Capítulo 15
O vigia permanece vivo e recebe a notícia
1. O que proveu o Criador por causa de seu grande interesse em nosso bem-estar nestes tempos dificultosos, e o que achamos disso?
NÃO devíamos ser gratos de que há um Criador que se interessa tanto no nosso bem-estar, que ele proveu um vigia para a nossa segurança nestes tempos perigosos? Temos motivos para ser gratos por esta provisão divina, em vez de ficar irritados porque o vigia nos adverte tão pronta e conscienciosamente. Ele não nos perturba desnecessariamente a paz e o descanso.
2. Que mundanos atuais mostram que não são hoje Seu vigia, por que terá Ele muitas contas a ajustar com este sistema de coisas e o que significará para nós acatarmos o seu verdadeiro vigia?
2 Cientistas, economistas, ecólogos e historiadores proclamam avisos bem fundados a este atual sistema de coisas, a respeito dum eventual desastre. Mas estes mundanos não constituem a classe do “vigia” suscitada pelo Criador do céu e da terra. Esses homens ou essas mulheres não dão avisos em nome do Criador, nem às Suas ordens. Quer nos refiramos ao ambiente natural do homem, quer nos refiramos às normas de moral e às obrigações religiosas, em todos os casos se violam as leis e os arranjos do Criador. São muitas as contas que Ele terá de ajustar com o atual sistema de coisas do homem em todo o mundo. Seu ajuste de contas, no futuro próximo, significará uma “grande tribulação” da pior espécie que já sobreveio à nossa raça. Acatarmos o Seu verdadeiro vigia significa nossa salvação.
3. Como foi prefigurado ou tipificado o “vigia” do Criador, e quando?
3 O “vigia” do Criador, para os nossos dias, foi prefigurado ou tipificado. Por quem? Pelo profeta Ezequiel, durante aqueles seis anos críticos que terminaram na primeira destruição de Jerusalém em 607 A. E. C. Ezequiel foi comissionado como profeta e vigia no ano 613 A. E. C. (Ezequiel 1:1-3; 3:17-21) Mas agora, antes de a notícia da destruição de Jerusalém chegar a ele no seu lugar de exílio em Babilônia, faz-se-lhe lembrar que ele, como vigia, é responsável pela vida do povo escolhido de Deus. Depois de registrar as mensagens que se lhe mandou transmitir contra sete nações que haviam maltratado o povo escolhido de Deus (Ezequiel, capítulos vinte e cinco até trinta e dois), o profeta escreveu:
4. Em Ezequiel 33:1-5, o que diz Jeová a, respeito de se estabelecer um vigia e sobre o caso de ouvintes desatentos do sinal de aviso da trombeta?
4 “E passou a vir a haver para mim a palavra de Jeová, dizendo: ‘Filho do homem, fala aos filhos do teu povo, e tens de dizer-lhes: “No que se refere à terra, se eu trouxer sobre ela uma espada e o povo da terra, à uma, realmente tomar um homem e o constituir seu vigia, e ele realmente vir a espada chegar sobre a terra e tocar a buzina, e avisar o povo, e o ouvinte realmente ouvir o som da buzina, mas absolutamente não se der por avisado, e vier a espada e o levar, seu próprio sangue virá a estar sobre a sua própria cabeça. Ele ouviu o som da buzina, mas não se deu por avisado. Seu próprio sangue virá a estar sobre ele mesmo. E se ele se tivesse dado por avisado, sua própria alma teria escapado.”’” — Ezequiel 33:1-5.
5. Segundo estas palavras, quem é que traz a espada sobre o país e quem assume a responsabilidade pela perda de vida, caso o ouvinte não fizer caso do vigia?
5 Observemos aqui que é Jeová quem traz a “espada” de execução de suas decisões judiciais sobre a terra em questão. Mas, mesmo que as pessoas daquela terra estabelecessem seu próprio vigia, então, do mesmo modo, o habitante da terra, que deixasse de acatar o aviso do vigia e perdesse a sua alma ou vida, teria de arcar com a responsabilidade pela sua própria morte. Isto seria justo para com o vigia.
6. O que diz Jeová no caso de um povo em perigo, cujo vigia não lhe dá o aviso?
6 “E no que se refere ao vigia”, continua Jeová, “se ele vir a espada chegar e realmente não tocar a buzina, e o povo não receber nenhum aviso, e a espada vier e lhes tirar a alma, terá de ser tirada pelo seu próprio erro, mas o seu sangue exigirei de volta da mão do próprio vigia.” — Ezequiel 33:6.
7. Mesmo que um povo mereça ser destruído, quem é responsável pela sua morte no caso de haver um vigia negligente?
7 Se um povo for destruído pelo fio da espada executora, não lhe será feita nenhuma injustiça por não ter primeiro recebido um aviso. Merece ser destruído por causa de seu próprio erro para com Deus. Mas isto não desculpa o vigia negligente. Ele tinha o dever de dar o aviso ao povo. A lei moderna chamaria sua falta de “negligência criminosa” da parte do vigia. Era certo, pois, que Jeová o considerasse devidamente responsável.
8. Quem constituiu Ezequiel em vigia, e para quem? Como se trataria a Ezequiel caso um iníquo morresse por falta de aviso, ou caso não desse atenção ao aviso de Ezequiel?
8 Jeová aplicou isso então a Ezequiel, dizendo: “E no que se refere a ti, ó filho do homem, constituí-te vigia para a casa de Israel, e da minha boca terás de ouvir a palavra e dar-lhes aviso da minha parte. Quando eu disser ao iníquo: ‘Ó iníquo, positivamente morrerás!’ mas tu realmente não falares para avisar o iníquo do seu caminho, ele mesmo morrerá como iníquo no seu próprio erro, mas o sangue dele requererei de volta da tua própria mão. Mas, no que se refere a ti, se realmente avisares o iníquo do seu caminho, para que recue dele, mas ele realmente não recuar do seu caminho, ele mesmo morrerá no seu próprio erro, ao passo que tu mesmo certamente livrarás a tua própria alma.” (Ezequiel 33:7-9) Segundo este princípio, Jeová desculpa um vigia espiritual, tal como Ezequiel, por ter cumprido com seu dever.
9. Em que se agrada Jeová, na morte do iníquo ou em que este se recupere para ter vida?
9 “E no que se refere a ti, ó filho do homem”, continua Jeová, “dizei à casa de Israel: ‘Assim é que dissestes: “Visto que as nossas revoltas e os nossos pecados estão sobre nós e estamos apodrecendo neles, então, como é que continuaremos a viver?”’ Dizei: “‘Assim como vivo” é a pronunciação do [Soberano] Senhor Jeová, “não me agrado na morte do iníquo, mas em que o iníquo recue do seu caminho e realmente continue vivendo. Recuai, recuai dos vossos maus caminhos, pois, por que devíeis morrer, ó casa de Israel?”’” — Ezequiel 33:10, 11.
10. Como abre esta atitude de Jeová uma oportunidade para nós hoje em dia, na iminência da “grande tribulação”?
10 Esta atitude divina abre para nós hoje uma oportunidade. Ele não se agrada de deixar-nos morrer na vindoura “grande tribulação”, em que executa Suas decisões judiciais sobre este sistema iníquo de coisas. Se recuarmos de nossos maus caminhos e nos esforçarmos a viver da maneira delineada na Sua Palavra, ele nos salvará da execução. (Mateus 24:21, 22) Jeová declara a seguir que os antecedentes da pessoa iníqua não serão tidos contra ela:
11. Como expressa Jeová a questão para mostrar que os antecedentes da pessoa não seriam tomados em conta, nem contra ela nem a favor dela?
11 “E quanto a ti, ó filho do homem, dizei aos filhos do teu povo: ‘Nem a justiça do justo o livrará no dia da sua revolta. Mas no que se refere à iniqüidade do iníquo, não se fará que tropece [e caia na morte] por causa dela no dia em que recuar da sua iniqüidade. Tampouco poderá ficar vivo aquele que tiver justiça, por causa dela, no dia em que pecar. Quando eu disser ao justo: “Positivamente continuarás vivendo”, e ele mesmo realmente confiar na sua própria justiça e fizer injustiça, todos os seus próprios atos justos não serão lembrados, mas, pela sua injustiça que fez — por esta é que morrerá.’” — Ezequiel 33:12, 13.
QUANDO OS ANTECEDENTES NÃO CONTAM
12. No caso do iníquo, como explica Jeová que o que conta é aquilo que a pessoa realmente é na ocasião da execução do julgamento?
12 Não importa quais os antecedentes de alguém na vida, é aquilo que realmente fizer no tempo devido da execução do julgamento divino que conta perante Deus. Por isso, ele prosseguiu, dizendo: “E quando eu disser ao iníquo: ‘Positivamente morrerás’, e ele realmente recuar do seu pecado e praticar o juízo e a justiça, e o iníquo restituir a própria coisa penhorada [pelo devedor, à noitinha,] e devolver as próprias coisas roubadas, andando realmente nos próprios estatutos da vida por não fazer injustiça, positivamente continuará vivendo. Não morrerá. Nenhum dos seus pecados com que pecou será lembrado contra ele. Juízo e justiça é o que praticou. Ele positivamente continuará vivendo.” — Ezequiel 33:14-16.
13. O que significa “andar nos próprios estatutos da vida”, tanto com referência aos dias de Ezequiel como nos nossos?
13 Tal tratamento de pecadores — quão clemente é da parte de Jeová! No seu tempo da execução do julgamento contra uma nação ou organização injusta, Ele não permite que o pecador regenerado seja morto, mas permite-se que este poupado continue a viver, andando “nos próprios estatutos da vida”, até a sua morte natural. Nos dias de Ezequiel, tal andar significava obedecer à lei de Deus dada a Israel no monte Sinai, mediante o mediador Moisés. Mas nos nossos dias, dezenove séculos depois da morte sacrificial de Jesus Cristo como o “Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo”, andar um pecador regenerado “nos próprios estatutos da vida” significa aceitar ele o sacrifício resgatador do Cordeiro Jesus Cristo e andar nas suas pegadas como verdadeiro cristão. — João 1:29, 36; 1 Pedro 2:21.
14. Em harmonia com isso, o que se diz sobre a “grande multidão” em Revelação 7:9-15?
14 É por isso que se diz a respeito da “grande multidão” de adoradores que sobreviverão à “grande tribulação” e entrarão no novo sistema justo de coisas de Deus: “Estes são os que saem da grande tribulação, e lavaram as suas vestes compridas e as embranqueceram no sangue do Cordeiro. É por isso que estão diante do trono de Deus; e prestam-lhe serviço sagrado, dia e noite no seu templo; e o que está sentado no trono [Deus] estenderá sobre eles a sua tenda.” — Revelação 7:9-15.
15, 16. O que diziam os israelitas a respeito do caminho de Jeová, mas o que disse Ele para esclarecer o acerto de Seu caminho?
15 O que diremos de tal arranjo divino? Que Deus não acertou bem as coisas? Dizer isso seria fazer o mesmo que os israelitas nos dias de Ezequiel. Isto é o que Jeová disse a Ezequiel a respeito deles: “E os filhos do teu povo disseram: ‘O caminho de Jeová não é acertado’, mas, no que se refere a eles, é o caminho deles que não é acertado.” (Ezequiel 33:17) Jeová passou então a esclarecer o acerto de seu caminho nos tratos com seu povo no tempo da execução do julgamento, acrescentando:
16 “Quando o justo recuar da sua justiça e realmente fizer injustiça, então terá de morrer por tais atos. E quando o iníquo recuar da sua iniqüidade e realmente praticar o juízo e a justiça, será por causa deles que ele mesmo continuará vivendo.” — Ezequiel 33:18, 19.
17. O que conta perante Jeová no dia do julgamento, no que se refere ao proceder duma pessoa justa?
17 O que conta perante Deus é a situação final da pessoa, não a espécie de pessoa, boa ou má, que foi no passado. Se o dia da execução do julgamento de Jeová encontrar que uma pessoa anteriormente justa recuou para a iniqüidade e continuou nela, então terá de sofrer a pena pelo pecado.
18. Em contraste, o que se dá no caso do iníquo, e o que há de desacertado no modo de Jeová agir assim?
18 Entretanto, se a chegada do dia de julgamento achar que alguém anteriormente iníquo se arrependeu e se voltou para fazer o que é direito aos olhos de Jeová, e que continuou neste proceder, ele não sofrerá a execução, em recompensa de se arrepender, regenerar e aderir à justiça. Jeová disse que ele não tem prazer na morte do iníquo em execução. Deleita-se no arrependimento e na regeneração dos iníquos, porque isto significa que Ele pode poupá-los e deixá-los viver em justiça, para o louvor de Jeová. Quando Jeová pune ou recompensa alguém segundo o que ele é no dia da execução do julgamento, segundo as normas divinas do que é certo e do que é errado, não há desacerto nisso, ou há? Portanto, na vindoura “grande tribulação”, não podemos esperar que valha para nós o nosso proceder passado, se tiver sido apenas justo aos nossos próprios olhos.
19. Assim como os antigos israelitas, por que não devemos apegar-nos à nossa própria maneira de pensar quanto ao caminho de Jeová e, portanto, de que dependerá no dia do julgamento a decisão desejável a nosso respeito?
19 Sabendo que Seu modo de tratar do julgamento é acertado, Jeová passará a agir em harmonia com isso. Por isso advertiu os israelitas sobre isso, dizendo: “E vós dissestes: ‘O caminho de Jeová não é acertado.’ Será segundo o caminho de cada um de vós que vos julgarei, ó casa de Israel.” (Ezequiel 33:20) Portanto, não consideremos o caminho de Deus como desacertado, apegando-nos assim ao nosso próprio modo errado de pensar. Seus caminhos são mais altos do que os nossos caminhos, e seus pensamentos são mais altos do que os nossos. (Isaías 55:8, 9) Jeová nos julgará, cada um em base individual, segundo aquilo em que nossos caminhos resultarem para nós no Seu tempo de executar suas decisões judiciais. Tomara que a sua decisão, nesta ocasião, seja para que ‘continuemos vivendo’! Reconheçamos agora que tudo isso depende dos atos de cada um de nós durante o que resta deste “ano de boa vontade da parte de Jeová”. — Isaías 61:1, 2; 2 Coríntios 6:1, 2.
O FUGITIVO CHEGA COM A NOTÍCIA DE TESTEMUNHA OCULAR
20. Até que data mostrara Ezequiel ser vigia vocal para a casa de Israel, e por que sobreviveu ele à destruição de Jerusalém e à perda de vida nela até a chegada da notícia?
20 O profeta Ezequiel mostrou ser vigia oral fiel para a casa de Israel. Até o dia dez do décimo mês lunar do ano 609 A. E. C., quando começou o sítio de Jerusalém pelos babilônios, ele havia proclamado corajosamente a advertência de Jeová aos israelitas ameaçados pelo desastre. A destruição da cidade rebelde, depois de dezoito meses de sítio intensificado, causou a morte de um número não especificado de judeus sitiados. A perda de vidas deve ter sido grande. Mas Jeová não pôde requerer de volta, da mão de Ezequiel, nem mesmo a vida de um só dos muitos mortos. O sangue deles recaiu sobre a sua própria cabeça, porque se haviam negado a prestar atenção ao aviso dado pelo vigia Ezequiel. Em resultado, Ezequiel permaneceu vivo e recebeu finalmente a notícia que provou que seus avisos como vigia não haviam sido sem base, sem fundamento. Ele nos conta:
21, 22. Quando chegou a notícia, que efeito teve no que se referiu a Jeová e a Ezequiel, e quanto tempo esteve o fugitivo em caminho até entregar a notícia?
21 “Por fim aconteceu no décimo segundo ano, no décimo mês, no quinto dia do mês de nosso exílio, que chegou a mim o fugitivo de Jerusalém, dizendo: ‘A cidade foi golpeada!’” — Ezequiel 33:21.
22 Vindicado! Jeová, Inspirador das profecias a respeito da calamidade de Jerusalém, estava vindicado! Ezequiel, vigia e proclamador destas profecias, estava vindicado! Quão emocionante não deve ter sido o momento em que o fugitivo, vindo duma distância de cerca de oitocentos quilômetros, trouxe a notícia não inesperada: “A cidade foi golpeada!” Era o quinto dia do décimo mês (tebete) do décimo segundo ano do exílio de Ezequiel em Babilônia. Há oito manuscritos hebraicos, além da versão siríaca e de alguns manuscritos da Versão dos Setenta grega que dizem “Décimo primeiro ano” em vez de “décimo segundo ano”. Isto significaria que o fugitivo de Jerusalém chegou durante a segunda metade de dezembro do ano 607 A. E. C. Visto que 2 Reis 25:2-4 nos diz que Jerusalém foi golpeada ou sofreu brecha por parte dos babilônios no nono dia do quarto mês (tamuz) do décimo primeiro ano do reinado do Rei Zedequias, mas do exílio de Ezequiel, isto significa que o fugitivo chegou seis meses depois de Jerusalém ter sido arrombada e capturada pelos babilônios. O tempo seria o mesmo, se contarmos o décimo segundo ano, conforme alguns fazem, a partir do Ano Novo judaico em 1.º de tisri de 607 A. E. C.
23. Ao se receber a notícia da destruição mundial da cristandade, o que será confirmado a respeito da classe ungida de Ezequiel, e quem será responsabilizado então por toda a perda de vidas?
23 Quão emocionante será o momento, durante a vindoura “grande tribulação” deste sistema de coisas, quando chegar a notícia autêntica, de todas as partes da terra, que a antitípica Jerusalém, a cristandade, caiu às mãos das forças executoras de Jeová! Isto servirá de vindicação para os da classe hodierna de Ezequiel, confirmando que não foram falso profeta, mas uma classe de “vigia” fiel ao proclamarem os avisos de Jeová à cristandade. O sangue dos clérigos e de outros aderentes da cristandade, que perderem a vida nesta ocasião, recairá sobre a sua própria cabeça. Visto que se negaram a acatar o aviso dado, seu sangue não será requerido de volta por Jeová da mão de seu “vigia” designado, a classe ungida de Ezequiel. A cristandade perecerá por causa de seu próprio erro. Jeová a julgará segundo o próprio proceder hipócrita e sanguinário dela.
24, 25. Como foi Ezequiel preparado de antemão para ouvir a notícia?
24 O antigo profeta Ezequiel estava preparado de antemão para ouvir a notícia que para o judeu ou israelita comum deve ter sido confrangedora. Lembremo-nos de que o dia judaico começava ao pôr-do-sol, à noitinha, ao lermos agora o que Ezequiel nos diz:
25 “Ora, a própria mão de Jeová viera a estar sobre mim na noitinha antes da chegada do fugitivo, e Ele passou a abrir-me a boca antes de aquele chegar a mim de manhã, e minha boca foi aberta e mostrou-se que eu não estava mais mudo.” — Ezequiel 33:22.
26. Para se harmonizar com o sítio de Jerusalém, quanto tempo durou a mudez de Ezequiel, e por que escolheu Jeová prover o relatório duma testemunha ocular em vez de um relatório inspirado?
26 De modo que a mudez de Ezequiel no que se referia a ele profetizar a respeito da Jerusalém condenada durou mais do que os dezoito meses do sítio de Jerusalém. Sua mudez havia começado após ter sido avisado milagrosamente, por inspiração, do sítio de Jerusalém no mesmo dia em que começou. Sua mudez não terminou por uma comunicação milagrosa no dia em que Jerusalém foi “golpeada” pelos babilônios. Sua mudez continuou depois deste acontecimento até que tivesse confirmação pela notícia trazida por uma testemunha ocular, humana, que havia escapado, cuja notícia seria menos questionável por parte dos co-exilados de Ezequiel do que uma notícia inspirada dada ao profeta. Mas Jeová sabia que o fugitivo estava perto do fim de sua fuga e estava prestes a dar a notícia, e por isso, na noitinha do dia da sua chegada, Jeová falou a Ezequiel do ponto de vista de que Jerusalém já havia sido destruída e que ainda havia alguns sobreviventes na terra de Judá. Ezequiel escreveu, então, neste sentido:
27. O que mandou Jeová que Ezequiel dissesse aos judeus sobreviventes na terra de Judá após a queda de Jerusalém a respeito da posse da terra?
27 “E começou a vir a haver para mim a palavra de Jeová, dizendo: ‘Filho do homem, os habitantes destes lugares devastados estão dizendo até mesmo a respeito do solo de Israel: “Abraão veio a ser apenas um, e assim mesmo tomou posse do país. E nós somos muitos; o país nos foi dado como possessão.” Portanto, dize-lhes: “Assim disse o [Soberano] Senhor Jeová: ‘Continuais a comer com sangue e os vossos olhos continuam a levantar-se para os vossos ídolos sórdidos e continuais a derramar sangue. Portanto, deveis vós possuir o país? Dependestes da vossa espada. Fizestes uma coisa detestável e aviltastes, cada um, a esposa de seu companheiro. Portanto, deveis vós possuir o país?”’” — Ezequiel 33:23-26.
28. De que ainda eram culpados os sobreviventes que não haviam sido deportados pelos babilônios, e que conceito a respeito da queda de Jerusalém mostraram seus comentários sobre o país?
28 Isto mostra que os judeus que não haviam sido deportados pelos babilônios, mas que ainda tinham permissão para ficar no país, não tinham sido corretamente afetados pela destruição de Jerusalém. Não a haviam encarado como expressão da condenação deles por Deus e por isso não se haviam arrependido de suas violações da lei Dele. Ainda continuavam a comer carne animal da qual não se drenara o sangue, segundo a lei de Deus; ainda praticavam a adoração falsa de ídolos detestáveis, ídolos sujos de esterco; ainda cometiam o ato detestável do adultério, violando até mesmo a esposa de seu próximo. Para Jeová não importava que fossem muitos em comparação com seu antepassado, o patriarca Abraão, a quem Jeová havia prometido a terra. (Gênesis 12:1-7) Visto que não se desviavam arrependidos de seus caminhos maus, não mereciam continuar de posse da terra. (Jeremias 42:1 a 44:25) Apenas números não contavam perante Jeová; o que valia era a obediência à sua lei!
COMPLETAR-SE-IA A DESOLAÇÃO DA TERRA
29. A que estado físico ficaria reduzido o país e como faria Jeová isso? Para que fim?
29 Jeová tornou claro que os pecadores impenitentes e não deportados seriam privados do uso da terra dada por Deus, pois ele disse então a Ezequiel: “Deves dizer-lhes o seguinte: ‘Assim disse o [Soberano] Senhor Jeová: “Assim como vivo, os que estão nos lugares devastados seguramente cairão pela própria espada; e aquele que está na superfície do campo, este hei de entregar às feras por alimento; e os que estão nos fortes e nas cavernas morrerão da própria peste. E eu farei realmente da terra um baldio desolado, sim, uma desolação, e terá de fazer-se cessar o orgulho da sua força e terão de ser desolados os montes de Israel, sem que alguém passe por eles. E terão de saber que eu sou Jeová, quando eu fizer da terra um baldio desolado, sim, uma desolação, por causa de todas as suas coisas detestáveis que fizeram.”’” — Ezequiel 33:27-29.
30. Que decreto a respeito da desolação da terra não devia ser desprezado, e quando entrou em vigor este decreto divino?
30 O decreto de Jeová não devia ser desprezado. Ele havia decretado que a terra do Reino de Judá ficasse completamente desolada de homem e animal doméstico, sem que mesmo alguém passasse pela terra desolada, por medo de ela ser assombrada por demônios. Devia jazer desolada assim pelo pleno período de setenta anos, para que a terra dada por Deus usufruísse um período sabático, para compensar todos os anos sabáticos que os judeus não haviam guardado com respeito à terra. (2 Crônicas 36:17-23; veja Daniel 9:1, 2; Jeremias 9:11; 26:9; 32:43; 33:10-12; 34:22.) Por conseguinte, aqueles desafiadores do decreto de Jeová tinham de ser expulsos, e foram expulsos. A desolação completa da terra de Judá começou no sétimo mês do ano da destruição de Jerusalém, por volta de 4/5 de outubro do ano 607 A. E. C. (2 Reis 25:18-26) Quaisquer fugitivos judeus que quisessem retomar a terra antes do fim dos setenta anos de desolação completa foram impedidos disso. — Jeremias 52:24-30.
31. Correspondentemente, o que sobrevirá à cristandade e o que terão de saber os elementos seculares deste sistema de coisas antes de sua própria destruição?
31 Correspondentemente, em nossos dias, o domínio, sim, o lugar ocupado pela cristandade neste sistema mundano de coisas ficará completamente desolado, sem quaisquer instituições religiosas remanescentes nele. Diante da chamada parte pagã de Babilônia, a Grande, a cristandade deixará de ser a parte dominante deste império mundial da religião babilônica, falsa. Os elementos seculares do atual sistema mundial de coisas olharão para o vácuo deixado por ela, bem como pelo resto de Babilônia, a Grande, mas não a verão mais durante o breve período antes de estes próprios sistemas seculares serem aniquilados na “grande tribulação” mundial em que todo o sistema terá um fim violento. A cristandade nunca colocou devidamente o nome de Deus diante destes elementos seculares. Portanto, em vista do que os da classe ungida de Ezequiel têm proclamado por muito tempo em todo o mundo, estes elementos seculares forçosamente terão de obter o conhecimento prescrito para eles na fórmula repetidas vezes declarada: “Terão de saber que eu sou Jeová.”
OUVINTES ENLEVADOS, MAS NÃO FAZEDORES
32, 33. Que observações fez Jeová a respeito das palavras e das atitudes do povo para com Ezequiel, quem enfrenta hoje uma reação similar das pessoas e o que saberão as pessoas quando se cumprirem as coisas?
32 Conforme é bem conhecido, os da moderna classe de Ezequiel, os do restante ungido das testemunhas cristãs de Jeová, são assunto de muitas discussões entre as pessoas tanto dentro como fora da cristandade. Mas as pessoas, em geral, reagem para com eles do mesmo modo como os co-exilados de Ezequiel, em Babilônia, para com ele e sua profecia, antes de receberem com impacto atordoador a notícia da destruição de Jerusalém. Jeová observou os exilados e disse:
33 “E quanto a ti, ó filho do homem, os filhos do teu povo estão falando uns aos outros a teu respeito junto às paredes e nas entradas das casas, e um falou ao outro, cada um ao seu irmão, dizendo: ‘Vinde, por favor, e ouçamos qual é a palavra procedente de Jeová.’ E eles entrarão chegando a ti, como a entrada do povo, e se assentarão diante de ti como o meu povo; e certamente ouvirão as tuas palavras, mas não as porão em prática, porque com a sua boca expressam desejos sensuais e seu coração vai atrás de seu lucro injusto. E eis que tu és para eles como uma canção de amores sensuais, como alguém com voz bonita e que toca bem um instrumento de cordas. E certamente ouvirão as tuas palavras, mas não há quem as ponha em prática. E quando isso se cumprir — eis que tem de se cumprir — então terão de saber que foi um profeta que veio a estar no meio deles.” — Ezequiel 33:30-33.
34. Como se enquadram as pessoas de hoje na descrição dada por Jeová e como mostram elas que querem apenas ser divertidas pelos da classe ungida de Ezequiel e pelos colaboradores cristãos deles?
34 Quer na sombra de paredes, quer nas portas de seus lares, quer em outra parte, as pessoas palestram e conversam às vezes depois da visita dos da classe de Ezequiel e da “grande multidão” de seus colaboradores cristãos, que vão de casa em casa pregando o reino messiânico de Deus e a “terminação do sistema de coisas”. (Mateus 24:3-14; Revelação 7:9-17) Muitos, mesmo muitos dos ainda relacionados com a cristandade, farão muitos elogios bonitos às testemunhas cristãs de Jeová. Talvez venham até mesmo às grandes reuniões públicas destas testemunhas ou providenciem que se façam com eles estudos bíblicos domiciliares, convidando vizinhos ou parentes a participar com eles no estudo. Gostam do que ouvem e da franqueza da mensagem divina, e ouvem-na respeitosamente. Mas deixam o assunto no ar; não chegam a nenhuma decisão favorável e ativante para com Jeová. Gostam de ser apenas entretidos pela mensagem apoiada pela Bíblia. Preocupam-se em não parecer flagrantemente irreligiosos, para não se expor a ser acusados de comunistas ateus.
35. Com que clamor da parte da cristandade talvez se perturbem tais pessoas, e de que decisão com sua conseqüente ação se refreiam?
35 Talvez se perturbem com o clamor da cristandade, de que as testemunhas cristãs de Jeová são “falsos profetas”! Talvez não se convençam plenamente de que elas são porta-vozes verazes de Jeová, o Soberano Senhor. Se chegassem à conclusão de que se tratava de porta-vozes autênticos, isso os obrigaria a fazer algo de positivo neste respeito. Isto significaria que devem parar de se apegar ao desejo sensual e de se empenhar de todo o coração na procura de lucro injusto.
36. Que proceder melhor devemos adotar agora, dessemelhantes daquelas pessoas, e de que valor será o conhecimento imposto às pessoas quando se cumprir o que se falou?
36 Nenhum de nós deve querer ser igual a estes indecisos e impassíveis! É melhor saber agora, do que quando for tarde demais, que há uma classe autenticamente profética de cristãos entre nós, e aceitar a mensagem bíblica e agir segundo ela, “não como [sendo] a palavra de homens, mas, pelo que verazmente é, como a palavra de Deus”. (1 Tessalonicenses 2:13) A respeito da mensagem fielmente transmitida pelos da classe de Ezequiel, Jeová declarou positivamente que isto “tem de se cumprir”. Ele afirma que os que esperam indecisos para que ‘se cumpra’ também “terão de saber que foi um profeta que veio a estar no meio deles”. (Ezequiel 33:33) Tal conhecimento retardado, porém, não significará salvação para eles, porque encontrará seu coração e seu proceder nada mudados.
37. O que se ganhará com a hesitação e a dúvida até o fim, e qual é o proceder de sabedoria e de fé da nossa parte, em vista de que perspectiva?
37 O que se ganha com a hesitação e a dúvida até o fim quanto a Jeová poder suscitar e ter suscitado um “profeta” genuíno dentro de nossa geração? Certamente, ninguém obterá o favor divino e a proteção dele necessários durante a “grande tribulação” que rapidamente se aproxima para a cristandade e o restante de Babilônia, a Grande. Se o nosso proceder há de ser o de sabedoria e fé, então, com a Bíblia na mão, acataremos a advertência do verdadeiro vigia de Jeová e nos refugiaremos no lugar indicado por Jeová na Sua Palavra. Daí, quando o vigia profético de Jeová receber a notícia de que a cristandade foi golpeada, nós, junto com o vigia fiel, continuaremos a viver através da destruição de todo o império mundial da religião falsa e de seus amantes seculares, mas com que perspectiva diante de nós? Com a perspectiva de usufruir todas as indizíveis coisas boas que Jeová tem em reserva para os seus adoradores no novo sistema justo de religião pura.