Capítulo 8
Coisas religiosas detestáveis a lamentar
1. Depois de Ezequiel ter suas visões em 613 A. E. C., quanto tempo decorreu antes de ele ter outra visão?
O TEMPO avançou um ano e dois meses mais perto do dia da fúria de Jeová contra a antiga Jerusalém, quando Ezequiel, exilado em Babilônia, recebeu a seguinte revelação da parte do Soberano Senhor Jeová. Se aquele ano teve um mês lunar intercalar, ou um décimo terceiro, aquele ano lunar e os dois meses lunares forneciam mais tempo do que aquele que se mandou que o profeta Ezequiel jazesse no chão, 390 dias no seu lado esquerdo e 40 dias no seu lado direito, num sítio mímico de Jerusalém. (Ezequiel 4:4-7) De modo que Ezequiel recebeu a revelação no quinto dia do mês lunar, do ano 612 antes de nossa Era Comum, ou no sexto ano do exílio de Ezequiel em Babilônia. Ele data o tempo nas seguintes palavras:
2. No tempo da visão, quem estava sentado diante de Ezequiel, e onde?
2 “E sucedeu, no sexto ano, no sexto mês, no quinto dia do mês, que eu estava sentado na minha casa e os homens mais maduros de Judá estavam sentados na minha frente, quando ali caiu sobre mim a mão do [Soberano] Senhor Jeová.” — Ezequiel 8:1.
3. Por que estavam ali aqueles anciãos, e quanto tempo tinham de esperar até saberem o que Ezequiel viu então?
3 Evidentemente, Jeová quis trazer algo de especial à atenção daqueles co-exilados de Ezequiel, sentados diante dele na sua casa em Tel-Abibe, em Babilônia. Aqueles anciãos provavelmente haviam chegado para “consultar a Jeová” por meio de Ezequiel, assim como se deu cerca de um ano depois. (Ezequiel 20:1-3) Quando a “mão” do poder aplicado de Jeová caiu sobre Ezequiel, para que tivesse uma visão emocionante, eles tiveram de esperar até que o poder divino se retirasse dele, no fim da visão, para saber o que Ezequiel havia visto. Ele podia contar-lhes o seguinte:
4. O que viu Ezequiel em primeiro lugar e para onde foi transportado? Como?
4 “E comecei a ver, e eis uma semelhança tal como o aspecto do fogo; da aparência dos seus quadris para baixo havia fogo e dos seus quadris para cima havia algo do aspecto dum resplendor, como o brilho de electro. Ele estendeu então a representação duma mão e pegou-me por um cacho de cabelo da minha cabeça, e um espírito carregou-me entre a terra e os céus, e levou-me a Jerusalém, nas visões de Deus, à entrada do portão interno que dá para o norte, onde está a moradia do símbolo de ciúme que incita ao ciúme. E eis que estava ali a glória do Deus de Israel, igual à aparência que eu tinha visto no vale plano.” — Ezequiel 8:2-4.
5. Como procurou Ezequiel descrever o aspecto glorioso assumido por Jeová e que espécie de espírito foi que o transportou para Jerusalém?
5 O aspecto que Jeová assumiu nesta visão não é descrito em muitos pormenores por Ezequiel. Ele tinha aspecto fulguroso, e dos seus quadris para baixo, o aspecto era de fogo. Dos seus quadris para cima havia um resplendor, “como o brilho de electro”. Ezequiel tinha dificuldades em descrever a aparência, porque não tinha nenhuma semelhança com a figura dum homem. Mas era espantosa e gloriosa, assim como se deu no caso da primeira visão que Ezequiel teve do carro celeste, junto ao rio Quebar. (Ezequiel 1:26-28) Quando esta aparência de Jeová estendeu o que corresponde à mão humana (“a representação duma mão”) e pegou Ezequiel por um “cacho de cabelo” de sua cabeça, sentiu-se ele como aqueles israelitas cujo cabelo o Governador Neemias arrancou, porque se desagradou da desobediência deles à lei de Deus? (Neemias 13:25) Naturalmente, Deus não se desagradou de seu profeta Ezequiel, mas desagradou-se das coisas que ia mostrar a Ezequiel em visão. Levantado desta maneira, Ezequiel foi transportado em espírito de Babilônia para Jerusalém, centenas de quilômetros ao oeste. E evidente que o “espírito” que o carregou para lá era o espírito de inspiração.
6. Por quem fora construído o templo real observado na visão por Ezequiel, e o que viu Ezequiel à entrada do portão interno, setentrional?
6 Assim, “nas visões de Deus”, Ezequiel foi depositado no templo construído pelo Rei Salomão, em Jerusalém. Aquele templo tinha então 415 anos de idade. Tinha um pátio interno e um pátio externo, estando o altar de sacrifícios situado no pátio interno. A fachada do templo dava para o leste, mas Ezequiel foi depositado no pátio externo “à entrada do portão interno que dá para o norte”. Atrás de Ezequiel havia o portão externo, pelo qual se entrava no pátio externo. O que viu ali à entrada do portão que levava para o pátio interno? Um “símbolo de ciúme que incita ao ciúme”, sem vida e imóvel. Como isto deve ter chocado Ezequiel!
7. O que se achava perto, em nítido contraste com aquele “símbolo de ciúme”, e para quem era agourenta a sua locomoção ali?
7 Em nítido contraste com aquele idólatra “símbolo de ciúme” perto do portão interno, “eis que estava ali a glória do Deus de Israel”, conforme o conta Ezequiel, “igual à aparência que eu tinha visto no vale plano”. (Ezequiel 8:4) O carro celeste de Jeová havia-se locomovido — desde o rio Quebar, em Babilônia, onde Ezequiel o havia visto pela primeira vez em visão, para o oeste, para a cidade condenada de Jerusalém, na terra de Judá. (Ezequiel 1:4-28) Esta locomoção do carro celeste era agourenta para Jerusalém!
8. Ezequiel foi perguntado se observava o quê, e que efeito teria sobre Jeová a existência disso ali?
8 De cima de seu carro celeste, Jeová começou a falar com Ezequiel, lá junto ao portão interno, setentrional, que levava ao altar de sacrifícios. “E ele”, diz Ezequiel, “passou a dizer-me: ‘Filho do homem, por favor, levanta teus olhos na direção do norte.’ De modo que levantei meus olhos na direção do norte, e eis que havia do lado do norte do portão do altar este símbolo de ciúme na entrada! E ele prosseguiu, dizendo-me: ‘Filho do homem, estás vendo que grandes coisas detestáveis estão fazendo, as coisas que a casa de Israel está fazendo aqui para eu ficar longe do meu santuário? E ainda verás mais grandes coisas detestáveis.’” — Ezequiel 8:5, 6.
9. Que efeito teve sobre Jeová aquele “símbolo de ciúme” no seu templo, e de que mandamento divino era sua presença ali uma violação?
9 Precisamente que espécie de coisa idólatra este “símbolo de ciúme” era não nos é dito. Pensa-se que fosse um “aserá” ou poste sagrado, que representava a deusa falsa que era esposa do deus cananeu Baal. Não importa qual fosse, incitava a Deus vivente Jeová ao ciúme, porque dividia a devoção exclusiva dos israelitas a Jeová e constituía uma violação dos primeiros dois dos Dez Mandamentos, a saber: “Eu sou Jeová, teu Deus, que te fiz sair da terra do Egito, da casa dos escravos. Não deves ter quaisquer outros deuses em oposição à minha pessoa. Não deves fazer para ti imagem esculpida, nem semelhança alguma do que há nos céus em cima, ou do que há na terra embaixo, ou do que há nas águas abaixo da terra. Não te deves curvar diante delas, nem ser induzido a servi-las, porque eu, Jeová, teu Deus, sou um Deus que exige devoção exclusiva, trazendo punição pelo erro.” (Êxodo 20:2-5) Portanto, a adoração deste “símbolo do ciúme” no próprio templo de Jeová, em Jerusalém, era uma das “grandes coisas detestáveis” que os israelitas apóstatas faziam.
10. A presença daquele “símbolo de ciúme” obrigava o Senhor Deus a fazer o que quanto ao templo, e que ação similar dele aconteceu em 33 E. C.?
10 Era tal templo material, profanado pela adoração deste “símbolo de ciúme”, um “santuário” adequado para continuar a ser ocupado por Jeová por meio de seu espírito e seu favor? Não era, não! Aquele símbolo idólatra, junto com outras “grandes coisas detestáveis”, tornavam necessário que ele retirasse a sua presença espiritual. Obrigava-o, conforme disse, a “ficar longe do meu santuário”. Isto significava que ele o abandonava para a destruição. O mesmo aconteceu no ano 33 de nossa Era Comum, quando Jesus Cristo disse aos judeus a respeito de seu templo em Jerusalém: “Eis que a vossa casa vos fica abandonada.” (Mateus 23:38) Este templo dessacrado foi destruído em 70 E. C.
11. Que outro sistema religioso tem profanado suas casas assim como se fez com o templo de Jerusalém, e, portanto, que devem fazer os aderentes dele para tomar a ação devida?
11 Hoje em dia, a cristandade tem profanado suas casas religiosas com muitos símbolos que dividem sua devoção exclusiva ao Deus a quem professa servir, supostamente o Deus da Bíblia. Por meio de tais coisas idólatras, a cristandade, que adota o nome do Filho de Deus, incita Jeová, o Pai celestial, ao ciúme. Portanto, os que freqüentam as igrejas da cristandade fariam bem em notar o que Jeová mostrou ao seu profeta Ezequiel, para ver se eles e seus sistemas eclesiásticos são culpados destas mesmas coisas, em estilo moderno. Talvez aprendam assim o que devem fazer sem demora, a fim de se salvarem da destruição na “grande tribulação” que em breve sobrevirá à antitípica Jerusalém hodierna, a saber, a cristandade. (Mateus 24:21, 22) Ainda não observamos todas as “grandes coisas detestáveis” que afastaram Jeová daqueles que há muito tempo atrás fingiam adorá-lo, pois, conforme ele disse a Ezequiel no templo de Jerusalém: “Ainda verás mais grandes coisas detestáveis.” Vejamos também quais são.
ADORAÇÃO ESCANDALOSA DE CRIATURAS INFERIORES AO HOMEM
12, 13. Para onde levou então Jeová a Ezequiel e o que fez este segundo lhe foi mandado?
12 Ezequiel seguiu Jeová nesta excursão de inspeção das condições do templo. Ele disse: “Conseqüentemente, ele me levou à entrada do pátio e comecei a ver, e eis um buraco na parede! Ele me disse então: ‘Filho do homem, por favor, cava através da parede.’ E eu fui cavando através da parede, e eis que havia uma entrada! E ele me disse mais: ‘Entra a vê as más coisas detestáveis que estão fazendo ali.’” — Ezequiel 8:7-9.
13 Segundo isso, Jeová levou Ezequiel através do portão interno, setentrional, para o pátio interno, onde se achava o altar. Dentro deste pátio, mostrou-se a Ezequiel uma câmara junto ao portão interno pelo qual entrara, ou perto dele. Vemos agora aquele buraco na parede? Mandou-se que Ezequiel cavasse através dela, ampliando a abertura, a fim de poder passar para dentro. Mandou-se que Ezequiel entrasse, quer através desta abertura cavada, quer através de outra “entrada” perto do buraco cavado, para ver o que faziam os lá dentro. Depois de fazer isso, Ezequiel nos conta o que viu:
14. Lá dentro, o que viu Ezequiel que setenta homens faziam, e o que diziam eles?
14 “De modo que entrei e comecei a ver, e eis que havia . . . toda representação de coisas rastejantes e de animais repugnantes, e todos os ídolos sórdidos da casa de Israel, esculpidos na parede em todo o redor. E setenta homens dos idosos da casa de Israel, com Jaazanias, filho de Safã, de pé entre eles, estavam parados diante deles, cada um com o seu incensário na mão, e ascendia o perfume da nuvem de incenso. E ele passou a dizer-me: ‘Viste, ó filho do homem, o que os idosos da casa de Israel estão fazendo na escuridão, cada um nos quartos internos da sua peça de exibição? Pois estão dizendo: “Jeová não nos vê. Jeová deixou o país.”’” — Ezequiel 8:10-12.
15. Que espécie de nações adoravam as coisas adoradas pelos homens idosos?
15 Isto ocorria no pátio interno perto do altar do templo! Pode ter havido câmaras individuais dentro deste prédio no qual Ezequiel cavara a entrada, e as paredes de todas estas tinham esculturas de coisas rastejantes, animais repugnantes, cerimonialmente impuros, e “ídolos sórdidos”, tais como eram especialmente adorados pelos egípcios pagãos, ao longo do rio Nilo.
16. Como acalmavam aqueles setenta anciãos seus temores de receber punição por realizarem tal adoração ali?
16 No próprio templo de Jeová, aqueles setenta anciãos da casa de Israel ofereciam escandalosamente incenso aos falsos deuses representados por aquelas gravuras na parede! Não lhes importava fazer tal adoração falsa, degradante, no templo de Jeová. Acalmavam seus temores de receber punição por isso dizendo a si mesmos que Jeová não via o que estavam fazendo na escuridão, atrás de portas fechadas. De fato, Jaazanias, filho de Safã, e os outros sessenta e nove anciãos da casa de Israel talvez achassem que Jerusalém e o Reino de Judá haviam sofrido recentemente tantas dificuldades da parte de Babilônia, que Jeová aparentemente havia ‘deixado o país’ de Judá. E quanto a ele ter ainda interesse no país, Jeová estava morto!
17. Nesta “Era do Cérebro”, como mostra a cristandade que ela tem a inclinação daqueles setenta anciãos de adorar animais, aves e peixes?
17 Atualmente, nesta chamada Era do Cérebro, mostra-se a cristandade suficientemente esperta para não oferecer incenso no culto de “toda representação de coisas rastejantes e de animais repugnantes, e de todos os ídolos sórdidos”, tais como aqueles que os setenta anciãos de Israel incensavam? Ora, veja os animais selváticos e as aves com os quais as nações da cristandade representam ou simbolizam seus respectivos países, símbolos a que dão a devoção de seu coração. Veja os nomes de animais e de aves que equipes esportivas da cristandade dão a si mesmas, sendo que seus heróis esportivos se tornam ídolos populares até mesmo dos que freqüentam igrejas. E que dizer da Teoria da Evolução, que foi adotada até mesmo pelo maioria dos clérigos da cristandade, em vez de se apegarem à explicação bíblica da criação direta do homem por Deus, distinta da dos animais e dos peixes inferiores! Jeová é assim eliminado do cenário como Criador divino do homem, e os clérigos evolucionistas da cristandade lideram as pessoas de suas igrejas na adoração duma teorética força evolucionista como criadora do homem, falando ao mesmo tempo da Mãe Natureza, em vez de do Pai Celestial como Criador e Deus.
18. Estão certos estes religiosos hipócritas no seu modo de pensar, e o que os fará Jeová sentir em breve quanto a que ele pensa deles?
18 Se estes religiosos hipócritas da cristandade acharem que Deus não presta atenção ao que está acontecendo na terra e que ele não está mais interessado, nem mesmo na cristandade, e que assim “Deus está morto”, estão redondamente enganados. Ele está tão vivo como sempre, sendo imortal, e sente-se muito ofendido pelo que acontece entre os que afirmam representá-lo e estar numa relação cristã com ele. Em breve fará com que sintam dolorosamente estes fatos.
19. Quem tem hoje bons motivos para considerar o que Jeová mostrou ali a Ezequiel, e como provam Suas visões a Ezequiel que ele vê e ouve o que se faz e diz no escuro?
19 Por conseguinte, os que freqüentam igrejas e que estão sob a influência e orientação destes clérigos anciãos da cristandade têm bons motivos para cogitar as coisas que Jeová mostrou ao seu profeta Ezequiel. Ele vê o que os clérigos estão fazendo “na escuridão”, atrás de portas fechadas. Ouve e sabe o que estão dizendo a si mesmos em presunção. Por que não devia ser capaz disso? Pense em como ele pôde revelar a Ezequiel, por meio de visões, o que estava acontecendo no templo de Jerusalém, embora Ezequiel estivesse fisicamente em Tel-Abibe, em Babilônia, uns oitocentos quilômetros ao leste de Jerusalém. A distância não constitui barreira para a visão e a audição de Jeová. Vejamos, portanto, o que se mostrou a seguir a Ezequiel:
20, 21. O falso deus pelo qual Ezequiel viu mulheres chorar proveu o nome para que mês lunar, e o que representava ele para seus adoradores no sudoeste da Ásia?
20 “E ele [Jeová] continuou a dizer-me: ‘Ainda verás mais grandes coisas detestáveis que estão fazendo.’ Ele me levou então à entrada do portão da casa de Jeová que dá para o norte, e eis que havia ali mulheres sentadas, chorando o deus Tamuz.” — Ezequiel 8:13, 14.
A ADORAÇÃO DO DEUS FALSO TAMUZ
21 Tamuz — ora, lembramo-nos de que o quarto mês do ano lunar tem o nome deste deus falso. Segundo os babilônios e os sírios, era o deus da vegetação que cresce durante a estação das chuvas, com as suas inundações brandas, e morre durante a estação seca, no sudoeste da Ásia. A morte da vegetação representava a morte de Tamuz, e era a sua morte que os adoradores idólatras de Tamuz lamentavam anualmente no tempo do maior calor. Ao retornar a estação chuvosa, Tamuz supostamente voltava do submundo, simbolizado pelo novo crescimento da vegetação. Entende-se que a adoração de Tamuz é uma das formas mais antigas de falsa adoração religiosa na história humana, e ela não desapareceu de todo em certas partes da terra, mesmo agora.
22. Com quem é Tamuz identificado pelo livro As Duas Babilônias?
22 Entretanto, no seu livro intitulado “As Duas Babilônias”, em inglês, o Dr. Alexander Hislop identifica Tamuz como sendo Ninrode, fundador da cidade de Babilônia, cerca de 180 anos depois do dilúvio dos dias de Noé.
23. Segundo a Bíblia, quem era Ninrode, o que fizeram seus seguidores com ele após a sua morte e de que maneira correspondem com ele os personagens mitológicos de Baco e Adónis?
23 Ninrode era bisneto de Noé. Segundo Gênesis 10:1, 6, 8-12, Ninrode ficou conhecido como “poderoso caçador em oposição a Jeová”. Segundo a tradição religiosa, Ninrode foi executado por sua rebelião contra Jeová, o Deus de Noé. Os seguidores de Ninrode consideraram a sua morte violenta uma tragédia ou calamidade, e o deificaram. Comemoravam a sua morte anualmente no dia primeiro e segundo do mês lunar de Tamuz, quando as mulheres idólatras choravam seu ídolo. Por isso, recebeu entre os antigos escritores clássicos o nome de Baco, que significa “Chorado”, “Lamentado”. Ser ele chorado corresponde ao lamento que se fazia por causa do lendário Adónis, um belo jovem amado por Vênus ou Istar, e que foi morto por um javali nos montes do Líbano. De fato, a versão bíblica da Vulgata latina, e as versões portuguesas de Antônio Pereira de Figueiredo e de Matos Soares usam o nome de Adónis em vez de Tamuz em Ezequiel 8:14: “Eis que estavam ali umas mulheres assentadas, chorando a Adónis”, ou “Senhor”.
24. Que derivações se deram do nome Tamuz, que letra veio a ser símbolo dele e por que era escandaloso que mulheres chorassem Tamuz no templo de Jeová?
24 As Duas Babilônias (em inglês; página 245, nota ao pé da página) deriva o nome Tamuz das palavras tam (“tornar perfeito”) e muz (“fogo”), de modo a significar ‘Fogo Aperfeiçoador” ou “Fogo, o Aperfeiçoador”. Outra derivação dá-lhe o significado de “Oculto” ou “Obscuro”, e isto corresponde a que a adoração da imagem de Tamuz era realizada num lugar secreto, conforme representado em Ezequiel 8:14.a Ele era representado pela primeira letra de seu nome, a qual era um antigo tau, que era uma cruz. O “sinal da cruz” era o símbolo religioso de Tamuz. De modo que houve uma tentativa para introduzir a adoração da idólatra cruz pagã no templo de Jeová em Jerusalém. Quão escandaloso era que aquelas mulheres israelitas, no pavimento do pátio interno do templo de Jeová, chorassem religiosamente pela morte de execução de Tamuz, ou na realidade “Ninrode, poderoso caçador em oposição a Jeová”!
25. Segundo Gênesis 10:10-12, de que era Ninrode fundador e que tipo de religião tem sua origem no “princípio de seu reino”?
25 O que há hoje na cristandade, desde a sua fundação no quarto século pelo imperador romano Constantino, o Grande, que se derive de todas as coisas religiosas relacionadas com Ninrode, também conhecido por Tamuz? Lembremo-nos de que, “o princípio do seu reino veio a ser Babel [Babilônia], e Ereque, e Acade, e Calné, na terra de Sinear. Daquela terra saiu para a Assíria e pôs-se a construir Nínive, e Reobote-Ir, e Calá, e Resem, entre Nínive e Calá: esta é a grande cidade.” (Gênesis 10:10-12) Ninrode foi assim o fundador de cidades e de sistemas políticos de governo, contrário à vontade de Jeová Deus. Toda religião falsa deriva-se de Babilônia, depois do dilúvio dos dias de Noé. Gênesis 10:8, 9, diz que Ninrode “apresentou-se como poderoso caçador em oposição a Jeová”.
26. Segundo o costume babilônico e assírio na aplicação do termo “caçador”, de que modo era Ninrode derramador de sangue?
26 O termo “caçar”, segundo o antigo costume babilônico e assírio, não só se aplicava à caça de animais selvagens, mas também às campanhas militares contra criaturas humanas como presa. De modo que Ninrode tornou-se derramador de sangue humano em guerra.
27. O que fez a cristandade quanto a estabelecer sistemas religiosos e como não se limitou só à religião como seu domínio?
27 Quão bem estes pormenores a respeito de Ninrode se ajustam também à cristandade! Igual a Ninrode, ela também estabeleceu seus próprios sistemas religiosos. Em geral se pensa que estes estejam em harmonia com a Bíblia Sagrada de Jeová, mas na realidade estão em harmonia com os ensinos religiosos da antiga Babilônia, inclusive com a adoração da cruz, símbolo de Tamuz. Igual a Ninrode, a cristandade não se restringiu exclusivamente à religião; ela se meteu na política cio mundo, estabelecendo sempre que possível uma união entre Igreja e Estado, a Igreja procurando mandar no Estado. Ela tem afirmado que seus imperadores e reis políticos regem “pela graça de Deus”. Até mesmo seus bispos, arcebispos e papas têm sido honrados com tronos materiais e ainda se diz deles que “reinam” sobre os seus bispados e suas sés papais.
28. Como foram os políticos favorecidos pela cristandade, e como agiu ela na política contrário às palavras e ao exemplo de Jesus Cristo?
28 Os políticos deste mundo recebem posições e considerações de destaque nos sistemas eclesiásticos. Que contraste com o exemplo de Jesus Cristo, que se negou a ser constituído rei na terra pelos homens! Ele disse a Pôncio Pilatos, governador romano: “Meu reino não faz parte deste mundo. Se o meu reino fizesse parte deste mundo, meus assistentes teriam lutado para que eu não fosse entregue aos judeus. Mas, assim como é, o meu reino não é desta fonte.” (João 18:36) A cristandade, ao contrário, insiste em que é o dever dos membros de sua igreja empenhar-se na política. Ocasionalmente, e em certos lugares, ela se esforça em ditar-lhes quais são os candidatos políticos em que devem votar. Os membros de seu clero têm agido até mesmo como governantes políticos, como presidentes ou primeiros-ministros, e assim por diante.
29. De que modo encontra a cristandade em Ninrode, o “poderoso caçador”, um pequeno protótipo de si mesma quanto ao derramamento de sangue?
29 E que dizer do derramamento arbitrário de sangue, por parte de “Ninrode, poderoso caçador em oposição a Jeová”? Ninrode era apenas um pequeno protótipo da cristandade! Ela também se empenhou como ‘caçadora’ em campanhas militares com armas carnais. As guerras mais sangrentas de toda a história humana foram travadas pelos membros da cristandade, quer entre si mesmos, quer com os chamados infiéis ou pagãos. Tudo isso não é nada semelhante a Cristo. É babilônico e é à moda de Ninrode.
30. Como causaram as guerras da cristandade mais choro da parte das mulheres e reverências especiais das igrejas a figuras destacadas de guerra?
30 A perda de vidas humanas, nestas guerras, tem causado indizível choro das mulheres da cristandade. Celebram-se anualmente dias comemorativos, quando os enlutados pela guerra vão aos cemitérios para ornamentar os túmulos dos seus guerreiros mortos. A morte dos poderosos generais de guerra e de outros altos senhores de guerra são lamentados pelos membros patrióticos e nacionalistas da cristandade, sendo homenageados nas igrejas em que se realizam os funerais. Tudo isso está de pleno acordo com o fato notório de que as igrejas foram usadas como postos de recrutamento e centros de propaganda em tempos de guerra. Esta ligação de todos estes acontecimentos políticos e militares com a “casa de Deus” (a Igreja) na cristandade faz-nos lembrar daquelas mulheres israelitas que estavam sentadas e que choravam Tamuz dentro do pátio interno do templo do Soberano Senhor Deus, nos dias de Ezequiel.
ADORAÇÃO DUM SOL SIMBÓLICO
31. O que mostrou Jeová a Ezequiel quanto a que adoração era praticada por cerca de vinte e cinco homens entre o pórtico do templo e o altar, e o que mais faziam para que Jeová não ouvisse suas orações?
31 Mas, é isso tudo? Ezequiel diz que não, pois prossegue contando-nos o que mais Jeová lhe mostrou, dizendo: “E ele me disse mais: ‘Viste isso, o filho do homem, Ainda verás mais grandes coisas detestáveis, piores do que estas.’ Levou-me, pois, ao pátio interno da casa de Jeová, e eis que à entrada do templo de Jeová, entre o pórtico e o altar, havia cerca de vinte e cinco homens com as suas costas viradas para o templo de Jeová e suas faces viradas para o leste, e eles se curvavam para o leste, para o sol! E ele prosseguiu, dizendo-me: ‘Viste isso, ó filho do homem? É coisa tão trivial para a casa de Judá fazer as coisas detestáveis que fizeram aqui, que eles tenham de encher o país de violência e que me devam ofender de novo, e eis que estendem o rebento [raminho] ao meu nariz, E eu mesmo também agirei em furor. Meu olho não terá dó, nem terei compaixão. E certamente clamarão aos meus ouvidos em alta voz, mas eu não os ouvirei.’” — Ezequiel 8:15-18; veja a versão marginal da edição inglesa de NM, de 1971.
32, 33. Para a adoração de quem voltavam estes homens as costas, e que aviso dado por intermédio de Moisés violavam?
32 A conduta destes vinte e cinco homens israelitas era especialmente escandalosa para Jeová. Ali estavam eles, no pátio interno do templo dedicado a Ele e no espaço entre o pórtico do templo e o altar de sacrifícios no centro do pátio interno. Mas não estavam adorando a Jeová naquele lugar, nem se curvavam diante de seu altar de sacrifícios, que estava ao leste deles. Em vez de enfrentarem o oeste’ em direção ao templo onde a presença de Jeová era simbolizada pela luz Xequiná que pairava por cima da sagrada Arca do Pacto, no compartimento mais recôndito, o Santíssimo, estes vinte e cinco homens viravam as costas para a Presença Divina e encaravam o leste. Que horror! Curvavam-se em adoração diante do sol no céu! Violavam expressamente a advertência que Jeová dera por meio do profeta Moisés:
33 “Tendes de cuidar bem das vossas almas, . . . para não levantares teus olhos para os céus e de fato veres o sol, e a lua, e as estrelas, todo o exército dos céus, e realmente seres seduzido e te curvares diante deles, e os servires.” — Deuteronômio 4:15-19.
34. Anteriormente, o que fizera o bom Rei Josias para com a adoração do sol, mas de que modo renunciavam agora estes vinte e cinco homens ao Salmo 84:11?
34 No ano 642 A. E. C., ou trinta anos antes, o bom Rei Josias havia lido publicamente estas palavras perante o povo reunido no templo, e depois prontamente abolido e destruído toda adoração do deus-sol no Reino de Judá. (2 Reis 22:3 a 23:11) Mas então, depois da morte de Josias, os homens de Judá agiam como porcos lavados que voltam a revolver-se na lama, e eles introduziram novamente a adoração do sol e a praticavam dentro do próprio templo de Jeová, sem interferência da parte dos sacerdotes da tribo de Levi. Renunciavam às palavras dos “filhos de Corá [os levitas]”, conforme registradas no Salmo 84:11: “Jeová Deus é sol e escudo; favor e glória é o que ele dá. O próprio Jeová não reterá nada de bom dos que andam sem defeito.” Aqueles vinte e cinco israelitas renegados olhavam apenas para a criação de Jeová, o sol, como sua fonte de “favor e glória”, como sua fonte de algo de “bom”. Era o bastante para insultar a Jeová.
35. Por que ofendia a Jeová estenderem para o nariz dele o rebento ou raminho, e com que enchiam o país, obrigando assim a Jeová a agir de que modo para com eles?
35 No entanto, aqueles homens aumentaram ainda mais o insulto. “Eis que estendem o rebento [ou: raminho] ao meu nariz”, disse Jeová. (Ezequiel 8:17) Este rebento ou raminho era usado em adoração idólatra e pode ter sido esculpido de certa forma para representar o órgão genital masculino, humano. Pelo menos deve ter sido algo muito ofensivo ou obsceno estendido para o nariz de Jeová, como se ele achasse prazer em cheirá-lo. Tal adoração idólatra do sol da parte daqueles vinte e cinco homens era acompanhada por encherem “o país de violência”. Bastava para Jeová achar bons motivos para ‘agir em furor’. Isto ele se propôs fazer na vindoura destruição de Jerusalém e seu templo. Daí, quando o deus-sol falhasse àqueles vinte e cinco israelitas apóstatas, eles recorreriam novamente a Jeová e clamariam a ele com alta voz, para que os ouvisse, mas ele não teria nenhum motivo para prestar atenção aos seus clamores egoístas. Ao contemplar a destruição deles’ pelas Suas forças executoras, seu olho não sentiria dó, porque ele mesmo não sentiria nenhuma compaixão. Ele odeia os hipócritas!
36. De que modo se empenham hoje os membros da cristandade na adoração simbólica do sol?
36 Não, os religiosos da cristandade hoje não adoram realmente o sol, pois sabem alguma coisa sobre o sol, informados pelos seus cientistas, ao ponto de saber que ele não é deus. Mesmo depois do fim da Segunda Guerra Mundial em 1945, o imperador do Japão não-cristão foi bastante sagaz para renunciar à reivindicação feita a favor dos imperadores de Nipão, de que eram descendentes da deusa-sol Amaterasu. De qualquer forma, existe um grupo destacado na cristandade, incluindo os clérigos modernistas de suas igrejas, que se desviou da adoração do Deus da Bíblia Sagrada, Jeová, para um substituto de sua própria escolha. Negam até mesmo a Sua existência. Em vez de recorrerem a Ele como fonte de esclarecimento, energia e confortos materiais, recorrem à ciência moderna e à filosofia humana. Respeitam mais estes cientistas e intelectuais modernos e atribuem mais a eles do que a Jeová. Estes tornaram-se o “sol” simbólico adorado pela cristandade e para o qual ela olha em busca de salvação. A aceitação geral da Teoria da Evolução, que não pode ser provada, por parte da cristandade, é uma das evidências que revelam que ela é adoradora de tal “sol”.
37. Como foi a ciência moderna tratada por criaturas humanas admiradas, e como demonstrou a cristandade a tendência indicada em Romanos 1:23?
37 A ciência moderna passou a ser tratada como “vaca sagrada”, que precisa ser tratada com reverência e deve ter precedência à Bíblia e ao Deus dela. O intelectualismo moderno, com todas as suas teorias, tem sido tratado como a forma atualizada de esclarecimento, que tornou a Bíblia antiquada e obsoleta. Esta era espacial, nuclear e de alta velocidade tem sido classificada como tendo ultrapassado a chamada filosofia de “caravana de camelos” da Bíblia. Atribui-se à moderna tecnologia o mérito de todos os confortos materiais, dos aparelhos que poupam trabalho e dos sistemas de comunicação que temos hoje à nossa disposição. Tudo isso atraiu a atenção para a criatura humana. Em vista de todas estas realizações maravilhosas dos tempos modernos, a adoração da cristandade tem sido dirigida para a criatura. Ela virou as costas para o Criador, que dotou a criatura humana com faculdades mentais e físicas para realizar tais coisas. Esta constante tendência humana neste sentido foi mencionada há dezenove séculos atrás, em Romanos, capítulo 1, versículo 23.
38. Como se tem revelado esta contaminação da cristandade com a adoração de deuses demoníacos, mesmo quanto a colocar homens na lua?
38 A contaminação da cristandade com a adoração de deuses falsos, de deuses do demonismo, revela-se de modo muito furtivo. Por exemplo, em 20 de julho de 1969, quando um astronauta humano pisou pela primeira vez na lua, quem foi glorificado assim, de acordo com os nomes dados às coisas envolvidas pelo grupo científico responsável? Certamente não Jeová, o Criador da lua, mas o mitológico deus-sol. Como? Por que a nave espacial de fabricação humana, com que se fez a viagem bem sucedida para colocar norte-americanos no nosso satélite lunar, foi chamada Apolo Onze. Febo Apolo era o deus-sol dos antigos gregos e também era irmão gêmeo de Ártemis (ou Diana), a deusa-lua. Verificou-se que este Apolo dos gregos remonta ao primeiro rei de Babilônia, a saber, Ninrode, o “poderoso caçador em oposição a Jeová”. (Gênesis 10:8-10)b Desde a primeira alunissagem fizeram-se mais viagens a lua em naves espaciais da série “Apolo”. Tudo isso é parte da adoração do sol!
39. Que se precisa dizer quanto a esta adoração simbólica do sol ter sido benéfica para a humanidade?
39 Mostrou-se esta adoração do sol proveitosa para a humanidade? Lá nos dias de Ezequiel não se mostrou proveitosa. Tampouco é neste moderno século vinte. A violência resultante tem excedido em muito a dos dias de Ezequiel. (Ezequiel 8:17) Os clérigos da cristandade não impediram a aplicação da ciência moderna à invenção e ao uso das armas mais horríveis de guerra, culminando no desenvolvimento de armas biológicas, radiológicas e atômicas ou nucleares. Os combates da Primeira e da Segunda Guerra Mundial dependiam muito da atividade dos cientistas. A violência que encheu a terra não se limitou àquelas duas guerras mundiais, travadas principalmente pela cristandade. A muito adorada filosofia moderna privou os freqüentadores de igrejas do verdadeiro temor de Deus, e tem-se empregado a violência amplamente mesmo em tempo de paz. O período desde 1914 E. C. tem sido chamado oficialmente de “Era da Violência”.
40, 41. Que influência tiveram sobre o meio ambiente natural do homem as técnicas da ciência moderna na indústria e no comercialismo, e o que se precisa dizer quanto a quão ofensivo é o ambiente moral do homem hoje em dia?
40 A tecnologia da ciência moderna tem sido aplicada à indústria moderna e ao comercialismo, e isto tem resultado em crescente poluição, que arruína o meio ambiente natural do homem. Expressam-se temores de que esta terra se torne em breve um lugar impróprio para a existência humana. E que dizer do ambiente moral do homem?
41 Adotou-se uma nova moralidade, que considera até mesmo a fornicação, o adultério e o homossexualismo com tolerância e lhes faz concessões legais. Os clérigos da cristandade refreiam-se de declarar o que a Bíblia diz contra tais coisas. De fato, muitos clérigos destacados expressaram-se publicamente a favor duma legislarão que isente pessoas imorais da punição por tais coisas impuras. Em resultado disso, as doenças venéreas continuam a aumentar, tornando-se, de fato, epidêmicas! Se isto ofende a muitas pessoas que temem a Deus, hoje em dia, como não deve ofender o próprio Deus? É tão ofensivo como quando aqueles vinte e cinco adoradores do sol, no templo de Jeová em Jerusalém, obscenamente ‘estendiam o rebento’ ao seu nariz. (Ezequiel 8:17) Deverá dar ouvidos a tais cristãos hipócritas, quando em breve clamarem a Ele? Não!
A CRISTANDADE ESTÁ CONTAMINADA COM O DEMONISMO MORTÍFERO
42. Como mostrou nossa excursão pela casa de adoração da cristandade que Jeová está justificado ao agir em breve em furor contra ela, e o que escreveu sobre ela o Cardeal Newman?
42 Jeová tem toda justificativa para ‘agir em furor’, sem compaixão, quando em breve trouxer sobre a cristandade e seus associados mundanos a “grande tribulação” com que acabará este sistema de coisas. Nossa inspeção das condições religiosas da cristandade foi tão reveladora como a que Ezequiel fez no templo poluído de Jeová em Jerusalém. Revelou que a casa de adoração da cristandade é tão contaminada com o demonismo e tão cheia dos apetrechos do demonismo, que está inseparável dele. Isto foi admitido quase cem anos atrás, por um dos clérigos famosos da cristandade. No ano 1878, o prelado católico romano, Cardeal John Newman, publicou em inglês seu livro intitulado “Ensaio Sobre o Desenvolvimento da Doutrina Cristã”. Neste ele expressou sua crença de que os primitivos cristãos professos não haviam sido contaminados com uma doença espiritual pela adoção, na sua organização religiosa, de coisas que tinham que ver com a adoração de demônios diabólicos. Por conseguinte, escreveu:
Confiando então no poder do cristianismo para resistir à infecção do mal, e para transmutar os próprios instrumentos e acessórios da demonolatria a um uso evangélico, e sentindo também que estas práticas tinham vindo originalmente de revelações primitivas e do instinto da natureza, ainda que tivessem sido corrompidas; e que tinham que inventar o que precisavam, se não usassem o que acharam; e que, além disso, possuíam os próprios arquétipos, dos quais o paganismo tentou as sombras, os governadores da igreja, desde os tempos primitivos, estavam preparados, se surgisse a ocasião, para adotar, ou imitar, ou sancionar os existentes ritos e costumes da populaça, bem como a filosofia da classe instruída.
Passando então a mostrar a origem das coisas da cristandade, ele disse:
O emprego de templos, e estes dedicados a certos santos, e enfeitados em ocasiões com ramos de árvores; incenso, lâmpadas e velas; promessas ao restabelecer-se de doenças; água benta, asilos; dias santos e estações, uso de calendários, procissões, bênçãos dos campos, vestimentas sacerdotais, a tonsura, o anel nos casamentos, o virar-se para o Oriente, imagens numa data ulterior, talvez o cantochão e o Kyrie Eleison [Senhor, tem misericórdia], são todos de origem pagã e santificados pela sua adoção na Igreja. — Páginas 355, 371, 373, da edição de 1881.
43. Como expressou o falecido Papa Pio XI a jornalistas o mesmo espírito de transigência quanto aos tratos com outros para os interesses da igreja?
43 A expressão do mesmo espírito de transigência, continuado neste século vinte, é a declaração feita a jornalistas em Roma, na Itália, pelo falecido Papa Pio XI (que faleceu em 1939):
O chefe da Igreja Católica acharia ser seu dever tratar com o próprio Diabo, sem se mencionarem quaisquer mortais que, hipoteticamente ou na realidade, fossem apenas agentes do Ditador do Diabolismo, se houvesse fundamentos razoáveis para apoiar a esperança de que tais tratos protegeriam ou promoveriam os interesses da religião entre a humanidade. — Citado por Michael Williams, no número de 21 de fevereiro de 1943 do jornal Eagle, de Brooklyn, Nova Iorque.
44, 45. Foram as expressões inspiradas e os ensinos de demônios deixados de lado pelas igrejas ortodoxas orientais e pelas protestantes? E à luz de 2 Coríntios 6:14 e 2 Cor. 7:1, que desculpa têm os professos cristãos para se contaminarem com as coisas do demonismo?
44 Nem mesmo as igrejas ortodoxas orientais e as igrejas protestantes da cristandade deixaram de lado as práticas e as “desencaminhantes pronunciações inspiradas e . . . ensinos de demônios”, que haviam de assinalar os “períodos posteriores de tempo”. (1 Timóteo 4:1) Com respeito aos israelitas dos dias do profeta Ezequiel, não havia desculpa bíblica para que adotassem os ritos e os ensinos da adoração demoníaca, proceder proibido até mesmo já na Lei de Moisés. (Deuteronômio 18:9-14) Do mesmo modo, no que se refere aos que professam ser cristãos, não há desculpa para eles se contaminarem com os ensinos, as práticas, os instrumentos e os apetrechos do demonismo, especialmente em vista da ordem apostólica:
45 “Não vos ponhais em jugo desigual com incrédulos. Pois, que associação tem a justiça com o que é contra a lei? Ou que parceria tem a luz com a escuridão? Além disso, que harmonia há entre Cristo e Belial? Ou que quinhão tem o fiel com o incrédulo: E que acordo tem o templo de Deus com os ídolos? Pois nós somos templo dum Deus vivente; assim como Deus disse: ‘Residirei entre eles e andarei entre eles, e eu serei o seu Deus, e eles serão o meu povo.’ “‘Portanto, saí do meio deles e separai-vos”, diz Jeová, “e cessai de tocar em coisa impura”’; “‘e eu vos acolherei”’. ‘“E eu serei pai para vós e vós sereis filhos e filhas para mim”, diz Jeová, o Todo-poderoso.’ Portanto, amados, visto que temos estas promessas, purifiquemo-nos de toda imundície da carne e do espírito, aperfeiçoando a santidade em temor de Deus.” — 2 Coríntios 6:14 a 7:1; Isaías 52:11; Jeremias 31:9
46, 47. Em que condição religiosa da cristandade tem resultado a desobediência a estas ordens divinas, e o que se profetiza quanto a que lhe sobrevirá, de modo que nos devemos fazer que perguntas esquadrinhadoras, e onde devemos procurar as suas respostas?
46 A desobediência a tais ordens inspiradas resultou na condição religiosa confusa e contaminada da cristandade hoje em dia. Ela está além de ajuda. Igual ao seu protótipo antigo, a antiga Jerusalém, forçosamente sofrerá a execução às mãos do Deus a quem ofendeu tanto. Profetizou-se que virá sobre ela uma “grande tribulação” que excederá até mesmo a que sobreveio a Jerusalém nos dias dos apóstolos de Jesus Cristo. (Mateus 24:15-22; Marcos 13:14-20) Em vista disso, cada um de nós é confrontado por perguntas esquadrinhadoras: Sou eu membro ativo da organização religiosa da cristandade? Ou: Simpatizo com ela e coopero com ela? Neste caso, como me afetará a “grande tribulação” que sobrevirá a ela? Há algum modo de se escapar da participação com ela naquela destrutiva “grande tribulação”? Será preservado vivo alguém que estiver no meio da cristandade, mas que não for simpatizante dela?
47 Aquilo que Jeová mostrou a Ezequiel em visão, depois de ele ter inspecionado o templo em Jerusalém, fornece as respostas a estas perguntas.
[Nota(s) de rodapé]
a Outros derivam o nome Tamuz da palavra acadiana Duzu, que é associada com a palavra sumeriana Dumuzi, significando “Filho fiel,” ou: “Broto da vida.”
b Veja a página 32 e as notas ao pé da página no livro The Two Babylons, do Dr. Alexander Hislop, edição de 1926.