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O bálsamo de GileadeA Sentinela — 1967 | 1.° de setembro
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O bálsamo de Gileade
“SERÁ que não há bálsamo em Gileade?” Assim perguntou Jeremias há cerca de 2.500 anos atrás. O que era este bálsamo de Gileade, e que significado tem para os cristãos hodiernos? — Jer. 8:22.
A palavra “bálsamo” vem do grego balsamon, que, por sua vez, vem de duas raízes hebraicas, baal (senhor), e shemen (óleo). Visava-se assim tornar o bálsamo o melhor dos óleos, o senhor ou chefe dos óleos, usados, não para se comer, mas como perfume e por suas propriedades curativas. “Era tido na maior estima entre as nações da antiguidade e até os dias atuais é especialmente prezado entre os povos do Oriente.” — Encyclopedia Britannica, 11.a Edição.
Não se pode afirmar com certeza hoje exatamente de que planta o prezado bálsamo de Gileade era extraído. Não obstante, entre as árvores ou arbustos sempre-verdes de pequeno porte que apresentam os maiores indícios acha-se a Amyris opobalsamum ou gileadensis. Para ajuntar o óleo de bálsamo, são feitas incisões nas árvores das quais, segundo certa autoridade, no máximo se pode coletar sessenta gotas de óleo num dia, durante certa estação do ano. Crescia tão abundantemente na antiga Gileade que era exportada dali para o Egito e Tiro. Segundo Josefo, nos anos posteriores, Jericó também se notabilizou pelas suas árvores de bálsamo. — Gên. 37:25; Eze. 27:17.
Segundo as Escrituras, bem como a História profana, parece que as três características notáveis do bálsamo de Gileade eram seu alto custo, sua fragrância e suas propriedades curativas. As árvores de bálsamo eram consideradas tão valiosas que repetidas vezes suscitavam a gula dos invasores, e acha-se registrado que Pompeu exibia uma árvore de bálsamo entre seus despojos da conquista da terra de Israel. O alto custo do bálsamo é ademais subentendido por se achar incluído pelo patriarca Jacó entre “os melhores produtos da terra” como dádiva ao primeiro-ministro do Egito. (Gên. 43:11) Pode-se também deduzir de que a rainha de Sabá e outros governantes incluíam o óleo de bálsamo em suas dádivas ao Rei Salomão. (1 Reis 10:2, 10, 25) Quando o Rei Ezequias desejou exibir os tesouros do reino de Judá ao emissário do rei de Babilônia, mostrou-lhe, entre outras coisas, seus tesouros de óleo de bálsamo. — Isa. 39:1, 2.
Quanto à fragrância do óleo de bálsamo, isto fez que fosse usado no embalsamento e em cosméticos. Por conseguinte, não é surpresa verificar que era um dos ingredientes do óleo sagrado usado para ungir o sumo sacerdote de Israel. (Êxo. 25:6; 35:8) Suas excelentes qualidades aromáticas são ainda mais indicadas em que o tratamento final das candidatas a rainha do Rei Assuero consistia em serem perfumadas com óleo de bálsamo durante seis meses. — Ester 2:12.
Referências às virtudes curativas do Bálsamo de Gileade são comuns na literatura antiga, principalmente como cura para feridas, embora os egípcios considerassem-no como preventivo da praga. Nas Escrituras, as referências às suas propriedades curativas são todas feitas pelo profeta Jeremias. Assim, em relação com a condição espiritual de seu povo, perguntou: “Não haverá mais bálsamo em Galaad? Nem se poderá encontrar um médico? Por que, então, a ferida da filha do meu povo não se há de cicatrizar?” Sim, havia bálsamo literal em Gileade, mas não bálsamo espiritual, nenhuma cura espiritual, porque, como o próprio Jeremias comentou, “mentem os profetas em seus oráculos [profecias], seguem-lhes os exemplos, no governo, os sacerdotes. E meu povo mostra-se feliz! Que fareis vós, quando chegar o fim?” Não é de se admirar que não houvesse cura espiritual! — Jer. 8:22; 5:30, 31, CBC.
Jeremias faz similar referência ao Egito: “Sobe a Galaad, em busca de bálsamo, virgem, filha do Egito. É em vão que aplicas remédios, pois que para teu mal não há cura.” E, no mesmo sentido, praticamente, fala da filha de Babilônia: “Chorai sobre ela! Ide à procura de um bálsamo para a sua ferida; talvez venha a curar-se. Tentamos curar Babilônia, mas foi em vão.” — Jer. 46:11; 51:8, 9, CBC.
O bálsamo de Gileade, sendo óleo medicinal precioso e perfumado, bem representa o conforto que os cristãos podem derivar quando se acham espiritualmente desencorajados ou deprimidos, por recorrerem a oração, a associação com seus concristãos, ao estudo da Palavra de Deus e também à medida que procuram levar o bálsamo espiritual de Gileade a outros que talvez se sintam deprimidos e espiritualmente enfermos. É com esta idéia em mente que o novo cancioneiro das testemunhas de Jeová, em inglês, “Cantando e Acompanhando-vos com Música nos Vossos Corações”, tem um cântico intitulado “Bálsamo em Gileade”.
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Perguntas dos LeitoresA Sentinela — 1967 | 1.° de setembro
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Perguntas dos Leitores
• Por que, depois de perdoar a Adonias, o Rei Salomão mandou matá-lo quando pediu a Abisague como esposa? — R. F., EUA.
A fim de compreender as ações de Salomão, considere primeiro o fundo. Quando Davi estava velho e, aparentemente, muito enfraquecido pela sua vida longa e vigorosa, seus servos escolheram a linda virgem, Abisague, para servir como sua enfermeira e companheira. (1 Reis 1:1-4) Muito embora Davi ‘não tivesse tido relações com ela’, ela era evidentemente considerada como sendo sua esposa ou concubina. Como tal, segundo o costume oriental antigo, ela se tornaria propriedade de seu herdeiro quando Davi morresse.
O relato a respeito de Abisague antecede diretamente os pormenores sobre a tentativa frustrada de Adonias, o filho mais velho sobrevivente de Davi, de obter a coroa. Parece estar assim colocado de forma a elucidar as ações de Adonias durante a primeira parte do reinado de Salomão. Depois de ascender ao trono, Salomão estendeu perdão condicional a Adonias, que seria Rei. Mais tarde, Adonias astuciosamente persuadiu a mãe de Salomão, Bate-Seba, a pedir a seu filho que lhe desse Abisague como esposa. Salomão concluiu que o pedido de Adonias indicava sutil esforço da parte deste usurpador de fortalecer sua pretensão falsa ao trono de Israel, e não simplesmente o desejo de ter uma bela esposa. O rei reagiu por revogar o perdão dado a Adonias e por ordenar a morte deste. — 1 Reis 2:13-25.
Destarte, Salomão não agiu por ciúmes louco e irresponsável, mas de forma a proteger sua posição de direito como sendo o rei ungido no “trono de Jeová”. — 1 Crô. 29:23.
• Por que os judeus usaram o nome do deus pagão Tamuz como nome para um de seus meses? — R. M., Honduras.
Tamuz era o nome de uma deidade babilônica. (Eze. 8:14) E, embora a Bíblia não aplique o nome desta forma, obras posteriores ao exílio, tais como o Talmude judaico, usam o nome para o quarto mês lunar judaico do celendário sagrado, o décimo do celendário secular. (Eze. 1:1) Assim, corresponderia à última parte de junho e a primeira parte de julho.
O uso do nome pagão Tamuz como se aplicando ao quarto mês do celendário sagrado talvez tenha sido apenas uma questão de conveniência para os judeus. Devemos lembrar-nos de que eram então um povo subjugado, obrigado a lidar com as potências estrangeiras que os dominavam e a prestar contas a elas. Assim, é compreensível que utilizassem os nomes dos meses empregados por estas potências estrangeiras. Similarmente, o celendário gregoriano usado hoje em dia tem meses com nomes dos deuses Jano, Marte e Juno, bem como de Júlio e Augusto César. Todavia, continua a ser usado pelos cristãos que estão sujeitos às “autoridades superiores”. — Rom. 13:1.
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