Busque a Deus enquanto pode ser achado
“[Deus] decretou os tempos designados e os limites fixos da morada dos homens, para buscarem a Deus se tateassem por ele e realmente o achassem.” — Atos 17:26, 27, NM ingl. 1971.
1. Como veio Paulo a ser um homem desconhecido numa cidade desconhecida levando a que resultado?
O HOMEM era desconhecido na cidade, e ao chegar à cidade, esta lhe era desconhecida. Olhando em volta, notou um altar dedicado “A um Deus Desconhecido”. Gostaria de envolver-se na adoração dum Deus a quem considerasse como desconhecido? Era uma situação muito insatisfatória, e sem dúvida foi assim que o apóstolo Paulo pensou, depois de chegar a Atenas no decorrer de sua segunda viagem missionária, por volta de 50 E.C. Aconteceu que os irmãos cristãos de Paulo o trouxeram da Beréia até Atenas e o deixaram ali, segundo as instruções dele. Fora apenas depois de receber orientação celestial que Paulo visitara um pouco antes a Macedônia, ao norte de Atenas, e parece que ele nunca antes pusera os pés em Atenas. É provável que ele soubesse que era um centro de erudição, bem como de religião. Ele ficou perturbado com este último aspecto e “seu espírito, no seu íntimo, ficou irritado ao observar que a cidade estava cheia de ídolos”. Como reagiu Paulo a esta situação? Como teria reagido você, leitor, se fosse judeu cristão? — Atos 16:9, 10; 17:15, 16, 23.
2. Como pode ser prejudicial aquilo que é “desconhecido” e como procurou Paulo vencer isso?
2 O que é “desconhecido” não tem delimitações bem definidas ou “limites fixos”. Isto pode resultar em muito dano e levar facilmente a uma tragédia. Portanto, se for possível, trata-se duma circunstância que devemos vencer. Paulo a venceu. Ele começou a dar-se a conhecer, bem como sua missão, e ao mesmo tempo familiarizar-se mais com os atenienses e seus modos de pensar. “Conseqüentemente, começou a raciocinar na sinagoga com os judeus e com as outras pessoas que adoravam a Deus, e cada dia, na feira, com os que por acaso estivessem ali.” (Atos 17:17) É provável que sua experiência com os judeus ali em Atenas não fosse muito diferente do que acontecera nas outras cidades. Mas, na feira, entrou em contato com muitos dos que se orgulhavam de seu interesse na erudição e na filosofia. Visto que “todos os atenienses e os estrangeiros residentes temporariamente ali gastavam seu tempo de folga em nada mais do que em contar algo ou escutar algo novo”, podia-se dizer que eles estavam buscando a Deus dentro dos limites religiosos conhecidos? Dificilmente. Examinemos um pouco os que enchiam a feira. — Atos 17:21.
3. O que destacava os epicureus e os estóicos, e como se vê hoje uma atitude similar?
3 Mencionam-se os epicureus. Estes acreditavam que o principal objetivo na vida era obter o maior prazer sem os maus efeitos dos excessos. Paulo “declarava as boas novas de Jesus e a ressurreição”, o que era contrário à idéia deles de “comamos e bebamos, pois amanhã morreremos”. (Atos 17:18; 1 Cor. 15:32) O único limite que procuravam não ultrapassar era tudo aquilo que ameaçava negar-lhes seu empenho pelo prazer e obter o mesmo. Não, não procuravam o verdadeiro Deus dentro dos limites que Este havia estabelecido. Mencionam-se também os estóicos. Estes não acreditavam na pessoa dum Deus, mas, antes, pensavam numa divindade impessoal, da qual emanasse a alma humana. Para eles, a vida de virtude significava ‘seguir a natureza’, visto que acreditavam que a matéria e a energia eram os princípios elementares do universo. Acreditavam que o destino governava os assuntos humanos. Também eles, por não serem verdadeiros buscadores da verdade, não estavam prontos para aceitar a mensagem de Paulo, dada por Deus. Diga-se de passagem que não é difícil de ver uma grande similaridade entre os princípios dos grupos precedentes e os ensinos de muitos da atualidade, com as prioridades que dão ao materialismo e ao amor do prazer. Para eles, quer o digam, quer não, “Deus está morto”, pelo menos no que se refere ao seu interesse em o buscarem sinceramente ou mesmo em tatearem por ele.
4. Por que foi Paulo levado ao Areópago e como deve ter encarado isso?
4 A atitude geral para com Paulo era desfavorável. “Passaram a conversar com ele polemicamente”, e chamaram-no de “paroleiro” e de “publicador de deidades estrangeiras”. Levaram-no ao Areópago, possivelmente para dar-lhe uma audiência. Paulo se agradou com esta oportunidade de dar um bom testemunho, e nós nos alegramos de que o seu discurso, nesta ocasião, foi registrado para nosso benefício. Estaremos interessados em ver como ele atacou o problema do “desconhecido” e da questão relacionada dos limites. Vamos imaginar que estamos lá para ouvi-lo. — Atos 17:18-22.
LIMITES TEOCRÁTICOS
5. (a) O que é digno de nota nas observações iniciais de Paulo? (b) Como ataca ele o problema do “desconhecido”?
5 “Homens de Atenas, eu observei que em todas as coisas pareceis mais dados ao temor das deidades do que os outros. Por exemplo, passeando e observando cuidadosamente os vossos objetos de devoção [veneração, ed. ingl. 1971], encontrei também um altar em que tinha sido inscrito: ‘A um Deus Desconhecido.’ Portanto, aquilo a que sem o saber dais devoção piedosa, isso é o que eu vos publico.” (Atos 17:22, 23) Quanto tato demonstram estas palavras iniciais! Não se diz nada para contrariar os ouvintes ou os fazer sentir-se em oposição a ele. Escolhe um dos próprios “objetos de veneração” deles e como que participa com eles na contemplação deste altar específico. Sem parar para questionar em que espécie de Deus os adoradores estariam pensando, começa a desenvolver um argumento lógico e persuasivo, acumulando um fato sólido de verdade sobre outro. Primeiro, ele se afasta do “desconhecido”. Não diz bruscamente que é errado, mas só diz que ele publicará ou explicará o único que merece devoção piedosa. Note como ele faz isso.
6. Que verdade confirma Paulo a respeito do propósito de Deus para com o homem e o lar deste?
6 Ele explica que Deus, o Criador de todas as coisas e Dador da vida e do fôlego, não mora em templos feitos por mãos, nem precisa ser servido por mãos humanas. Caso isto dê a impressão de que Deus está inteiramente fora do alcance do homem, as suas próximas palavras lançam a perspectiva certa. “E ele [Deus] fez de um só homem toda nação dos homens, para morarem sobre a superfície inteira da terra, e decretou os tempos designados [as épocas designadas] e os limites fixos da morada dos homens, para buscarem a Deus, se tateassem por ele e realmente o achassem, embora, de fato, não esteja longe de cada um de nós.” (Atos 17:24-27) Tanto a ciência como a Bíblia atestam que toda a família humana pode remontar sua origem a um só homem; este homem, por sua vez, recebeu sua vida e seu fôlego de Deus, seu Criador. O ponto de interesse que se suscita então é que o limite amplo da morada do homem é “a superfície inteira da terra”. Isto, naturalmente, não concorda com a declaração ambiciosa de que o céu é o limite. O homem poderá viajar através da atmosfera e até mesmo fazer sondagens tão longe quanto a lua, mas não pode permanentemente residir em nenhuma das duas. Deve estar contente de morar dentro dos limites que lhe foram dados por Deus.
7. Quando Deus emite um decreto ou algo similar, o que envolve isto sempre?
7 A que se refere Paulo quando diz a seguir que Deus “decretou os tempos designados e os limites fixos [literalmente: uma ‘fixação de limitações’] da morada dos homens, para buscaram a Deus”? Note a palavra “decretou”. Quando Deus, o Soberano Senhor, emite um decreto ou algo similar, tal como um edito, uma lei ou uma ordem, então se estabelece imediatamente uma delimitação teocrática, um limite fixo ou uma linha de demarcação. Sempre deve ser assim, pois a sua emissão estabelece e impõe certos requisitos e certas obrigações que precisam ser observados. A obediência exige que se permaneça dentro das limitações. A desobediência significa que se está ultrapassando ou violando estas limitações ou estes limites, passando assim além dos limites, como dizemos, e talvez ficando culpado de infringir os direitos de outros. Um exame adicional disso, à luz das Escrituras, nos ajudará na busca de Deus, mas primeiro indagamos a respeito destes “tempos designados” e dos “limites fixos da morada dos homens”.
8. Como revela a promessa de Deus a Abraão, certos limites ou limitações?
8 Guiado pela Palavra e pelo espírito de Deus, Paulo cita em ordem os acontecimentos que se seguiram à criação para mostrar como o único Deus verdadeiro estabeleceu certos limites ou certas limitações, tanto no tempo como no lugar. Quais são? Embora a primeira promessa e profecia fosse dada no Éden, encontramos o elo desejado, as primeiras alpondras, quando Deus fez um pacto juramentado com Abraão. Jeová fez o pacto com as seguintes palavras: “E todas as nações da terra hão de abençoar a si mesmas por meio de tua descendência, pelo fato de que escutaste a minha voz.” (Gên. 22:18) Isto certamente mostra que Abraão não estava ‘sem o saber dando devoção piedosa a um Deus Desconhecido’. Longe disso! Significava também que as nações não podiam ser bem sucedidas em procurar abençoar a si mesmas permanecendo em ignorância segundo as suas próprias idéias. Os homens podem achar a Deus e obter a sua bênção apenas do modo designado por Deus. Conforme disse Isaías: “Buscai a Jeová, enquanto pode ser achado.” Terá de buscá-lo também onde pode ser achado, “enquanto mostra estar perto”. (Isa. 55:6) Está pronto para escutar com receptividade a voz de Deus, igual a Abraão?
9. Em que resultou aquela promessa, envolvendo limites tanto de tempo como de lugar?
9 Agora, veja em que resultou a promessa de Deus, com limites tanto de tempo como de lugar. Deus disse a respeito da descendência de Abraão: “Sabe com certeza que o teu descendente se tornará residente forasteiro numa terra que não é sua . . . por quatrocentos anos. . . . Na quarta geração, porém, voltarão para cá.” Jeová prosseguiu, prometendo: “À tua descendência hei de dar esta terra, desde o rio do Egito até o grande rio, o rio Eufrates.” No tempo certo, depois daquele período de quatrocentos anos, Jeová prometeu especificamente, quando os israelitas, os descendentes de Abraão, recebiam a Lei no monte Sinai: “Vou fixar o teu termo desde o Mar Vermelho até o mar dos filisteus, e desde o ermo até o Rio.” Por outro lado, ao peregrinarem no ermo, os israelitas foram advertidos de não violarem as fronteiras de outras nações, tais como Moabe e Amom. Isto nos leva a reconhecer quão apropriadas eram as palavras do cântico de Moisés, em Deuteronômio 32:8: “Quando o Altíssimo deu às nações uma herança, . . . passou a fixar o termo dos povos com respeito ao número dos filhos de Israel.” — Gên. 15:13-21; Êxo. 23:31; Deu. 2:4, 5, 18, 19.
10. (a) Para que fim estabeleceu Deus “tempos designados” e “limites fixos”? (b) Baseado nisso, que argumento e advertência adicionais foram dados então?
10 Podemos agora entender melhor o que Paulo queria dizer com “tempos designados” e “limites fixos da morada do homem”. Para que fim foram estes decretados por Deus? Na maioria das vezes, os homens estabelecem limites, tais como um muro alto, para manter fora os desconhecidos e indesejáveis. Mas, neste caso, temos um contraste agradável. Paulo diz que sua finalidade é atuar como marcos indicadores ou guias úteis, para os homens ‘buscarem a Deus e realmente o acharem, embora, de fato, não esteja longe de cada um de nós’. Isto é apoiado pelo lembrete de que o homem depende de Deus quanto à vida e à locomoção, “assim como disseram certos dos poetas entre vós: ‘Pois nós também somos progênie dele’”. Paulo adverte então contra ser desencaminhado pela idolatria, uma forma de adoração baseada na ignorância: “Visto, pois, que somos progênie de Deus, não devemos imaginar que o Ser Divino seja . . . semelhante a algo esculpido pela arte e inventividade do homem.” Ao escutarmos, queremos saber o que se espera que façamos em vista disso. Somos informados, sem demora: “É verdade que Deus não tem tomado em conta os tempos de tal ignorância, no entanto, agora ele está dizendo à humanidade que todos, em toda a parte, se arrependam.” — Atos 17:27-30.
11. Qual foi o clímax do argumento de Paulo envolvendo que limites teocráticos?
11 O apóstolo atinge prontamente o clímax de seu argumento, pelo menos ao ponto em que se lhe permite isso. Em poucas palavras, ele remontou ao início da criação, mostrou então o que Deus diz que os homens devem fazer e forneceu a seguir o motivo disso por tocar no futuro. Por que a chamada ao arrependimento? “Porque ele [Deus] fixou um dia em que se propôs julgar em justiça a terra habitada, por meio dum homem a quem designou, e ele tem fornecido garantia a todos os homens, visto que o ressuscitou dentre os mortos.” (Atos 17:31) Observou os limites teocráticos, o “dia” fixo e o “homem” designado, a respeito do qual Deus garante que ele fará um julgamento justo, favorável aos que sinceramente o buscarem? Esta limitação fixa do tempo fala de coisas maiores do que “os limites fixos da morada dos homens”, mencionados anteriormente em Atos 17:26. Se desejarmos obter um julgamento favorável, precisaremos hoje obter uma visão clara da linha de demarcação entre a obediência e a desobediência para com Deus, entre o certo e o errado. Não trace esta linha por si mesmo. Conforme veremos, exige mais cuidado do que se reconhece em geral, envolvendo tanto o coração como a mente.
12, 13. (a) Que efeito geral produziu a menção duma ressurreição, mas com que exceções? (b) De que modo podemos esperar tirar proveito por olharmos para trás?
12 Mencionar Paulo a ressurreição dentre os mortos foi demais para a maioria dos ouvintes. “Alguns começaram a mofar, enquanto outros diziam: ‘Nós te ouviremos sobre isso ainda outra vez.” Contudo, o testemunho excelente que Paulo deu não ficou de todo sem frutos. “Alguns homens juntaram-se a ele e se tornaram crentes, entre os quais havia também Dionísio, juiz do tribunal do Areópago, e uma mulher de nome Dâmaris, e outros além deles.” Nós nos alegramos de saber que alguns escutaram com aceitação e se mostraram obedientes. — Atos 17:32-34.
13 Naquela ocasião, Paulo teve de ser breve. Nós mesmos, porém, não estando hoje sob tal pressão imediata, acharemos de valor examinar e ver como e porque surgiu a necessidade de se buscar a Deus, antes dos dias de Paulo, como se satisfez esta necessidade e que obrigações recaem sobre nós.
COMO E POR QUE A BUSCA COMEÇOU
14. (a) O que dá a entender o fato de Jeová ter de procurar o homem? (b) Como revelou Adão ter uma consciência perturbada, mas houve qualquer evidência de verdadeiro arrependimento?
14 É surpreendente achar na Bíblia que a primeira menção de busca não é uma busca por parte do homem para procurar a Deus, mas o inverso. Lemos em Gênesis 3:9: “E Jeová Deus chamava o homem e dizia-lhe [repetidas vezes]: ‘Onde estás?’” Que situação espantosa! Havia acontecido algo de errado? Sim, houve uma ação errada, em resultado da qual, quando Adão e sua esposa “ouviram a voz de Jeová Deus que andava pelo jardim . . . foram esconder-se da face de Jeová Deus entre as árvores do jardim”. Quando procuramos esconder-nos de alguém, amiúde é por causa duma consciência atribulada, criando medo e vergonha. Deve conhecer este sentimento. Adão sentiu-se assim quando respondeu a Deus: “Ouvi a tua voz no jardim, mas tive medo, porque estava nu, e por isso me escondi.” Ter medo e querer esconder-se é uma coisa, mas sentir-se arrependido e procurar restabelecer uma boa relação é algo bem diferente. Em nenhuma ocasião houve qualquer indício desta última ação da parte de Adão ou de sua esposa. Naturalmente, eles lamentaram amargamente o resultado de sua ação, mas não fizeram nenhuma expressão de pesar ou de vergonha por causa da própria ação. Qual foi a sua ação errada? — Gên. 3:8, 10.
15. De que modo estabeleceu a ordem de Deus, em Genesis 2:16, 17, um limite, tanto em sentido literal como em sentido moral?
15 Tanto Adão como sua esposa haviam ultrapassado certos limites teocráticos, tanto de modo literal como figurativo ou moral. Eram também culpados de infringir os direitos de outros. Quando Deus primeiro colocou Adão no Éden, não convidou apenas Adão a comer livremente de toda árvore, exceto de uma. Antes, lemos que Deus deu “esta ordem ao homem: ‘De toda árvore do jardim podes comer à vontade. Mas, quanto à árvore do conhecimento do que é bom e do que é mau, não deves comer dela, porque no dia em que dela comeres, positivamente morrerás.’” Posteriormente, Deus falou duas vezes disso como sendo uma ordem. (Gên. 2:16, 17; 3:11, 17) É interessante que, quando Satanás, por meio da serpente, interrogou Eva sobre esta ordem, nenhum deles falou dela como sendo uma ordem, mas simplesmente como algo que Deus havia dito. (Gên. 3:1, 3) Entretanto, conforme já mencionado, uma ordem sempre cria um ou mais limites. Neste caso, a “árvore do conhecimento do que é bom e do que é mau” estava literalmente fora dos limites para Adão e Eva. Não deviam comer do seu fruto, nem mesmo tocar nele. Mas não estava fora do alcance físico; portanto, estabeleceu-se ali o todo-importante limite moral. A ordem de Deus impôs uma prova à sua obediência.
16. No caso de Eva, o que produziu uma violação do limite moral, levando a que erro adicional?
16 Escutar a serpente com aceitação levou à violação do limite moral. “A mulher viu que a árvore . . . era algo para os olhos anelarem, sim, a árvore era desejável para se contemplar.” Os anelos e os desejos surgem do coração. Embora ela acabasse de repetir a ordem de Deus, permitiu que a informação falsa alimentasse-lhe o coração por intermédio da mente. Foi enganada a pensar que ela mesma podia traçar a linha de demarcação, saber por si mesma ‘o que é bom e o que é mau’. Não é isto o que a maioria das pessoas faz na vida, estabelecer suas próprias normas do que é direito e do que é errado ou aceitar as normas de outros? É isto que você talvez tenha feito com o estímulo de outros separados de Deus, crendo que a sinceridade seja um guia suficiente? — Gên. 3:5, 6.
17. Como se seguiu a isso uma violação do limite literal, e também o infringimento dos direitos de outros?
17 Quando Eva violou o limite moral, em erroneamente desejar comer do fruto proibido e decidir fazer isso, seguiu-se rapidamente a violação do limite literal. Ela “começou a tomar do seu fruto e a comê-lo. Depois deu também dele a seu esposo, quando estava com ela, e ele começou a comê-lo.” (Gên. 3:6) Ultrapassar um limite amiúde significa infringir os direitos dos outros. Neste caso, Eva primeiro infringiu os direitos de seu marido com respeito à chefia, tomando a iniciativa por conta própria. Mais importante, ambos infringiram os direitos de Jeová Deus por decidirem seu próprio proceder num ato e espírito de desobediência. Saíram deliberadamente fora da linha. Quer dizer, desconsideraram propositalmente a linha de demarcação de Deus entre o que era permissível comer e o que não era, e traçaram a sua própria. Com que resultado?
18. (a) Como protegeu Deus os seus direitos? (b) Até que ponto ficou a humanidade afetada pela desobediência de Adão, suscitando que perguntas?
18 Depois de Deus proferir a sentença, Adão e sua esposa foram expulsos de seu lar ajardinado. A volta a ele foi tornada impossível. Jeová “expulsou assim o homem, e colocou ao oriente do jardim do Éden os querubins e a lâmina chamejante duma espada que se revolvia continuamente para guardar o caminho para a árvore da vida”. (Gên. 3:24) Este era um marco de fronteira proibida; era uma barreira intransponível para eles. Pior ainda, foram banidos da face e presença de Jeová. Todos nós, como filhos de Adão, feitos “de um só homem”, ficamos assim grandemente afetados. Por causa do pecado e da imperfeição herdados, sem se mencionarem os ‘tempos de ignorância’ em que vivemos, ficamos alheados de Deus. (Atos 17:26, 30) É verdade que há muita religião praticada entre os homens alheados de Deus. Há muitas religiões, e muitos estão satisfeitos com sua respectiva religião. Decidem por si mesmos entre o que é bom e o que é mau em questão de religião ou quando há uma questão de moral a ser considerada. Faz o mesmo? E significa isso que não há esperança? É a busca do verdadeiro Deus e da verdadeira religião toda em vão? Pode a busca acabar em bom êxito para nós? Veja o que aconteceu após a expulsão do homem do Éden e o encorajamento que tiramos disso.
COMO SE PODE TERMINAR A BUSCA
19. Que contraste se vê entre os dois primeiros filhos de Adão, e em que resultou o proceder de Caim?
19 Os primeiros dois filhos de Adão, em seu contraste, forneceram muita coisa que nos ajudará na nossa busca. Cada um deles trouxe uma oferenda a Jeová, mas, conforme se mostrou, cada um com um motivo diferente. A oferenda de Caim, de “alguns frutos do solo”, talvez fosse apenas formalidade, para não ser ultrapassado por seu irmão mais novo, Abel, que trouxe uma oferenda seleta “dos primogênitos de seu rebanho, sim dos seus pedaços gordos”. Jeová, dum modo que não foi revelado, mostrou favor a Abel e sua oferenda, mas “não olhava com favor para Caim e para sua oferenda”. Por isso, “acendeu-se muito a ira” de Caim. Jeová o advertiu então bondosamente: “Se te voltares para fazer o bem, não haverá enaltecimento? Mas, se não te voltares para fazer o bem, há o pecado agachado à entrada e tem desejo ardente de ti; e conseguirás tu dominá-lo?” Isto revela que Caim já havia agido de modo mau, evidentemente procurando um “enaltecimento” num espírito egoísta e obstinado. Ele estava perigosamente perto de ultrapassar a raia do autodomínio. Ultrapassou-a e tornou-se o primeiro assassino. Ele “foi embora de diante da face de Jeová e foi morar na terra da Fuga”, a terra da fuga da justiça. — Gên. 4:3-16.
20. De que modo pôde Abel fortalecer a fé, conjugado com que outras qualidades excelentes?
20 Que contraste feliz, quando olhamos para Abel! De algum modo, Deus mostrara favor a ele. Abel se apercebera disso plenamente. Paulo enfatizou isso, dizendo que “pela fé Abel ofereceu a Deus um sacrifício de maior valor do que Caim, sendo por esta fé que se lhe deu testemunho de que era justo, dando Deus testemunho com respeito a suas dádivas; e por intermédio dela, embora morto, ainda fala”. (Heb. 11:4) A fé que Abel tinha se fundava num bom alicerce. Sem dúvida, recebera uma descrição detalhada das provisões abundantes de Jeová, usufruídas no jardim do Éden. Ele certamente sabia que Jeová falara a Adão assim como um pai fala ao seu filho. Conhecia a promessa e profecia edênica de Jeová Deus a respeito de machucar a cabeça da serpente, e tinha esperança certa de seu cumprimento, embora não soubesse exatamente quando ou como. Além de fé e esperança, possuía também aquela outra qualidade proeminente. Cultivava verdadeiro amor a Jeová, conjugado com um forte senso de lealdade e apreço, bastante forte para vencer a má influência e o exemplo de seus pais e de seu irmão mais velho. — Gên. 3:15; 1 Cor. 13:13.
21. Que encorajamento podemos tirar por considerarmos Abel?
21 Para Abel havia acabado a busca do verdadeiro Deus, em vista da evidência da bênção de Jeová sobre ele. Não precisava mais buscar a Deus, exceto no sentido de sempre procurar reter o favor Dele pela conduta correta no espírito de verdadeira obediência de coração. O que foi possível para Abel, também é possível para você, leitor. Esperamos confiantemente pesquisar a Palavra de Deus para obter mais orientação e encorajamento. Lembre-se do modo em que Jeová ajudou Abel, e, poderemos dizer, até mesmo ofereceu ajuda a Caim.
[Foto na página 45]
O apóstolo Paulo, falando aos atenienses no Areópago, exortou-os a buscarem o verdadeiro Deus.
[Foto na página 47]
Quando Deus criou Adão e Eva, Ele deu à humanidade “a superfície inteira da terra” para sua habitação.
[Foto na página 50]
Eva violou o limite divinamente estabelecido ao comer do fruto proibido.