Defendendo a divindade de Jeová apesar de hostilidade de Babilônia
“Jeová passou a dizer a Satanás: ‘Fixaste o teu coração no meu servo Jó, que não há ninguém semelhante a ele na terra?’” — Jó 1:8.
1, 2. (a) Será que há um desafio em existência, e o que envolve? (b) Que evidências serão apresentadas neste estudo, e por quê?
DESDE o tempo de Adão até os nossos dias existe um desafio quanto a quem de direito exerce universalmente a Divindade Soberana, tanto sobre o céu como sobre a terra. Se o Deus Onipotente, Jeová, a exerce, então, será que ele pode escolher testemunhas fidedignas na terra para defender a Sua Divindade Soberana com integridade? Também, será que tais testemunhas escolhidas poderão sustentar Sua Divindade Soberana com perseverança, contra a hostilidade vituperadora? Lembre-se, está escrito: “‘Vós sois as minhas testemunhas; é a declaração de Jeová, ‘e eu sou Deus’.” — Isa. 43:12.
2 Nos dias de Ninrode, algum tempo depois do Dilúvio, Satanás começou a produzir uma avalancha de apostasia oriunda da antiga cidade de Babilônia. Dali, o falso modo de pensar religioso babilônico cresceu e se espalhou pelos quatro cantos da terra. Com respeito a este desenvolvimento babilônico, a Bíblia registra a dramática história de Jó, dos séculos dezessete e dezesseis A. E. C., junto com seus notáveis quadros celestes e terrestres. Nela foi preservada para nós cintilantes evidências do falso modo de pensar religioso babilônico que tem estimulado os homens a manifestar hostilidade contra os verdadeiros adoradores de Jeová Deus. Desta fonte antiga, Satanás produziu uma corrente de astuta apostasia a fim de perpetuar milenar controvérsia entre os guiados pela falsa sabedoria religiosa babilônica e os guiados pela pura sabedoria que provém de Jeová, o verdadeiro Deus. (Tia. 3:17) Nossa atenção se focalizará agora nestes instantâneos das atividades religiosas babilônicas empregadas por Satanás, no decorrer da história, para vituperar a Jeová Deus por manter acesa a questão de se há um Deus Soberano que influi ou não nos assuntos dos homens.
O LIVRO DE JÓ
3. Será que se pode dizer que o livro de Jó é fidedigno, e por quê?
3 Agora que se aproxima o “dia da vingança da parte de nosso Deus” (Isa. 61:2), para a grandiosa solução desta questão da Divindade Soberana, os altos críticos modernos da Bíblia tentam continuamente desacreditar o relato de Jó, no esforço de cegar os homens quanto à sua aplicação e seus progressivos cumprimentos. ‘Moisés não era um escritor inspirado’, dizem, ‘nem era Jó um personagem histórico’, mas, asseveram, ‘o livro de Jó é apenas um belo poema de sabedoria literária, composto entre 600-400 A. E. C.’a Os altos críticos ignoram as abundantes evidências internas que envolvem uma sociedade nômade de grande riqueza, que somente poderia enquadrar-se no período dos patriarcas do século dezessete A. E. C., e não do quinto século A. E. C., quando a vida urbana dos estados nacionais, com suas arregimentações, tornaria improvável haver um Jó de tamanha riqueza e de operações pastoris como as Escrituras o descrevem. A antiguidade e a fidedignidade do livro de Jó se acham bem firmadas.b Jó, como parte das Santas Escrituras, serve bem qual base sólida para o estudo do desafio a respeito da Divindade nestes últimos dias.
O ANTIGO JÓ
4. Quem era Jó? Qual era seu parentesco com Abraão, e que proceder semelhante a Abraão seguiu ele?
4 Examinemos agora o conteúdo do livro de Jó, a fim de observarmos como estabelece claramente a questão da Divindade por meio de eventos da vida de Jó, qual apoiador de Jeová. Jó, homem muito rico, abençoado com sete filhos e três filhas, vivia como descendente de Uz, a leste da terra prometida a Abraão, tio-avô distante de Jó. (Gên. 22:20, 21; Jó 1:1) Sendo servo do mesmo Deus, Jeová, que Abraão adorava, Jó alcançou a proeminência algum tempo antes de seu primo distante, Moisés, tornar-se o profeta de Jeová aos israelitas, durante seu cativeiro no Egito, no século dezesseis A. E. C. Corretamente, então, Jeová podia referir-se à Sua testemunha Jó como “o maior de todos os orientais” ou “filhos do Oriente”, dizendo também “não há ninguém semelhante a ele na terra”, isto é, que vivesse contemporaneamente. (Jó 1:3; 2:3) Muito tempo antes do tempo de Jó, o seu parente anterior, Abraão, fizera um êxodo, partindo do território religiosamente babilonizado de Ur dos Caldeus. (Gên. 11:28, 31) Atrás de si, Abraão deixou a idolatria pagã e os rituais religiosos apóstatas de Babilônia, que saturavam a cidade natal de Abraão, Ur. (Gên. 15:7) Com efeito, em épocas posteriores, os termos caldeus e babilônicos se tornaram intercambiáveis. (Eze. 23:15) Não só Abraão recusara se tornar religiosamente babilonizado em sua juventude, mas também rejeitara o fascínio do seu modo de pensar e seu espírito. A fim de não partilhar nos pecados e nas pragas resultantes de Babilônia, Abraão saíra sabiamente de sob a influência babilônica a fim de se estabelecer em Canaã, a terra prometida, sob a direção de Jeová, o verdadeiro Deus. (Rev. 18:4) Embora Jó também vivesse no Oriente, onde dominava a religião babilônica, ele, como seu tio-avô afastado, Abraão, também recusara tornar-se babilonizado quanto ao modo de pensar religioso. Com integridade, manteve seu coração apegado ao apoio da Divindade Soberana do verdadeiro Deus, Jeová.
PERMITIDA A PROVA FEITA POR SATANÁS
5. Provem que a palavra “Satanás” qualifica uma pessoa, e a quem.
5 Nossa vista agora se volta para o quadro inicial do livro de Jó, onde se revela a majestosa cena da corte no céu. Os anjos se aproximam do verdadeiro Deus, Jeová. Surpreendentemente, a questão da Divindade é dramatizada por se permitir que também esteja presente o intitulado “Satanás”. É digno de nota que em Jó 1:6 e dali em diante, o grande oponente ou adversário de Jeová, também o maior inimigo do homem, seja identificado como personalidade e até mesmo com título. O verbo hebraico satán significa “resistir” e é primeiramente usado por Moisés em Números 22:22, 32.c Mas, em Jó 1:6, o hebraico usa o substantivo satán com o artigo definido ha afixado a ele, assim rezando hassatan ou O Satanás em português.d O artigo definido, por conseguinte, qualifica Satanás como pessoa e torna impossível o conceito alimentado por muitos de que Satanás é o mal, a resistência ou oposição abstratos. Desta forma, a Bíblia estabelece Satanás como sendo uma personalidade definida, sendo a palavra “Satanás” um dos títulos apropriados a ser usados para identificá-lo. — Veja-se também Zacarias 3:1, 2.
6. Que habilidade divina possui Jeová, e como se vê isso?
6 Jeová, o provador de seus servos semelhantes a jóias, pode ler os corações dos anjos e dos homens. “Eu, Jeová, esquadrinho o coração . . . a fim de dar a cada um segundo os seus caminhos, segundo os frutos dos seus tratos.” (Jer. 17:10) “Jeová faz uma avaliação dos corações.” (Pro. 21:2) Em vista desta habilidade divina, verificamos Jeová lendo os pensamentos mais íntimos do coração de Satanás. “Jeová passou a dizer a Satanás: ‘Fixaste o teu coração no meu servo Jó, que não há ninguém semelhante a ele na terra, um homem [1] inculpe e [2] reto, [3] temendo a Deus e [4] desviando-se do mal?’” (Jó 1:8) Aqui também se indica que Jeová lia precisamente o coração de Jó, porque todos os quatro pontos recomendáveis acima, mencionados por Jeová como se encontrando em Jó, são frutos provenientes do tesouro de um coração limpo e puro. “O homem bom, do bom tesouro do seu coração, traz para fora o bom, mas o homem iníquo, do seu tesouro iníquo, traz para fora o que é iníquo; pois é da abundância do coração que a sua boca fala.” — Luc. 6:45.
7. (a) De que satanás acusa falsamente a Jó? (b) O que indica esta evidência indireta?
7 Este prólogo no céu continua. Satanás a seguir acusa Jó de adorar a Jeová em troca daquilo que obtém egoìstamente disso, a saber, a riqueza, e não por causa da integridade de seu coração, nem por causa de seu amor a Deus. “Satanás respondeu a Jeová e disse: ‘Acaso é debalde que Jó teme a Deus? Tu mesmo não puseste uma cerca em volta dele, e em volta de sua casa, e em volta de tudo que ele possui em toda a parte?’e Abençoaste a obra de suas mãos e até seu gado tem-se espalhado na terra. Mas, para variar, estende tua mão, por favor, e toca em tudo o que ele tem e vê se ele não te há de amaldiçoar na tua própria face: Concordemente, Jeová disse a Satanás: ‘Vê! Tudo o que ele tem está na tua mão. Somente contra ele mesmo não estendas a tua mão!’ Assim, Satanás afastou-se da pessoa de Jeová.” — Jó 1:9-12.
SOB A MÃO DE SATANÁS
8. (a) Expliquem os usos figurados na Bíblia das palavras braço e mão. (b) Que poder é concedido a Satanás por permissão?
8 A mão humana, bem como o braço, é comumente usada na linguagem retórica da Bíblia para transmitir certos sentidos. O braço representa a habilidade de gerar, desenvolver ou concentrar força ou poder. Por exemplo, no braço do homem há a habilidade de produzir grande poder, força ou energia para lançar um objeto, tal como uma bola. Mas, é a mão que representa a força ou poder aplicado. É a mão que aplica o poder gerado pelo braço a certos pontos específicos. Ao arremessar uma bola, é a mão que determina como a força gerada pelo braço produzirá uma curva ou trajetória ou rodopio da bola. O braço de Jeová, de força gerada, é descrito em Isaías 51:9-11, ao passo que sua mão de arranjos de poder aplicado é mencionada em 1 Pedro 5:6. Bem, quanto a Jó, Satanás propôs que Jeová aplique novamente a sua mão de poder em Jó na forma de perseguição. Jeová concorda somente por certo tempo de tirar sua mão para permitir que Jó venha a estar sob a mão resistente do poder aplicado de Satanás de produzir calamidades.
9. (a) Como é que Satanás começa a aplicar sua mão? (b) Que evidências babilônicas são aqui indicadas?
9 O segundo quadro se inicia com uma cena de acontecimentos terrestres. Satanás, do domínio do invisível, produz a seguir tremendas adversidades sobre Jó. A mão de poder aplicado de Satanás está agora em operação. Por algum tempo, Satanás fez com que bandos treinados de agentes babilônicos na terra ficassem disponíveis para atos de hostilidade. Primeiro, a riqueza de Jó começa a ser despojada pelos joguetes de Satanás, os despojadores sabeus, que roubaram o grande rebanho de Jó. Incidentalmente, os sabeus eram adoradores apóstatas dos corpos celestes, do sol, da lua e das estrelas, derivando-se dos babilônios.f (Isa. 47:1, 13) O próprio Jó se opunha abertamente a tal adoração do sol e da lua. (Jó 31:26, 27) As riquezas de Jó continuaram a ser destruídas por um fogo destrutivo que desceu da atmosfera para destruir os grandes rebanhos de ovelhas de Jó. (Efé. 2:2) Por fim, sua riqueza foi arrasada por três bandos de caldeus que despojaram Jó de seu grande número de camelos. Note que os caldeus, que eram pessoas babilônicas, controladas pela religião, foram também os agentes usados por Satanás para guerrear contra a verdadeira testemunha de Jeová, Jó. Haver “três” bandos é evidência primitiva de que os fanáticos religiosos babilônicos eram enfàticamente contra Jeová, três sendo um símbolo numérico de ênfase. — Jó 1:13-17.
10, 11. (a) Como é que Jó reage aos golpes adicionais de Satanás? (b) Quais são as fontes de perseguição, e por que são permitidas?
10 Não bastando isso — a mão adversa de Satanás continua. Os dez filhos de Jó têm de ser assassinados por um grande vento tempestuoso gerado pelo braço de Satanás e daí mortos pela mão de poder aplicado de Satanás. (Heb. 2:14) Que notícias de golpes devastadores! (Jó 1:18-20) Embora Jó não soubesse a razão pela qual lhe sobreviera toda esta adversidade, o seu coração se manteve em leal apoio à Divindade de Jeová. Ao ser bastante humilhado, disse Jó: “O próprio Jeová tem dado, e o próprio Jeová tem tirado. Que o nome de Jeová continue a ser abençoado.” — Jó 1:21, 22.
11 Aqui se demonstra para todo o sempre que a fonte de perseguição e das adversidades que sobrevêem às testemunhas fiéis de Jeová jamais se origina da mão direta de Jeová. Antes, sempre vem da mão permitida de Satanás e de seus opositores associados, demoníacos, e, especialmente, das criaturas humanas religiosamente babilonizadas. As pedras preciosas, quando submetidas à prova, mostram sua qualidade. A mesma coisa se dá com os corações provados das testemunhas fiéis de Jeová. (Tia. 1:2, 3) Jeová sabe fornecer o encorajamento espiritual e o alimento necessário para edificar o coração. Jeová sabe dar ao coração correto o treinamento que provê a pessoa da perseverança a fim de suportar pressões satânicas supernaturais, como as suportadas por Jó. — 1 Cor. 10:13.
FIEL À DIVINDADE SOBERANA DE JEOVÁ
12. Que calamidade adicional sobrevém a Jó, e por quê?
12 Tendo Satanás falhado de provar que Jó era materialista em sua devoção e em seu serviço a Jeová, o terceiro quadro nos leva novamente ao céu, onde Satanás acusa em seguida: ‘Pele por pele, e tudo o que o homem tenha, dará em favor de sua alma.g Para variar, estende a tua mão, por favor, e toca-lhe até nos seus ossos e na sua carne, e vê se ele não há de te amaldiçoar na tua própria face.’ Concordemente, Jeová disse a Satanás: ‘Ei-lo na tua mão! Apenas cuida da própria alma dele!”’ (Jó 2:4-6) Mais uma vez, com sua mão ou meios de poder aplicado, Satanás produz, desta vez, o sofrimento qual instrumento para atormentar pessoalmente a Jó. “Então saiu Satanás da presença do SENHOR [Jeová], e feriu a Jó de tumores malignos, desde a planta do pé até ao alto da cabeça. Jó sentado em cinza, tomou um caco para com ele raspar-se.” (Jó 2:7, 8, ALA) Assim, o quarto quadro se inicia, então, a cena terrestre dum prolongado ordálio em que Satanás tenta provar seu desafio à Divindade de Jeová por testar até ao limite a Jó, adorador de Jeová.
13. Como é que as provas sobre Jó influíram na mulher de Jó? Expliquem.
13 A cena da prova continua. Jó e sua esposa não dispunham de nenhum arranjo de televisão espiritual, tal como temos agora no relato completo, inspirado e bíblico sobre Jó, para ver com os ‘olhos do coração’ o que estava por trás das aflições de Jó. (Efé. 1:18) Ao passo que havia muitas coisas que Jó não podia entender quanto à sua prova, todavia, sua fé era forte de apegar-se à defesa da Divindade de Jeová a todo tempo. Outro golpe — a fé da pessoa mais próxima e mais querida de Jó, sua esposa se enfraquece. Ela lhe diz: “‘Ainda te apegas à tua integridade? Amaldiçoa a Deus e morre!’h Mas [Jó] lhe disse: ‘Falas também como uma das mulheres insensatas. Aceitaremos apenas o que é bom do verdadeiro Deus e não aceitaremos também o que é mau?’ Em tudo isso, Jó não pecou com seus lábios.” — Jó 2:9, 10.
TRÊS COMPANHEIROS BABILONIZADOS
14. (a) A quem usa Satanás a seguir para provar a Jó? (b) Que fundo babilônico parecem ter os três companheiros de Jó?
14 Por volta do século dezessete A. E. C., o modo de pensar religioso babilônico havia influenciado todas as pessoas na Palestina e em redor dela. As evidências agora surgem, indicando que os supostos amigos de Jó estavam viciados com a apostasia babilônica. Tais falsos amigos estavam então prontos para as pressões especiais de Satanás contra Jó. A fim de fazer que os sofrimentos de Jó penetrassem profundamente em seu coração, Satanás manobrou estes três agentes babilonizados a empregar a sabedoria filosófica de modo a desgastar mentalmente a Jó em sua lealdade a Jeová. Haver três de tais pretensos confortadores destaca a tentativa total de Satanás desta forma sutil. O primeiro falso foi Elifaz, o temanita, indicando que era descendente de Abraão mediante seu neto apóstata, Esaú. (Gên. 36:2, 10, 11) Os temanitas se notabilizaram pela sua sabedoria apóstata, visto que não se apegaram à verdadeira religião de Abraão. (Jer. 49:7) Bildade, o suíta, foi o segundo companheiro falso, sendo também descendente de Abraão mediante o sexto filho de Abraão, Suá, com sua segunda esposa, Quetura. (Gên. 25:2) Bildade, também, se tornara apóstata da verdadeira religião de Abraão. Seu nome Bildade significa “Filho da Disputa”, ou “Bel tem amado”, este último significado podendo indicar o forte fundo babilônico de seu treinamento paternal, visto que Bel era o título de Marduque, o principal deus dos babilônios. (Jer. 50:2)i O terceiro deste trio de exasperantes “confortadores” era Zofar, o naamatita que suas preleções revelaram ser também um apostata da religião verdadeira de Abraão. A Versão dos Setenta se refere a ele como “Zofar, o rei dos mineanos”, um povo árabe, sendo os árabes geralmente considerados descendentes de Abraão.
15. O que parecem indicar os sete dias de silêncio, e por quê?
15 Quando os três “companheiros” chegaram, iniciaram seu ‘programa de conforto’ com um período de silêncio durante sete dias e sete noites, sentados na presença de Jó. (Jó 2:13) Ao passo que é verdade que os descendentes de Abraão, no tempo do sepultamento de Jacó, realizaram ritos fúnebres junto com bastante pranto durante sete dias (Gên. 50:10), todavia, não há evidência dum costume de sete dias de silêncio entre os israelitas. Assim, os sete dias de silêncio parecem corresponder à prática babilônica de implorar aos poderes invisíveis de Satanás e dos demônios que dessem sugestões quanto ao que indicam as condições.j Pelo menos, por volta dos sete dias, estes três se manifestaram como parte do trama de Satanás para enfraquecer o apoio de Jó à Divindade Soberana de Jeová.
TÍTULOS QUE ENVOLVEM DIVINDADE
16. Rebusquem as origens dos usos das palavras hebraicas para Deus (a) pelos pagãos, (b) pelos verdadeiros adoradores de Jeová.
16 Examinemos agora outras evidências de que os três falsos confortadores de Jeová proferiam sabedoria babilônica com o sibolete da apostasia ao invés de consolarem a Jó por meio da verdadeira sabedoria com o chibolete da religião verdadeira. (Juí. 12:6) Em outras palavras, sua sabedoria babilonizada soava atrativamente e bem parecida à sabedoria divina, mas não possuía bem o toque de genuinidade. Visto que a questão básica é a Divindade Soberana, observa-se que todos os três afirmavam ser monoteístas ou crentes em uma só divindade. Estes três descendentes desviados de Abraão usaram os termos “Todo-poderoso” (shaddái) e “Deus” (el; ou elóah, singular, ou elohím, a forma plural de excelência), como fez seu antepassado Abraão e como fez Jó. (Gên. 17:1; Jó 4:17; 6:4; 8:3; 11:7) Mas, agora vem o teste! Desde o tempo em que a idolatria começou nos dias de Enos, os homens começaram a chamar seus ídolos de deus (el ou elohim). O Targum da Palestina comenta sobre Gênesis 4:26 o seguinte: “Essa foi a geração em cujos dias começaram a errar, fazendo para si mesmos ídolos, e dando a seus ídolos o nome da palavra do Senhor.”k Depois do dilúvio dos dias de Noé, os pagãos babilonizados fizeram a mesma coisa, referindo-se a seus deuses apóstatas também pela forma plural de excelência, elohim, deus. (Note isto a respeito do deus Dagom em Juízes 16:23, 24; e do deus Camos e do deus Milcom, em 1 Reis 11:33, e do deus Baal-Zebube em 2 Reis 1:2, 3, 16.) Observe que na história de Noé, que registra os dias de Enoque, depois de a idolatria vir a ser praticada, os verdadeiros adoradores freqüentemente colocam o artigo definido ha antes de el ou elohim para indicar “o verdadeiro Deus”, Jeová, como sendo diferente dos deuses falsos que eram também mencionados como el ou elohim, mas não como ha-el ou ha-elohim.l — Gên. 5:22; 2 Reis 1:6, 9.
17, 18. Contrastem a diferença na forma de serem usadas as palavras para Deus e Jeová (a) por Abraão e Jó, (b) pelos três companheiros. Como é que isto influi na questão da Divindade?
17 Abraão seguiu este costume do tempo de Enoque por se referir também a Jeová pela forma delicada, diferenciadora de ha-elohim (como em Gênesis 17:18; 20:6, 17 e 22:9). Para os estudantes argutos das Santas Escrituras, a Tradução do Novo Mundo (em inglês) reserva todos os usos de ha-el e ha-elohim nos textos hebraicos por traduzi-los com precisão como “o [verdadeiro] Deus”. Jó, em seus discursos segue o costume de Abraão por também defender a Divindade de Jeová como distinta dos deuses pagãos por meio de usar ocasionalmente ha-el e ha-elohim. (Veja-se Jó 2:10; 13:8; 21:14; 31:28.) Mas, nos discursos de Bildade e de Zofar, seguem o costume dos fanáticos religiosos babilônicos por usarem apenas a forma geral, el ou elohim para Deus. Até mesmo Elifaz, o reivindicador da ortodoxia (Jó 15:10), usa uma vez apenas ha-el, “o verdadeiro Deus”, em Jó 22:17, e assim mesmo apenas com uma espécie de desdém, com referência aos que se apegam a Jeová como sendo o verdadeiro Deus. — Jó 22:15.
18 Seguindo outro costume babilônico de ocultar o nome pessoal da Deidade, os três falsos confortadores não usam o nome divino, Jeová, nem sequer uma vez em seus muitos discursos, ao passo que Jó usa o nome Jeová cinco vezes. (Jó 1:21; 12:9; 28:28) No relato sobre Abraão, o antepassado deles, o nome Jeová é usado cerca de setenta vezes, de Gênesis, capítulos 12 a 24, inclusive. Daí, também, Jó é o único que se refere devotadamente a Jeová como o “Santo”. — Jó 6:10.
EXPERIÊNCIA ESPÍRITA
19. Expliquem o que é demonstrado pela experiência espírita de Elifaz.
19 Outra evidência característica da religião babilônica é o da comunicação com os espíritos ou demônios. Tais espíritos ou demônios não puderam materializar-se como fizeram os anjos fiéis ao comunicar-se com Abraão. (Gên. 18:1-8) Isto significava que os demônios tinham de recorrer indiretamente à adivinhação e aos oráculos. “Na adivinhação por inspiração ou natural, o agente fica professamente sob a influência imediata de algum espírito ou deus que habilita o adivinhante a ver o futuro e a proferir oráculos que incorporam o que ele vê. . . . Pode-se provar que, entre os antigos babilônios e egípcios, prevalecia o conceito de que não só os oráculos, mas também presságios de todos os tipos são dados pelos deuses aos homens e expressam o que estes deuses pensam.”a Note que no primeiro discurso de Elifaz, ele apela para uma de suas experiências babilônicas, espíritas, para apoiar seu argumento. (Jó 4:15-17) Jamais Abraão ou Jó tiveram tais experiências demoníacas para negar a Divindade de Jeová, que os guiava diretamente.
O HOMEM, O MORTAL — A ESPERANÇA DA RESSURREIÇÃO
20. Mostrem como Jó possuía conhecimento preciso a respeito do que é o homem. Como é que Jó expressa sua esperança para o futuro?
20 Jó, em seus contra-argumentos, usa a expressão “homem mortal” (hebraico, enósh) muitas vezes. Entendia que o homem é alma vivente. Rejeitava o conceito babilônico de que o homem tem uma alma imortal. Jó cria que o homem é mortal e que, quando o homem morre, está morto. (Jó 7:1, 17; 9:2; 10:4, 5; 13:9; 14:1, 2; 28:13) Jó mostra ademais que o homem expira ao morrer. (Jó 10:18; 14:10; 27:5; 29:18) Tendo o conceito correto desta questão básica, Jó pôde aludir à sua esperança duma ressurreição, o retorno dele mesmo de novo à vida como pessoa na terra. (Jó 14:13, 14) É digno de nota que seus três falsos companheiros se mantiveram silenciosos na questão da ressurreição.
FILOSOFIA BABILÔNICA
21. Apresentem alguns dos sentimentos hostis expressos contra Jó pelos três falsos companheiros.
21 O trio de “companheiros”, com variações religiosas, apresenta a filosofia materialística babilônica de que somente os sábios prosperam e os culpados sofrem adversidades. (Jó 4:7, 8) Mentirosamente, afirmam que Jeová ‘não tem fé em Seus servos’. (Jó 4:18) Fazem um apelo ortodoxo de acatamento às tradições das gerações anteriores. (Jó 8:8, 9) Advogam que se mantenha simples a religião e que não se aprofunde muito em saber as coisas de Deus. (Jó 11:7) Faz-se a queixa de que Jó (uma das testemunhas de Jeová) orgulhosamente afirma saber mais do que os sábios religiosos do passado. (Jó 15:9, 10) Quanto à posição inabalável de integridade de Jó para com a verdadeira Divindade, seus “companheiros” ressentem, por contraste, serem representados como impuros. (Jó 18:3) Dizem: ‘Jó, tu levas demasiado a sério a religião ao tentares manter uma posição justa diante de Deus.’ (Jó 22:2-4) Segundo as aparências, Jó tem de ser uma ‘pessoa ruim’ e assim Deus deve julgá-lo de forma adversa. (Jó 22:5-10) Abrupta e finalmente, estes sábios babilônicos afirmam que é impossível que Jó, que se chama de “homem mortal” (Jó 7:1, 17), consiga uma posição justa e imaculada diante de Deus. — Jó 25:4.
JÓ EXAMINA SEU ÍNTIMO
22. Como é que Jó se viu obrigado a examinar a si mesmo, e o que disse ele?
22 Assim, por meio destas três longas etapas de argumentos de filosofia materialista, este trio profano obriga Jó a se defender pessoalmente e a examinar seu próprio íntimo para continuar a declarar que sua própria alma é justa, ao invés de exaltar a justiça do verdadeiro Deus em dirigir este caso quanto à Sua Divindade Soberana. Bem no fundo do coração de Jó ocorreu este processo penetrante e provador, fluindo dele perguntas e respostas. “Se pequei, que mal te fiz, ó guarda dos homens? Por que me tomas por alvo, e me tornei pesado a til” (Jó 7:20, CBC) “Eu sei que o meu Redentor vive.” (Jó 19:25, Al) “Oh! se eu tivesse alguém para me ouvir! Eis a minha assinatura: que o Todo-Poderoso me responda!” (Jó 31:35, CBC) Sim, por meio deste longo duelo sob a permitida mão de Satanás, por meio de seus joguetes terrestres, Jó foi provado até o âmago de seu coração, todavia, seu coração se mostrou verdadeiro, limpo, cheio de esperança e confiança em Deus.
A AVALIAÇÃO DE ELIÚ
23. (a) Qual foi a avaliação de Eliú a respeito da longa controvérsia religiosa? (b) Como foi que Jeová intercedeu, e qual foi a reação de Jó?
23 Por fim, o observador neutro, Eliú, falou e apresentou a correta avaliação da verdadeira e das falsas escolas de sabedoria que haviam concluído seus argumentos. “Sua cólera inflamou-se contra Jó porque ele pretendia ter razão contra Deus. Inflamou-se também contra seus três amigos por não terem achado resposta conveniente, dando assim culpa a Deus.” (Jó 32:2, 3, CBC) Assim, na questão da Divindade, os três falsos confortadores demonstraram ter falhado por completo, ao passo que Jó desviara a sua atenção para si mesmo, embora jamais deixasse de manter sua integridade ao verdadeiro Deus. Então o drama termina com a tremenda demonstração de sabedoria da parte do verdadeiro Deus, por falar do meio da tempestade. Ali Jeová demonstrou sua sobrepujante Divindade por se referir às maravilhas da criação e às coisas naturais que dizem respeito à terra, sendo maravilhosas demais para serem percebidas pela mente do homem mortal. (Jó, capítulos 38-41) Diante desta surpreendente demonstração de sabedoria celeste, o coração limpo de Jó prontamente responde: “Sei que podes tudo, que nada te é muito difícil. É por isso que me retrato, e arrependo-me sobre o pó e a cinza.” — Jó 42:2, 6, CBC.
24, 25. (a) Qual foi o julgamento de Jeová quanto aos dois lados da controvérsia sobre a Divindade? (b) Como é que termina o drama de Jó? (c) Que pergunta surge, e como será considerada?
24 Então, Jeová confirma a reprimenda de Eliú sobre os três companheiros falsos, dizendo: “Estou irritado contra ti [Elifaz] e contra teus amigos porque vós não falastes corretamente de mim, como Jó, meu servidor. Procurai, pois, sete touros e sete carneiros, e vinde procurar meu servidor Jó. Oferecei por vós este holocausto, e meu servidor Jó intercederá por vós. É em consideração a ele que não vos infligirei ignomínias por não terdes falado bem de mim como Jó, meu servidor.” (Jó 42:7, 8, CBC) Assim, a religião apóstata destes homens sábios babilonizados foi exposta pelo próprio Jeová, que duas vezes os declarou como sendo ‘inverídicos’. A sua suposta sabedoria se transformou em tolice. Satanás perdeu miseràvelmente a disputa resultante de seu desafio. Os três “companheiros” tiveram que rebaixar-se, reformar-se e submeter sua vida aos serviços sacerdotais de Jó, por aceitarem a verdadeira religião. Quanto a Jó, pessoalmente, “o próprio Jeová transformou a condição cativa de Jó” e o abençoou com o dobro da riqueza material que perdera no início. Quanto â sua família, veio a ter sete filhos e três belas filhas, mesmo sendo êle próprio idoso, bem como sua esposa. — Jó 42:10-15.
25 Por certo, Jeová demonstrou ser o verdadeiro Deus que pode escolher testemunhas fidedignas para defender sua Divindade Soberana na terra. Jó foi assim o vindicado defensor dos seus dias. Será que este drama tem cumprimento profético ou uma aplicação que seja de interesse para os homens dotados de verdadeira sabedoria em épocas posteriores? Evidências afirmativas serão apresentadas nos artigos que seguem.
[Nota(s) de rodapé]
a Harper’s Bible Dictionary, p. 337.
b Para pormenores quanto á autoria de Moisés e outras provas de autenticidade, veja-se “Toda a Escritura É Inspirada por Deus e Proveitosa”, 1963, págs. 91, 92.
c Veja-se também 1 Samuel 29:4; 2 Samuel 19:22; 1 Reis 11:14, 23, 25; Salmo 109:6.
e Tudo isto é evidência indireta dos poderes protetores de Jeová e de seu interesse paternal em salvaguardar seus verdadeiros servos.
f Harper’s Bible Dictionary, p. 631.
g Em outras palavras, bem no fundo do coração de Jó, Satanás afirma, há ainda certa medida de egoísmo.
h Note que, embora fraca na fé, ela nem acusou a Jó nem o abandonou.
i International Standard Bible Encyclopaedia, Vol. 1, p. 473.
j Book of Job, de Emily Hambler, p. 12.
k Qualificados Para Ser Ministros, p. 250.
l Veja-se NM, 1961, Apêndice, págs. 1450-1452, em inglês.
a International Standard Bible Encyclopaedia, Vol. 2, p. 860.