Jeová tornou-se rei
Tem Deus sempre governado a terra? O que significará o seu reino para a humanidade?
DURANTE muitos anos, o antigo povo de Israel estava em escravidão sob a tirania do Egito. O faraó deste país recorreu até a uma política de genocídio para exterminá-los. Que ocasião de regozijo foi assim o tempo quando, em 14 de Nisan de 1513 A. C., marcharam fora do Egito! Deus ordenou-lhes apropriadamente que celebrassem aquela data. Embora pouco depois Faraó os pusesse novamente em perigo no Mar Vermelho, por pouco tempo, e eles tivessem de guerrear para tomar posse da terra de Canaã, aquela data marcou um ponto decisivo, o começo da sua plena libertação. — Êxodo, capítulos 1-15.
Nos tempos modernos, outros povos celebram anualmente certas datas como marcos decisivos na sua luta pela liberdade. Para o povo dos Estados Unidos, a data é 4 de julho de 1776; para o do Brasil é 7 de setembro de 1822; para o da China é o “duplo dez”, 10 de outubro de 1911.
Mas a data mais importante de todas para a criação humana é o ano de 1914 (por volta de 1.° de outubro), pois ela assinalou o maior marco decisivo na história humana. Resultará por fim em dar a todos os homens de boa vontade para com Deus a liberdade, não só do jugo dos tiranos, mas de todas as formas de tirania, da parte dos demônios invisíveis, dos gigantes da economia, das poderosas organizações religiosas e até mesmo a libertação do pecado, da doença, dador e da morte. Por quê? Porque daquele ano em diante aplicam-se as palavras proféticas: “Cantai a Jeová um cântico novo. . . . Dizei entre as nações: ‘O próprio Jeová tornou-se rei.’” — Sal. 96:1, 10, NM.
JEOVÁ COMO REI
Mas, talvez pergunte: Não governou Deus sempre como Rei — desde o tempo em que ele teve pelo menos um súdito, seu Filho unigênito? Sim, isto é verdade quanto aos domínios celestiais, mas não quanto ao terrestre. Enquanto Adão e Eva permaneciam obedientes, o governo de Deus estendia-se diretamente sobre esta terra, mas não desde a rebelião deles. Desde então não houve governo direto de Deus sobre esta terra, exceto na pequena região ocupada pela nação de Israel e enquanto os reis dela se ‘assentavam no trono de Jeová’. Eles serviam como reis delegados em lugar de Jeová. Com a queda do último destes reis, Zedequias, começaram os “tempos designados das nações”. — 1 Crô. 29:23; Luc. 21:24, NM.
Deveras, sempre que os seus propósitos estavam envolvidos Jeová tem exercido domínio “no reino dos homens”, manobrando homens e nações segundo a sua vontade soberana. Mas, tais homens e nações não foram seus delegados, nem seus reinos. Antes, foram os delegados e os reinos de Satanás, o Diabo. Este é, por isso, chamado de “dominador deste mundo”, e “deus deste sistema de coisas”, em cujo poder ‘jaz o mundo inteiro’. Se a coisa fosse diferente, Jesus não nos teria ensinado a orar pela vinda do reino de Deus. — Dan. 4:17; João 16:11; 2 Cor. 4:4; 1 João 5:19, NM.
Por que tolerou Deus a rebelião sobre esta terra, e ainda por tanto tempo? Ele a permitiu somente — e assim mesmo apenas temporariamente — porque Satanás gabou-se de que podia desviar de Deus todos os homens. (Jó, caps.1, 2) No seu próprio tempo designado, Jeová Deus toma ação, pois não pode permitir para sempre a existência de tais condições sem, de fato, negar a sua própria soberania, o que é impossível para ele. (2 Tim. 2:13) É quando ele demonstra a sua soberania por estabelecer um governo direto sobre esta terra, que se aplicam as palavras proféticas: “O próprio Jeová tornou-se rei!” “Javé tornou-se rei.” — Sal. 97:1, NM; Ro.
A falha da arte da maioria dos tradutores da Bíblia em reconhecer estas verdades explica o fato de que a maioria das versões traduz as palavras do salmista: “Jehovah é Rei” ou “o Senhor reina”. (VB, AL, Tr, ALA) E assim encontramos que os comentaristas bíblicos aplicam estas palavras geralmente quer ao domínio eterno de Deus quer a certas celebrações anuais dos judeus. No entanto, tais traduções e explicações não estão em harmonia nem com a palavra hebraica original usada, nem com as circunstâncias que produziram o Salmo 96.
A palavra hebraica original vertida aqui por tantos como “reina” não significa um reinado contínuo ou eterno, mas refere-se ao princípio dum reinado. Foi por isso que os escritores bíblicos a usaram com respeito ao início dos reinados de Adonias, Jeosafá e Ezequias. — 1 Reis 1:18, NM; 22:41; 2 Crô. 29:1.
Que se indica o princípio dum reinado pode ser visto também das circunstâncias que fizeram o Rei Davi, como um, exclamar: “O próprio Jeová tornou-se rei!” A arca sagrada do pacto tinha sido levada pelos sacerdotes à batalha, a fim de garantir a vitória de Israel, como se ela fosse algum amuleto mágico que fizesse milagres mesmo quando os israelitas se achavam sob o desfavor de Deus. Para a consternação dos israelitas, os filisteus a capturaram, mas estes estavam mais do que contentes em livrar-se dela, por causa dos estragos que causou entre eles. Durante anos ficou alojada nas casas de dois levitas, Abinadab e Obededom, até que o Rei Davi mandou que a levassem ao Monte Sião. Visto que esta arca era símbolo da presença de Jeová, Davi podia então clamar que o próprio Jeová havia começado a governar sobre o monte real. — 1 Crô. 16:7-36, NM.
DESDE 1914
Jeová Deus reina por meio de seu Filho Jesus Cristo. Por isso, quando Jesus ascendeu ao céu, quarenta dias depois da sua ressurreição, Deus lhe disse: “Senta-te á minha mão direita, até que eu ponha os teus inimigos por escabello dos teus pés.” Ao chegar este tempo, cumpriram-se as palavras proféticas: “Eu, porém, tenho estabelecido o meu rei em Sião, meu santo monte. . .. Tu és meu filho; eu hoje te gerei. Pede-me, que te darei as nações por tua herança, e as extremidades da terra por tua possessão.” — Sal. 110:1; 2:6-8.
Em harmonia com estas profecias, Jesus Cristo comparou-se a um nobre que partiu para uma terra distante para receber um reino e depois voltou, ligando assim claramente o começo do reino de Deus com a volta de Cristo. Quando havia de voltar? Em resposta a esta pergunta, Jesus deu as profecias registradas em Mateus 24, 25, Marcos 13 e Lucas 21. Entre as diversas evidências indicando o sinal de sua volta, Jesus enumerou guerras, fomes, terremotos e pestilências. Ele predisse também que aumentaria grandemente a iniqüidade e que “estas boas novas do reino serão pregadas em toda a terra habitada, com o propósito de dar testemunho a todas as nações”. (NM) Os fatos mostram que todas estas palavras de Jesus tiveram um notável cumprimento desde o ano de 1914.
Desde aquele ano estamos também vendo o cumprimento da profecia de Paulo: “Sabe, porém, isto, que nos últimos dias haverá tempos críticos, difíceis de manejar. Pois os homens serão amantes de si mesmos, amantes do dinheiro, . . . sem autocontrole, cruéis, . . . mais amantes dos prazeres do que amantes de Deus, tendo uma aparência de devoção piedosa, mas provando ser falsos para com seu poder.” — 2 Tim. 3:1-5, NM.
Muitos zombam, mofam e escarnecem quando tais coisas são trazidas à sua atenção, mas eles não podem indica qualquer outro período na história mundial em que estas profecias tivessem tido um cumprimento tão cabal. De fato, sua própria zombaria é evidência adicional, pois ela também foi predita: “Nos últimos dias virão escarnecedores, com sua zombaria, procedendo segundo os seus próprios desejos e dizendo: ‘Onde está a prometida presença dele? Ora, desde o dia em que nossos antepassados dormiram na morte, todas as coisas continuam exatamente como desde o princípio da criação.’ — 2 Ped. 3:3, 4, NM.
O REINO ESTABELECIDO NOS CÉUS
Que 1914 assinalou deveras o ano em que Jeová se tornou Rei é provado conclusivamente pelas vozes no céu que João ouviu na sua visão apocalíptica: “O reino do mundo passou a ser de nosso Senhor e do seu Cristo, e ele dominará como rei para todo o sempre.” “Graças te damos, Jeová Deus, o Todo-poderoso, que és e que eras, porque assumiste o teu grande poder e começaste a dominar como rei. Mas as nações se iraram, e veio a tua ira, e o tempo designado . . . para arruinar os que arruínam a terra.” Sem dúvida, 1914 assinalou o tempo em que as nações se tornaram iradas como nunca antes. — Apo. 11:15-18, NM.
O apóstolo João continua então a dizer o que realmente aconteceu nos céus. Depois de apresentar a organização celestial de Deus, composta de criaturas angélicas, sob o símbolo de “uma mulher vestida do sol”, e Satanás, o Diabo, como “um grande dragão de cor de fogo”, ele descreve o começo do reino de Deus como o nascimento dum filho “que está destinado a pastorear todas as nações com uma vara de ferro”.
Visto que Satanás tem sido o governante deste iníquo mundo ou sistema de coisas, sem interrupção, desde 607 A. C., não era de se esperar que ele deixasse suceder o nascimento do reino de Deus sem qualquer luta. E por isso lemos que “estourou uma guerra no céu: Miguel [Jesus Cristo] e seus anjos batalharam contra o dragão, e o dragão e seus anjos batalharam, mas ele não prevaleceu, nem mais se achou no céu lugar para eles. Assim foi precipitado o grande dragão, a serpente original, aquele que se chama Diabo e Satanás, que engana a inteira terra habitada; foi precipitado na terra, e seus anjos foram precipitados com ele”. Que este conflito foi uma verdadeira guerra torna-se evidente de Daniel 10:13, que nos relata o caso de um dos anjos de Deus que foi impedido por vinte e um dias por um dos demônios de Satanás. — Apo. 12:7-9, NM.
A Bíblia não diz exatamente quanto tempo durou esta guerra no céu. Todavia, em vista do que outras profecias revelam sobre Jeová e seu Filo virem ao templo espiritual de Deus para julgamento, em 1918, segue-se que a guerra no céu deve ter sido terminada pelo menos então. Esta vitória significava alegria para os nos céus, mas ‘ai para a terra’. — Apo. 12:12.
Mas por que, talvez se pergunte, uma vez que já chegara o tempo para Deus estender seu governo direto sobre a terra, não continuaram Miguel e seus anjos o ataque contra Satanás e seus demônios, livrando a terra da influência nociva deles? Principalmente por quatro razões, conforme mostram as Escrituras bem explicitamente: (1) Para que o nome e o reino de Jeová fossem tornados conhecidos em toda a terra. (2) Para permitir que o povo de Deus, que tinha caído no erro, se restabelecesse, se purificasse e se tornasse ativo no serviço de Deus. (3) Para habilitar as pessoas de boa vontade para com Deus a atender a chamada: “Sahi delia. [da Babilônia antitípica, ou da organização mundial de Satanás], povo meu, para não serdes participantes dos seus peccados, nem terdes parte nas suas pragas.” (4) A fim de avisar a todos os iníquos, para que, quando sofrerem a destruição às mãos de Deus, no Armagedon, eles saibam que ela vem de Deus e que ele é supremo. — Êxo. 9:16; Isa. 12:1; Apo. 18:4; 16:14, 16.
O DOMÍNIO DO REINO SOBRE A TERRA
Com a destruição de todos os iníquos na terra e o lançamento de Satanás e seus demônios no abismo profundo, por mil anos, “para que não enganasse mais as nações”, o domínio do Reino trará a esta terra alegria, liberdade de toda a escravidão e o cumprimento dos desejos de todo coração justo. Então se fará a vontade de Deus na terra assim como no céu. A terra estará então “cheia do conhecimento de Jeová assim como as águas cobrem o próprio mar”. Então “os mansos é que possuirão a terra e terão grande deleite na abundância de paz”. Então, Deus “enxugará toda a lágrima dos olhos deles, e não haverá mais morte, nem haverá mais lamento, nem grito, nem dor”. — Apo. 20:3; Isa. 11:9; Sal. 37:11; Apo. 21:4, NM.
Mais do que isso, sob o domínio de Deus, a humanidade ficará gradualmente livre de toda a imperfeição e pecaminosidade. Então os homens não gemerão mais assim como fez o apóstolo Paulo “Porque o que quero, isso não pratico; mas o que aborreço, isso faço. Miserável homem que eu sou!” Que bendito livramento da frustração! — Rom. 7:15, 24, NTR.
As boas novas de que todas estas bênçãos estão iminentes são certamente causa para se cantar. Os que têm a esperança certa destas coisas divulgam-nos agora em toda a parte, em cerca de 175 países e territórios, usando publicações impressas em mais de 125 idiomas. Levam estas boas novas às pessoas pela palavra falada, pela página impressa, pelo rádio e pela televisão. Falam dela nas ruas, nas portas e nos lares das pessoas, bem como nos seus Salões do Reino.
Por isso, tomem ânimo todos os homens de boa vontade para com Deus. Não fiquem apreensivos por causa dos fracassos dos homens, nem esperem cegamente, sem qualquer esperança, de que os homens consigam alguma vez, de algum modo, trazer justiça e paz a esta terra. Não permitam que o preconceito religioso feche seus ouvidos a este belo cântico de que o próprio Jeová tem começado a governar como Rei e que, portanto, estão iminentes estas bênçãos. Antes, ponham a sua confiança em Jeová e no seu reino. Aprendam este novo cântico e depois participem em cantá-lo para que ainda outros o ouçam. Todos os que assim fizerem serão hoje as pessoas mais felizes na terra e terão a perspectiva de usufruir a felicidade suprema, por toda a eternidade, no novo mundo feliz de Deus.