O “machado e o machadeiro”
“Realçar-se-á o machado sobre aquele que corta com ele?” — Isa. 10:15.
1, 2. (a) Que uso de pessoas ou nações não é incomum na história? (b) Que casos de tal uso de homens como instrumentos podemos citar?
NÃO é incomum alguém ser usado por outro como instrumento para realizar alguma coisa. Não é desconhecido na história humana que uma nação inteira tenha sido usada como instrumento por alguém em autoridade, considerado como superior ao governante da nação usada como instrumento.
2 Por exemplo, há o caso do Rei Davi de Jerusalém. Ele usou seu marechal-de-campo, o General Joabe, como instrumento para fazer com que o fiel oficial militar hitita, Urias, fosse entregue à morte certa na batalha. Urias morreu, assim, sem saber que o Rei Davi havia violentado sua esposa, Bate-Seba. (2 Sam. 11:1 a 12:9; 1 Reis 15:5) Depois, houve o caso do Papa Adriano IV, que era inglês de nascença. No ano 1155 E. C., fez da Inglaterra, sob o Rei Henrique II, seu instrumento para começar a sujeição de toda a Irlanda, a fim de submeter os líderes religiosos, irlandeses, ao controle do papado de Roma.a
3, 4. (a) Na antigüidade, que nação foi usada como mero instrumento manual? (b) Em que profecia de Isaías está incluído o nome Daquele que usou a nação assíria como instrumento?
3 Nos tempos antigos, séculos antes da sujeição da Igreja Irlandesa, houve um caso em que uma nação poderosa, altamente militarizada, foi usada como instrumento ou meio por um poder ainda maior. Aquela antiga nação era a Assíria, no tempo em que era a potência mundial do momento, a segunda potência mundial da história bíblica. No entanto, qual era o poder superior capaz de usar a Potência Mundial Assíria como mero instrumento ou meio? A identidade daquele poder superior foi divulgada aos homens algum tempo antes de os assírios, sob o Rei Senaqueribe, invadirem a terra do Reino de Judá, no ano 732 A. E. C. A identificação do poder superior ao Império Assírio estava contida nas seguintes palavras:
4 “Realçar-se-á o machado sobre aquele que corta com ele, ou magnificar-se-á a própria serra sobre aquele que a move para lá e para cá, como se a vara movesse para lá e para cá aqueles que a erguem, como se o bastão erguesse aquele que não é pau? Por isso, o verdadeiro Senhor, Jeová dos exércitos, continuará a enviar a emaciação sobre os seus gordos, e sob a sua glória estará acesa uma queima como a queima de fogo. E a Luz de Israel terá de tornar-se um fogo, e seu Santo, uma chama; e terá de chamejar e consumir suas ervas daninhas e seus espinheiros num só dia. E Ele acabará com a glória da sua floresta e do seu pomar, desde a própria alma até a carne, e terá de tornar-se igual ao definhamento de quem padece de doença. E o restante das árvores da sua floresta — ficarão em número tal que um mero rapaz as poderá anotar.” — Isa. 10:15-19.
5, 6. O que diz Isaías mais adiante sobre a capacidade de Jeová de usar a Assíria como mero instrumento?
5 Estas palavras foram registradas pelo inspirado profeta Isaías, filho de Amoz, que terminou a escrita de seu maravilhoso livro de profecia por volta do ano 732 A. E. C., ano em que ocorreu a invasão assíria da terra de Judá. Isaías declara, assim, que o Grande Poder que usava o instrumento é “o verdadeiro Senhor, Jeová dos exércitos”, sim, “a Luz de Israel . . . e seu Santo”. É este Santo capaz de usar toda uma nação como mero instrumento? Para obtermos uma resposta inspirada a esta pergunta, ouçamos o que o profeta Isaías diz mais adiante a respeito do “verdadeiro Senhor, Jeová dos exércitos”, como segue:
6 “Quem mediu as águas na mera concavidade da sua mão, e mediu as proporções dos próprios céus com o mero palmo, e incluiu numa medida o pó da terra, ou pesou os montes com o fiel e os morros na balança? . . . Eis que as nações são como uma gota dum balde; e foram consideradas como a camada fina de pó na balança. Eis que ele levanta as próprias ilhas como se fossem apenas pó miúdo.” — Isa. 40:12-15.
O MACHADO SIMBÓLICO
7. Assim, em comparação com Jeová, a que se assemelham as nações, e, em Isaías 10:15, com que se compara Ele?
7 Em comparação com “o verdadeiro Senhor, Jeová dos exércitos”, todas as nações, inclusive a Assíria, são como mera gota de água caindo dum balde ou como a camada fina de pó na balança. Ele pode assim, com a maior facilidade, usar qualquer nação que escolher como seu instrumento na execução de seu propósito divino. Portanto, em Isaías 10:15, ele se compara com o machadeiro, o serrador, com aquele que ergue um bastão ou com aquele que brande uma vara. Diz que Ele “não é pau”. Não, ele não é o cabo do machado, nem bastão, nem vara. É o Deus vivente, o Manipulador todo-poderoso destes instrumentos simbólicos. Então, qual é o machado simbólico com que ele faz o corte?
8. Exatamente quem é “o assírio” mencionado em Isaías 10:5, 6?
8 Um pouco antes, no mesmo Isa capítulo dez do livro profético de Isaías, o próprio Jeová identifica o machado simbólico. Lemos, assim, em Isaías 10:5, 6, as seguintes palavras de Jeová: “Ah, o assírio, a vara para a minha ira e o bastão na sua mão para a verberação por mim! Enviá-lo-ei contra uma nação apóstata e dar-lhe-ei uma ordem contra o povo da minha fúria, para tomar muito despojo e tomar muito saque, e para fazer dele um lugar pisado como o barro das ruas.” Ah! sim, o instrumento simbólico que Jeová usa na execução do seu propósito declarado é “o assírio”. Esta designação não se aplica a um assírio individual, nem mesmo ao imperador da Assíria. Refere-se à nação inteira da Assíria, a Segunda Potência Mundial da profecia bíblica. Nenhum assírio individual, nem mesmo o próprio rei, podia, por si só executar a obra que Jeová atribuiu ao “assírio”. Isto é indicado em que Jeová, depois de chamar o assírio de “vara para a minha ira”, dirige-se ao “bastão na mão deles para a verberação por mim”. (Isa. 10:5, ed. ingl. 1971; note o Isa 10 versículo 24.) Em vista disso, torna-se claro que se fala dum assírio composto, a saber, de toda a nação da Assíria e especialmente de suas forças militares.
9. Como nos afeta hoje o cumprimento da profecia de Isaías 10:5, 6, e como é isto indicado pelo apóstolo Paulo?
9 Todavia, de que interesse é aquela antiga profecia a respeito do “assírio” para nós hoje? É de muito interesse. Não é uma profecia que apenas pertence ao passado longínquo. É uma profecia viva, cujo cumprimento em nossos dias afetará a todos nós. Tem de ter cumprimento final e completo, em larga escala, em nossa própria geração! A aplicação da profecia não terminou com um cumprimento dela no oitavo século antes de nossa Era Comum. Ora, o apóstolo cristão Paulo citou o Isa 10 versículo vinte e dois do mesmo capítulo dez de Isaías e o aplicou aos seus próprios dias, no primeiro século de nossa Era Comum. Fiel à profecia de Isaías, um mero restante dos judeus aceitou o cristianismo, motivo pelo qual o apóstolo Paulo prosseguiu: “Além disso, Isaías clama acerca de Israel: ‘Embora o número dos filhos de Israel seja como a areia do mar, é o restante que será salvo. Pois Jeová fará uma prestação de contas na terra, concluindo-a e abreviando-a.”’ — Rom. 9:27, 28. Veja também Romanos 15:4.
10. Como é assegurada a identificação da “nação apóstata” e do “povo da minha fúria”, conforme diz Jeová em Isaías 10:6?
10 Contra que nação antiga usou Jeová dos exércitos o assírio como “vara” e “machado”? O motivo pelo qual essa pergunta interessa a todos nós, hoje, é que aquela antiga nação prefigurava a cristandade hodierna! Jeová chamou aquela antiga nação de “uma nação apóstata” e de “povo da minha fúria”. (Isa. 10:6) Com estas palavras, Jeová referiu-se à nação e ao povo que constituíam o Reino de Israel, de dez tribos, com sua capital Samaria. Separara-se do reino de Davi, que tinha sua capital em Jerusalém. O rompimento ocorrera após a morte do Rei Salomão, filho de Davi. Confirmando a apostasia religiosa do Reino de Israel, de dez tribos, o próprio “assírio” fala com desprezo sobre a capital Samaria e “seus deuses que nada valem”. (Isa. 10:11, ed. ingl. 1971) Visto que aquele reino de Israel apostatou da adoração de Jeová, como Deus, no ano 997 A. E. C., como podiam os deuses introduzidos pelos reis apóstatas da nação ser outra coisa senão “deuses que nada valem”? Depois de Israel persistir por mais de duzentos e cinqüenta anos em rejeitar a Jeová como Deus, Este estava plenamente justificado em chamá-los de “o povo da minha fúria”, contra o qual se usaria “a vara da minha ira”. — 1 Reis 12:25 até 13:6; 16:8-33; Isa. 10:5, 6.
11. Que atual organização religiosa ajusta-se ao apóstata Reino de Israel, de dez tribos e por que não queremos ser achados naquela organização?
11 Quão bem a cristandade atual se ajusta à nação apóstata de Israel, de dez tribos! A apostasia da cristandade do verdadeiro cristianismo foi mais do que apenas prefigurada pela rebelião do antigo Israel contra Jeová, qual Deus. Foi também nitidamente predita por Jesus Cristo e seus apóstolos. (Mat. 13:24-43; Atos 20:29-31; 2 Tes. 2:1-12; 2 Tim. 4:3, 4) Todos os crentes na Bíblia, por isso, podem esperar com confiança que Jeová dos exércitos, no tempo devido, use a “vara” simbólica para a sua ira, sim, o “machado” simbólico, contra este hodierno “povo da minha fúria”. Certamente, não queremos ser encontrados entre tal povo! Sendo assim, seria bom que soubéssemos o que hoje é simbolizado pela “vara” e pelo “machado”.
12. (a) Como usou Jeová “o assírio” qual “machado” com respeito ao antigo Israel? (b) Naquele tempo, qual era a relação da Assíria com a organização de Jeová?
12 Nos dias do profeta Isaías, Jeová brandiu a Potência Mundial Assíria igual a uma “vara” ao aplicar o golpe final ao apóstata Reino de Israel, de dez tribos. O ano fatal foi 740 A. E. C. Jeová usou então a Potência Mundial Assíria como seu “machado” para cortar a nação idólatra de Israel. Fez isso por deixar que os exércitos assírios culminassem seu sítio de três anos da capital Samaria por capturá-la e transformá-la num lugar pisado como o barro. (2 Reis 17:7-23; 18:9-12) Notemos aqui uma coisa específica. Qual? A seguinte: Embora Jeová usasse a Potência Mundial Assíria como seu instrumento para a destruição de apóstatas da Sua adoração, a Assíria não fazia parte da organização de Jeová. Fazia parte da organização visível de Satanás, o Diabo. A Assíria foi chamada de “terra de Ninrode”. Este era o Ninrode que fundou a cidade de Nínive, que se tornou a capital da Assíria. O fundador tornou-se notório como “Ninrode, poderoso caçador em oposição a Jeová”. (Miq. 5:6; Gên. 10:8-12) Outro fato merece aqui ser observado: Embora Jeová usasse a Assíria como sua “vara” e seu “machado”, aquela potência mundial não se tornou com isso parte da organização visível de Jeová. Nunca adotou a adoração Dele!
O “MACHADO” PROCURA REALÇAR-SE SOBRE O MACHADEIRO
13. Qual era a atitude do “assírio” quanto a ele ser usado como instrumento de Jeová?
13 A antiga Assíria nunca pensou em servir a Jeová e não teve o desejo de continuar a servir ao propósito Dele, para a Sua vindicação e glória. É por isso que Ele prosseguiu dizendo a respeito do “assírio”: “Embora ele talvez não seja assim, sentir-se-á inclinado a isso; embora seu coração talvez não seja assim, maquinará, porque tem no coração aniquilar e decepar não poucas nações.” — Isa. 10:7.
14. (a) Embora “o assírio” fosse usado apenas como instrumento, a que ‘se sentiu inclinado’? (b) Em harmonia com esta inclinação, o que tinha no coração quanto ao que queria fazer, e por quê?
14 “O assírio” sentiu-se inclinado a ir numa direção que não queria tomar. Naquele tempo, Jeová queria que “o assírio” apenas fosse instrumento na mão divina, para servir o propósito divino em aplicar disciplina a uma nação refratária. Mas, ao contrário, “o assírio” estava inclinado a ser outra coisa, algo em harmonia com sua própria ambição. Sim, ele maquinava, mas era por ser induzido amorosamente pelo coração a servir de instrumento na mão do Deus contra quem o poderoso caçador Ninrode se pusera em oposição? Não, seu coração não era assim; não era assim que era seu coração. Não o induziu a ter propósito e plano em harmonia com o propósito justo de Jeová. Maquinava aniquilar e decepar nações apenas para fazer tal coisa, com o impulso dum caçador que gosta de matar deliberadamente animais. Assim esperava agradar aos seus próprios deuses falsos, e não a Jeová. Empenhava-se exclusivamente na conquista do mundo. Não queria ser aquilo para que Jeová o escolhera e comissionara, a saber, ser instrumento disciplinar. O proceder adicional do “assírio” demonstrava que era assim.
15. A quem dá “o assírio” o crédito pela sua conquista, e como é isto indicado pelas suas palavras registradas em Isaías 10:8-11?
15 Visto que “o assírio” não reconhecia o Deus Altíssimo, que o usava apenas como instrumento, não dava nenhum crédito a Jeová, mas atribuía todo o crédito a si mesmo. Podemos facilmente notar esta atitude do “assírio” quando ele chegou para derrubar o Reino de Israel, de dez tribos, e capturar sua capital Samaria. Aquele reino israelita era uma das nações que “o assírio” estava decidido a aniquilar e decepar: “Pois dirá: ‘Não são os meus príncipes ao mesmo tempo reis? Não é Calno como Carquemis? Não é Hamate como Arpade? Não é Samaria como Damasco? Quando minha mão tiver alcançado os reinos do deus que nada vale, cujas imagens entalhadas são mais do que as em Jerusalém e em Samaria, não se dará que, como terei feito a Samaria e [aos seus deuses que nada valem] assim farei a Jerusalém e aos seus ídolos?’” — Isa. 10:8-11.
16. Contra quem eram aquelas palavras do “assírio” palavras de blasfêmia, e apesar de que forças religiosas tornara-se ele “Rei dos reis”?
16 Que palavras blasfemas, dirigidas com desprezo ao único Deus vivente e verdadeiro, Jeová! Para “o assírio”, as cidades para as quais se estendiam suas mãos, a fim de conquistá-las, seriam apenas como as cidades que já conquistara. Os territórios que conquistara haviam sido governados por reis locais. Transformara-os então em príncipes vassalos. De modo que seus príncipes, na realidade, eram “reis”, e por este motivo podia gabar-se de ser “Rei dos reis”. “O assírio” observava que as cidades cujos reis derrubara tinham muitos “deuses”, junto com muitas imagens feitas pelos homens, de fato, muitos mais do que os de Samaria e de Jerusalém. Contudo, apesar do grande número de todos estes deuses e imagens artificiais daquelas cidades não-israelitas, “o assírio” havia conquistado aquelas cidades pagãs. Não provava isso que era mais poderoso do que todos aqueles deuses? Para “o assírio”, a resposta era sim!
17. Assim, por que achava “o assírio” que Samaria e Jerusalém seriam fáceis de conquistar?
17 Aqueles “deuses” eram tão sem valor como nulidades! Portanto, as capitais Samaria e Jerusalém deviam ser fáceis de conquistar, porque essas cidades tinham menos deuses e imagens entalhadas do que aquelas cidades não-israelitas, que se haviam curvado em sujeição ao “assírio”. Era assim que raciocinava o “assírio” Rei dos reis.
18. Ser “o assírio” capaz de conquistar Samaria devia-se a que coisas vitais?
18 Naquele tempo, o Reino de Israel, de dez tribos, tornara-se nação apóstata, renegado religioso! Havia passado para a adoração de bezerros de ouro, sim, até mesmo de Baalins pagãos. Samaria não tinha a Jeová por seu Deus. Em vez disso, tinha deuses sem valor e ídolos feitos por homens. Não era de se admirar, então, que “o assírio” culminasse seu sítio de Samaria, de três anos de duração, com a captura dela em 740 A. E. C.! Em vista desta façanha, a arrogância do “assírio” aumentaria ainda mais, e assim também sua insolência para com a adoração de Jeová em Jerusalém. O conquistador assírio atribuiu a si mesmo a glória pela vitória militar sobre Samaria, pelo saque dela e por torná-la “um lugar pisado como barro das ruas”. Orgulhou-se de sua aparentemente irresistível máquina de guerra. Quão pouco ele se dava conta de que estava sendo usado como instrumento de execução na mão do Deus de quem Israel apostatara!
19. Então, que pergunta surge agora?
19 Agora surge uma pergunta bem interessante. É a seguinte: Visto que a cristandade foi prefigurada por Samaria e pelo Reino de Israel, de dez tribos, veremos hoje a repetição do que aconteceu ao Israel apóstata, com relação à cristandade hodierna?
PROMETIDO UM AJUSTE DE CONTAS COM O IMPERIALISTA
20, 21. Por que devia Jeová estar interessado no que “o assírio” tinha a dizer, segundo Isaías 10:12-14?
20 O que achamos disso? Quando se fala ameaçadoramente contra uma cidade que leva o nome de Jeová, não devia Ele mesmo estar interessado nisso? Naturalmente que sim! Por isso, por meio de seu profeta Isaías, Jeová interrompe o monólogo de autoglorificação do assírio imperialista e diz:
21 “E terá de acontecer que, quando Jeová terminar todo o seu trabalho no monte Sião e em Jerusalém, ajustarei contas pelos frutos da insolência do coração do rei da Assíria e pela vanglória do seu enaltecimento de olhos. Porque ele disse: ‘Hei de agir com o poder de minha mão e com a minha sabedoria, pois deveras tenho entendimento; e removerei os termos de povos e certamente rapinarei as suas coisas armazenadas, e submeterei os habitantes como alguém forte. E como se fosse a um ninho, minha mão alcançará os recursos dos povos; e assim como se ajuntam os ovos que foram deixados, eu é que vou ajuntar até mesmo toda a terra, e certamente não haverá quem bata as suas asas, ou abra a sua boca, ou chilre.’” — Isa. 10:12-14.
22. A fim de tornar sua conquista global, que despojo de guerra teria de tomar “o assírio”?
22 Em vista de tal declaração da boca do “assírio”, é evidente que a Potência Mundial Assíria não ficaria satisfeita com a captura de Samaria. Iria querer “ajuntar até mesmo toda a terra”. Jerusalém e a terra de Judá seriam como bons ovos a serem apanhados por ela. O imperialista assírio pensava que tinha o poder, a sabedoria e o entendimento para tornar suas conquistas globais.
23, 24. (a) De que modo seria ajuntar “o assírio” toda a terra assim como se ajuntam ovos dum ninho abandonado, segundo ele pensava? (b) Por que achava Jeová que tinha de dizer algo sobre isso?
23 Presumivelmente, isto seria fácil para “o assírio”, assim como apanhar ovos dum ninho abandonado pelo progenitor em fuga. Não haveria bater de asas para rechaçar a mão agressora que se estendesse para os ovos. Não se abriria a boca em protesto. Não haveria nem mesmo o chilro de queixa diante do saque, do despojo e das deportações realizadas pela máquina de guerra assíria. De modo que “o assírio” faria o que bem entendesse com os territórios conquistados, mudando ou eliminando termos de fronteira ou deportando povos de seu país nativo, assim como quando “o assírio” deportou os israelitas sobreviventes da terra de Israel, dada por Deus, para a Assíria, e repovoou a terra vazia com outros grupos nacionais.
24 Jeová sabia que o prêmio especialmente cobiçado pelo “assírio” era Jerusalém e a terra de Judá. Estas eram o último baluarte remanescente da adoração de Jeová na terra. Por isso, certamente, Este teria algo a dizer sobre isso. Era obrigado a agir em tal caso!
25. Naquele tempo, por que havia trabalho para Jeová no monte Sião e em Jerusalém?
25 Naquele tempo crítico, no oitavo século A. E. C., Jeová, como “Luz de Israel . . . e seu Santo”, tinha um trabalho a fazer no monte Sião e em Jerusalém, situada no monte Sião. (Isa. 10:17) Durante o reinado do apóstata Rei Acaz, a terra de Judá, inclusive Jerusalém, ficara poluída com a idolatria pagã. Mas, logo cedo no reinado de seu filho, Ezequias, o espírito de Jeová induziu o novo rei de Jerusalém a purificar a terra da adoração de deuses falsos, sem valor, e para restabelecer a adoração pura de Jeová no monte Sião e em Jerusalém, onde estava o templo de Jeová. Ezequias começou a reinar cinco anos antes de “o assírio” derrubar Samaria. Governou em justiça por vinte e nove anos, até 716 A. E. C.
26. Para que achou Jeová então a ocasião propícia, e que rei assírio específico estava envolvido?
26 O Rei Ezequias rompeu a aliança política que seu pai, o Rei Acaz, fizera com a Assíria. Isto produziu um confronto entre “o assírio” e Jeová, o Deus de Ezequias. Foi nestas circunstâncias que Jeová achou a ocasião bem propícia para punir o rei da Assíria, que desafiara a Deus, fazendo assim um ajuste de “contas pelos frutos da insolência do coração do rei da Assíria e pela vanglória do seu enaltecimento de olhos”. (Isa. 10:12) O rei específico envolvido nisso era Senaqueribe, filho de Sargão II. Seu nome comprido significa “Sin Tem Multiplicado Irmãos”, ou “Substitua Sin os Irmãos (Perdidos)”, sendo a palavra “Sin” o nome do deus-lua dos assírios.
27. Sem interferir na organização interna da Assíria, como podia Jeová, não obstante, usá-la como seu “machado” simbólico?
27 Senaqueribe tem seu equivalente nos nossos dias. Exatamente como Jeová manejará o antitípico “machado” hodierno, com que fará alguns cortes, é para nós agora um assunto interessante a estudar. Ao empreendermos este estudo, lembremo-nos de que Jeová deixou que o antigo Império Assírio tivesse sua própria organização. Não interferiu nos próprios arranjos internos deste. Ainda assim, foi-lhe possível usar a Potência Mundial Assíria como seu “machado”. Como? Por dirigir os golpes dela, por orientar o que o “machado” simbólico devia atingir. Deste modo, Jeová fez cortar o que queria que fosse cortado.b
[Nota(s) de rodapé]
a Sobre este assunto diz a Cyclopœdia de M’Clintock e Strong, Volume IV, página 641, coluna 2, debaixo de “Irlanda”: “A estas invasões [dos normandos] seguiu-se um período de anarquia, durante o qual a condição moral do clero irlandês degenerou grandemente. As queixas de Roma, naquela época, referiam-se principalmente às praticas eclesiásticas peculiares dos Irlandeses — o casamento de clérigos, a administração de batismos sem crisma, e o uso de sua própria liturgia. Os legados dos papas finalmente conseguiram obter a submissão total da Igreja Irlandesa à Igreja de Roma por volta dos meados do século doze, a qual até então segundo se crê, não tinha confissão auricular, nem sacrifício da missa, nem indulgências, e supostamente celebrava a Ceia do Senhor em ambas as modalidades. Em 1155, uma bula do Papa Adriano IV concedeu ao Rei Henrique II da Inglaterra sujeitar a Irlanda, sendo que o rei, por sua vez, prometeu ao papa proteger os privilégios papais.”
b Como ilustração disso, note as palavras de Jesus em Mateus 22:7, na sua parábola da festa de casamento do Rei. Sua predição ali cumpriu-se na cidade não cristianizada de Jerusalém por meio dos exércitos romanos, pagãos, sob o General Tito, no ano 70 E. C.
[Foto na página 429]
(Para o texto formatado, veja a publicação)
[Artwork — Caracteres Assírios]
Sin achi ir-i-ba
(Lua) (irmãos) (tem aumentado)
“a Lua tem multiplicado irmãos”
Escrita cuneiforme do nome de Senaqueribe, junto com seu significado.