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Por que “tão grande nuvem de testemunhas”?A Sentinela — 1963 | 1.° de agosto
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Por Que “Tão Grande Nuvem de Testemunhas”?
EM HEBREUS 12:1 lemos: “Portanto, também nós, visto que temos a rodear-nos tão grande nuvem de testemunhas, desembaraçando-nos de todo pêso, e do pecado que tenazmente nos assedia, corramos com perseverança a carreira que nos está proposta.” — ALA.
Faz-se a pergunta: Por que falou o escritor de Hebreus em “tão grande nuvem de testemunhas” em vez de tão grande multidão de testemunhas?
Dizendo: “Portanto, também”, o escritor de Hebreus referiu-se ao capítulo anterior onde, depois de começar com uma definição de fé, ele alistou os homens fervorosos desde Abel, mencionando os patriarcas, Moisés, os juízes e vindo até os profetas que continuaram até Cristo, visto que João Batista foi o último dos antigos profetas hebraicos. O escritor podia referir-se a todos eles, usando a palavra grega okhlos, que significa “uma multidão”, mas, querendo salientar o ponto o mais possível, usou uma metáfora, e falou deles como “nuvem”. No português moderno refere-se a uma grande quantidade de gafanhotos que cobre o céu como sendo uma nuvem de gafanhotos.
Seu objetivo é especialmente claro porque não usou a palavra grega comum para nuvem, nephéle, da qual vem a palavra portuguesa nebulosa, que se refere a uma nuvem. Esta palavra nephéle ocorre mais de vinte e cinco vezes nas Escrituras Gregas Cristãs no singular ou no plural: Por exemplo: “Então se verá o Filho do homem vindo numa nuvem.” (Luc. 21:27, ALA) “Uma nuvem o encobriu.” (Atos 1:9, ALA) “Verão o Filho do homem vindo sobre as nuvens do céu.” (Mat. 24:30, ALA) “Eis que vem com as nuvens.” — Apo. 1:7, ALA.
Em vez de usar esta palavra, o escritor de Hebreus usa néphos, sendo esta a única vez que ocorre nas Escrituras Gregas Cristãs. É uma palavra usada a miúdo no sentido metafórico pelos escritores gregos e latinos como em “densa nuvem de escudos” e “uma nuvem de lanceiros”. Concernente a este uso de néphos o Professor Wuest declara o seguinte em Hebrews in the Greek New Testament (Hebreus no Novo Testamento Grego):
“A palavra ‘nuvem’ aqui não é nephele, uma nuvem distinta e bem delineada, mas é nephos, uma grande quantidade de nuvens cobrindo o inteiro espaço visível dos céus, e portanto sem forma distinta, ou uma só grande massa em que não se salientam nem se distinguem contornos. O uso de ‘nuvem’ referindo-se a grande número de seres viventes é comum na poesia. Homero falou de ‘uma nuvem de soldados, uma nuvem de troianos’. Temístocles, falando com os atenienses, referiu-se às hostes de Xerxes: ‘Tivemos a sorte de salvar a nós e a Grécia, resistindo tão grande nuvem de homens.’”
A diferença entre néphos, “uma grande quantidade de nuvens”, e nephéle, “uma nuvem”, é similar à diferença entre petra, uma grande pedra compacta, e Petros, referindo-se a uma única rocha, usada como substantivo próprio.
Assim vemos que o escritor de Hebreus escolheu cuidadosamente uma palavra incomum, néphos, ou massa de nuvens para acentuar o grande número de testemunhas, em harmonia com a sua observação: “E que mais direi ainda? Certamente me faltará o tempo necessário para referir o que há a respeito de Gideão”, e assim por diante. Sim, houve tantas que ele nem podia falar em todas: não eram uma simples multidão, mas semelhantes a uma massa de nuvens. — Heb. 11:32, ALA.
O precedente é de mais que mero interesse acadêmico para os cristãos. Significa mais que mero ponto de precisão idiomática. Pelo uso da palavra néphos somos obrigados a reconhecer quantos foram os que testemunharam fielmente de Jeová Deus, quantos foram os exemplos brilhantes de fé, mesmo que os alistados nas Escrituras sejam comparativamente poucos. Pois, quando Elias pensava que ele era o único zeloso pelo nome de Jeová, este o assegurou que havia em Israel sete mil que não dobraram os joelhos a Baal. (1 Reis 19:18) Visto que estamos rodeados por “tão grande nuvem de testemunhas” (martíron, “mártires”) que não vemos, animamo-nos em pensar que também podemos provar-nos fiéis ao passo que nos esforçamos para seguir o “Aperfeiçoador da nossa fé, Jesus”. — Heb. 12:2.
Digno de nota também é o cuidado com que o escritor de Hebreus escolheu as suas palavras, fazendo uso de uma expressiva metáfora incomum para salientar bem o ponto. Seu exemplo neste respeito é um que todos os ministros que desejam influenciar outros pela palavra falada ou escrita fariam bem em seguir, a fim de conseguir o máximo proveito. “A palavra a seu tempo, quão boa é!” — Pro. 15:23, ALA.
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As dez pragas do EgitoA Sentinela — 1963 | 1.° de agosto
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As Dez Pragas Sôbre o Egito
1) águas tornaram-se em sangue, 2) rãs, 3) pó tornou-se em piolhos, 4) moscas, 5) pestilência, 6) furúnculos, 7) saraiva, 8) gafanhotos, 9) escuridão e 10) morte dos primogênitos. — Êxodo caps. 7-12.
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