Poderosa identificação do Messias
1. Como foi que Deus forneceu-nos esperança, desde o próprio tempo da queda do homem no Éden?
DESDE o próprio começo, logo depois da queda do homem no Éden, Deus falou uma profecia de esperança. Prometeu que haveria um descendente que esmagaria a cabeça do inimigo de Deus. (Gên. 3:15) Ampliou tal promessa e fortaleceu a fé dos homens da antiguidade por dar informações a respeito de tal Descendente, mostrando eventualmente que o Descendente seria Aquele que seria chamado de Messias, no idioma hebraico. Era neste Messias que as nações esperariam. Ter esperança e confiança na pessoa certa, o verdadeiro Messias, era questão de vida ou morte. Conclui-se, então, que se nos deve fornecer a identificação inequívoca do Messias, de modo que nossa esperança não seja desperdiçada, para nossa desilusão e perda da salvação. Pois haveria falsos messias.
2. (a) Como foi que Deus proveu as coisas que modo que nossa esperança não fosse desperdiçada, e quão cabal é essa provisão? (b) Que meio particular de identificação do Messias estudaremos neste artigo?
2 Deus, por meio de sua Palavra, a Bíblia, proveu tal identificação inequívoca. Nas Escrituras Hebraicas pré-cristãs, Deus delineou centenas de pormenores, de qualificações do Messias, e das coisas que se lhe exigiria que cumprisse. Todas estas coisas seriam tão harmonizadas e entreligadas que a probabilidade de algum impostor cumpri-las todas seria de uma em bilhões, virtualmente uma impossibilidade, na realidade, verdadeiramente uma impossibilidade, visto que o Grande Deus Todo-poderoso dirigia os assuntos de forma que houvesse identificação inequívoca de seu Messias prometido. Havia muitos meios de identificação, inclusive a genealogia, lugares, eventos, formas de eventos, e o tempo. Há um deles, o tempo, que também se liga com outros fatores, tais como lugares e eventos, aos quais desejamos trazer à sua atenção neste artigo.
3. (a) O que deve fazer a consideração deste assunto aos que não crêem na inspiração da Bíblia? (b) O que deveria causar que façam as pessoas da fé judaica?
3 Os que não crêem na inspiração da Bíblia, se considerarem sinceramente este assunto, não podem deixar de convencer-se pelo menos de examinar mais a Palavra de Deus com maior respeito. As pessoas da fé judaica que crêem na Palavra de Deus e que crêem que os profetas de Deus não podiam mentir e nem mentiram, ficarão constrangidas a reexaminar a posição de sua religião na questão da vinda do Messias.
4. (a) Quem foi o homem usado para trazer-nos esta profecia? (b) Que identificação do Messias dá a profecia em Daniel 9:24-27?
4 A profecia em pauta é fornecida pelo profeta Daniel, que teve posição mui favorável diante de Deus e que é mencionado na Palavra de Deus qual homem de suprema integridade. No nono capítulo da profecia de Daniel, versículos 24 a 27 (CBC), foi inspirado a dizer:
“Setenta semanas foram fixadas a teu povo e à tua cidade santa para dar fim à prevaricação, selar os pecados e expiar a iniqüidade, para instaurar uma justiça eterna, encerrar a visão e a profecia e ungir o Santo dos Santos. Sabe pois e compreende isto: desde a declaração do decreto sobre a restauração de Jerusalém até um chefe ungido [Messias, o Líder, NM] haverá sete semanas; depois, durante sessenta e duas semanas, ressurgirá, será reconstruída com praças e muralhas. Nos tempos de aflição, depois dessas sessenta e duas semanas, um Ungido [Messias] será suprimido, e ninguém será a favor dele. A cidade e o santuário serão destruídos pelo povo de um chefe que virá. Seu fim chegará com uma invasão, e até o fim haverá guerra e devastação decretada. Concluirá com muitos uma sólida aliança por uma semana, e no meio da semana fará cessar o sacrifício e a oblação; sobre a asa das abominações virá o devastador, até que a ruína decretada caia sobre o devastado.”
5. (a) Que coisas hão de ser determinadas a respeito das “setenta semanas”? (b) Como sabemos que as “setenta semanas” não eram setenta semanas literais de sete dias cada uma?
5 Pela leitura desta profecia, salta aos olhos que aqui há verdadeira jóia na questão de identificar o Messias, e que é de máxima importância para se determinar o tempo do começo das setenta semanas e também g, duração destas semanas proféticas. Podemos dizer já de início que, se fossem semanas literais de sete dias cada uma, então, o Messias veio há mais de vinte e quatro séculos atrás, nos dias do Império Persa e não foi identificado. Também, as outras centenas de qualificações na Bíblia, portanto, não foram cumpridas. Portanto, segue-se que as setenta semanas eram símbolos de tempo muito maior. Quando foi que este tempo começou e terminou?
6. (a) O que temos de determinar a fim de saber quando começaram a ser contadas as “setenta semanas”? (b) Que informações nos fornece Neemias a respeito disto?
6 Na profecia de Daniel, citada acima, o versículo 25 mostra-nos que, desde o tempo em que a ordem entrasse em vigor, seguir-se-ia um determinado período de tempo que indicaria o ano exato em que o Prometido Descendente da mulher de Deus ou o Messias, faria sua aparição na terra. Para determinar quando tal ordem foi dada e quando entrou em vigor, é mister determinar quem foi o rei que deu a ordem e estabelecer o ano quando este rei começou a reinar, pois foi no vigésimo ano deste rei que a ordem foi dada. Neemias nos conta: “No vigésimo ano do rei Artaxerxes, no mês de Nisan, como o vinho estivesse diante de mim, tomei-o e o ofereci ao rei.” (Nee. 2:1, CBC) Nesta ocasião, Neemias trouxe à atenção do rei o estado triste de Jerusalém e pediu que lhe fosse autorizado retornar para reconstruir a cidade. A data desta palestra foi 455 A. E. C. e o rei era Artaxerxes da Pérsia, conforme demonstrado pelos seguintes fatos históricos.
QUATRO REIS QUE PRECEDERAM A ARTAXERXES
7. (a) Quem foram os dois reis que governaram a Pérsia entre os reinados de Dario, o Medo, e Dario I? (b) Quando foi que ocorreu a segunda invasão persa contra a Grécia, e qual foi o resultado dela?
7 Em Daniel 11:1, ele menciona Dario, o Medo, e, no versículo 2, profetiza que haveria ainda três reis que se levantariam a favor da Pérsia, e um quarto que acumularia maiores riquezas do que todos os outros e que “suscitará tudo contra o reino da Grécia”. O terceiro rei foi Dario I, que começou a governar o Império Persa em 522 A. E. C. Fora precedido, desde Dario, o Medo, por dois reis, Ciro, o Persa, e Cambises, filho de Ciro. Em 490 A. E. C. o Rei Dario ordenou uma segunda invasão persa contra a Grécia. As forças persas eram muito mais numerosas que as atenienses, mas, em Maratona, Grécia, os persas foram derrotados. O Rei Dario tencionava invadir a Grécia pela terceira vez, mas morreu em 486 A. E. C., antes de poder terminar os preparativos.
8. (a) Quem foi o quarto rei mencionado por Daniel, que ‘suscitou tudo contra o reino da Grécia’? (b) Quais foram alguns dos atos de Xerxes, por que ele entra na consideração a respeito das setenta semanas, e até que ano se estendeu seu reinado? (c) Como é que Ester 8:32 a 10:3 dá Informações indicando que Xerxes sobreviveu até o décimo terceiro ano de seu reinada?
8 Então, surgiu o quarto rei mencionado por Daniel, para fazer outras tentativas de conquistar a Grécia. Em algumas traduções modernas da Bíblia, seu nome é mencionado como Xerxes. (Ester 1:1-3, CBC, margem; Moffatt e Uma Tradução Americana, em inglês) Em outras traduções, é chamado Assuero, tradução segundo o hebraico. Se Assuero for Xerxes, começou a reinar em dezembro de 486 A. E. C. A razão de o Rei Xerxes I figurar numa consideração das setenta semanas da profecia de Daniel é que era o pai do Rei Artaxerxes, que decretou a reconstrução de Jerusalém. (Nee. 1:1; 2:1, 7, 8) O Rei Xerxes I foi o governante que deu a sanção legal de os judeus se defenderem contra o massacre por parte de seus inimigos. Mardoqueu, o primo de Ester, esposa judia de Xerxes, era então o primeiro-ministro em exercício de Xerxes, e fixou para os judeus a festa de Purim ou Sortes, nos dias quatorze e quinze do décimo segundo mês lunar, adar (fevereiro/março). (Ester 9:20, 21) Xerxes governava então em seu décimo segundo ano (Ester 3:7) e seu domínio deve ter-se estendido até seu décimo terceiro ano, algum tempo em 474 A. E. C., pois, depois do decreto de Xerxes, ocorreram outras coisas, conforme expresso em Ester 9:32 a 10:3 (CBC):
“Deste modo a ordem de Ester confirmou a instituição dos Purim, e tudo isso foi consignado num livro. O rei Assuero [Xerxes] impôs um tributo sobre o continente e sobre as ilhas do mar. Tudo que concerne a seu poder e suas façanhas e os detalhes sobre a elevação de Mardoqueu pelo rei, estão escritos no livro das Crônicas dos reis dos Medos e dos Persas. Porque o judeu Mardoqueu era o primeiro depois do rei Assuero. Ele gozava de grande consideração entre os judeus e era amado pela multidão de seus irmãos. Procurava o bem de seu povo e falava a favor da felicidade de toda sua nação.”
9. (a) Quando ocorreu a terceira invasão dos persas contra a Grécia, e quais foram os seus resultados? (b) Será que esta derrota pelos gregos removeu a Pérsia de ser a Quarta Potência Mundial?
9 A terceira invasão da Grécia ocorreu antes do décimo segundo ano de Xerxes. Cruzando o Helesponto em 480 A. E. C., as forças invasoras de Xerxes, muito mais numerosas que as gregas, foram derrotadas pelas táticas de Temístocles, general ateniense. Os gregos, em Termópilas, detiveram os persas, infligindo-lhes pesadas perdas, e isso foi seguido pela destruição de mais da metade da esquadra de Xerxes. No ano seguinte, os gregos derrotaram o exército persa que ficara sob o comando de um dos seus mais hábeis generais. No mesmo dia, o remanescente da esquadra persa foi destruído, perto do promotório de Mycale, na Ásia Menor. Os persas jamais invadiram novamente a Grécia. Assim, os esforços da Quarta Potência Mundial de invadir a fundo a Europa foram barrados em 479 A. E. C., o oitavo ano do reinado de Xerxes. No entanto, o Império Persa continuou a manter o domínio mundial por mais um século e meio.
COMEÇA O REINADO DE ARTAXERXES
10. (a) O que aconteceu com Temístocles pouco tempo depois da vitória que ganhou contra a Pérsia? (b) Na corte de quem foi que Temistocles procurou e encontrou proteção?
10 Apresentamos aqui evidência histórica de que o reinado de Artaxerxes começou em 474 A. E. C.: Muito embora Temístocles conseguisse tais vitórias e fortalecesse grandemente as defesas gregas, mais tarde começou a perder a confiança do povo. Foi finalmente acusado de negociações lesas-pátrias com os persas. Fugiu para a Ásia Menor e foi declarado traidor e suas propriedades foram confiscadas. Lemos, contudo, que foi bem recebido pelos persas:
Ele . . . por fim procurou a proteção da corte persa, onde obteve grande favor dó monarca reinante, Artaxerxes Longimano. Estava profundamente empenhado nos planos para os persas subjugarem a Grécia, que prometeu a Artaxerxes maquinar, quando, . . . segundo alguns relatos, tomou veneno; . . . — The Encyclopedia Americana, edição de 1929, Volume 26, página 507.
11. Quando se deu a morte de Temistocles, e como isto nos ajuda a fixar a data em que chegou à Ásia Menor?
11 Foi durante o reinado de Artaxerxes que morreu na Ásia Menor o exilado Temístocles. Segundo os anais ou cronologia de Diodoro, o Siciliano, historiador grego do primeiro século A. E. C., a data da morte de Temístocles foi 471 A. E. C. Deve ter chegado à Ásia Menor em 473 A. E. C., segundo as seguintes informações: Ao chegar à Ásia Menor, enviou uma carta ao Rei Artaxerxes e solicitou-lhe audiência, mas pediu primeiro um ano para aprender a falar persa, depois do que iria e colocaria diante de Artaxerxes alguns planos para subjugar a Grécia. Este pedido lhe foi concedido por Artaxerxes, e Temístocles compareceu à sua corte no fim do ano.
12. (a) Como é que Tucidides (historiador grego) apóia a idéia de que Temistocles fugiu para a Ásia Menor em 473 A. E. C.? (b) Como é que o historiador Nepos apóia a declaração de Tucídides? (c) (Nota marginal) O que diz o biógrafo grego, Plutarco, em consonância com Tucidides?
12 O historiador grego, Tucidides, de Atenas, viveu durante o reinado de Artaxerxes, o Persa, e conta-nos que o General Temístocles fugiu de seu país natal para a Ásia (Pérsia), quando Artaxerxes era apenas “recém-chegado ao trono”. — Veja-se Tucídides no Livro I, capítulo 137.
Nepos, historiador romano do primeiro século A. E. C., apóia Tucidides, dizendo: “Sei que a maioria dos historiadores relataram que Temistocles foi para a Ásia no reinado de Xerxes, mas dou mais crédito a Tucidides do que a outros, porque ele, de todos os que deixaram registros daquele período, era quem estava mais perto na questão de tempo de Temístocles, e era da mesma cidade. Tucidides diz que ele se dirigiu a Artaxerxes.” — Nepos, Themistocles, capítulo 9.a
13. (a) Quando é que Jerônimo diz que Temistocles chegou na Ásia? (b) Quando foi que começou o reinado de Artaxerxes, segundo o erudito Hengstenberg?
13 Eusebius de Jerônimo situa a chegada de Temístocles na Ásia no quarto ano da 76a. Olimpíada (períodos de quatro anos, começando em 776 A. E. C.), isto é, em 473 A. E. C. O erudito alemão Ernst Hengstenberg diz que o reinado de Artaxerxes começou em 474 A. E. C.
14. Qual, então, é a importante data que estabelecem os precedentes dados históricos?
14 À base destes relatos históricos, podemos fixar a data importantíssima: o primeiro ano do reinado de Artaxerxes. Pois, visto que ele era “recém-chegado ao trono” quando Temístocles chegou à Ásia em 473 A. E. C., isto apoiaria as outras fontes que indicam 474 A. E. C. como sendo o começo do reinado de Artaxerxes.
QUANDO COMEÇARAM AS SETENTA SEMANAS
15. (a) Quando se dava o começo e quando se dava o fim do ano, segundo a maneira de datar de Neemias, e com que forma de datar isto concorda atualmente? (b) Quando é que Neemias diz que recebeu o relatório a respeito da condição de Jerusalém?
15 Bem, quanto ao começo da profecia de tempo de Daniel, em Daniel 9:24-27, Neemias não deixa dúvida. Seu ano calendar começava com o mês tisri (setembro/outubro, assim como o calendário civil dos judeus atualmente) e terminava no mês elul (agosto/setembro) como o décimo segundo mês. O mês de quisleu, em que Neemias obteve relatórios da luta dos judeus e da má condição física de Jerusalém, era o terceiro mês a partir de tisri e caía parte em novembro e parte em dezembro. Neemias nos conta (Nee. 1:1, 2, CBC):
“No mês de Casleu do vigésimo ano, como eu me encontrasse em Susa, no palácio, eis que chegaram de Judá, Hanani, um de meus irmãos, com alguns companheiros. Perguntei-lhes sobre os Judeus libertados que tinham escapado ao cativeiro e sobre Jerusalém.”
16. (a) Quando começava o ano e quando terminava, segundo contado pelo escritor do livro de Ester? (b) O que constituiu o primeiro ano de Xerxes e o seu duodécimo ano? (c) O que Neemias considerou como sendo o começo e o fim do ano? (d) O que constituiria o primeiro ano de Artaxerxes e o seu vigésimo ano? (e) (Nota marginal) Ilustrem como o fim do governo de Xerxes e o primeiro ano de domínio de Artaxerxes seria 474 A. E. C.
16 Que ano, no calendário gregoriano correntemente usado, seria o vigésimo ano de Artaxerxes? Delineamos aqui a evidência cronológica: Xerxes começou a reinar em dezembro de 486 A. E. C. Visto que o registro no livro de Ester conta o ano a partir da primavera (nisã, ou março/abril), o primeiro ano de Xerxes nesse calendário terminaria em fevereiro/março de 485 A. E. C. (Ester 9:1) O décimo segundo ano de Xerxes foi de março/abril de 475 a fevereiro/março de 474. É possível que Xerxes vivesse além de seu décimo segundo ano (isto é, além de adar [fevereiro/março de 474] até seu décimo terceiro ano, conforme mencionado acima). Artaxerxes o sucedeu no mesmo ano, 474. Mas, o calendário de Neemias contava o ano como começando no outono (tisri, ou setembro/outubro), de modo que o ano calendar que ia de tisri de 475 a tisri de 474 seria o ano em que começou o reinado de Artaxerxes.b (Nee. 1:1; 2:1) O vigésimo ano de Artaxerxes decorreu, então, de setembro/ outubro de 456 A. E. C., a agosto/setembro de 455 A. E. C.
17. Qual era o desejo de Neemias, e quando teve oportunidade de cumpri-lo?
17 Neemias, servo zeloso de Jeová Deus, estava vitalmente interessado na verdadeira adoração no lugar em que Jeová colocara seu nome, a cidade de Jerusalém. Ao ouvir as más novas sobre Jerusalém, orou a Jeová, desejando ser usado para trazer alívio a Jerusalém. No sétimo mês do ano calendar lunar, neste mesmo vigésimo ano de Artaxerxes, que seria nisã (março/abril), de acordo com a contagem de Neemias, no ano 455 A. E. C., Neemias, como copeiro, teve oportunidade de apresentar o assunto, a fim de obter a aprovação do rei, como relata: “No vigésimo ano do rei Artaxerxes, no mês de Nisan, como o vinho estivesse diante de mim, tomei-o e o ofereci ao rei.” “Ele consentia que eu partisse desde que se fixasse uma data.” (Nee. 2:1, 6, CBC) Neemias agiu de imediato.
18. Quando começou a ser contado o período de tempo de setenta semanas”, como se deu no caso de que outra profecia de tempo?
18 Assim como o fim dos setenta anos de desolação de Jerusalém ocorreram quando o decreto de Ciro entrou em efeito por ocasião da chegada dos judeus em Jerusalém para lançar o alicerce do templo, assim haveria setenta semanas de anos desde o tempo da ordem de Artaxerxes entrar em vigor, isto é, depois de os judeus, junto com Neemias, chegarem a Jerusalém e ao dar ele ordens para reconstruir os muros da cidade. Vejamos a seguir quando foi que a ordem de reconstruir a cidade realmente entrou em vigor.
19. (a) Pelo menos, por quanto tempo entraria em efeito a ordem depois de ser dada por Artaxerxes, e em que dia e em que ano seria isso? (b) (Nota marginal) Que data fornece o erudito Hengstenberg para o primeiro ano e o vigésimo ano de Artaxerxes? (c) Como são estas datas corroboradas por outros historiadores?
19 Levaria cerca de quatro meses para viajar de Susã, a capital de inverno do rei, até Jerusalém, fixando a chegada de Neemias por volta do começo do undécimo mês, ab. Neemias descansou e conferenciou por três dias, inspecionou os muros da cidade à noite, daí, deu ordens para começar a construção. Isto seria por volta do terceiro ou quarto dia de ab de 455 A. E. C., ou cerca de 26-27 ou 27-28 de julho de 455 A. E. C., ainda no vigésimo ano de Artaxerxes.c (Nee. 2:11-18) Isto assinala nosso ponto de partida para a contagem do tempo dado por esta importante profecia de Daniel. É então que entrou em vigor a ordem para restaurar e reconstruir Jerusalém.d
DURAÇÃO E FIM DAS SETENTA SEMANAS
20. (a) No cumprimento, quanto tempo duram as setenta semanas e as sessenta e nove semanas? (b) Quando começa a contagem das semanas, e como calculamos quando terminaram as sessenta e nove semanas?
20 Quanto à duração das semanas proféticas, Uma Tradução Americana e a tradução do Dr. James Moffatt vertem a expressão em Daniel 9:24-27 como “setenta semanas de anos”. Estas, então, eram setenta “semanas” de sete anos cada uma, ou 490 (70 x 7) anos. Seria depois de 69 (7 + 62) semanas de anos que apareceria o Messias. Começando erre 455 A. E. C., a que data a profecia nos leva para a vinda do Messias, o Líder?
[Tabela na página 248]
455 A. E. C. a 1 A. E. C. = 454 anos
1 A. E. C. a 1 E. C. = 1 ano
1 E. C. a 29 E. C. = 28 anos
69 semanas de anos = 483 anos
21. (a) Quando mostra a profecia que se deveria esperar que o Messias surgisse? (b) Quem surgiu naquele ano para cumprir a profecia, e por que ele podia ser chamado de “Messias” naquele tempo? (c) Será que havia outra evidência corroborativa para o identificar como sendo o Messias? (d) O que é interessante a respeito do tempo do começo das sessenta e nove semanas? (e) Quando foi terminada e construção dos muros?
21 Assim, 29 E. C. é a data que se poderia esperar que o Messias aparecesse. A história prova que foi nesse ano que Jesus surgiu, a fim de ser batizado por João no Jordão, e o espírito santo desceu do céu para ungi-lo e fazer dele o Messias ou o Cristo, que significa “Ungido” ou “O Ungido”. Antes desse tempo, fora o homem Jesus, mas não podia ser chamado de O Ungido até o tempo de sua unção com espírito santo. João deu testemunho da unção dele, e Jeová deu testemunho pelo símbolo de uma pomba e pela sua própria voz, falando desde o céu. (Luc. 3:1, 2, 21-23) Interessante fato relacionado à exatidão desta contagem de tempo é que se iniciou o ano em que começaram as 69 semanas, não no mês de nisã, mas no mês de tisri, que é o mês em que Jesus foi batizado e ungido. A data do começo da edificação dos muros se deriva da declaração em Neemias 6:15 (CBC), que relata: “Terminou-se a muralha no vigésimo quinto dia do mês de Elul [o duodécimo mês] em cinqüenta e dois dias:” O mês ab, que antecedia a elul, tinha trinta dias, de modo que a obra de construção deve ter começado rio dia quatro de ab de 455 A. E. C., ou 27-28 de julho, e terminado em 16-17 de setembro de 455 A. E. C., ainda no vigésimo ano de Artaxerxes.
22. Por que o ano de 455 A. E. C. era um ano marcado de favor para com Sião?
22 Por certo, a profecia de Daniel era verdadeira, que o ano 455 A. E. C., que era o vigésimo ano do imperador persa, Artaxerxes Longímano, era ano marcado, dando início a uma época de favor divino para com Sião. Era uma das datas mais proeminentes da história, pois era o começo das sessenta e nove semanas de anos que levavam à chegada do Descendente há muito prometido da mulher de Deus, o Messias. — Dan. 9:25.
23. (a) Para que fim serviu a profecia de Daniel sobre as “setenta semanas” para a nação judaica e para nós, atualmente? (b) Como é que vemos que, no tempo do aparecimento de João Batista, os judeus estavam cônscios do tempo indicado pela profecia de Daniel? (c) O que aconteceu na metade e no fim da setuagésima semana?
23 Esta notável profecia de Daniel serviu por mais de 400 anos como uma luz. Não só isso: foi uma das mais poderosas provisões para se identificar o Messias, para a nação judaica e para nós, hoje em dia. Antes de terminarem os 483 anos, a profecia a. respeito do predecessor do Messias foi cumprida, e os judeus ouviram João Batista anunciar o aparecimento do Messias. Na realidade, os judeus aguardavam o aparecimento do Messias, o Líder, ao considerarem as profecias, inclusive a profecia de tempo de Daniel e a obra de João Batista. Lucas 3:15 diz: “Ora, visto que o povo estava em expectativa e todos raciocinavam nos seus corações a respeito de João: ‘Será este o Cristo?” Conforme predissera Daniel, na metade desta semana final de anos, ou, depois de três anos e meio do ministério de Jesus, ele foi suprimido. Morreu na estaca de tortura em 14 de nisã, a metade do ano lunar que começava no outono (do hemisfério norte) com o mês de tisri. Três anos e meio depois, chegou ao fim a setuagésima semana de anos, com a unção de Cornélio, o primeiro gentio a ser levado ao corpo de Cristo, para estar entre o corpo de ungidos. — Isa. 40:3; Mat. 3:3; Dan. 9:24.
24. Que efeito deve ter sobre nós a consideração desta profecia, o que devemos fazer a respeito, e por quê?
24 Quando a pessoa pensante medita na previsão e no tremendo poder envolvidos em realizar o cumprimento de tal profecia, que tratou não só com pessoas, mas com inteiras nações, não pode deixar de ver, ou, pelo menos, de dar a mais séria consideração à identidade de Jesus Cristo como sendo o Messias. Os que desejam realmente a vida farão isso, pois o Messias é o Descendente da mulher de Deus e o Descendente de Abraão, por meio de quem os inimigos de Deus serão destruídos. Também, por meio dele, todas as famílias da terra se abençoarão, por exercerem fé e seguirem as ordens deste Rei Ungido e Líder, o Filho do Deus Todo-poderoso, Jeová. — Gên. 22:17, 18.
[Nota(s) de rodapé]
a Sob “Temístocles”, o biógrafo grego Plutarco, do primeiro século da E. C., diz: “Tucidides, e Charon de Lampsacus, dizem que Xerxes estava morto, e que Temistocles entrevistou-se com o filho dele, Artaxerxes; mas Ephorus, Dinon, Cltarchus, Heráclides e muitos outros, escrevem que se dirigiu a Xerxes. As tabelas cronológicas concordam mais com o relato de Tucldides.” — c. 27.
b Para ilustrar: No nosso atual calendário (gregoriano, de janeiro a dezembro), se um governante morresse em dezembro de 1964 e seu sucessor começasse a governar no mesmo mês, diríamos que o primeiro ano do sucessor e o último ano de seu predecessor era 1964, o ano que começara onze meses antes, em janeiro, embora ambos os eventos ocorressem perto do fim do ano calendar.
c Tendo a apoiar-lhe fatos históricos, o notável erudito alemão, Ernst Wm. Hengstenberg (1802-1869) prova que está errada a data de 445 A. E. C. do Dr. Henry Dodwell. Em sua obra intitulada “Cristologia do Velho Testamento”, no seu volume 2, na página 394 (§ 2), Hengstenberg afirma: “A diferença [de opinião] se refere apenas ao ano do começo do reinado de Artaxerxes. Nosso problema é completamente resolvido quando mostramos que este ano cai no ano 474 antes de Cristo. Pois, então, o vigésimo ano de Artaxerxes é o ano 455 antes de Cristo, segundo a forma usual de contar, . . .”
Quando provava que o reinado de Artaxerxes começou em 474 A. E. C., Hengstenberg diz, na página 395: “Krueger . . . fixa a morte de Xerxes no ano 474 ou 473, e a fuga de Temistocles um ano depois.” Na página 399, Hengstenberg fala dum reinado de “cinqüenta e um anos” de Artaxerxes, enquanto o historiador grego Ctesias, do quinto século A. E. C., calcula que Artaxerxes reinou apenas 42 anos. — Veja-se a tradução em inglês, feita do alemão, de Reuel Keith, primeira edição, Nova Iorque, (1836-1839), em três volumes.
Hengstenberg dá, como possível razão para o erro evidente no Cânon de Ptolomeu, quando fixava para Xerxes um reinado de 21 anos, que, quando Ptolomeu compilou sua lista de reis pelo registro dos antigos cronologistas, confundiu o grego ia com ka, que para os gregos representam os numerais 11 e 21 respectivamente.
O Arcebispo James Ussher, da Irlanda (1581-1656), como cronologista, sustentou (na página 131 de Annales Veteris et Novi Testamentorum, sob “O Império Persa”, conforme publicado em 1650), que Artaxerxes Longímano ascendeu ao trono persa em 474 A. E. C., mas sua data para isto não foi colocada nas Bíblias com referências. Os escritores de nomeada, Vitringa (1659-1722) e Krueger (1838) concordaram com Ussher em fixar a data da ascensão de Artaxerxes ao trono persa em 474 A. E. C.
d O Volume 9 da Cyclopcedia of Biblical, Theological and Ecclesiastical Literature de M’Clintock e Strong, trata das “Setenta Semanas da Profecia de Daniel”, e, na página 602, sob o subtítulo “1. A Data do Edito”, diz: “Temos suposto que isto se dá desde o tempo de entrar em vigor em Jerusalém, antes que de sua decretação nominal em Babilônia. A diferença, contudo (sendo apenas de quatro meses), não exerce séria influência sobre o argumento.”