Os cristãos devem esperar a perseguição?
“Todos os que desejarem viver com devoção piedosa em associação com Cristo Jesus também serão perseguidos.” — 2 Tim. 3:12.
1. Ao lermos o relato da Bíblia sobre a perseguição dos servos de Deus, que perguntas surgem em nossas mentes?
TODA pessoa que já leu a Bíblia conhece os muitos relatos da perseguição contra os servos de Deus por causa de sua fidelidade no Seu serviço. Esta perseguição assume a forma de abuso verbal, encarceramento, açoitamento e até mesmo a morte. Exemplos notáveis de fidelidade em face de perseguição são os de Jó, Daniel na cova dos leões, Paulo que ‘cinco vezes recebeu quarenta golpes menos um’, e, acima de todos, Cristo Jesus, que entregou sua própria vida aos perseguidores. O capítulo onze do livro de Hebreus dá a seguinte descrição dos sofrimentos dos fiéis servos de Deus nos tempos pré-cristãos: “Foram apedrejados, foram provados, foram serrados em pedaços, morreram abatidos pela espada, andavam vestidos de peles de ovelhas e de peles de cabras, passando necessidade, tribulação, sofrendo maus tratos . . . Vagueavam pelos desertos, e pelas montanhas, e pelas covas, e pelas cavernas da terra.” Até mesmo ao lermos este relato vívido, somos movidos a perguntar: Por quê? Sim, por que tem o fiel servo de Deus de sofrer tamanhos maus tratos? Não poderia Deus protegê-lo? E será que os cristãos hodiernos têm de esperar tal perseguição? Se assim for, como podem suportá-la fielmente e sair-se vitorioso? — 2 Cor. 11:24; Heb. 11:37, 38.
POR QUE PERSEGUIDOS
2, 3. (a) Onde temos de olhar a fim de descobrir a origem desta perseguição? (b) O que levou ao estabelecimento da inimizade entre Satanás e os servos de Jeová?
2 Para entender a origem desta perseguição e a razão da mesma, temos de retornar bem ao começo da Bíblia e encontrar isso nos primeiros três capítulos de Gênesis. Ali lemos a respeito da criação da terra e da formação dela para habitação humana. Por fim, lemos o relato da criação do primeiro homem, Adão, e daí, de sua esposa, Eva. Bondosamente, Deus lhes deu instrução para que vivessem e se mantivessem em harmonia com seu Criador. Foi-lhes concedida grande liberdade de movimentos em seu lar paradísico e de comer dos frutos e da vegetação que encontravam ali. Para aumentar a sua alegria, foi-lhes dado o amoroso domínio sobre a criação animal no jardim, e a maravilhosa perspectiva de criar uma família nestas condições felizes. (Gên. 1:28-30) De modo justo, Deus lhes forneceu os requisitos de obediência a Ele, e isto significava abster-se de comer o fruto de certa árvore do jardim. Naturalmente, isto não era algo difícil, visto que havia muitas outras árvores das quais podiam comer até ficarem satisfeitos. (Gên. 2:17) Deus não ocultou a eles o fato de que a desobediência a este requisito simples significaria a perda de suas vidas.
3 Neste ponto, um terceiro personagem entrou no jardim em forma de serpente. Falando com astúcia à mulher, seduziu-a mediante falsas promessas a comer do fruto proibido. Posteriormente, Adão juntou-se a ela neste ato de rebelião contra Deus. Por causa disto, foram sentenciados à morte, de forma justa, por Deus. Passando então a lidar com a serpente, Deus disse: “E porei inimizade entre ti e a mulher, e entre a tua descendência e a sua descendência. Êle te ferirá na cabeça e tu o ferirás no calcanhar.” (Gên. 3:15) A serpente que realmente se quer mencionar aqui é identificada em outra parte como Satanás, o Diabo. (Rev. 12:9) A mulher, segundo indicado, é a grande organização celeste de Deus, composta de santas criaturas, representada como sendo Sua esposa. (Rev. 12:1-6; Isa. 54:1-6) Nesta sentença declarada contra Satanás, Jeová Deus estabeleceu que existiria inimizade ou ódio entre Satanás e a descendência ou prole da mulher de Deus. Apenas a destruição final de Satanás poria fim a tal inimizade.
4. Como é que a inimizade de Satanás se tem expresso, e por que, especialmente neste período de tempo, temos de nos preparar para suportar a perseguição?
4 O vitupério e a perseguição que têm sobrevindo aos servos do verdadeiro Deus desde então tem sido a expressão da inimizade de Satanás, conforme predito por Jeová. Por assim se opor com violência a estes servos de Deus, Satanás tem tentado fazer que se voltem contra Jeová, assim como fez no caso do primeiro casal humano. Este ódio ardente de Satanás não se extinguiu durante os quase seis mil anos desde que teve origem no Éden. Nos dias de Jesus, ardeu furiosamente contra ele, à medida que Satanás tentou eliminar este prometido ‘descendente da mulher’. Jesus avisou a seus seguidores que a mesma perseguição também lhes sobreviria. “Lembrai-vos da palavra que eu vos disse: O escravo não é maior do que o seu amo. Se me perseguiram a mim, perseguirão também a vós.” (João 15:20) E agora, no tempo do fim deste sistema de coisas, a inimizade de Satanás contra os servos de Jeová atinge novos píncaros de violência e fúria, assim como João disse em Revelação 12:13-17. Sim, ele sabe muito bem que seu fim está próximo (Rev. 12:12), e não desistirá de demonstrar sua amarga inimizade contra todos os que servem a Jeová. Tal inimizade só cessará quando “a serpente original, o chamado Diabo e Satanás”, for esmagado sob o calcanhar do descendente da mulher de Deus logo depois do Armagedom. Assim, temos de estar preparados para suportar a perseguição. — Rev. 12:9; 19:11 a 20:3.
DIFERENTES TIPOS DE PERSEGUIÇÃO
5. Qual é uma das formas mais brandas de perseguição, e será que nos deve desalentar?
5 Por todas as Escrituras lemos a respeito de muitos tipos diferentes de perseguição usados pelo adversário contra os fiéis servos de Jeová, todos os quais ainda são usados por êle hoje em dia. Uma das formas mais brandas de perseguição é a injúria verbal. A finalidade disso não é apenas fazer que o servo de Deus recue, mas é envenenar as mentes de outros, de modo que não escutem à pregação das boas novas. Naturalmente, ninguém gosta que se lhe fale com linguagem vil, nem que se minta a respeito dele. Mas, Jesus disse que isto não deveria ser motivo de alarme, mas, pelo contrário: “Felizes sois quando vos vituperarem e perseguirem, e, mentindo, disserem toda sorte de coisas iníquas contra vós, por minha causa.” E por que é mesmo que deveríamos nos sentir felizes sob tal tratamento desagradável? “Alegrai-vos e pulai de alegria, porque a vossa recompensa é grande nos céus; pois assim perseguiram os profetas antes de vós.” — Mat. 5:11, 12.
6. O que disse Jesus a respeito da oposição por parte dos parentes, e como é que a experiência de Jó nos ajuda a suportar isto?
6 Uma forma mais sutil de perseguição, e que, amiúde, é mui difícil de suportar, é a oposição dos parentes. Às vezes os cristãos recém-convertidos verificam que os parentes a quem amam com ternura e que sempre têm sido muito apegados a eles começam então a se opor a eles e a persegui-los, por causa de seu novo modo de vida. O fiel homem Jó teve de suportar isto, quando mais sofria. Depois de perder quase tudo que possuía, sua esposa se voltou contra ele, afirmando: “Persistes ainda em tua integridade? Amaldiçoa a Deus, e morre!” (Jó 2:9, CBC; 19:17) Jó, porém, embora sentisse grande dor e, sem dúvida, ferido no íntimo por este golpe rude daquela que deveria tê-lo confortado, apegou-se à sua integridade a Jeová. E nós também devemos fazê-lo sob similares provas, não importa quão difícil seja. Jesus disse que isto aconteceria da seguinte forma: “Pois vim causar divisão; o homem contra seu pai, e a filha contra sua mãe, e a jovem esposa contra sua sogra. Deveras, os inimigos do homem serão pessoas de sua própria família.” — Mat. 10:35, 36.
7. Qual é a atitude correta para com o encarceramento como uma forma de perseguição?
7 Um método favorito de perseguição usado por Satanás é o encarceramento. Ele tem usado amiúde isto depois de fazer acusações falsas, como no caso de José, filho de Jacó, que foi lançado numa prisão egípcia sob a falsa acusação de tentar violar a esposa do seu amo. Isto deve ter sido muito difícil de José suportar, sabendo muito bem que era inocente da vil acusação. O que fez? Tentou fugir da prisão e livrar-se, e tentou vindicar-se das acusações falsas? Não, deveras, José não fez nada disso. Esperou pacientemente que Jeová o libertasse no Seu próprio tempo e modo. Isto é exatamente o que Jeová fez, e resultou em ser José exaltado a uma posição mais elevada sob Faraó, e sendo usado mais por Jeová para a Sua própria glória e louvor. Que maravilhosa recompensa recebeu José por perseverar fielmente sob perseguição!
8. De que outros exemplos de encarceramento dos servos de Jeová podemos tirar coragem?
8 Outros servos de Deus, tais como o profeta Jeremias e o apóstolo Paulo, foram lançados na prisão por causa de sua intrepidez em falar a verdade da Palavra de Deus, embora proibidos de fazê-lo. Sempre é a declaração pública das verdades dos propósitos de Jeová que o adversário deseja parar. Por causa de sua fidelidade como testemunhas de Jeová em pregar as boas novas, milhares de nossos irmãos foram lançados nas prisões e campos de concentração na Alemanha de Hitler. Milhares de outros sofreram similar perseguição nos campos de prisão comunistas. Certo irmão recentemente solto passou vinte e quatro anos nas prisões nazistas e comunistas e recusou transigir. Muitos nas prisões nazistas poderiam comprar sua liberdade por renunciarem à sua fé, mas jamais chegaram sequer a pensar nisso. Deveras, continuaram a pregar na prisão e acharam muitas das “ovelhas” de Jeová ali. Em todas estas provas, foram sustentados pela promessa de Deus em Revelação 2:10: ‘Não tenhas medo das coisas que estás para sofrer. Eis que o Diabo estará lançando alguns de vós na prisão para que sejais plenamente provados.” Sim, foram “plenamente provados” e comprovaram por si mesmos que Jeová pôde fazê-los atravessar tudo isso.
9. Como é que o adversário tem usado a violência física como uma forma de perseguição?
9 Indo além de simples encarceramento, a perseguição nos tempos bíblicos muitas vezes assumiu a forma de violentos maus tratos físicos. Os apóstolos foram açoitados segundo a ordem do Supremo Tribunal judaico, a fim de tentar desanimá-los da pregação a respeito da ressurreição de Jesus. (Atos 5:40) Paulo e Silas tiveram suas vestes rasgadas e foram açoitados com varas em Filipos, por causa de sua atividade missionária cristã. (Atos 16:22, 23) Mais recentemente, na África, centenas de nossos irmãos se viram cercados por soldados e foram cruelmente espancados com a coronha de rifles a fim de se tentar obrigá-los a adorar de forma idólatra um emblema nacional.
10. Como é que a violência coletiva tem sido usada contra os cristãos?
10 A violência coletiva é outra arma de perseguição usada por Satanás, tanto nos tempos bíblicos como atualmente. Foi usada pelos judeus contra Jesus Cristo, depois de sua destemida pregação na sinagoga de seu lugar de criação, Nazaré, ter enraivecido as suscetibilidades religiosas deles. (Luc. 4:28, 29) O apóstolo Paulo foi objeto de violência coletiva pelo menos em duas ocasiões, em Tessalônica e em Listra, onde Paulo foi tão severamente apedrejado pela turba que foi arrastado para fora da cidade e dado como morto. Mas, Paulo se recuperou e, com maravilhosa coragem, retornou à cidade para fortalecer os discípulos ali, encorajando-os a permanecer na fé, dizendo: “Temos de entrar no reino de Deus através de muitas tribulações.” (Atos 14:19-22; 17:5) Milhares de nossos irmãos nos Estados Unidos e em outros países têm corajosamente suportado turbas de desordeiros nos anos recentes e têm fortalecido a sua fé por meio disso.
11. (a) Qual é a última arma dos perseguidores, e que exemplos encorajadores temos de fidelidade até a morte? (b) O que pode fortalecer-nos á fidelidade em face da morte violenta?
11 A última arma dos perseguidores é a morte. Esta, também, tem sido extensivamente usada por Satanás, conforme Jeová o tenha permitido. Nos dias primitivos da jovem congregação cristã, os irmãos foram fortalecidos pelo magnífico exemplo de Estêvão, apedrejado até à morte por uma turba fanática de líderes religiosos judeus. Mais tarde, o apóstolo Tiago foi morto pela espada, às mãos de Herodes Agripa I. (Atos 7:57-60; 12:1, 2) O melhor exemplo de fidelidade até a morte, sob perseguição, é o do Senhor Jesus Cristo. A respeito dele, Paulo afirma: “Pela alegria que se lhe apresentou, ele aturou uma estaca de tortura, desprezando a vergonha, e se tem assentado à direita do trono de Deus.” (Heb. 12:2) É preciso coragem para permanecer firme em face da morte certa. Foi a coragem que habilitou Jonathan Stark a encarar a morte na forca com completa serenidade, no outono de 1944 (hemisfério norte) no campo de concentração de Sachsenhausen, na Alemanha. Visto que o carrasco, um criminoso endurecido, hesitou, e o comandante do campo se esqueceu de gritar as suas ordens, Jonathan falou: “Por que hesitam? Tomem sua posição a favor de Jeová e de Gideão.” O que é que habilita os cristãos a contemplar a morte violenta sem tremer? É sua esperança certa na promessa de Jeová de ressuscitá-los, assim como ressuscitou Jesus Cristo. “Mostra-te fiel até à morte, e eu te darei a coroa da vida.” (Rev. 2:10) “Não fiqueis temerosos dos que matam o corpo, mas não podem matar a alma.” — Mat. 10:28.
A CONDUTA CRISTÃ SOB PERSEGUIÇÃO
12, 13. (a) Será que ficamos surpresos quando surge a perseguição, e por que respondem dessa forma? (b) Qual deve ser nossa reação para com a injúria verbal?
12 Sendo que a perseguição é claramente algo que Jeová permite que sobrevenha a seus servos como prova de integridade, não devemos ficar surpresos quando surge a perseguição de um tipo ou outro. Deveras, se não temos de suportar algumas destas provas, ficamos pensando se realmente estamos na vereda cristã. Naturalmente, nem todos têm de enfrentar a morte a fim de provar o ódio do adversário. Às vezes se trata simplesmente de injúria verbal que eventualmente é lançada sobre todos os que participam na obra cristã de pregar as boas novas de casa em casa. Neste caso, qual deve ser a reação do pregador cristão?
13 A melhor forma de responder a esta pergunta é perguntar: O que faria Cristo Jesus? Não temos de adivinhar a resposta, pois nos é fornecida em 1 Pedro 2:23: “Quando estava sendo injuriado, não injuriava em revide. Quando sofria, não ameaçava, mas encomendava-se àquele que julga justamente.” Se Jesus tivesse injuriado aqueles que o vituperavam, teria degradado a si mesmo ao nível baixo deles e se teria tornado como o Diabo, cujo nome significa “Caluniador”. Teria negado a finalidade para a qual nasceu, que foi de “dar testemunho da verdade”, não para ser um caluniador dos que se opunham a ele. (João 18:37) Jesus sabia que qualquer linguagem injuriadora empregada para com ele só seria usada com a permissão de seu Pai, e, assim, demonstrou completa submissão à vontade de Jeová, suportando em silêncio tal perseguição. Quando formos similarmente submetidos a linguagem mofadora e a acusações mentirosas, talvez até se apresente a oportunidade de dar uma resposta branda, como mostrou Paulo. “Quando injuriados, abençoamos; quando perseguidos, suportamos isso; quando difamados, suplicamos.” (1 Cor. 4:12, 13) Quando se deixarem escapar palavras ásperas e iradas, a palavra calma pode amiúde apaziguar os ânimos. “A língua doce pode quebrantar os ossos.” (Pro. 25:15, CBC) Sim, alguém que se opõe tanto ao ponto de seu espírito ficar tão duro quanto um osso pode às vezes ser apaziguado por uma resposta calma. — Pro. 15:1.
14. (a) Que entendimento nos ajudará a suportar a perseguição? (b) Como é que os apóstolos demonstraram o conceito correto sobre a perseguição?
14 A fim de podermos suportar a amarga perseguição por um longo período de tempo, temos de compreender por que é permitida. Ao estudarmos a Bíblia e conhecermos a origem da iniqüidade, então sabemos que Satanás é completamente devotado a tentar destruir a fé de toda pessoa que serve a Deus. Sabemos que se havemos de ser abençoados por Jeová com a vida interminável em sua Nova Ordem, então, nossa aptidão para viver ali tem de ser primeiro provada. Nossa integridade e firmeza têm de ser provadas. Jeová nos disse por que permitiu que Satanás trouxesse perseguição sobre nós, com esta finalidade, e nossa perseverança fiel se mostrará uma vindicação para o Seu grande Nome. Sabendo isto, podemos regozijar-nos sob a perseguição, como fizeram os apóstolos. Os Atos dos Apóstolos constituem um registro emocionante da prova de fé daquele pequeno grupo de cristãos. Foram lançados na prisão, e quando o anjo de Deus milagrosamente os libertou, eles imediatamente reassumiram sua pregação de maneira destemida. Mais uma vez, foram levados ao Supremo Tribunal dos judeus. Embora se lhes ordenasse que parassem de pregar sobre o Jesus ressuscitado, responderam arrojadamente: “Temos de obedecer a Deus como governante antes que aos homens.” (Atos 5:29) Desta vez foram açoitados e se lhes ordenou que não mais pregassem. Será que isso por fim os silenciou? Será que a crescente severidade da perseguição então os amedrontou e fez que se escondessem? Leia a resposta em Atos 5:41, 42: “Estes, portanto, retiraram-se do Sinédrio, alegrando-se porque tinham sido considerados dignos de serem desonrados a favor do nome dele. E cada dia, no templo e de casa em casa, continuavam sem cessar a ensinar e a declarar as boas novas a respeito do Cristo, Jesus.” Sim, sentiram-se felizes de que Jeová lhes dera esta oportunidade de demonstrar seu ardente amor a Ele. Este é o conceito correto sobre a perseguição.
15. Qual deve ser nossa atitude para com os homens que nos perseguem? Dêem exemplos.
15 Qual, porém, deveria ser nossa atitude para com os homens que infligem a perseguição? Jesus deu a resposta simples: “Continuai a amar os vossos inimigos e a orar pelos que vos perseguem.” (Mat. 5:44) É isto humanamente possível? Será que nossos irmãos na Alemanha poderiam sentir amor pelos seus perseguidores nazistas que brutalmente os espancavam com chicotes de aço até que ficavam inconscientes, que obrigavam os idosos a trabalhar no pesado e a carregar pesadas cargas até que desmaiavam, e que lhes davam tão pouca comida que muitos ficaram tão fracos ao ponto de nem sequer poder resistir aos ratos que os roíam até à morte? Será que ainda podiam amar os homens que os tratavam de forma tão desumana? Depende de que tipo de amor se tem presente. Obviamente não podiam sentir afeição fraternal por eles, conforme indicado pela palavra grega philia. Mas, o que dizer do amor altruísta, baseado em princípios, conhecido pelos gregos como agápe? Sim, podiam e mostraram amor deste tipo. Por continuarem a pregar a seus perseguidores, por manifestar os princípios cristãos ao tratarem com eles, mostraram tal amor, e isto até mesmo resultou em alguns dos perseguidores se tornarem testemunhas de Jeová.
16. Que conceito nos ajudará a mostrar amor aos perseguidores humanos?
16 Alguns perseguidores, contudo, continuam com ignorância seus maus tratos aos cristãos. Muitos foram cegados por Satanás quanto à verdade da Palavra de Deus, sendo que Satanás se apresenta como anjo de luz. (2 Cor. 4:4; 11:14) Quando podemos ver a Satanás como o perseguidor original e principal dos servos de Deus, e os homens simplesmente como seus instrumentos, isso nos ajuda a assumir uma atitude mais amorosa para com os perseguidores humanos. Estêvão viu as coisas deste ângulo e, até mesmo ao morrer, clamou: “Jeová, não lhes imputes este pecado.” — Atos 7:60.
17. Citem duas coisas boas que podem advir da perseguição.
17 De modo que a perseguição nem sempre deve ser tida como coisa ruim. Amiúde apresenta bons resultados quando a suportamos fielmente. Primeiro, fortalece-nos individualmente, uma vez que a entendamos, bem como a razão pela qual Jeová a permite. Alguém que tenha sofrido perseguição por causa de sua fé e que tenha sido vitorioso, com o apoio do espírito santo de Jeová, sente uma sensação de alegria além de descrição. Sente-se grato a Jeová por lhe permitir demonstrar sua fidelidade e por lhe dar a força de perseverar. Sente-se muito mais achegado a Jeová. Em segundo lugar, nossa fidelidade sob oposição é amiúde fonte de força para nossos concrentes. A fiel perseverança de Paulo nas cadeias de prisão e sua intrepidez em continuar a pregar as boas novas naquela condição tiveram um efeito muito fortalecedor em muitos cristãos romanos. “As minhas cadeias se têm tornado conhecimento público, em associação com Cristo, entre toda a guarda pretoriana e todos os demais; e a maioria dos irmãos no Senhor, sentindo confiança em razão das minhas cadeias, estão mostrando tanto mais coragem para falar destemidamente a palavra de Deus.” — Fil. 1:13, 14.
18. Que outro bom resultado pode advir da perseverança fiel sob perseguição?
18 Um terceiro resultado excelente da perseverança fiel sob perseguição é que o nome de Jeová é honrado. “Porque, se alguém, por causa da consciência para com Deus, agüenta coisas penosas e sofre injustamente, isto é algo agradável. Pois, que mérito há nisso se, quando estais pecando e estais sendo esbofeteados, perseverais? Mas, se perseverais quando estais fazendo o bem e sofreis, isto é algo agradável a Deus.” (1 Ped. 2:19, 20) Jeová sempre se agrada quando seguimos um proceder sábio e reto. Diz ele: “Sê sábio, meu filho, alegrarás meu coração e eu poderei responder ao que me ultrajar.” (Pro. 27:11, CBC) Desde o tempo da queda de Adão, Satanás tem vituperado a Jeová. Se falharmos sob perseguição, damos bem a Satanás uma razão a mais para vituperar a Deus. Mas, quando derivamos forças da Palavra e do espírito santo de Deus, e permanecemos firmes sob todos os tipos de oposição, damos a Jeová uma resposta viva a dar ao vituperador. Então, Satanás tem de se desviar sem satisfação. Nós queremos alegrar a Jeová, não queremos? Então, que nós jubilosamente, sim, com felicidade, soframos vexames por causa de Seu nome inigualável.
19. Por que não precisamos sentir vergonha quando perseguidos por servir a Jeová?
19 Considerando a perseguição deste ângulo, jamais nos sentiremos envergonhados. Embora sejamos ‘objetos de ódio de todas as pessoas’ por causa do nome de Cristo e sejamos considerados como “o refugo do mundo, a escória de todas as coisas”, não temos razão de ficar alarmados ou preocupados. (Mat. 10:22; 1 Cor. 4:13) Foi assim que Paulo se sentiu, como disse a Timóteo: “Portanto, não te envergonhes do testemunho a respeito de nosso Senhor, nem de mim, prisioneiro por causa dele . . . Por esta mesma causa eu também sofro essas coisas, mas não me envergonho.” (2 Tim. 1:8, 12) Pedro também concordou com isto. “Mas, se ele sofrer como cristão, não se envergonhe, mas persista em glorificar a Deus neste nome.” (1 Ped. 4:16) Se estivermos convictos de que nossa crença é certa e que estamos fazendo a vontade de Deus, então todo o tratamento, injúria e perseguição desonrosos que teremos de suportar não nos desencorajarão nem nos farão deixar o serviço de Jeová. Isto se provou verdadeiro no caso das testemunhas de Jeová em Portugal, nos tempos modernos. Embora uma congregação inteira fosse presa, julgada e falsamente condenada, isto não fez que as testemunhas de Jeová naquele país deixassem o serviço de seu Deus.
20. Como podemos estar seguros de que podemos até suportar sozinhos a perseguição?
20 Nossa confiança em Jeová nos habilitará, se necessário, a suportar sozinhos a perseguição. O fiel homem, Jó, suportou tal prova sem ajuda ou consolo humanos, e Jeová bondosamente o sustentou. “Ouvistes falar da perseverança de Jó e vistes o resultado que Jeová deu, que Jeová é mui terno em afeição e é misericordioso.” (Tia. 5:11) Paulo, também, teve de tomar sozinho uma posição assim em Roma, e saiu-se vitorioso. “Na minha primeira defesa, ninguém se pôs do meu lado, mas todos passaram a abandonar-me — não lhes seja isso posto na conta — mas o Senhor estava perto de mim e me infundiu poder, para que, por meu intermédio, se efetuasse plenamente a pregação e todas as nações a ouvissem; e fui livrado da boca do leão. O Senhor me livrará de toda obra iníqua e me salvará para o seu reino celestial.” (2 Tim. 4:16-18) Nos nossos próprios tempos, temos visto os exemplos firmes de irmãos como Stanley Jones e Harold King, que suportaram respectivamente sete anos e cinco anos de solitária nas prisões da China comunista. Por certo, Jeová não abandona aqueles que depositam toda a sua fé e confiança nele. “Jeová é o meu ajudador; não terei medo. Que me pode fazer o homem?” — Heb. 13:6.
21. Apesar de certa perseguição, por que podemos encarar o futuro com plena confiança?
21 Tendo presente as promessas seguras de Jeová e lembrando-nos do fiel exemplo de nossos irmãos sob perseguição, não precisamos temer o futuro, muito embora traga sobre nós toda a ira ardente de Satanás, sua agonia da morte. Sabemos que Jeová permite que passemos por uma prova a fim de demonstrarmos nossa fé e para a vindicação de seu grande Nome. Sabemos também que “Deus é fiel, e ele não deixará que sejais tentados além daquilo que podeis agüentar, mas, junto com a tentação, ele proverá também a saída, a fim de que a possais agüentar”. (1 Cor. 10:13) Por esta razão, encararemos o futuro com plena fé e confiança, assegurados de que podemos vencer “todos os projéteis ardentes do iníquo”. (Efé. 6:16) E, por fim, poderemos bradar com alegria: “Graças a Deus, porém, pois ele nos dá a vitória por intermédio de nosso Senhor Jesus Cristo!” — 1 Cor. 15:57.