Capítulo 8
Paraíso espiritual numa terra poluída
1, 2. Até que ponto tiveram êxito os esforços do homem em reduzir a poluição da terra?
AINDA há alguns pontos nesta terra que são como um paraíso terrestre em miniatura. No entanto, a continuação de sua existência está ameaçada. Nos últimos vinte anos, o estudo científico da poluição do meio ambiente natural de toda a humanidade recebeu séria consideração. Fizeram-se esforços para reduzir a poluição da terra, da água e do ar, mas o processo de poluição ainda continua e aumenta.
2 Verificou-se que certos planos ecológicos não são práticos ou economicamente viáveis. Diversos projetos da preservação da beleza e da salubridade da natureza, em áreas escolhidas, tiveram de ceder às necessidades criadas pela crise de energia. A terra toda está ficando cada vez mais insalubre como habitat de peixes, aves, animais terrestres e o homem. Por causa do modo de vida do homem e de sua má administração da terra, só a poluição do meio ambiente já ameaça a sobrevivência de todas as criaturas vivas em nosso planeta.
3. Apesar da poluição do ambiente natural, que paraíso se está ampliando, e desde que ano?
3 Floresce e amplia-se cada vez mais um paraíso espiritual que não é afetado pela poluição maculadora global. Ao passo que se amplia, cada vez mais pessoas de mentalidade espiritual o usufruem e levam uma vida mais feliz. Até mesmo têm a esperança de viver para sempre num paraíso terrestre sem poluição. O paraíso natural, terrestre, naturalmente, ainda está no futuro; senão não se permitiria a continuação da atual poluição do meio ambiente natural do homem. Está além da própria capacidade e sabedoria do homem restabelecer o lar paradísico original nesta terra. Mas, desde o primeiro ano de paz após a Primeira Guerra Mundial, implantou-se aqui na terra um paraíso espiritual. Sem dúvida, este é o paraíso sobre o qual o apóstolo cristão Paulo escreveu na sua segunda carta à congregação de Corinto, na Grécia, no primeiro século.
4. O que disse o apóstolo Paulo a respeito deste paraíso, na sua segunda carta aos cristãos coríntios?
4 Escrevendo nos meados do primeiro século, por volta do ano 55 E. C., ele disse a essa congregação de concrentes: “Tenho de me jactar. Não é proveitoso; mas passarei para visões sobrenaturais e revelações da parte do Senhor. Conheço um homem em união com Cristo, o qual, há quatorze anos — quer no corpo, não sei, quer fora do corpo, não sei; Deus sabe — foi arrebatado como tal até o terceiro céu. Sim, conheço a tal homem — quer no corpo, quer à parte do corpo, não sei, Deus sabe — que foi arrebatado para o paraíso e ouviu palavras inefáveis, as quais não são lícitas ao homem falar. De tal homem é que me jactarei, mas não me jactarei de mim mesmo.” — 2 Coríntios 12:1-5.
5. (a) Quem é o “homem em união com Cristo” mencionado por Paulo? (b) Em vista disso, o que queria ele dizer com: “De tal homem é que me jactarei, mas não me jactarei de mim mesmo”? (c) A respeito de sua condição, quando teve esta experiência, por que disse ele: “Quer no corpo, não sei, quer fora do corpo, não sei”?
5 O apóstolo Paulo não falava ali sobre outro homem, mas sim sobre si mesmo. No entanto, falava a respeito de si mesmo, ao ter a descrita experiência extraordinária, como homem especialmente favorecido por Deus; e podia jactar-se de direito do homem que ele era nesta condição altamente favorecida. Mas não podia corretamente gabar-se de si mesmo como homem comum, sem tais privilégios raros da parte de Deus. Sua experiência era tão realística, que era como se estivesse ali no corpo físico, mas é razoável concluir-se que seu corpo físico ficou na terra e que ele passou por um transe, e que aquilo que ouviu ele ouviu neste transe. Se esta experiência ocorreu quatorze anos antes de ele escrever sua segunda carta à congregação coríntia, então ocorreu por volta do ano 41 E.C., que foi antes de sua primeira viagem missionária com Barnabé, a qual se deu por volta de 47/48 E. C. O apóstolo Paulo não especificou se aquilo que ouviu foi no idioma hebraico ou grego, línguas que conhecia, ou em outra língua estranha que não podia ser traduzida para uma língua humana conhecida.
6. O que indica sua referência ao “terceiro céu”?
6 Ao ser arrebatado para o terceiro céu, Paulo não foi arrebatado e levado avante, na corrente do tempo, para o terceiro duma série de céus que se seguissem um ao outro. Foi arrebatado e elevado verticalmente, e, visto que os numerais três ou terceiro são usados na Bíblia para indicar intensidade ou ênfase, o “terceiro céu” indicaria a altura de sua elevação, a qualidade enaltecida dele. Não o familiarizou com as coisas nos céus das pessoas espirituais no mesmo sentido em que Jesus Cristo, que desceu do céu, e retornou aos céus espirituais, está familiarizado com as invisíveis coisas celestiais. Em sentido figurativo, Paulo já estava sentado com concristãos da terra “nos lugares celestiais, em união com Cristo Jesus”. (Efésios 2:6) Portanto, ser ele arrebatado para o “terceiro céu” indicaria uma elevação espiritualmente enaltecida de Paulo acima da posição espiritual de seus concristãos. Sem dúvida, deu-lhe perspicácia tal como não tinha antes, e isto se evidenciaria na sua maneira de falar e escrever.
7, 8. (a) Por que não é o “paraíso” mencionado por Paulo o mesmo que aquele mencionado em Revelação 2:7? (b) Por que não era o “Jardim do Éden” aquele “paraíso” ao qual Paulo foi arrebatado?
7 Quanto a ele ser arrebatado para o “paraíso”, este está ali associado com o “terceiro céu”. Sugere algo de espiritual. Mas não indica que o paraíso para o qual Paulo foi arrebatado fosse o mencionado na mensagem enviada pelo glorificado Jesus Cristo à congregação de Éfeso, na Ásia Menor: “Quem tem ouvido ouça o que o espírito diz às congregações: Àquele que vencer concederei comer da árvore da vida, que está no paraíso de Deus.” (Revelação [Apocalipse] 2:7) Este “paraíso de Deus” é figurativo, nos céus espirituais, invisíveis, nos quais carne e sangue não podem entrar e que nenhum olho carnal pode ver. (1 Coríntios 15:50) Nem há qualquer indicação de que o apóstolo Paulo visse símbolos de coisas nos céus espirituais, invisíveis, do modo como o apóstolo João os viu, a respeito das quais João nos dá uma descrição em Revelação, capítulo quatro. De modo que é muito improvável que o apóstolo Paulo fosse arrebatado para o “paraíso de Deus”, para ver sua “árvore da vida”.
8 No que se refere ao paraíso terrestre, original, o “jardim do Éden”, não há nada de misterioso em tal paraíso, para as criaturas humanas. Não é além do conhecimento humano, e o restabelecimento dele na terra, sob o reino messiânico de Deus, já é por muito tempo subentendido segundo as profecias bíblicas. (Gênesis 3:8-24) Portanto, o apóstolo Paulo não teria de receber “visões sobrenaturais e revelações da parte do Senhor”, a fim de aprender e saber isso. — 2 Coríntios 12:1.
9, 10. (a) De que paraíso tratava a visão dada ao apóstolo Paulo, existente em que tempo? (b) O que envolviam as “palavras inefáveis” que Paulo ouviu, e proferir essas palavras teria significado o quê?
9 No entanto, há outro paraíso que as Escrituras Sagradas representam profeticamente, fornecendo-nos até mesmo o protótipo histórico dele, na terra de Judá, após o exílio babilônico dos judeus. Este paraíso é o espiritual em nossos dias, dezenove séculos depois de o apóstolo Paulo ter sido arrebatado para o “terceiro céu” e o “paraíso” numa visão sobrenatural. O que Paulo ouviu durante esta experiência realística, “palavras inefáveis, as quais não são lícitas ao homem falar”, tratava do então futuro paraíso espiritual. Este domínio bendito dos verdadeiros discípulos de Cristo viria à existência durante a sua “presença” ou parusia, na “terminação do sistema de coisas”. — Mateus 24:3.
10 Paulo foi inspirado a predizer a “apostasia” religiosa que sobreviria à congregação cristã antes da “presença de nosso Senhor Jesus Cristo”, mas não lhe era lícito, como homem, falar sobre este paraíso espiritual, a respeito do qual ouviu “palavras inefáveis”. Se tivesse feito isso, significaria que interpretava as profecias bíblicas que tratavam deste paraíso espiritual. — 2 Tessalonicenses 2:1-3; 2 Coríntios 12:1-4.
O “CAMINHO DE SANTIDADE” PARA O PARAÍSO ESPIRITUAL
11. (a) Quando começou a “presença” de Jesus Cristo? (b) Naquele tempo, Jesus Cristo tornou-se igual a que governante antigo, e em que sentido?
11 Em publicações anteriores da Sociedade Torre de Vigia de Bíblias e Tratados, provou-se biblicamente que a “presença de nosso Senhor Jesus Cristo” começou no fim dos Tempos dos Gentios em 1914, quando o reino messiânico de Deus foi dado à luz nos céus invisíveis. (Revelação 12:1-10) Naquele tempo, o recém-entronizado Jesus Cristo tornou-se igual ao antigo “servo” ungido de Deus, Ciro, o Grande, conquistador da Babilônia imperial e libertador dos judeus cativos e de seus companheiros não-judaicos, leais. Desempenhando este papel em estilo moderno, Jesus Cristo libertou o restante ungido de seus seguidores fiéis, que haviam sido levados cativos por Babilônia, a Grande, e seus amantes mundanos, durante a Primeira Guerra Mundial de 1914-1918 E. C. Quebrando o poder daquele império mundial da religião falsa, realizou o restabelecimento do restante dos israelitas espirituais, no ano de 1919 E. C. Isto espantou e vexou todo o mundo religioso daquele tempo. — Revelação 11:7-13.
12. Que perguntas se fazem aqui a respeito do paraíso espiritual?
12 Muitos de nossos leitores poderiam perguntar: Por que e como se dá que os do restante ungido do Israel espiritual de Jeová só entraram no paraíso espiritual a partir de 1919 E. C.? Não estavam num paraíso espiritual, na terra, antes do irrompimento da Primeira Guerra Mundial em 1914 E. C.? Não usufruíam tal bendito domínio espiritual no favor de Deus, digamos, a partir da publicação da Torre de Vigia de Sião e Arauto da Presença de Cristo, a partir de julho de 1879 E. C.? Nós, os mais antigos, que vivemos algum tempo antes da Primeira Guerra Mundial e que fazíamos então parte do restante do Israel espiritual podemos responder com um Não a tais perguntas. Por que motivo?
13. Antes de 1919, qual era o único paraíso em que os servos de Deus na terra pensavam?
13 Ora, algo assim como um paraíso espiritual para o restante do Israel espiritual na terra era uma coisa de que nunca se ouviu falar. O único paraíso futuro em que se pensava era o paraíso literal, material, que havia de ser restabelecido no nosso planeta Terra, durante o reinado milenar de Jesus Cristo, e para o qual haveria uma ressurreição do malfeitor compassivo, pendurado numa estaca, ao qual Jesus disse: “Deveras, eu te digo hoje: Estarás comigo no Paraíso.” (Lucas 23:39-43) Entendia-se até mesmo que o paraíso ao qual o apóstolo Paulo se referiu em 2 Coríntios 12:4 fosse esse paraíso, ‘a terra restabelecida’. — Veja o parágrafo 2, página 648, do livro A Batalha do Armagedom, publicado em inglês em 1897.
14. (a) Como se entendiam durante aqueles anos as profecias a respeito dum paraíso, que tinham aplicação à antiga nação de Israel? (b) Portanto, que aplicação dessas profecias não foi discernida então?
14 Esperava-se também que as profecias bíblicas que tiveram cumprimento em miniatura na antiguidade, na nação de Israel, no sexto século antes de nossa Era Comum, tivessem um cumprimento final, hodierno, nos judeus circuncisos, naturais, pelo ajuntamento deles à terra da Palestina. (Por exemplo, veja a página 63 dos números ingleses de A Torre de Vigia [em português, agora, A Sentinela] de 1892, sobre Ezequiel 36:22-36.) Ou pensava-se que as profecias cumpridas no antigo Israel, em miniatura, tivessem seu cumprimento maior e completo durante o reinado milenar de Cristo, depois de Satanás, o Diabo, ter sido amarrado e encarcerado na cova sem fundo. (Por exemplo, veja Isaías, capítulo trinta e cinco.) Assim, aconteceu que o cumprimento hodierno de tais profecias, no restante do Israel espiritual, foi inteiramente despercebido, obscurecido e não discernido — assim como se dá no caso das igrejas da cristandade até o dia de hoje. De fato, até o ano de 1932, as próprias testemunhas cristãs de Jeová tinham a impressão de que o restabelecimento dos judeus carnais na Palestina e o estabelecimento dum Estado judaico seria cumprimento da profecia divina.
15. Que expectativas tinha o restante a respeito do ano de 1914, e, mais tarde, a respeito do ano de 1918?
15 Além disso os do restante do Israel espiritual haviam aguardado por décadas, sim, desde o ano de 1876, o fim dos Tempos dos Gentios no outono setentrional de 1914. Esperavam que o reino messiânico de Deus fosse plenamente estabelecido nos céus até então e que também o restante do Israel espiritual fosse glorificado junto com Jesus Cristo, no reino celestial, naquele tempo. Todo o entendimento das Escrituras Sagradas estava inclinado naquela direção ou ajustado àquela idéia. E quando o ano de 1914 terminou no meio das chamas da Primeira Guerra Mundial e os do restante do Israel espiritual ainda se encontravam aqui na terra, estavam inclinados a pensar que seriam glorificados no ano de 1918, três anos e meio depois do fim dos Tempos dos Gentios. (Lucas 21:24; Daniel 4:16, 23, 25, 32) Suas experiências duras sob proscrição e perseguição durante a Primeira Guerra Mundial não foram consideradas como sendo um exílio babilônico, do qual haviam de ser libertos após a Primeira Guerra Mundial. Não esperavam o restabelecimento no pleno favor de Jeová, na terra, para uma obra mundial de testemunho.
16. Que desenvolvimentos desde o ano de 1919 não foram previstos pelo restante antes daquele ano?
16 Assim, antes de sua libertação no ano de 1919, os do restante do Israel espiritual não estavam cônscios dum paraíso espiritual. Uma obra tal como tem sido realizada desde aquele ano, até os cantos mais longínquos da terra, estava muito longe de seus pensamentos! Ainda não haviam discernido, pelo seu estudo da Bíblia, que havia chegado o tempo de Jeová fazer para si um nome. (Isaías 63:14; Jeremias 32:20; 2 Samuel 7:23) Não reconheciam que eles mesmos seriam os usados para divulgar o nome pessoal de Deus até os cantos longínquos da terra e para anunciar o reino messiânico estabelecido de Deus a todas as nações dentro e fora da cristandade. (Mateus 24:14) Não previam os maravilhosos cumprimentos da profecia bíblica, que presenciariam, nem a continuamente crescente compreensão das Escrituras Sagradas, que obteriam. Não esperavam que fossem usados para ajuntar uma “grande multidão” de crentes semelhantes a ovelhas, de todas as nações, para sua condição bendita no favor de Deus. — Revelação 7:9-17.
17. (a) Portanto, apercebia-se o restante de estar num paraíso espiritual antes de 1919 E. C.? (b) Agora, porém, reconhecem que cumprimento de Isaías, capítulo 35?
17 A percepção de estarem num paraíso espiritual não inundou a mente dos do restante do Israel espiritual de uma só vez, naquele ano de libertação e restabelecimento — 1919 E. C. Mas hoje, nesta data tardia no “tempo do fim” deste sistema de coisas, podem reconhecer quão grandiosamente a profecia de Isaías capítulo trinta e cinco, se cumpriu neles em sentido espiritual, desde 1919. Conforme representado naquela luminosa profecia, vieram por um ‘caminho de santidade’ até um paraíso espiritual, apesar da poluição da terra pelo homem.
A PROFECIA PARADÍSICA PASSA A DESENROLAR-SE
18. Que contraste aumenta grandemente a beleza da profecia de Isaías, capítulo 35?
18 A profecia de Isaías, capítulo trinta e cinco, em si mesma bela, tem sua beleza grandemente aumentada pelo motivo de vir logo após uma solene profecia de extrema e interminável desolação e ermo. Este estado lastimável surgiria como expressão da vingança divina sobre certa nação repreensível, nação-irmã dos israelitas. Essa nação descendia de Esaú, irmão gêmeo mais velho do patriarca Jacó ou Israel. Por ter vendido sua primogenitura a Jacó, por um prato de cozido vermelho, Esaú foi apelidado Edom (significando “Vermelho”), e este nome se apegou à nação que descendeu dele. (Gênesis 25:30) A antiga terra de Edom estava situada entre o Mar Morto e o Golfo de ‘Aqaba, em ambos os lados do Arabá. — Isaías 34:5-17.
19, 20. (a) A transformação da terra de quem é predita em Isaías 35:1, 2, e o que mostra isso? (b) Em quem teve a profecia seu primeiro cumprimento?
19 Um “ermo” bem diferente é mencionado em Isaías, capítulo trinta e cinco, que começa com beleza poética e diz: “O ermo e a região árida exultarão, e a planície desértica jubilará e florescerá como o açafrão. Sem falta florescerá e realmente jubilará com exultação e com grito de júbilo. Terá de se lhe dar a própria glória do Líbano, o esplendor do Carmelo e de Sarom. Haverá os que verão a glória de Jeová, o esplendor de nosso Deus.” — Isaías 35:1, 2.
20 Ali se prediz a transformação duma terra, o restabelecimento duma terra em beleza paradísica. A terra de quem? A terra daqueles a respeito de quem se diz nos versículos finais do capítulo: “E retornarão os próprios remidos por Jeová e certamente chegarão a Sião com clamor jubilante; e sobre a sua cabeça haverá alegria por tempo indefinido. Alcançarão exultação e alegria, e terão de fugir o pesar e o suspiro.” (Isaías 35:10) No primeiro cumprimento, ou no cumprimento antigo da profecia, os remidos que retornaram a Sião ou Jerusalém eram os do próprio povo do profeta Isaías, o povo da terra da antiga Judá. No tempo de Isaías, ainda havia um rei ungido sentado no que era chamado de “trono de Jeová” em Jerusalém. De fato, Isaías profetizou durante os reinados sucessivos de quatro reis judaicos: Uzias, Jotão, Acaz e Ezequias. — Isaías 1:1.
21, 22. (a) Era a terra de Judá um ermo desolado nos dias de Isaías? (b) Quando foi desolada essa terra e por quanto tempo ficou assim?
21 Nos dias de Isaías, a terra de Judá não havia sido reduzida ao estado indicado no Is capítulo trinta e cinco de sua profecia. É verdade que o imperador assírio, o Rei Senaqueribe, havia invadido a terra e capturado várias cidades, causando considerável devastação. Quando este invasor pagão jactanciosamente ameaçou capturar Jerusalém, Jeová fez milagrosamente com que fugisse de volta para casa, em desgraça. Embora seriamente danificada, a terra de Judá não foi deixada despovoada pelos assírios, de modo que, com o tempo, seus anteriores ocupantes tivessem de voltar duma terra de exílio e vir a uma Sião reconstruída.
22 Também, a “alegria” sentida pelos judeus pela expulsão maravilhosa do assírio, da terra de Judá, não foi “por tempo indefinido”. Por que não? Porque no século seguinte, Jerusalém e seu templo foram destruídos, o “trono de Jeová” ocupado por reis judaicos foi derrubado e a terra inteira de Judá ficou desolada, sem habitantes humanos, nem animais domésticos. Os sobreviventes deportados estavam profundamente pesarosos na terra estrangeira de Babilônia, enquanto sua amada pátria jazia assim desolada por setenta anos. Portanto, o que Isaías predisse foi seu retorno do exílio em Babilônia.
23. (a) Quando teve cumprimento em miniatura a profecia a respeito do embelezamento daquela terra? (b) Quando começou a dar-se o cumprimento maior dessa profecia, e que paralelo se evidencia na comparação da terra do antigo Israel com o domínio espiritual do restante do Israel espiritual?
23 Foi depois de os judeus exilados retornarem de Babilônia, em 537 A. E. C., que a profecia do embelezamento do “ermo”, da “região árida” e do ‘deserto’ de Judá teve seu cumprimento em miniatura. O cumprimento maior e final, o espiritual, começou a ocorrer no restante dos israelitas espirituais depois de seu retorno do exílio do favor de Deus, em Babilônia, a Grande, no ano 1919 E. C. Além de sofrerem os maus efeitos da influência religiosa e política de Babilônia, a Grande, antes da Primeira Guerra Mundial, o domínio espiritual dos israelitas espirituais ficou reduzido a um ermo e deserto desolado, pela Primeira Guerra Mundial, cuja responsabilidade cabia primariamente a Babilônia, a Grande, e ela usou a guerra contra o restante dos israelitas espirituais. Mas, quando o Deus Todo-poderoso, Jeová, começou a conduzir seu restante de adoradores para fora da servidão babilônica, no ano de 1919, qual não foi a transformação de seu domínio espiritual na terra, que então começou!
24. Por que havia ficado ressequida e improdutiva a “terra” do Israel espiritual durante a Primeira Guerra Mundial?
24 Durante a Primeira Guerra Mundial, a falta da chuva de bênçãos de Deus e da Sua aprovação expressa havia resultado em regiões ressequidas e improdutivas nos seus privilégios e no cumprimento de suas obrigações espirituais para com Jeová Deus. Ele não estava em condições de abençoar a medida de temor dos homens que demonstravam e a restrição religiosa que isto lhes impunha. Não podia abençoar a medida de contaminação com o mundo em guerra, com que se deixaram ficar infetados, especialmente por não adotarem um proceder de absoluta neutralidade para com as lutas internacionais deste mundo. Não podia abençoar preocuparem-se mais com sua prometida glorificação no reino celestial, do que com a obra mundial de testemunho que quis que fizessem na terra a favor do seu recém-nascido reino messiânico. Em tais condições falhas, não podiam produzir os “frutos” do Reino no tempo devido para frutos. — Mateus 21:43.
25. No entanto, que mudança era possível ao restante, conforme indicada nas Escrituras?
25 No entanto, os do restante faltoso dos israelitas espirituais podiam arrepender-se de seu proceder falho, uma vez que fosse trazido à atenção deles. Podiam notar suas faltas e falhas com respeito a fazer a vontade divina e podiam então passar a corrigir isso, assim que discernissem o proceder certo a adotar. Fazerem isso eliminaria o motivo da desaprovação de Deus e de ele lhes reter as bênçãos oportunas. A profecia antiga a respeito do restabelecimento do povo escolhido de Jeová havia dito: “E delas e dos arredores do meu morro vou fazer uma bênção e vou fazer as chuvadas descer no seu tempo. Chuvadas de bênção virá a haver.” — Ezequiel 34:26.
26. (a) Portanto o que tinha de ocorrer antes de poder haver um paraíso espiritual? (b) Como nos ajuda a promessa: “Terá de se lhe dar a própria glória do Líbano”, a apreciar a condição do domínio espiritual do restante restabelecido de Jeová?
26 Esta chuvada de bênçãos teria de ocorrer antes de poder haver qualquer transformação no domínio do restante restabelecido, cujo domínio havia ficado igual a um “ermo”, uma “região árida” e uma “planície desértica”. A grandiosidade do domínio espiritual do restante restabelecido de Jeová pode hoje ser apreciada pelas comparações proféticas que se fazem. Por exemplo: “Terá de se lhe dar a própria glória do Líbano, o esplendor do Carmelo e de Sarom.” (Isaías 35:1, 2) Apenas é preciso pensar nos montes do Líbano, revestidos na antiguidade de magníficas árvores sempre-verdes, a respeito das quais Jeová inspirou seu profeta a dizer: “A ti [Sião] chegará a própria glória do Líbano, o junípero, o freixo e o cipreste, ao mesmo tempo, a fim de embelezar o lugar do meu santuário; e eu glorificarei o próprio lugar dos meus pés.” (Isaías 60:13) O antigo Líbano era tão belo, que Jeová o comparou com o Jardim do Éden, dizendo ao rei de Tiro, cuja cidade estava situada no Líbano: “Vieste a estar no Éden, jardim de Deus.” — Ezequiel 28:11-13.
27. O que acrescenta a este quadro a expressão “o esplendor do Carmelo”?
27 Outras cenas belas com que Isaías podia fazer comparações eram “o esplendor do Carmelo e de Sarom”. A serra do Carmelo corre para o oeste, terminando num promontório impressionante que desce quase que a pino para o Mar Mediterrâneo, em Haifa. O amante admirador no Cântico de Salomão podia dizer bem apropriadamente à sua amada sulamita: “Tua cabeça sobre ti é como o Carmelo.” (Cântico de Salomão 7:5; veja Jeremias 46:18) O nome Carmelo significa “pomar” ou “terra frutífera”. A montanha ajustava-se bem ao seu nome, quando estava adornada de vinhedos e pomares, como nos dias do Rei Uzias de Jerusalém. — 2 Crônicas 26:10.
28. Ao ouvirmos que o domínio espiritual do restante restabelecido é semelhante ao “esplendor . . . de Sarom” o que nos vem à mente?
28 De fato, na antiguidade, o “esplendor do Carmelo” era amplamente conhecido. Mas que dizer do “esplendor . . . de Sarom”? A menção do nome suscita uma visão mental da planície costeira que se estendia ao norte da cidade portuária de Jope (significando “bela”) e que estava cheia de flores coloridas. (Atos 9:35) Traz à mente as palavras da amada sulamita: “Sou apenas um açafrão da planície costeira [ou: de Sarom].” (Cântico de Salomão 2:1, NM margem da ed. ingl. 1971) Ou conforme a Versão Almeida cita as palavras dela: “Eu sou a rosa de Sarom.” E A Nova Bíblia Inglesa: “Eu sou um asfódelo em Sarom.” (Também na margem da NM inglesa.) Deveras, o antigo Sarom tinha um “esplendor” todo seu.
29. Que quadro se pinta assim, por meio do profeta Isaías, a respeito do domínio restabelecido do restante?
29 Quando acrescentamos a toda esta visão de beleza as palavras iniciais do profeta Isaías: “O ermo e a região árida exultarão, e a planície desértica jubilará e florescerá como o açafrão”, pinta-se para nós um quadro de pura beleza, em palavras inspiradas bem escolhidas (Isaías 35:1) Tal é a aparência transformada que o antes desolado domínio espiritual do restante do Israel espiritual assumiria ao ser restabelecido no favor de Jeová.
30. (a) A quem cabe o crédito por esta transformação maravilhosa? (b) Quem são os que vêem o cumprimento da profecia e dão glória a Deus por ele?
30 Os feitos maravilhosos de quem refletiria tal aparência transformada do domínio? O inspirado Isaías responde com as palavras: “Haverá os que verão a glória de Jeová, o esplendor de nosso Deus.” (Isaías 35:2) Apenas o Deus com o mais elevado senso de beleza, o Criador, podia fazer tal coisa, transformando o aspecto lastimável de setenta anos de desolação num cenário de lindeza, por meio duma nação restabelecida. Os israelitas repatriados, dos tempos antigos, presenciaram o cumprimento desta profecia em miniatura. Os da atualidade, que presenciaram o cumprimento da profecia em escala maior, abrangendo o globo inteiro, têm sido os adoradores cristãos de Jeová, restabelecidos da servidão religiosa à Babilônia, a Grande, no seu devido domínio espiritual na terra. Aos olhos dos antigos babilônios frustrados, o embelezamento da terra de Judá, que eles haviam desolado, não era uma vista agradável. Aos olhos da moderna Babilônia, a Grande, o embelezamento do domínio espiritual do restante ungido dos israelitas espirituais tampouco é uma vista animadora.
31. De que outro modo poderia ser entendida a expressão “haverá os que”?
31 Todavia, pode ser que, com a expressão: “Haverá os que”, devamos entender “o ermo e a região árida . . . e a planície desértica” do estado desolado do povo de Deus. Estes lugares haviam jazido na sua condição lastimável por tanto tempo, por sete décadas, que nunca mais esperavam ver coisas melhores para si mesmos. Mas, por se lhes alterar a sua condição e receberem a glória e o esplendor semelhantes aos do Líbano, do Carmelo e de Sarom, estes lugares viram no seu próprio estado transformado “a glória de Jeová, o esplendor de nosso Deus”.
32. Desde quando vê o restante na transformação de seu domínio espiritual “o esplendor de nosso Deus”?
32 Quantas palavras de esperança, pois, continha a profecia de Isaías para o povo de Deus, com seu domínio temporariamente desolado! No tempo de seu estado devastado, durante a Primeira Guerra Mundial em 1914-1918 E. C., os do restante cativo dos israelitas espirituais não discerniram a aplicação correta da profecia e por isso não derivaram dela o consolo que se destinava a eles. Mas agora, especialmente desde as explicações da profecia providas no livro Vindicação, Volume II, publicado em inglês no ano de 1932 E. C., viram na transformação de seu domínio espiritual “a glória de Jeová, o esplendor de nosso Deus”.
FORTALECIDOS PARA A OBRA DO REINO APÓS O EXÍLIO
33. O que tornava especialmente apropriada a exortação registrada em Isaías 35:3, 4?
33 As palavras esperançosas do profeta Isaías naturalmente seriam difíceis de crer para o povo aflito de Deus. Em especial ao se aproximar o tempo fixado para o cumprimento destas palavras e surgir a necessidade de se preparar para a ação. Portanto, a exortação que agora interrompe a descrição profética do belo quadro de restabelecimento é bem apropriada: “Fortalecei as mãos fracas e firmai os joelhos vacilantes. Dizei aos de coração ansioso: ‘Sede fortes. Não tenhais medo. Eis que vosso próprio Deus chegará com a própria vingança, Deus, até mesmo com retribuição. Ele mesmo chegará e vos salvará.’” — Isaías 35:3, 4.
34, 35. (a) Quando o apóstolo Paulo citou essa profecia, onde se precisava especialmente duma obra de fortalecimento? (b) Por que espécie de experiências haviam passado aqueles hebreus cristianizados?
34 Lá no primeiro século de nossa Era Comum, o apóstolo Paulo citou esta exortação profética, ao escrever aos hebreus cristianizados em Jerusalém. Ele disse: “Por isso, endireitai as mãos pendentes e os joelhos debilitados, e persisti em endireitar as veredas para os vossos pés, para que o coxo não fique desconjuntado, mas, antes, para que sare.” (Hebreus 12:12, 13) Aqueles hebreus cristianizados precisavam então fazer tal obra fortalecedora entre si mesmos. Como cristãos, haviam passado por experiências bastante disciplinares. Paulo fala sobre isso ao dizer:
35 “Persisti em lembrar-vos dos dias anteriores, em que, depois de terdes sido esclarecidos, perseverastes em uma grande competição, debaixo de sofrimentos, às vezes enquanto expostos como que num teatro, tanto a vitupérios como a tribulações, e tornando-vos às vezes parceiros dos que estavam tendo tal experiência. Porque vós tanto expressastes compaixão pelos em prisão como suportastes alegremente o saque de vossos bens, sabendo que vós mesmos tendes uma possessão melhor e subsistente.” — Hebreus 10:32-34.
36. De que modo é tal tratamento às mãos de perseguidores similar a uma disciplina por parte do Pai celestial, visando que objetivo?
36 O apóstolo Paulo comparou tal tratamento rude, às mãos dos perseguidores, a uma disciplina dada pelo Pai celestial, pela sua permissão de tal perseguição, aos seus filhos devotos na terra. Até mesmo Jesus Cristo, como nosso Exemplo, recebeu tal disciplina da parte de seu Pai celestial. (Hebreus 12:1-6) Em explicação adicional, Paulo prossegue: “É para disciplina que estais perseverando. Deus vos trata como a filhos. Pois, que filho há a quem o pai não disciplina? Mas, se estais sem a disciplina de que todos se tornaram participantes, sois realmente filhos ilegítimos, e não filhos. Outrossim, costumávamos ter pais, que eram da nossa carne, para nos disciplinar, e nós os respeitávamos. Não nos sujeitaremos muito mais ao Pai de nossa vida espiritual para vivermos? Pois eles costumavam disciplinar-nos por alguns dias, segundo o que lhes parecia bom, mas ele o faz para o nosso proveito, para participarmos de sua santidade. É verdade que nenhuma disciplina parece no momento ser motivo de alegria, mas sim de pesar; no entanto, depois dá fruto pacífico, a saber, a justiça, aos que têm sido treinados por ela.” — Hebreus 12:7-11.
37. Então, por que foram incentivados a se fortalecerem mutuamente?
37 Por causa da disciplina severa que aqueles hebreus cristianizados haviam recebido, o apóstolo Paulo cita a seguir Isaías 35:3 e o aplica a eles. Por assim se fortalecerem mutuamente, não desistiriam de sua perseverança sob disciplina, mas receberiam a sua recompensa no tempo devido de Deus. — Hebreus 12:12.
38. Depois da Primeira Guerra Mundial, por que era especialmente necessário que o restante ungido fortalecesse mãos fracas e firmasse joelhos debilitados?
38 Do mesmo modo, nos tempos modernos, por suportarem perseguições e dificuldades às mãos de Babilônia, a Grande, e seus cúmplices mundanos, os do restante ungido dos israelitas espirituais passaram por severas experiências disciplinares. Naturalmente, quando acabou a Primeira Guerra Mundial em 11 de novembro de 1918 e eles entraram no período do após-guerra, cuja duração não sabiam então, precisavam fortalecer as mãos fracas e firmar os joelhos vacilantes. Deviam empenhar-se então na maior obra da história da congregação cristã desde Pentecostes de 33 E. C. Precisavam empenhar-se na obra de após-guerra com passo firme, não mancando entre duas opiniões, mas convencidos de que Deus os guiava na direção certa. Os Tempos dos Gentios haviam terminado em 1914 E. C. O reino messiânico havia nascido nos céus, e todos os sinais preditos que se acumulavam davam prova disso. Chegara então o tempo de avançarem unidamente como testemunhas do reino messiânico de Jeová.
39, 40. (a) Como se disse ao restante ungido, em 1919: “Sede fortes. Não tenhais medo”? (b) Que evidência de destemor havia no discurso público na assembléia de Cedar Point?
39 Conforme nós, os mais antigos, sabemos muito bem, algo espantoso estava acontecendo com este restante de co-herdeiros do reino de Cristo, algo inteiramente inesperado, segundo nosso entendimento de então, das profecias bíblicas. Estávamos inclinados a ter “coração ansioso”. Mas, de fato, fomos informados: “Sede fortes. Não tenhais medo.” (Isaías 35:4) Esta exortação foi dada vigorosamente no artigo de duas partes, intitulado “Benditos os Destemidos”, publicado nos números da Torre de Vigia em inglês, de 1.º e 15 de agosto de 1919. Além disso, a realização da assembléia geral, de oito dias, em Cedar Point, Ohio, E. U. A., de 1.º a 8 de setembro de 1919, foi uma experiência estimulante, e ali se enfatizou a afirmação desafiadora: “Benditos os Destemidos.”
40 Bem diferente do que havia acontecido nas assembléias regionais de quatro dias, realizadas pelos do restante ungido durante 1918 E. C., enquanto ainda grassava a Primeira Guerra Mundial, nas quais não se anunciava e proferia nenhum discurso público, a particularidade destacada do Congresso de Cedar Point, de 1919, foi o discurso público ao ar livre, proferido pelo presidente da Sociedade Torre de Vigia (dos E. U. A.), J. F. Rutherford, sobre o tema “A Esperança Para a Humanidade Angustiada”. Naquele discurso, o orador público declarou destemidamente que a Liga das Nações, então proposta para o estabelecimento de paz mundial e abundância, seria do desagrado de Deus. Não era “a expressão política do Reino de Deus na terra”, conforme os clérigos da cristandade haviam afirmado. Os presentes naquela assistência de 7.000 em Cedar Point, Ohio, que sobreviveram ao irrompimento da Segunda Guerra Mundial, em setembro de 1939, viram que o orador público lhes dissera a verdade. A Liga das Nações, patrocinada pelos clérigos religiosos, havia fracassado como protetora da paz mundial. A Segunda Guerra Mundial deu-lhe um golpe mortal e a lançou num abismo. Mas o verdadeiro reino messiânico, nascido nos céus em 1914, continua a reinar e a ser divulgado na terra pelas testemunhas cristãs de Jeová.
41. Assim, em 1919, o que indicava a evidência quanto ao que havia acontecido no caso dos do restante do Israel espiritual de Jeová?
41 De modo que em 1919 chegou o tempo para os do restante do Israel espiritual, de Jeová, demonstrarem ao mundo que haviam sido libertos de Babilônia, a Grande. Começaram a acumular-se as evidências de que haviam sido restabelecidos no favor Dele e que Ele os havia designado para serem suas testemunhas cristãs. Por outro lado, começaram a multiplicar-se as evidências do desagrado de Deus com Babilônia, a Grande, acumulando-se finalmente até o céu. Nunca mais, nem mesmo em tempo de guerra, poderia ela levar as testemunhas cristãs de Jeová ao exílio e silenciar seu testemunho do Reino.
42. (a) Contra quem era então tempo que Deus chegasse com “vingança”, e por quê? (b) Que papel desempenharia nisso o restante do Israel espiritual?
42 A exortação fortalecedora da profecia de Isaías continha a garantia: “Eis que vosso próprio Deus chegará com a própria vingança, Deus, até mesmo com retribuição. Ele mesmo chegará e vos salvará.” (Isaías 35:4) O primeiro congresso geral do após-guerra, em Cedar Point, Ohio, em 1919, e o recomeço da obra pública de testemunho naquele mesmo ano, constituíam símbolo claramente visível de que Jeová Deus havia salvo seu restante de israelitas espirituais da temível servidão em Babilônia, a Grande. Chegara então a ocasião de Ele vir com vingança contra aquele império mundial da religião falsa, que procede de Satanás, o Diabo, através da antiga Babilônia, sobre o rio Eufrates. Chegara então o tempo de Jeová vir para retribuir a Babilônia, a Grande, o que ela tinha feito à sua nação do Israel espiritual durante os séculos de nossa Era Comum. Usaria então o restante do Israel espiritual para proclamar o dia de Sua vingança e do modo em que Ele retribuiria a Babilônia, a Grande, e seus cúmplices políticos e militares. — Isaías 61:1, 2; 2 Tessalonicenses 1:6.
A TRANSFORMAÇÃO DOS RELIGIOSAMENTE ALEIJADOS
43. Que efeito da ação de Deus a favor de seu povo previu o profeta Isaías?
43 Que reação previu o profeta Isaías à sua exortação estimulante, que ele foi usado a transmitir aos adoradores de Jeová, cujo domínio religioso havia por um tempo ficado semelhante a um “ermo”, uma “região árida” e uma “planície desértica”? Que efeito teria sobre eles a vinda de Deus e sua salvação deles, enquanto ao mesmo tempo trazia vingança e retribuição aos opressores e desoladores? “Naquele tempo”, responde o profeta “abrir-se-ão os olhos do cegos e destapar-se-ão os próprios ouvidos dos surdos. Naquele tempo o coxo estará escalando como o veado e a língua do mudo gritará de júbilo. Pois no ermo terão arrebentado águas, e torrentes na planície desértica. E o solo crestado pelo calor se terá tornado como um banhado de juncos, e a terra sedenta, como fontes de água. No lugar de permanência de chacais, para eles um lugar de repouso, haverá grama verde com canas e plantas de papiro.” — Isaías 35:5-7.
44. O que significa abrirem-se “os olhos dos cegos”, e como se fez isso em 537 A. E. C.?
44 Libertação da masmorra escura — isto é o que a abertura dos olhos dos cegos queria dizer! Tal iluminação dos olhos por meio da libertação foi a obra para a qual Jeová reservou seu Servo messiânico, no tempo devido, dizendo-lhe: “Eu te estive resguardando para te dar como pacto [ou penhor] para o povo, para reabilitar a terra, para fazer que se reentre na posse das desoladas propriedades hereditárias, para dizer aos presos: ‘Saí!’, aos que estão em escuridão: ‘Revelai-vos!’” (Isaías 49:8, 9) Assim, no ano 537 A. E. C., depois de a antiga Babilônia ter caído diante do conquistador persa, Ciro, o Grande, Deus tirou do longo encarceramento em Babilônia seu povo exilado, para verem a luz da liberdade nas suas “propriedades hereditárias”, sua amada pátria.
45. Que abertura dos “olhos dos cegos” ocorreu em 1919?
45 Do mesmo modo no ano de 1919 E. C., Jeová trouxe para fora seu restante ungido, cujos olhos haviam sido cegados pelo encarceramento em Babilônia, a Grande, a fim de que vissem a luz de seu favor no seu restabelecido domínio espiritual. Com o passar do tempo, seus olhos absorveram cada vez mais a crescente beleza de seu domínio espiritual.
46. Em que sentido eram ‘surdos’ seus ouvidos, mas em que tem resultado destaparem-se-lhes os ouvidos?
46 Quanto aos seus ouvidos de entendimento espiritual, haviam sido ensurdecidos para com as profecias bíblicas sobre a restauração deles e sobre a obra de testemunho mundial que tinham depois de seu livramento de Babilônia, a Grande. Não ouviram explicado o significado correto destas profecias. Então, depois de seu retorno ao seu domínio espiritual revivificado, começaram a ouvir tais profecias, conforme explicadas por meio da organização de Deus, e começaram a entender o sentido de tais profecias, em vias de cumprimento. Cumprira-se fielmente a promessa divina: “Naquele dia os surdos hão de ouvir as palavras do livro, e dentre as trevas e dentre a escuridão até mesmo os olhos dos cegos verão. E os mansos certamente incrementarão a sua alegria no próprio Jeová e até mesmo os pobres da humanidade jubilarão no próprio Santo de Israel.” (Isaías 29:18, 19) Até o dia de hoje, os ouvidos dos adoradores cristãos de Jeová permanecem abertos para com as mensagens que procedem das profecias que se vão desenrolando. Mantêm os ouvidos abertos para com as ordens divinas que procedem de Sua Palavra escrita, com respeito à obra do Reino agora a ser feita em toda a terra.
47. (a) Em que sentido havia sido coxo o restante? (b) Conforme predito, como estão “escalando como o veado”?
47 Houve também um milagre espiritual para com o “coxo”. Os do restante do Israel espiritual haviam sido tornados coxos, por Babilônia, a Grande, e pelo uso que esta fez das autoridades políticas, judiciais e militares dos países. Impediu-se seriamente de se movimentarem em público e com a mais plena liberdade de religião. Mas, quando se ouviu a exortação de Deus mediante Isaías e houve o fortalecimento das mãos fracas e dos joelhos vacilantes, restabeleceu-se o andar constante, firme e seguro dos israelitas espirituais que reagiam favoravelmente. Conforme se predissera: “Naquele tempo o coxo estará escalando como o veado.” Empreenderam-se vigorosamente trabalhos como que íngremes no serviço do Reino de Jeová. Era preciso pular e saltar na obra a ser feita, na pregação destas “boas novas do reino . . . em toda a terra habitada, em testemunho a todas as nações”. (Mateus 24:14) Em sentido figurado, foi uma escalação para organizar todos os israelitas espirituais, restabelecidos, para pregarem a mensagem do Reino de casa em casa.
48. Quando começou “a língua do mudo” a ‘gritar de júbilo’, e qual foi a causa disso?
48 “E a língua do mudo gritará de júbilo.” (Isaías 35:6) Isto também se cumpriu no restabelecimento do Israel espiritual no seu devido domínio espiritual, na era do após-guerra. Tinham muitos motivos para louvar o Deus de sua salvação, ao observarem a transformação de sua situação na terra. Em vez de continuarem a anelar seu lar celeste, acharam a vida mais agradável no seu domínio espiritual na terra. “Pois no ermo terão arrebentado águas, e torrentes na planície desértica.” A vida no serviço do Reino de Deus, aqui na terra, tornou-se-lhes espiritualmente revigorante. Água da vida passou a fluir da Bíblia Sagrada, ao passo que o espírito de Deus a tornava mais compreensível, e o significado de suas profecias tornava-se mais pleno e emocionantemente animador. Portanto, não era este um motivo estimulante para os adoradores restabelecidos de Jeová ‘gritarem de júbilo’, sendo que sua língua havia estado ‘muda’ por causa da desolação espiritual que antes os confrontara? Sim, de fato!
49. Conforme predito em Isaías 35:7, que mais havia de resultar da bênção de Jeová sobre o seu povo?
49 Em resultado das chuvas de bênção que Deus fez descer sobre seu restante restabelecido do Israel espiritual, passaram a animar-se em sentido figurativo, diante dos seus olhos, os aspectos alegradores adicionais da profecia de Isaías: “E o solo crestado pelo calor se terá tornado como um banhado de juncos, e a terra sedenta, como fontes de água. No lugar de permanência de chacais, para eles um lugar de repouso, haverá grama verde com canas e plantas de papiro.” — Isaías 35:7.
50. (a) O que sugere a menção de “chacais”? (b) Que mudança é indicada pelo aparecimento de “grama verde com canas e plantas de papiro”?
50 A menção de chacais traz à mente cenas de desolação. O chacal é uma espécie de cão carniceiro, selvático, que freqüenta regiões solitárias e ermas, e até mesmo lugares que se parecem a um deserto. Sua presença sugere regiões áridas e de aspecto estéril. Deixado em tal estado seco, o lugar de permanência e de repouso de chacais não seria um lugar desejável para homens viverem. Clamariam e orariam por água, por fontes e por chuva. Provendo-se tal irrigação, formar-se-iam banhados de juncos nas depressões. Até mesmo plantas de papiro cresceriam ali. E tapetes de grama verde cobririam a antiga planície desértica. Homens poderiam passar a morar ali, e não mais haveria o uivo e o latido dos chacais, para aumentar a estranheza da crescente escuridão da noite. Tal mudança notável começou em 537 A. E. C.
51, 52. (a) Como se cumpriu esta parte da profecia no caso da pátria dos judeus exilados? (b) De maneira similar, o que tem ocorrido desde 1919 E.C.?
51 Antes da desolação da terra do reino de Judá, pelos babilônios, que vieram pelo caminho do norte, o profeta Jeremias predissera em que resultaria a sua vinda, dizendo “Escuta! Uma notícia! Eis que ela chegou, também um grande retumbo desde a terra do norte, a fim de fazer das cidades de Judá um baldio desolado, guarida de chacais.” Ele disse também, como porta-voz de Jeová: “Eu vou fazer de Jerusalém montões de pedras, guarida de chacais; e das cidades de Judá farei um baldio desolado, sem habitante.” — Jeremias 10:22; 9:11.
52 Por conseguinte, quando os judeus exilados partiram de Babilônia e voltaram à sua pátria, depois de esta ter jazido como baldio desabitado durante setenta anos, havia guaridas, lugares de permanência e de repouso de chacais, que precisavam ser transformados em lugares relvosos, com lagoas plácidas, em cujas beiras crescessem juncos e plantas de papiro. Assim, os judeus repatriados reconquistaram o baldio e os chacais foram embora. De modo similar, em sentido figurado, começou a haver uma mudança nos aspectos externos do domínio espiritual do restante liberto do Israel espiritual, a partir de 1919 E. C. A partir de então, quaisquer poluentes de seu domínio espiritual, quando descobertos, eram expurgados. Mas, quanto às nações mundanas, prosseguiam poluindo o globo terrestre como nunca antes. Apesar desta poluição mundial, eis um paraíso espiritual cultivado pelas testemunhas cristãs de Jeová, sob a bênção Dele e para a honra do nome Dele.
[Foto na página 141]
J. F. Rutherford falando no congresso de Cedar Point, Ohio, em 1919.