Capítulo 2
O motivo do desapontamento da maior esperança
1. De que vivemos todos nós, mas que situação desapontadora poderá desenvolver-se neste respeito?
TODOS nós vivemos da terra. Todos nós dependemos do que cresce do solo. Suponhamos, então, que todos nós fôssemos jardineiros ou lavradores. O que aconteceria se semeasse muita semente e esperasse colher muito, mas obtivesse muito pouco? Poda as videiras e cultiva-as, mas obtém poucas uvas. Planta linho e cuida dele muito bem, mas ceifa pouco com que produzir pano de linho para roupa. Suas oliveiras recebem a devida atenção, mas há poucas azeitonas para as prensas a fim de produzir azeite. Vai ao celeiro e deseja apanhar vinte medidas de cereais, mas na realidade há apenas dez medidas ali. Vai ao tonel de vinho, depois de ter prensado todas as uvas disponíveis, e para servir convidados ou para vender, precisa das cinqüenta medidas, mas consegue retirar apenas vinte medidas. Suponhamos que isso continue ano após ano! O que pensaria disso?
2. Que outras condições agrícolas péssimas poderá haver, bem como condições sociais más, e a quem devemos atribuir a culpa disso?
2 Pode ser que culpe disso as contínuas secas — o estio. Na estação seca não há nem mesmo orvalho para umedecer as coisas, a fim de salvar o que cresce do solo. A terra fica ressequida. Além disso, os cereais são atacados pelo míldio. Não só isso, mas há também saraiva que abate os frutos das árvores e esmaga a vegetação na terra. Depois, tentando obter um emprego fora da lavoura, para ganhar um pouco de dinheiro extra, a fim de arcar com as despesas, não há emprego disponível ou se paga muito pouco pelos serviços. Além de tudo isso, as condições sociais estão muito perturbadas, e não há paz para ninguém que sai ou entra. Sim, pareceria razoável encarar a questão dum ponto de vista natural e materialista, e lançar a culpa sobre o tempo e a falta de segurança. O tempo, sim! Mas o que está por trás do tempo? Quem é responsável pelo tempo? Estará nisso o verdadeiro motivo do fracasso das safras? Em caso afirmativo, por quê?
3. É apenas imaginária a situação que acabamos de apresentar? E por que podemos todos aprender hoje uma lição do passado distante?
3 Aparentemente, estamos aqui apenas imaginando uma situação calamitosa para uma comunidade agrícola. Mas, na realidade, estamos descrevendo as particularidades dum caso real da história. Este foi registrado especialmente na história sagrada para servir de lição útil e prática para nós hoje, os que chegamos a um estado muito pior do que existia lá naquele tempo, no estado ilustrativo. (Ageu 1:6, 9-11; 2:15-17; Zacarias 8:9, 10, 13) A lição não é obsoleta para nós, os que vivemos nestes “tempos adiantados”, só porque o caso histórico ocorreu há cerca de dois mil e quinhentos anos atrás. Não há mudança de princípios, quer dizer, de regras de ação com respeito aos assuntos das nações e com respeito às causas e aos efeitos.
4. Embora as pessoas de então já tenham desaparecido há muito tempo, quem remanesce, e, por isso, o que nos devemos esforçar a aprender e aplicar?
4 Além disso, embora os envolvidos nisso naquele tempo já desapareceram há muito tempo do cenário mundial, o Teocrata Imortal, o Criador que é responsável pelo tempo, ainda existe para ser tomado em consideração como Restabelecedor do Paraíso para a humanidade. Ele não muda quanto à sua maneira de tratar com suas criaturas humanas. Não podemos desconsiderá-lo sem conseqüências desagradáveis para nós mesmos. Portanto, com mentalidade dócil, examinemos sabiamente o caso real da história e apliquemos a nós mesmos a lição proveitosa que contém.
RETORNO AO ANO 520/519 ANTES DE NOSSA ERA COMUM
5. Quando e por quem foi derrubada a antiga Babilônia, e como veio Jerusalém a ser reocupada?
5 O tempo de nosso cenário histórico é o sexto século antes de nossa Era Comum. Já se passaram mais de oitenta anos desde a destruição da internacionalmente conhecida cidade de Jerusalém pelos exércitos poderosos de Babilônia. Como retribuição bem merecida, a própria Babilônia sofreu a humilhação de se curvar diante dum conquistador, Ciro, e deixou de ser a Terceira Potência Mundial da história bíblica. Isto aconteceu no ano 539 A.E.C., que abalou o mundo. O Império Persa tornou-se então a potência mundial dominante, a quarta da série na história bíblica. Entretanto, a Grécia começava a mostrar-se forte e a ameaçar apoderar-se no devido tempo da posição mundial predominante. Alguns anos antes disso, predisse-se até mesmo que ela se tornaria a próxima potência mundial. (Daniel, capítulos 7, 8, 11; Zacarias 9:13) A cidade de Jerusalém nunca se tornou potência mundial, mas ela mostrou ser a cidade em que ocorreram os acontecimentos mais importantes de toda a história humana. Começou a ser reconstruída e reocupada pelos exilados que o conquistador persa, Ciro, o Grande, libertou do cativeiro de Babilônia no ano 537 A.E.C. — Esdras 1:1 a 3:2.
6. Como ficaram desapontadas as elevadas esperanças dos exilados retornados de Babilônia, quando se decidiu que isso já bastava e quem o decidiu?
6 A cidade sagrada de Jerusalém foi assim restabelecida e a província de Judá foi constituída em um dos muitos distritos jurisdicionais do Império Persa em expansão. Um antepassado de Jesus Cristo, a saber, Zorobabel, filho de Sealtiel, era o governador da província, e Josué, filho de Jeozadaque, filho de Seraías, era o sumo sacerdote da religião nacional. Pouco depois de os exilados retornados se terem fixado no país e tentado cumprir o verdadeiro objetivo de seu retorno, começaram a ter dificuldades com os seus vizinhos pagãos nas suas fronteiras. Seu empreendimento principal ficou paralisado e foi finalmente proscrito pelo governo central da Pérsia. Cessou a prosperidade da província de Judá. A maior esperança dos habitantes de Judá e de Jerusalém, com que haviam partido de Babilônia, ficou desapontada. Com isto se passaram cerca de dezessete anos. Então, o Principal envolvido nesta situação, que parecia estar amaldiçoada, decidiu que isso já bastava. Este era o Grande Teocrata, o Deus-Regente invisível dos habitantes de Judá e de Jerusalém.
7, 8. Em que ano se deu esta intervenção teocrática, e isto foi assinalado por se suscitar que porta-voz de Jeová?
7 A data do ano da intervenção teocrática nos assuntos de Judá e de Jerusalém foi indicada definitivamente. Foi o ano em que o Grande Teocrata suscitou seu porta-voz humano, visível, o profeta chamado Ageu (em hebraico: Haggai). Ele era um dos exilados que haviam voltado de Babilônia, se não no ano 537 A.E.C., então num ano posterior. Seu nome significa “Festivo”; ou, se o “i” final de seu nome em hebraico for uma abreviação de “Iah” (“Já”), então seu nome significa “Festividade [Hhag] de Já”, sendo “Já” a forma abreviada de Jeová. Segundo a tradição, acha-se que nesta ocasião já era homem idoso. A fim de ser historicamente preciso, ele data as suas profecias. O livro de profecias que leva seu nome Ageu é o antepenúltimo livro dos Doze Profetas Menores ou o antepenúltimo livro das inspiradas Escrituras Hebraicas, conforme alistados comumente na Bíblia. Ele escreveu no versículo inicial de seu livro datado:
8 “No segundo ano de Dario, o rei, no sexto mês, no primeiro dia do mês, veio a haver a palavra de Jeová por intermédio de Ageu, o profeta, para Zorobabel, filho de Sealtiel, governador de Judá, e para Josué, filho de Jeozadaque, sumo sacerdote, dizendo.” — Ageu 1:1.
9. (a) Como distinguimos este Dario, rei da Pérsia, do “Dario, o Medo”? (b) Portanto, quando começou a profetizar Ageu?
9 Este Rei Dario é diferente de “Dario, o Medo”, associado com o Rei Ciro, o Persa, na derrubada de Babilônia no ano 539 A.E.C., tendo então sessenta e dois anos de idade. (Daniel 5:30, 31; 6:1-28) Depois de Dario, o Medo, o trono da caída Babilônia foi ocupado exclusivamente pelo Rei Ciro, o Persa. Ele foi sucedido pelo seu filho Cambises. Depois dele, apoderou-se do trono do Império Persa um suposto usurpador, o mago Gaumata. Ele foi derrubado por Dario, o Persa, que assim se tornou o persa Dario I. Ele recebe em geral o sobrenome Histaspes. Visto que o ano de reinado dos reis persas começava na primavera do ano, o segundo ano deste rei persa Dario continuava até a primavera seguinte, e por isso correspondia a 520/519 A. E. C., segundo o nosso calendário. O sexto mês daquele ano contava a partir da primavera de 520 A.E.C. e era o mês lunar mencionado por Ageu, conhecido como elul. (Neemias 6:15) Este mês lunar correspondia ao nosso agosto-setembro. Visto que o dia em que a palavra de Jeová veio ao profeta Ageu era o primeiro dia daquele mês lunar, era o dia da lua nova.
10. Por que era este dia 1.º de elul de 520 A.E.C. uma ocasião em que Ageu podia levar a sua mensagem a uma multidão maior de judeus do que costumeiramente?
10 Segundo a lei teocrática dada por meio do profeta Moisés, este dia da lua nova era um dia de se tocar as trombetas sagradas por ocasião dos sacrifícios oferecidos a Jeová Deus naquele dia. (Números 10:10) Faziam-se também ofertas especiais por fogo a Jeová. (Números 28:11-15) Surgiu também o costume, naquele dia, de fazer visitas religiosas ao lugar onde estava o altar de Jeová. (2 Reis 4:23) Isto trazia muitos devotos a Jerusalém. Portanto, o profeta Ageu deve ter tido uma multidão maior do que a costumeira à qual dirigir a “palavra de Jeová” naquele dia 1.º de elul de 520 A.E.C. Ageu estava, sem dúvida, em Jerusalém naquele dia, pois a sua palavra profética foi dirigida ao Governador Zorobabel e ao Sumo Sacerdote Josué, que oficiava em Jerusalém. A mensagem de Ageu afetava a nação inteira e merecia ser ouvida.
ENVOLVIDA A CASA NACIONAL DE ADORAÇÃO
11. Com que declaração começou esta palavra de Jeová por intermédio de Ageu?
11 Então, o que disse a palavra que veio a haver por intermédio do profeta Ageu? Ageu 1:2 nos conta: “Assim disse Jeová dos exércitos: ‘Quanto a este povo, disseram: “Não chegou o tempo, o tempo de se construir a casa de Jeová.”’” O povo a quem Ageu falou teve de admitir isso.
12. Como chamou Deus a si mesmo e de que valor devia ter sido isso para aqueles judeus?
12 No entanto, quem dissera a “Jeová dos exércitos” o que “este povo” havia dito? Ora, o próprio Jeová dos exércitos o ouviu lá no céu, com seus meios maravilhosos de ouvir. Era extraordinário como Jeová se referiu a si mesmo, a saber, como “Jeová dos exércitos” (Iehovah’ Tsebaoth’, em hebraico). Em todas as inspiradas Escrituras Hebraicas, de Gênesis a Malaquias, esta designação “Jeová dos exércitos” ocorre 281 vezes, sendo usada pela primeira vez em escrita pelo profeta Samuel. (1 Samuel 1:3) Foi usada até mesmo pelos inspirados escritores cristãos Paulo e Tiago. (Romanos 9-29; Tiago 5:4) Era este lembrete, de Jeová ser Comandante em Chefe dos exércitos celestiais, um consolo para os que então habitavam em Jerusalém e na província de Judá?
13. Por que devia ter sido isso um encorajamento para os judeus nas circunstâncias daquele tempo?
13 Devia ter sido. Naquele tempo, eles não tinham exército permanente, assim como as fortemente armadas nações do mundo têm hoje em dia. Quando saíram da terra babilônica de exílio para voltar à sua pátria, não tiveram exército para acompanhá-los para proteção contra os assaltantes ao longo do caminho. Mesmo no ano 468 A.E.C., o escrevente-sacerdote Esdras recusou uma força militar e cavaleiros do Rei Artaxerxes da Pérsia para acompanhá-lo a Jerusalém. — Esdras 8:22, 23.
14. Que opinião pessoal, expressa, daqueles judeus desarmados excitou muito a Jeová e o que havia de censurável nela?
14 Ora, o que era que este “povo” desarmado, os habitantes de Jerusalém e de Judá, haviam dito que excitasse tanto a Jeová dos exércitos? Era a seguinte opinião pessoal deles: “Não chegou o tempo, o tempo de se construir a casa de Jeová.” Tal “casa” seria um edifício para a adoração de Jeová dos exércitos em Jerusalém, onde o sumo sacerdote Josué, filho de Jeozadaque, pudesse oficiar junto com todos os outros sacerdotes da antiga família de Arão. Seria um templo. Portanto, tal casa de adoração ou templo seria de interesse para Jeová dos exércitos. “Este povo” de Jerusalém e de Judá era adorador de Jeová. Então, por que diziam: “Não chegou o tempo, o tempo de se construir a casa de Jeová”? O que havia de objetável nisso? No mínimo mostrava falta de interesse na adoração mais plena de seu Deus. Revelou também falta de fé no invencível “Jeová dos exércitos”. Por conseguinte, “este povo” estava falhando no objetivo primário pelo qual estava ali de volta em Jerusalém e em Judá. Qual era este?
NEGLIGÊNCIA PARA COM A CASA DA ADORAÇÃO DIVINA
15. (a) Quando foram os exilados judaicos libertos de Babilônia e como? (b) Qual foi o verdadeiro objetivo de seu livramento para voltarem à sua pátria?
15 Dezessete anos antes, na primavera do ano 537 A.E.C., os que agora moravam em Jerusalém e em Judá haviam sido libertos do exílio em Babilônia. Foi realmente Jeová dos exércitos quem os remiu e resgatou, a fim de que passassem para o Caminho de Santidade e voltassem a Sião, como Jerusalém também era chamada. (Isaías 35:8-10) Fez-se a redenção ‘deste povo’ apenas para dar a estes exilados um lugar em que morar, longe da Babilônia idólatra, preferivelmente na terra amada de seus antepassados? Ou qual foi realmente o objetivo principal de eles voltarem a esta terra, que havia jazido desolada, sem homem nem animal doméstico, por setenta anos, a partir da destruição de Jerusalém em 607 A.E.C.? (2 Crônicas 36:17-21) Isto foi claramente declarado no decreto imperial emitido em 537 A.E.C. por Ciro, o Grande, conquistador persa de Babilônia, sobre o rio Eufrates. (2 Crônicas 36:22, 23) Este decreto é apresentado plenamente pelo escrevente-sacerdote Esdras, nas seguintes palavras:
“E no primeiro ano de Ciro, rei da Pérsia, para que se consumasse a palavra de Jeová da boca de Jeremias, Jeová despertou o espírito de Ciro, rei da Pérsia, de modo que fez passar uma proclamação através de todo o seu domínio real, e também por escrito, dizendo: ‘Assim disse Ciro, rei da Pérsia: “Jeová, o Deus dos céus, deu-me todos os reinos da terra, e ele mesmo me comissionou para lhe construir uma casa em Jerusalém, que está em Judá. Quem dentre vós for de todo o seu povo, mostre seu Deus estar com ele. Portanto, suba ele a Jerusalém, que está em Judá, e reconstrua a casa de Jeová, o Deus de Israel — ele é o verdadeiro Deus — que havia em Jerusalém. Quanto a todo aquele que restou de todos os lugares onde reside como forasteiro, auxiliem-no os homens do seu lugar com prata, e com ouro, e com bens, e com animais domésticos, junto com a oferta voluntária para a casa do verdadeiro Deus, que havia em Jerusalém.”’. . .
“Também o próprio Rei Ciro trouxe para fora os utensílios da casa de Jeová, os quais Nabucodonosor tinha tirado de Jerusalém e então posto na casa do seu deus. E Ciro, rei da Pérsia, passou a trazê-los para fora sob o controle de Mitredate, o tesoureiro, e a enumerá-los para Sesbazar, o maioral de Judá. . . . Todos os utensílios de ouro e de prata eram cinco mil e quatrocentos. Sesbazar levou tudo para cima, com a subida do povo exilado de Babilônia a Jerusalém.” — Esdras 1:1-11.
16. (a) Quem era “Sesbazar, o maioral de Judá”? (b) Que fato histórico mostra que os exilados restabelecidos se davam conta da verdadeira missão de seu retorno à sua pátria?
16 Este “Sesbazar, o maioral de Judá”, é aparentemente o próprio Zorobabel, filho de Sealtiel, governador de Judá. (Esdras 2:1, 2; 5:1, 2, 14-16; Ageu 1:1, 14; 2:2, 21) Zorobabel, governador de Judá, e os demais exilados retornados deram-se conta de que sua missão principal em retornar à sua pátria era reconstruir o templo em Jerusalém, para a adoração de Jeová. Isto é demonstrado por um fato histórico: Ao fim dos setenta anos de desolação de Jerusalém e de Judá, estes exilados remidos construíram um altar a Jeová no mesmo lugar do anterior altar do templo, e mais tarde lançaram o alicerce do edifício dum novo templo. Lemos:
“Ao chegar o sétimo mês [tisri], os filhos de Israel estavam nas suas cidades. E o povo começou a ajuntar-se como um só homem em Jerusalém. E Jesua, filho de Jeozadaque, e seus irmãos, os sacerdotes, e Zorobabel, filho de Sealtiel, e seus irmãos, passaram a levantar-se e a construir o altar do Deus de Israel, para oferecer sobre ele sacrifícios queimados, segundo o que está escrito na lei de Moisés, o homem do verdadeiro Deus. Assim estabeleceram firmemente o altar no seu próprio local, porque lhes sobreveio horror por causa dos povos das terras, e começaram a oferecer nele sacrifícios queimados a Jeová, os sacrifícios queimados da manhã e da noitinha. Celebraram então a festividade das barracas [15-22 de tisri], de acordo com o que está escrito, junto com os sacrifícios queimados de dia em dia no número correspondente a regra do que era devido cada dia. . . . A partir do primeiro dia do sétimo mês [tisri] principiaram a oferecer sacrifícios queimados a Jeová, quando ainda não se havia lançado o alicerce do próprio templo de Jeová. . . .
“E no segundo ano [536 A.E.C.] da sua chegada à casa do verdadeiro Deus em Jerusalém, no segundo mês [zive ou fiar; abril/maio], Zorobabel, filho de Sealtiel, e Jesua, filho de Jeozadaque, e os restantes dos seus irmãos, os sacerdotes e os levitas, bem como todos os que do cativeiro tinham chegado a Jerusalém deram início, e então colocaram nas posições os levitas da idade de vinte anos para cima, a fim de que atuassem como supervisores da obra da casa de Jeová. . . . Quando os construtores lançaram o alicerce do templo de Jeová, então os sacerdotes, em vestimenta oficial, com as trombetas, e os levitas, filhos de Asafe, com os címbalos, puseram-se de pé para louvar a Jeová segundo a orientação de Davi, rei de Israel. E começaram a responder, louvando e agradecendo a Jeová, ‘porque ele é bom, pois a sua benevolência para com Israel é por tempo indefinido’. Quanto a todo o povo, eles deram um alto grito em louvor a Jeová por causa do lançamento do alicerce da casa de Jeová.
“E muitos dos sacerdotes, e dos levitas, e dos cabeças das casas paternas, os idosos que tinham visto a casa anterior, estavam chorando com alta voz por ocasião do lançamento do alicerce desta casa diante dos seus olhos, ao passo que muitos outros elevavam a voz num grito de alegria. Portanto, o povo não distinguia o som do grito de alegria do som do choro do povo, pois o povo dava um grande grito e o som dele se ouvia a grande distância.” — Esdras 3:1-13.
17, 18. Quando e por que parou a construção do templo?
17 Naquele tempo, estes israelitas repatriados não estavam dizendo: “Não chegou o tempo, o tempo de se construir a casa de Jeová.” (Ageu 1:2) Mas, pouco depois, levantou-se de fora oposição a estes “filhos do Exílio”. Isto se deu porque os israelitas, religiosamente purificados, não permitiram que pretensos adoradores de Jeová, de fora, participassem com eles na construção do templo do Deus de Israel. Por isso, estes vizinhos repelidos e ressentidos tornaram-se adversários deles e continuaram a interferir na reconstrução do templo durante todo o resto do reinado do Rei Ciro e dos reinados dos reis seguintes do Império Persa, até o reinado do Rei Dario Histaspes, o Persa. Antes do reinado deste persa Dario I, aqueles adversários palestinos conseguiram que o governante imperial proscrevesse a obra da construção do templo de Jeová, acusando os repatriados “filhos do Exílio” de serem sediciosos. — Esdras 4:1-22.
18 A Bíblia dá ao imperador persa que emitiu a proscrição o nome de Artaxerxes, e diz: “Então, depois de se ter lido a cópia do documento oficial de Artaxerxes, o rei, perante Reum e Sinsai, o escrevente, e seus confrades, eles foram apressadamente a Jerusalém, aos judeus, e os fizeram parar pela força das armas. Foi então que parou a obra na casa de Deus, que estava em Jerusalém; e continuou parada até o segundo ano do reinado de Dario, rei da Pérsia.” — Esdras 4:23, 24.
19. (a) Aproximadamente por quantos anos ficou paralisada a obra do templo? (b) Por que deixou a proscrição os construtores do templo perplexos, mas quem, finalmente, encaminhou o caso na direção certa?
19 O segundo ano do reinado do Rei Dario I coincide com 520/519 A.E.C., e isto significa que a paralisação da obra de construção dum novo templo de Jeová, em Jerusalém, durou cerca de dezesseis anos, desde o tempo da fundação deste templo, pelo Governador Zorobabel e pelo Sumo Sacerdote Josué (ou: Jesua; Jesus, na Versão dos Setenta grega). Esta proscrição imposta pelo imperador persa Artaxerxes deve ter deixado os judeus em Jerusalém e Judá bastante confusos e perplexos. Talvez se perguntassem como a proscrição deste imperador posterior podia anular o decreto do Rei Ciro, o Grande, emitido em 537 A.E.C., como parte da “lei dos medos e dos persas, que é irrevogável”. (Daniel 6:8, 12) Não pensaram em submeter a questão à prova nos tribunais do Império Persa, levando o caso até mesmo ao Supremo Tribunal do império, à corte de última instância, que era o próprio imperador. A ascensão dum novo imperador, sucessor de Artaxerxes, teria permitido isso. Mas quem promoveria então o caso? Nenhum outro senão o próprio “Jeová dos exércitos”.
20. Por causa de que profecia anterior por Isaías não estava Jeová disposto a anular o decreto de construção emitido pelo Rei Ciro?
20 Dois séculos antes, o Grande Teocrata Jeová, por meio de seu profeta Isaías, havia falado de si mesmo como sendo “Aquele que diz a respeito de Ciro: ‘Ele é meu pastor e executará completamente tudo aquilo em que me agrado’; dizendo eu de Jerusalém: ‘Ela será reconstruída’, e do templo: ‘Lançar-se-á teu alicerce.’ Assim disse Jeová ao seu ungido, a Ciro, cuja direita tomei para sujeitar diante dele nações.” (Isaías 44:28-45:1) Por conseguinte, não era da vontade de Jeová dos exércitos que o decreto de Ciro, a respeito da casa de Jeová, em Jerusalém, fosse anulado. Jeová não é a espécie de Deus que manda lançar o alicerce dum edifício e depois se acha incapaz de completar a construção, ao ponto de que todos os espectadores “comecem a ridicularizá-lo, dizendo: ‘Este [Deus] principiou a construir, mas não pôde terminar.’” (Lucas 14:29, 30) Não, Jeová termina o que começa; sua palavra nunca volta a ele sem cumprimento, “sem resultados”. — Isaías 55:11.
QUESTIONADAS A OPINIÃO POPULAR E A PROSCRIÇÃO IMPERIAL
21. Como e em que ano começou Jeová a corrigir a impressão errônea expressa há muito tempo pelos judeus a respeito da construção do templo?
21 Portanto, chegou o tempo para Jeová dos exércitos corrigir a impressão errônea expressa há muito tempo pelos judeus em Jerusalém e em Judá, de que não chegara ainda o tempo para se reconstruir a casa de Jeová. O que fez então? Suscitou profetas que não tinham medo de falar ao contrário da opinião popular. Esdras 5:1 conta-nos quem foram estes profetas, dizendo: “E Ageu, o profeta, e Zacarias, neto de Ido, o profeta, profetizaram aos judeus que estavam em Judá e em Jerusalém em nome do Deus de Israel, que estava sobre eles.” Os versículos iniciais das profecias registradas de Ageu e de Zacarias nos fornecem o ano em que começaram a profetizar, a saber, “no segundo ano de Dario, o rei” da Pérsia. Mas Ageu começou antes de Zacarias, por vir a haver a palavra de Jeová por meio dele no primeiro dia do mês lunar de elul, dia da lua nova, quando possivelmente havia em Jerusalém muitos peregrinos das outras cidades de Judá.
22. De que precisava Ageu avisar o povo em primeiro lugar e o que se lhe precisava mostrar, questionando a opinião popular?
22 Em primeiro lugar, o profeta Ageu avisou o povo ali em Jerusalém que Jeová dos exércitos sabia o que estavam dizendo sobre o tempo da construção de Sua casa de adoração, construção que havia sido autorizada pelo imperador persa Ciro, o Grande. A paciência divina já havia durado bastante tempo para com os judeus que tinham tal mentalidade. Então, quando a situação parecia ser a pior possível, quando a constante oposição dos adversários religiosos, pagãos, havia sido reforçada por uma proscrição imperial, sim, então era o tempo para se questionar a opinião pública deste povo remido. Era preciso mostrar-lhes de que eram culpados e o motivo por que lhes ia tão mal.
23. Como mostrou a questão apresentada a relação entre a condição da casa de Jeová naquele tempo e a condição econômica deles?
23 Levantou-se assim a questão! “E a palavra de Jeová continuou a vir por intermédio de Ageu, o profeta, dizendo: É tempo de vós mesmos morardes nas vossas casas apaineladas enquanto esta casa está devastada? E agora, assim disse Jeová dos exércitos: “Fixai o vosso coração nos vossos caminhos. Semeastes muita semente, mas pouco se recolhe. Come-se, mas não é até à saciedade. Bebe-se, mas não ao ponto de se ficar embriagado. Põe-se roupa, mas ninguém se aquece; e quem se assalaria, assalaria-se por uma bolsa furada [e o assalariado lança o salário num bolsa furada].”’” — Ageu 1:3-6, NM; PIB.
24. Que situação desequilibrada existia entre as casas pessoais deles e a casa de Jeová, e que perguntas suscitou isso?
24 Havia um motivo vital de eles passarem tão mal em sentido material. Aqueles judeus repatriados diziam que não era o tempo para eles construírem o templo de Jeová, e, por isso, “esta casa” de adoração divina jazia “devastada”, tendo-se lançado apenas um alicerce lá em 536 A.E.C., mas sem superestrutura sobre ela. Ao mesmo tempo, eles mesmos moravam em casas bem cobertas, com teto e paredes bem apainelados com boa madeira. Que notável contraste entre seus lares particulares, para conforto físico, e a casa sagrada de Jeová, para os interesses espirituais de toda a nação! Não era esta uma situação desequilibrada? Não revelava que eles davam mais valor às coisas materiais, ao conforto de sua própria carne, do que às suas necessidades espirituais e suas obrigações para com o Grande Teocrata, Jeová? Não tinha isto conseqüências para eles, não só em sentido espiritual, mas também em sentido material? Não se prejudicavam eles mesmos, não apenas de modo religioso, mas também em sentido econômico? Sim!
25. Qual era o motivo principal de eles se prejudicarem a si mesmos, não apenas em sentido religioso, mas também economicamente, de modo material?
25 Por que também em sentido econômico, material? Porque a terra deles lhes fora dada por Deus. Jeová também os havia remido de Babilônia e trazido de volta àquela terra, como seu povo resgatado. “De modo que”, dissera Ele, muito antes, aos seus antepassados, “a terra não deve ser vendida em perpetuidade, porque a terra é minha. Pois, do meu ponto de vista sois residentes forasteiros e colonos.” (Levítico 25:23) Visto que a terra era Dele, podia fazê-la prosperar e podia também reter sua bênção da terra. Tornou-se assim responsável pela sua produtividade. Se ele se desagradasse do seu povo resgatado, não reteria logicamente a sua bênção? E não indicou Ele, por meio de seu profeta Ageu, o desagrado divino porque sua casa, a casa mais importante em toda a terra de Judá, jazia devastada, e isso já por muitos anos?
26. A que se devia a relação entre a casa de Jeová estar devastada e a má situação econômica?
26 Nestas circunstâncias, deve ter havido alguma relação entre a condição “devastada” da casa de adoração de Jeová e lançarem estes judeus resgatados tanta semente na terra dada por Deus, colhendo, porém, tão pouco em matéria de safras. Colhiam algo para comer, sim, mas não bastante para satisfazer seus desejos ou suas necessidades. Bebiam vinho feito do produto de seus vinhedos, mas não tinham o bastante para fazer vinho suficiente ao ponto de se poderem embriagar com ele. Podiam produzir algo para cobrir o corpo, mas não o bastante e nem de tal qualidade que os mantivesse aquecidos durante o tempo frio. E quando os necessitados se assalariavam para ganhar a vida ou para ajudar a arcar com as despesas, parecia como se o dinheiro fosse ganho apenas para ser lançado numa bolsa de dinheiro cheia de buracos, da qual caíam as moedas e se perdiam, sem proveito para o assalariado. Em vista da relação destes ocupantes da terra com o Dono celestial da mesma, e de suas obrigações religiosas para com Ele, deve ter havido alguma relação vital entre Sua casa “devastada” e a depressão econômica deles.
27. Como indicou a profecia anterior de Jeová, em Ezequiel 36:33-36, que havia tal relação?
27 Esta relação deve ter sido real, em vista do que Jeová, seu Deus, havia prometido por meio de seu profeta Ezequiel, pouco depois da destruição de Jerusalém e da desolação da terra de Judá mais de setenta anos antes: “Assim disse o [Soberano] Senhor Jeová: ‘No dia em que eu vos purificar de todos os vossos erros vou fazer também que as cidades sejam habitadas, e terão de ser reconstruídos os lugares devastados. E a própria terra desolada será cultivada, sendo que se tornara um baldio desolado diante dos olhos de todo transeunte. E as pessoas hão de dizer: “Aquela terra lá, que fora desolada, tem-se tornado como o jardim do Éden, e as cidades que estavam devastadas e que tinham sido desoladas e derrubadas estão fortificadas; foram habitadas.” E as nações que se deixarão restar em volta de vós terão de saber que eu, Jeová, é que construí as coisas derrubadas, plantei o que estava desolado. Eu, Jeová, é que falei e fiz isso.’” — Ezequiel 36:33-36; ed. ingl. 1971.
28. Por que foi que até o ano 520 A.E.C. esta profecia por Ezequiel não se havia cumprido nos judeus e por que devemos nós, hoje, aplicar este ponto a nós mesmos?
28 Quando o restante resgatado dos judeus tementes a Deus retornou à terra desolada em 537 A.E.C., tinham a grande esperança de que se cumprisse esta brilhante profecia. Mas então, por volta do ano 520 A.E.C., sua maior esperança ficou desapontada. Por quê? Sim, por que não diziam os povos pagãos em volta deles: “Aquela terra lá, que fora desolada, tem-se tornado como o jardim do Éden”? O motivo era evidente: Os do restante resgatado dos judeus negligenciavam a adoração Daquele que fez esta grandiosa promessa por meio do profeta Ezequiel. Não há nisto algo que nós, hoje, os que esperamos a transformação de toda a terra num paraíso, devemos tomar a peito? Sim. Mas qual era a solução que se precisava aplicar lá naquele tempo? Deve ser um exemplo para nos aconselhar agora.