Capítulo 3
Após o dia do casamento
1. De que proveito para o casamento pode ser a espécie de relação que é descrita em Eclesiastes 4:9, 10?
DEPOIS do dia de seu casamento, você e seu cônjuge se acomodam como nova unidade familiar. Está completa a sua felicidade? Não está mais sozinho, mas tem alguém em quem confiar, para compartilhar suas alegrias e também seus problemas. Acha que Eclesiastes 4:9, 10, se aplica no seu caso? — “Melhor dois do que um, porque eles têm boa recompensa pelo seu trabalho árduo. Pois, se um deles cair, o outro pode levantar seu associado. Mas, como será com apenas aquele um que cai, não havendo outro para levantá-lo?” Floresce seu casamento nesta espécie de cooperação? Usualmente requer algum tempo e esforço para esta fusão feliz de duas vidas. Em muitos casamentos, porém, é lamentável dizer, isto nunca acontece.
2, 3. (a) Que realidades da vida precisam ser encaradas após o dia do casamento? (b) Por que é somente razoável que se espere ter de fazer ajustes após casar-se?
2 Nas novelas românticas, o problema costuma ser unir os dois que se amam. Depois, eles costumam viver felizes para sempre. Na vida real, o verdadeiro desafio é viver feliz depois, dia após dia. Após os deleites do dia do casamento, vem a rotina diária da vida: levantar-se cedo, ir trabalhar, fazer compras, preparar refeições, lavar pratos, limpar a casa, e assim por diante.
3 A relação marital exige ajustes. Ambos entram nela pelo menos com algumas expectativas e ideais não muito práticos e realísticos. Quando estes não são satisfeitos, pode surgir o desapontamento já após as primeiras semanas. Lembre-se, porém, de que você fez uma grande mudança na sua vida. Não mais vive sozinho, nem com a família com que passou toda a sua vida. Está agora com uma nova pessoa, alguém que talvez descubra não conhece tão bem como pensava. Tem um novo horário, seu trabalho talvez seja novo, seu orçamento é diferente, e há novos amigos e parentes aos quais precisa acostumar-se. O sucesso de seu casamento e de sua felicidade depende de sua disposição de se ajustar.
É VOCÊ FLEXÍVEL?
4. Que princípios bíblicos poderão ajudar a pessoa casada a fazer ajustes? (1 Coríntios 10:24; Filipenses 4:5)
4 Alguns, por causa do orgulho, acham difícil ser flexíveis. Mas, conforme diz a Bíblia, “a soberba é prelúdio de ruína, e a altivez do espírito é precursora da queda”. Persistir na obstinação pode ser calamitoso. (Provérbios 16:18, Pont. Inst. Bíblico) Jesus recomendou que se esteja disposto a acomodar e ceder, quando disse que, se alguém quiser tirar-lhe ‘sua roupa interior, deixe-o ter também a sua roupa exterior’ e se alguém quiser que ande ‘mil passos, vai com ele dois mil’. Em vez de você discutir com alguém que lhe é achegado, o apóstolo Paulo perguntou: “Por que não deixais antes que se vos faça injustiça?” (Mateus 5:40, 41; 1 Coríntios 6:7) Se os cristãos podem ir a tais extremos para manter a paz com os outros, então, certamente, os casais que se amam devem poder ajustar-se, a fim de tornar bem sucedida a sua nova relação.
5. De que maneira se poderia pensar de modo positivo ou negativo sobre o cônjuge?
5 Em toda a parte há oportunidades para se ser feliz, ou então infeliz. A quais delas deve estar atento? Concentrar-se-á nas positivas ou remoerá as negativas? A esposa novata talvez pense: ‘Agora que já somos casados, onde é que está aquele homem romântico que me levava a lugares interessantes e passava o tempo comigo? Ele está ficando acomodado. Presume tudo como automático. Ora, ele não é mais aquele homem que eu conhecia!’ Ou entende e reconhece que ele trabalha agora arduamente para ser bom provedor para a família? E será que este marido novato observa que sua esposa trabalha arduamente em cozinhar e limpar, às vezes estando muito cansada, nem tendo muito tempo para procurar fazer-se bonita? Ou será que ele diz para si mesmo: ‘O que aconteceu com aquela moça atraente com quem me casei? Ela mudou, agora que já agarrou o seu homem’?
6. Quando marido e mulher realmente procuram fazer com que seu casamento seja bem sucedido, como afeta isso a relação entre eles?
6 Ambos devem ser maduros e dar-se conta de que nenhum deles tem o tempo ou a energia para fazer tudo o que faziam antes do casamento. Agora é o tempo de mostrar flexibilidade e aceitar a responsabilidade, profundamente satisfatória, de fazer o casamento funcionar. Uma pessoa pode arruinar o casamento, mas requer duas para fazê-lo funcionar. Fazer o casamento funcionar é uma façanha. A façanha subentende realizar algo apesar de dificuldades. Quando os dois se juntam neste empenho, parte de ambos se funde nesta façanha. Este esforço conjunto, num objetivo mútuo, une vocês dois; vincula-os intimamente; faz dos dois uma só pessoa. Com o tempo, isto cria um vínculo de amor que supera tudo o que se esperava do casamento, e em tal felicidade unificadora dá prazer se ajustar às diferenças do outro.
7. Se for preciso fazer decisões, quando convém estar disposto a ceder?
7 O orgulho se desvanece ao passo que o amor aumenta, e não só há felicidade em dar, mas também em ceder, em consentir, quando a preferência pessoal, não princípios, está envolvida. Pode tratar-se da compra de algum objeto para a casa, ou de como passar as férias. Quando mostra preocupação com a felicidade do outro, o casal começa a ajustar-se às palavras de Paulo: “Não visando, em interesse pessoal, apenas os vossos próprios assuntos, mas também, em interesse pessoal, os dos outros.” — Filipenses 2:4.
CONCEITO EQUILIBRADO SOBRE O SEXO
8, 9. Qual é o conceito bíblico sobre as intimidadas maritais?
8 A Bíblia não tem falso pudor ao considerar as relações sexuais. Usando de retórica poética, ela mostra o êxtase que elas devem dar ao marido e à mulher; enfatiza também que o sexo deve ser restrito ao esposo e esposa. Esta passagem se encontra em Provérbios 5:15-21:
“Bebe água da tua própria cisterna e filetes de água do meio do teu próprio poço. Porventura se deviam espalhar teus mananciais portas afora, tuas correntes de água nas próprias praças públicas? Que mostrem ser somente para ti e não para os estranhos contigo. Mostre-se abençoada a tua fonte de água e alegra-te com a esposa da tua mocidade, gama amável e encantadora cabra montesa. Inebriem-te os seus próprios seios todo o tempo. Que te extasies constantemente com o seu amor. Portanto, meu filho, por que te devias extasiar com uma mulher estranha ou abraçar o seio duma mulher estrangeira? Porque os caminhos do homem estão diante dos olhos de Jeová e ele contempla todos os seus trilhos.”
9 Todavia, seria erro dar ênfase demais ao sexo, a ponto de fazer parecer que o bom êxito do casamento depende da vida sexual do par, ou que ela devia compensar as falhas sérias em outros campos de sua relação. A onda de matéria sexual em livros, filmes e anúncios comerciais — que em grande parte se destina a incitar desejos eróticos — faz com que o sexo pareça vital. Entretanto, a Palavra de Deus discorda disso, recomendando o autodomínio em todos os aspectos da vida. Até mesmo no casamento, abandonar todos os freios pode levar a práticas que aviltam a relação marital. — Gálatas 5:22, 23; Hebreus 13:4.
10. Quais são algumas das coisas a considerar, que podem ajudar os casais a se ajustarem na questão sexual?
10 O ajuste sexual freqüentemente é difícil e pode requerer tempo após o casamento. Deve-se usualmente à falta de conhecimento e a não se discernirem as necessidades do cônjuge. Talvez ajude conversar antes com um respeitado amigo casado. Não somente foram o homem e a mulher feitos diferentes, mas eles também têm sentimentos diferentes. É importante a consideração da necessidade, por parte da mulher, de ternura. Mas, não deve existir nenhum sentimento negativo de falsa modéstia, ou falso pudor, ou a idéia de que o sexo é algo vergonhoso. Tampouco deve tornar-se uma ocasião de conquista, como é para certos homens. “O marido renda à esposa o que lhe é devido”, diz a Bíblia, e “faça a esposa também o mesmo para com o marido”. E, ao procederem assim, é apropriado o seguinte princípio bíblico: “Que cada um persista em buscar, não a sua própria vantagem, mas a da outra pessoa.” Se houver tal amor e desejo de agradar por parte de ambos, conseguirão fazer um bom ajuste. — 1 Coríntios 7:3; 10:24.
DESACORDO SEM DESAGRADO
11-13. Quando houver desacordos, o que deveremos ter em mente para que as diferenças não se desenvolvam em sérias brechas?
11 Não há duas pessoas na terra que sejam exatamente iguais. Cada pessoa é nitidamente diferente. Isto significa também que não há duas pessoas que concordem em tudo. A maioria dos desacordos podem ser triviais, mas alguns deles podem ser sérios. Há lares em que os desacordos logo chegam ao ponto de gritaria, empurrões, bofetadas e atirar coisas; um ou outro dos cônjuges talvez vá embora por uns dias ou semanas, ou eles simplesmente deixam de conversar entre si. É bem possível discordar sem que surja tal situação. Como? Por se encarar certa verdade básica.
12 Todos nós somos imperfeitos, todos temos falhas, e, apesar das melhores intenções, as fraquezas costumam manifestar-se. O apóstolo Paulo achou isso no seu próprio caso: “O bem que quero, não faço, mas o mal que não quero, este é o que pratico.” (Romanos 7:19) Herdamos o pecado de nossos primeiros pais. A perfeição está além de nossa capacidade. Por isso, “quem pode dizer: ‘Purifiquei meu coração; fiquei limpo do meu pecado’?” — Provérbios 20:9; Salmo 51:5; Romanos 5:12.
13 Aceitamos nossas próprias fraquezas e as desculpamos. Não podemos aceitar e desculpar as de nosso cônjuge? Sem dúvida, admitimos prontamente que somos pecadores, mas, ficamos na defensiva e somos relutantes em admitir um pecado específico? E temos a perspicácia de entender que esta relutância de admitir estar errado é típica das pessoas, inclusive de nosso cônjuge, e fazemos concessões? “A perspicácia do homem certamente torna mais vagarosa a sua ira, e é beleza da sua parte passar por alto a transgressão”, diz o provérbio inspirado. Indubitavelmente você, assim como quase todos os outros, adota o princípio da “regra áurea”. Jesus declarou-a no seu famoso Sermão do Monte: “Todas as coisas, portanto, que quereis que os homens vos façam, vós também tendes de fazer do mesmo modo a eles.” A maioria das pessoas professam-na da boca para fora; poucos a praticam. Sua sincera aplicação resolveria os problemas das relações humanas, inclusive das maritais. — Provérbios 19:11; Mateus 7:12.
14, 15. (a) O que poderá resultar de alguém comparar desfavoravelmente seu cônjuge com outra pessoa? (b) A respeito de que assuntos se fazem às vezes imprudentemente tais comparações?
14 Cada um de nós gosta de ser considerado e tratado como pessoa. Quando alguém nos compara desfavoravelmente com outro, talvez encarando nossas qualidades ou capacidades como inferiores, como reagimos? Em geral, sentimo-nos magoados ou ressentidos. Na realidade, dizemos: ‘Mas eu não sou aquela pessoa. Eu sou EU.’ Tais comparações, em geral, não são motivadoras, porque queremos ser tratados com compreensão.
15 Para ilustrar este ponto: Será que você, o marido, expressa seu agrado pela comida que sua esposa prepara, ou queixa-se de que ela não sabe cozinhar assim como sua mãe? Como é que sabe quão bem sua mãe sabia cozinhar quando era recém-casada? Talvez a sua esposa se saia melhor do que ela fazia. Dê à sua esposa a oportunidade de se desenvolver nos seus novos deveres e se tornar eficiente neles. E será que você, esposa, se queixa que seu marido novato não traz para casa o ordenado que seu pai trazia? Quanto é que seu pai ganhava quando se casou? Nem mesmo isto importa. O que importa é a ajuda que você pode dar ao seu marido. Levanta-se e prepara o café da manhã antes de ele ir trabalhar, para que ele sinta que você o apóia e que aprecia os esforços dele? Será que um de vocês discute com o outro por causa dos sogros ou cunhados, ou discorda das amizades que deviam cultivar ou da recreação a que se deviam entregar? Estes e outros desacordos podem surgir. Como vão resolvê-los?
16. O que há de errado na teoria de que brigas violentas ajudam a resolver dificuldades?
16 Alguns psicólogos modernos afirmam que as brigas são úteis para resolver dificuldades. A teoria deles é que as frustrações aumentam, criando pressões, e finalmente explodem numa violenta briga. No calor de tal altercação acesa, expressam-se, ventilam-se e eliminam-se ressentimentos retidos por muito tempo — segundo esta teoria. Até que isto aconteça, as frustrações ficam fervendo e cozinhando por dentro, e depois transbordam numa ocasião posterior. Mas, há o grave perigo de que tais acessos violentos façam você dizer coisas que não pretende dizer, e pode causar ferimentos além de cura. Pode ofender a outra pessoa tão severamente, que se cria uma barreira que depois não poderá vencer. Conforme adverte Provérbios 18:19: “Um irmão contra quem se transgride é mais do que uma vila fortificada; e há contendas que são como a tranca duma torre de habitação.” O conselho sadio da Bíblia é: “Desiste . . . antes que haja rixas.” — Provérbios 17:14, Almeida, atualizada.
COMUNIQUE-SE!
17. O que se pode fazer para impedir que os desacordos se criem no íntimo e atinjam proporções explosivas?
17 Muito melhor do que deixar que os desacordos se desenvolvam no seu íntimo até atingirem proporções explosivas é falar sobre eles conforme surgirem. Remoer um mal quase sempre faz com que pareça pior do que realmente é. Fale sobre ele desde já, ou esqueça-o. Foi apenas uma observação passageira? Deixe-a passar. Precisa ser considerada? Fez o seu cônjuge algo que aflige você? Não o condene logo; procure levantar a questão em forma de pergunta, ou faça uma sugestão que a apresente à consideração. Por exemplo, poderá dizer: ‘Querido (a), há algo que não entendo. Pode ajudar-me?’ Daí, escute. Procure entender o ponto de vista da outra pessoa. Acate a advertência de Provérbios 18:13: “Quando alguém replica a um assunto antes de ouvi-lo, é tolice da sua parte e uma humilhação.” Nenhum de nós gosta quando outro tira conclusões precipitadas sobre nós. Portanto, em vez de reagir apressadamente, procure discernir o intento ou motivo por detrás do ato. Faça como aconselha Provérbios 20:5: “O conselho no coração dum homem é como águas profundas, mas o homem de discernimento é quem o puxará para fora.”
18. O que nos poderá ajudar a dissipar os momentos melancólicos?
18 Está inclinado a ter momentos melancólicos? É difícil viver com uma pessoa melancólica. Alguns afirmam que as disposições de ânimo estão além de controle, sendo governadas por substâncias químicas no cérebro. Quer seja assim, quer não, os sentimentos são contagiosos. Podemos ser alegrados ou desanimados pelos em nossa volta. A música pode criar diversas disposições de ânimo em nós. Também histórias podem fazer isso. Os pensamentos que abrigamos na mente afetam o modo como nos sentimos. Se você remoer coisas negativas, ficará deprimido; por um ato de sua vontade poderá obrigar a mente a ter pensamentos positivos, otimistas. Pense neles. (Filipenses 4:8) Se achar isso difícil, procure alguma vigorosa atividade física — algum trabalho árduo, mesmo que seja capinar ou encerar o soalho; saia e corra ou ande pelo mato, ou, melhor ainda, encontre algo útil para fazer a alguém — tudo o que possa fixar sua atenção e suas energias em outra direção. É muito melhor desenvolver uma disposição de ânimo boa, do que uma péssima. E é muito mais divertido, para você e certamente também para seu cônjuge!
19. Como se pode lidar de maneira compreensiva com os momentos melancólicos do cônjuge?
19 Entretanto, há ocasiões em que os acontecimentos magoam você profundamente, ou quando sofre de severa doença ou dor. Ou, no caso de sua esposa, os períodos mensais e a gravidez alteram grandemente a secreção de fortes hormônios, os quais afetam o sistema nervoso e as emoções. A mulher pode sofrer de tensão pré-menstrual sem se aperceber disso. Este é um dos grandes fatores que o marido precisa levar em conta, para que, em vez de ficar exasperado, possa mostrar compreensão. Em tais circunstâncias especiais, tanto o marido como a mulher devem reconhecer o que é responsável por qualquer mudança de temperamento e reagir de maneira edificante. “O coração do sábio faz que a sua boca mostre perspicácia e acrescenta persuasão aos seus lábios.” E: “O verdadeiro companheiro está amando todo o tempo e é um irmão nascido para quando há aflição.” — Provérbios 16:23; 17:17.
20-22. (a) Por que se deve evitar o ciúme indevido? (b) O que se pode fazer para dar ao cônjuge a sensação de segurança?
20 É seu cônjuge ciumento? É correto alguém ter ciúmes de sua reputação e também de seu casamento. Assim como a adrenalina faz o coração bater outra vez, assim o ciúme incita a alma à defesa de algo que é prezado. O oposto do ciúme é a indiferença, e não devemos ser indiferentes para com o nosso casamento.
21 Mas, há outra espécie de ciúme que é causado pela insegurança e nutrido pela imaginação. Tal ciúme desarrazoado e excessivamente possessivo transforma o matrimônio numa prisão desagradável, na qual a confiança e o verdadeiro amor não podem sobreviver. “O amor não é ciumento” desta maneira, e o ciúme obsessivo “é podridão para os ossos”. — 1 Coríntios 13:4; Provérbios 14:30.
22 Se o seu cônjuge tiver motivo justo para sentir-se inseguro por causa do ciúme, elimine imediatamente a causa. Se não houver causa real, faça todo o possível para fortalecer a confiança da pessoa ciumenta, por palavras e, ainda mais importante, por suas ações. Toque-lhe o coração!
23. O que se poderá considerar com proveito, quando alguém está inclinado a procurar a ajuda dos de fora para resolver problemas maritais?
23 Podem pessoas de fora ajudar a resolver desacordos entre os casais? Possivelmente, mas não deviam ser convocadas a menos que ambos os cônjuges concordem com isso. Primeiro, “pleiteia a tua própria causa com o teu próximo e não reveles a palestra confidencial de outrem”. (Provérbios 25:9) Há um risco especial envolvido quando se pede que os parentes sejam os árbitros. É provável que eles não sejam imparciais. A Bíblia diz sabiamente: “O homem deixará seu pai e sua mãe, e tem de se apegar à sua esposa.” (Gênesis 2:24) O mesmo se aplica à esposa com relação aos seus pais e a seu marido. Em vez de pedir que os pais ou parentes arbitrem, tomando partido de um cônjuge contra o outro, marido e mulher devem apegar-se um ao outro, reconhecendo que os problemas são seus e que precisam resolvê-los juntos. Apelar para os de fora, sem o consentimento do cônjuge, rebaixa ambos aos olhos dos outros. Se houver comunicação franca, honesta e amorosa, não haverá motivo para não poderem solucionar seus problemas entre si. Podem consultar outras pessoas maduras, em busca de conselho, mas a solução, por fim, recai sobre você e seu cônjuge.
24, 25. O que talvez faça a pessoa, se o orgulho interferir na solução dum problema marital?
24 “Ninguém tenha de si uma estima maior do que a que deve ter”, aconselhou o apóstolo Paulo. (Romanos 12:3, Matos Soares) Depois acrescentou: “Tomai a dianteira em dar honra uns aos outros.” (Romanos 12:10) Às vezes, quando nosso orgulho fica ferido, convém refletir em que não somos realmente tão grandes assim. Certamente, não somos grandes em comparação com a terra, e a própria terra é pequena no sistema solar, o qual, por sua vez, é minúsculo no universo. Aos olhos de Jeová, “todas as nações são . . . como algo inexistente . . . como nada e como irrealidade para ele”. (Isaías 40:17) Tais pensamentos ajudam a manter as coisas em perspectiva, para se ver que os desacordos talvez não envolvam, afinal, questões tão vitais assim.
25 Às vezes, o senso de humor também nos pode ajudar a não nos tomarmos demasiadamente a sério. Saber rir de si mesmo é sinal de madureza e aplaina muitos pontos escabrosos na vida.
“LANÇA O TEU PÃO SOBRE AS ÁGUAS”
26, 27. Que princípios bíblicos devem ser aplicados, quando o cônjuge não corresponde aos esforços de resolver pacificamente as diferenças, e por quê?
26 Que deve fazer quando seu cônjuge não corresponde aos seus esforços de solucionar pacificamente as diferenças? Siga o conselho da Bíblia: “Não retribuais a ninguém mal por mal.” Jesus é o modelo que devemos imitar: “Quando estava sendo injuriado, não injuriava em revide.” É comum entre as pessoas pagarem na mesma moeda. Mas, se você adotar este proceder, então está deixando os outros amoldá-lo, transformá-lo no que você é. Realmente, transformam-no naquilo que eles são. Deixar isso acontecer significa negar a si mesmo, negar aquilo que você representa e os princípios que preza. Em vez disso, copie Jesus, que se apega ao que ele é, sem ser alterado pelas fraquezas dos em volta dele: “Se formos infiéis, ele permanece fiel, pois não se pode negar a si mesmo.” — Romanos 12:17; 1 Pedro 2:23; 2 Timóteo 2:13.
27 Se você for bastante forte para interromper um ciclo do mal com o bem, talvez inicie um ciclo do bem. “Uma resposta, quando branda, faz recuar o furor.” (Provérbios 15:1) Uma resposta branda não provém de fraqueza, mas de força, e seu cônjuge sentirá isso. Visto que são tantos os que pagam na mesma moeda, sua investida com o bem pode mudar o ciclo do mal para o bem. Isto é indicado por certos textos. “Aquele que rega liberalmente os outros também será regado liberalmente.” “Com a medida com que medis, medirão a vós em troca.” “Lança o teu pão sobre as águas, porque depois de muitos dias o acharás.” (Provérbios 11:25; Lucas 6:38; Eclesiastes 11:1, Almeida) Pode levar tempo para a sua bondade produzir uma safra de bem da parte de seu cônjuge. Não se lança semente num dia e se colhe logo no dia seguinte. Não obstante, “o que o homem semear, isso também ceifará; . . . Assim, não desistamos de fazer aquilo que é excelente, pois ceifaremos na época devida, se não desfalecermos”. — Gálatas 6:7-9.
28. Quais são alguns dos princípios excelentes encontrados no livro bíblico de Provérbios, que podem ajudar a promover uma vida feliz de casado, e como?
28 Seguem-se alguns textos bíblicos e perguntas para os casais tomarem em consideração:
Provérbios 14:29: “Quem é vagaroso em irar-se é abundante em discernimento, mas aquele que é impaciente exalta a tolice.” Se você dá tempo a si mesmo para pensar, não descobre muitas vezes que não há bom motivo para se irar?
Provérbios 17:27: “Quem refreia as suas declarações é possuído de conhecimento e o homem de discernimento é de espírito frio.” Mantém-se calmo e refreia-se de usar palavras que irritariam seu cônjuge?
Provérbios 25:11: “Como maçãs de ouro em esculturas de prata é a palavra falada no tempo certo para ela.” A palavra que é certa em determinada ocasião pode estar errada em outra. Está você apercebido de qual é a palavra certa na ocasião certa?
Provérbios 12:18: “Existe aquele que fala irrefletidamente como que com as estocadas duma espada, mas a língua dos sábios é uma cura.” Antes de você falar, pára e pensa no efeito que suas palavras terão sobre o seu cônjuge?
Provérbios 10:19: “Na abundância de palavras não falta transgressão, mas quem refreia seus lábios age com discrição.” Às vezes, quando perturbados, dizemos mais do que pretendemos, e depois o lamentamos. Previne-se você contra isso?
Provérbios 20:3: “Para o homem é uma glória desistir duma disputa, mas todo tolo estourará nela.” Requer dois para haver uma discussão. É você bastante maduro para ser aquele que pára com ela?
Provérbios 10:12: “O ódio é o que incita contendas, mas o amor encobre mesmo todas as transgressões.” Continua você a repisar antigas disputas, ou ama seu cônjuge o bastante para deixá-las de lado?
Provérbios 14:9, “Nova Bíblia Inglesa”: “O tolo é arrogante demais para se corrigir; os homens retos sabem o que a reconciliação significa.” É você orgulhoso demais para fazer concessões e procurar a paz com seu cônjuge?
Provérbios 26:20: “Onde não há lenha, apaga-se o fogo.” Consegue parar com a discussão, ou precisa ter a última palavra?
Efésios 4:26: “Não se ponha o sol enquanto estais encolerizados.” Insiste você nas diferenças e assim prolonga a aflição tanto para você como para seu cônjuge?
29. Quais são algumas das coisas básicas que se deve ter em mente quando se procura manter o casamento feliz?
29 O conselho sábio só é de proveito quando posto em prática. Experimente-o. De modo similar, esteja disposto a experimentar a sugestão feita pelo seu cônjuge. Veja se funciona. A quem cabe a culpa quando algo sai errado? Isto não importa. O que é importante é como endireitar as coisas. Seja flexível, ventile as diferenças, fale sobre elas e não seja convencido. Comunique-se! Se ‘amar o seu cônjuge como a si mesmo’, não deve ser difícil demais ajustar-se à relação marital e torná-la feliz. — Mateus 19:19.