a escolha do homem que devia ser o primeiro rei humano de Israel. Enviou Samuel para ungir Saul, filho de Quis, da tribo de Benjamim, para ser o rei. No ano 1117 A. E. C., Saul foi empossado como rei, na cidade de Mispá. “O povo começou a gritar e a dizer: ‘Viva o rei!’” Saul reinou por quarenta anos. — 1 Samuel 8:1 até 10:25; Atos 13:21.a
8. (a) No décimo primeiro ano do reinado de Saul, que nascimento ocorreu em Belém? (b) O que profetizou Miquéias sobre Belém?
8 No décimo primeiro ano do reinado de Saul, deu-se uma ocorrência aparentemente insignificante na cidade de Belém, no território da tribo de Judá. Jessé, belemita, tornou-se pai dum oitavo filho, a quem chamou Davi. Pouco sabia o Rei Saul ou qualquer outro em Israel que este menino recém-nascido tornar-se-ia algum dia tão ilustre, que seu lugar de nascimento, Belém, viria no futuro a ser chamado de “cidade de Davi”. Ninguém sabia então que, uns trezentos anos mais tarde, seria profetizado a respeito desta cidade de Davi: “Mas tu, Belém-Efrata [Beth-lechem Efratah, Leaser, versão judaica inglesa] tão pequena entre os clãs de Judá, é de ti que sairá para mim aquele que é chamado para governar Israel. Suas origens remontam aos tempos antigos, aos dias do longínquo passado.” (Miquéias 5:1, Centro Bíblico Católico de São Paulo; 5:2, Almeida atualizada; NM) Os líderes religiosos, judaicos, do primeiro século antes de nossa Era Comum, entendiam que esta profecia se aplicava ao Messias. De modo que o “descendente” da “mulher” de Deus havia de nascer em Belém.
9. Em vista da indiscrição de Saul o que mandou Deus que Samuel dissesse a Saul sobre o reino, e a quem escolheria Deus para o trono?
9 Antes disso, porém, depois de o Rei Saul ter reinado por dois anos, ele cedeu à falta de fé e agiu de modo presunçoso e indiscreto no cargo. “Então Samuel disse a Saul: ‘Agiste nesciamente. Não guardaste o mandamento de Jeová, teu Deus, que ele te ordenou, porque se o tivesses guardado, Jeová teria tornado firme o teu reino sobre Israel por tempo indefinido. E agora teu reino não durará. Jeová certamente achará para si um homem que agrade ao seu coração; e Jeová o comissionará como líder do seu povo, porque não guardaste o que Jeová te ordenou.’” (1 Samuel 13:1-14) O ‘homem agradável ao coração de Deus’ ainda não havia nascido, porque estas palavras foram proferidas anos antes do nascimento de Davi em Belém. Isto tornou evidente que o Deus Altíssimo exerceria seu poder e seu direito, fazendo sua própria escolha dum israelita para suceder ao Rei Saul. Nisto ele se apegaria ao seu “propósito eterno” com relação ao Messias.
10, 11. (a) Como foi Davi designado para ser o futuro rei de Israel? (b) Como passou Davi a sofrer o ciúme assassino de Saul, e onde se tornou ele primeiro rei?
10 Quando Davi era apenas pastorzinho adolescente em Belém, Deus o designou como o homem agradável ao seu coração. Embora Davi não fosse o primogênito de Jessé, mas apenas o oitavo filho, Deus enviou Samuel a Belém para ungir Davi, a fim de que este se tornasse o futuro rei de Israel.
11 Davi obteve destaque quando apenas ele, dentre todos os israelitas, se ofereceu para enfrentar o gigante filisteu, desafiador, Golias, no campo de batalha e o matou com uma pedra de funda atirada contra a testa de Golias. (1 Samuel 16:1 até 17:58) Davi foi recrutado para o exército do Rei Saul, e sua popularidade entre o povo foi além da do rei. Isto tornou Saul muito ciumento e ele procurou matar Davi, para impedir assim que ele suplantasse um de seus próprios filhos no trono de Israel. Por fim, uma ferida fatal na batalha, seguida por ele se lançar sobre a sua própria espada, a fim de apressar a morte, acabou com o reinado de Saul. Is-Bosete, filho sobrevivente de Saul foi feito rei pelos que se apegavam à linhagem de Saul mas apenas sobre onze tribos de Israel. Os homens da tribo de Judá ungiram Davi como rei sobre si, em Hébron, no território de Judá. Isto foi no ano 1077 A. E. C. — 2 Samuel 2:1-11; Atos 13:21, 22.
12. Quando e como foi Davi feito rei sobre todo o Israel, e que pergunta surge agora a respeito do “cetro” e do “bastão de comandante”?
12 Is-Bosete, filho de Saul, durou no trono de Israel talvez por sete anos e seis meses, e depois foi assassinado por súditos seus. (2 Samuel 2:11 até 4:8) Todas as tribos reconheceram então a Davi como o escolhido por Jeová e ungiram Davi qual rei sobre todo o Israel, em Hébron. Isto se deu no ano 1070 A. E. C. (2 Samuel 4:9 até 5:5) Assim, em harmonia com a profecia de Jacó no leito de morte, conforme registrada em Gênesis 49:10, o “cetro” e o “bastão de comandante” passaram para a tribo de Judá. Em que base, porém, ‘não se afastariam de Judá’ estes emblemas de realeza, ‘até que viesse Siló’?
13. De que modo era Davi realmente um “ungido” e de quem foi feito tipo profético?
13 Por causa das três unções para o reinado, o Rei Davi podia realmente ser chamado de “ungido” ou “messias” (em hebraico: mashíahh), como em 2 Samuel 19:21, 22, 22:51, 23:1. Davi foi usado notavelmente como tipo profético do proeminente Messias, “descendente” da “mulher” celestial de Deus. (Veja Ezequiel 34:23.) De fato, Deus achou bom escolher Davi para estar na linhagem que culminaria no Messias do “propósito eterno” de Deus. Como se deu isso?
14. Que cidade fez Davi a capital de todo o Israel, e que objeto sagrado alojou então ali?
14 Pouco depois de ser ungido rei sobre o reunido Israel, em 1070 A. E. C., Davi capturou dos jebuseus a cidade de Jebus e a chamou Jerusalém. Mudou para lá seu governo e tornou esta cidade elevada sua capital situada de modo mais central do que Hébron, porque estava na fronteira entre os territórios de Judá e de Benjamim. (Juízes 1:21; 2 Samuel 5:6-10; 1 Crônicas 11:4-9) Não muito depois disso, o Rei Davi pensou na Arca sagrada de Jeová. Durante décadas, ela fora deixada deslocada do Santíssimo da tenda de reunião em Silo, no território de Efraim. (1 Samuel 1:24; 4:3-18; 6:1 até 7:2) Davi achava que a Arca devia estar na capital. Por isso mandou que fosse trazida e alojada numa tenda perto de seu palácio. — 2 Samuel 6:1-19.
15. Que pacto estabeleceu Jeová então para com Davi, por causa de que apreço da parte de Davi?
15 No entanto, Davi passou a sentir-se embaraçado porque ele, mero rei humano, morava num palácio real, ao passo que a Arca de Jeová, o verdadeiro Deus e genuíno Rei de Israel, morava numa tenda modesta. A fim de equilibrar a questão devidamente, Davi teve a idéia de construir uma casa digna, um templo, ao Deus Altíssimo e Soberano Universal. Mas Jeová desaprovou que Davi construísse tal templo. Mandou dizer a Davi, por meio de seu profeta Natã, que um filho pacífico dele teria o privilégio de construir o templo em Jerusalém. Daí, em apreço da devoção de coração que Davi tinha para com a adoração pura de Deus, Jeová fez algo maravilhoso com este homem, que ‘agradava ao seu coração’. De sua própria iniciativa, estabeleceu um pacto com Davi, para um reino eterna. Ele disse:
“Jeová te informou que é uma casa que Jeová fará para ti. Quando se completarem os teus dias e tiveres de deitar-te com os teus antepassados, então hei de suscitar o teu descendente depois de ti, que sairá das tuas entranhas: e deveras estabelecerei firmemente o seu reino. É ele quem construirá uma casa ao meu nome, e eu hei de estabelecer firmemente o trono do seu reino por tempo indefinido. Eu mesmo me tornarei seu pai e ele mesmo se tornará meu filho. Quando cometer uma falta, também vou repreendê-lo com vara de homens e com pancadas dos filhos de Adão. No que se refere à minha benevolência, não se retirará dele assim como a tirei de Saul, a quem removi por tua causa. E tua casa e teu reino hão de ficar firmes por tempo indefinido diante de ti; teu próprio trono ficará firmemente estabelecido por tempo indefinido.” — 2 Samuel 7:1-16; 1 Crônicas 17:1-15.
16. Que oração de gratidão ofereceu Davi a Jeová por isso?
16 Davi fez uma oração de gratidão e encerrou-a, dizendo:
“E agora, ó [Soberano] Senhor Jeová, tu és o verdadeira Deus; e quanto às tuas palavras, mostrem-se elas verdadeiras, visto que prometeste ao teu servo esta bondade. E agora, resolve-te e abençoa a casa do teu servo para que continue por tempo indefinido diante de ti; porque tu mesmo, ó [Soberano] Senhor Jeová, o prometeste, e seja a casa do teu servo abençoada por tempo indefinido devido à tua bênção.” — 2 Samuel 7:18-29; 1 Crônicas 17:16-27.
17. Este pacto foi também apoiado por meio de que da parte de Deus?
17 Este pacto prometido a Davi foi apoiado pelo juramento de Deus:
“Jeová jurou a Davi, verdadeiramente, ele não recuará disso: ‘Do fruto do teu ventre porei sobre o teu trono. Se teus filhos guardarem meu pacto e minhas advertências que lhes ensinarei, então os ambos deles, para todo o sempre, sentar-se-ão sobre o teu trono.’ ” — Salmo 132:11, 12.
“Preservarei minha benevolência para com ele por tempo indefinido e meu pacto lhe será fiel. E hei de estabelecer sua descendência para todo o sempre e seu trono como os dias do céu. . . . Não profanarei o meu pacto e não mudarei a expressão procedente dos meus lábios. Uma vez jurei na minha santidade, não vou mentir a Davi. A própria descendência dele é que mostrará ser por tempo indefinido e seu trono como o sol diante de mim.” — Salmo 89:28-38. Veja também Jeremias 33:20, 21.
18. A profecia de Isaías diz que aquele reino de Davi seria a base de que reino maior?
18 Segundo este pacto com o Rei Davi, seu reino tinha de fornecer a base para o vindouro reino do Messias Maior. É por isso que o profeta Isaías, séculos depois, foi inspirado a profetizar: “Pois um menino nos nasceu um filho se nos deu, e o governo está sobre o seu ombro; e seu nome é Maravilhoso, Conselheiro, Deus Forte, Pai Eterno, Príncipe da Paz, a fim de que o governo aumente e não haja fim da paz sobre o trono de Davi e no seu reino; para erguê-lo e sustentá-lo mediante o que é adequado e direito, desde agora para todo o sempre. O zelo do Eterno dos exércitos faz tal coisa.” — Isaías 9:5, 6, segundo a tradução alemã do erudito hebraico Rabino Leopold Pheinkard Zunz, décima sexta edição de 1913 E.C. Veja Isaías 9:6, 7, em outras versões.
19. Segundo a profecia de Miquéias, este “menino” havia de nascer em que cidade, o que seria um sinal identificador de quem?
19 Segundo a profecia de Miquéias 5:1 (Centro Bíblico Católico; 5:2, NM), este menino messiânico havia de nascer, este filho régio havia de ser dado em Belém, em Efrata, no território de Judá. Este lugar de nascimento humano seria um dos sinais identificadores do verdadeiro Messias, o “descendente” da “mulher” figurativa de Deus. Belém, não a cidade real de Jerusalém, foi o lugar de nascimento de seu antepassado, o Rei Davi, e por isso veio a ser chamada de cidade de Davi.
DINASTIA DE REIS DAVÍDICOS
20. Quanto tempo durou a dinastia de Davi no trono e por quanto tempo tiveram os israelitas reis?
20 No cumprimento deste pacto do reino com Davi seguiu-se uma série de reis de Jerusalém, todos da linhagem do Rei Davi. Contado a partir do reinado de Davi em Jerusalém, em 1070 A. E. C., este reino com uma dinastia de reis davídicos, em Jerusalém, durou 463 anos, ou até 607 A. E. C. Isto significa que, contado a partir do ano de 1117 A. E. C., quando o profeta Samuel ungiu Saul como rei sobre todo o Israel, a nação de Israel teve reis visíveis por 510 anos. Contudo, Jeová era o Rei invisível.
21. Subiu Davi ao céu quando morreu? E, segundo Davi profetizou, quem seria convidado a sentar-se à mão direita de Deus?
21 O Rei Davi, qual representante régio de Deus, que o escolhera e ungira para ser rei sobre Israel, sentava-se no “trono de Jeová” em Jerusalém. (1 Crônicas 29:23) Mas ele não se sentava à mão direita de Jeová, porque o trono de Jeová está nos céus. (Isaías 66:1) Ao morrer, em 1037 A. E. C., Davi não subiu aos céus espirituais, nem se assentou à mão direita de Jeová ali. Não foi convidado a fazer isso; mas, até o primeiro século de nossa Era Comum, os israelitas podiam indicar e identificar o lugar de sepultamento de Davi. Antes, o próprio Davi foi inspirado por Deus a profetizar, no Salmo 110:1-4, que seu descendente messiânico, o qual seria semelhante ao Rei-Sacerdote Melquisedeque, seria aquele a quem Jeová convidasse para se sentar à sua mão direita nos céus.
22. Como passaram a tornar-se Salomão e a maioria dos seus sucessores no trono, e desde quando não tem tido Jerusalém um rei davídico no trono?
22 O jovem filho Salomão, de Davi, sucedeu-lhe no trono de Jerusalém, o “trono de Jeová”. Segundo a promessa divina, foi ele o favorecido com a construção do templo no monte Moriá, em Jerusalém, completando o no ano 1027 A. E. C. (1 Reis 6:1-38) Salomão, na sua velhice, tornou-se infiel ao Deus, cujo templo havia construído. A maioria dos sucessores no trono de Jerusalém também se tornaram maus. O último destes reis davídicos a sentar-se no trono em Jerusalém foi Zedequias. Por causa de sua rebelião contra o rei de Babilônia, que fizera de Zedequias rei tributário, este foi levado cativo a Babilônia, ficando a cidade de Jerusalém e seu suntuoso templo em ruínas. (2 Reis 24:17 até 25:21) Desde aquele ano trágico de 607 A. E. C., nunca mais houve um rei davídico no trono de Jerusalém.
23. Fracassou ou foi cancelado o pacto do reino? Que garantia a respeito disso deu Deus por meio de Ezequiel?
23 Significava isso que o pacto do reino com Davi havia fracassado ou havia sido cancelado? De‵ modo algum! Deus deu garantias contra isso. Aproximadamente no quarto ano antes do destronamento de Zedequias e de seu exílio em Babilônia, Deus inspirou seu profeta Ezequiel a dizer a este último rei no trono de Jerusalém:
“E no que se refere a ti, ó mortalmente ferido maioral iníquo de Israel, cujo dia chegou no tempo do erro do fim, assim disse o [Soberano] Senhor Jeová: ‘Remove o turbante e retira a coroa. Esta não será a mesma. Põe no alto o rebaixado e rebaixa o que estiver no alto. Uma ruína, uma ruína, uma ruína a farei. Também, quanto a esta, certamente não virá a ser de ninguém, até que venha aquele que tem o direito legal, e a ele é que terei de dá-lo.’” — Ezequiel 21:25-27.
24. O que havia de ser rebaixado e quando se daria o inverso disso? Como?
24 Entendemos o sentido disso? O próprio Jeová arruinaria o reino da família real de Davi, em Jerusalém. As coisas não seriam assim como antes. Potências governantes gentias, que antes haviam sido rebaixadas aos olhos de Deus, seriam postas no alto, e o reino terrestre do povo escolhido de Jeová seria rebaixado, ficando em sujeição a potências mundiais, gentias. O período da supremacia mundial, gentia, sem interferência da parte dum reino típico de Deus, em Jerusalém, continuaria até que viesse aquele “que tem o direito legal”, quer dizer, o prometido verdadeiro Messias, e o Soberano Senhor Jeová daria o reino a ele. As potências mundiais gentias, então, não ficariam mais no alto para dominar a terra. O reino messiânico assumiria o controle do mundo. Assim, segundo o pacto estabelecido com Davi, seu reino seria um governo eterno. Seu trono teria de permanecer para sempre!
25. Apesar da desolação de Jerusalém em 607 A. E. C., que pactos e que propósito ainda ficaram de pé?
25 Assim, embora até hoje não se tenha restabelecido nenhum trono davídico em Jerusalém, no Oriente Médio não se perdeu tudo para os que esperam no prometido Messias, o “descendente” da “mulher” celestial de Deus. De fato no outono de 607 A. E. C., a cidade do trono, Jerusalém, e seu templo já jaziam em ruínas. A cidade vizinha de Belém, cidade de Davi jazia em ruínas às mãos dos conquistadores babilônicos. Ainda assim, o pacto da Lei feito com Israel, no monte Sinai, na Arábia, continuava a vigorar. Também continuava a estar em vigor o pacto para um reino eterno estabelecido com Davi. O “propósito eterno” de Deus, relacionado com seu Messias, ficava de pé. O pacto do reino de Deus não fracassará. Tampouco o seu propósito!
[Nota(s) de rodapé]
a Em Antiquities of the Jews, Livro 10, capítulo 8, parágrafo 4, Flávio Josefo, do primeiro século E. C., atribui vinte anos ao Rei Saul. Mas no Livro 6, capítulo 14, parágrafo 9, Josefo escreveu: “Ora, Saul reinou dezoito anos enquanto Samuel vivia, e, depois de sua morte, dois”, ao que alguns manuscritos de Josefo acrescentam: “e vinte”, perfazendo o total de quarenta anos.