TEMPLO
[Heb., hehkhál, templo, palácio; gr., hierón, templo; ,naós, santuario, uma morada (especificamente, dum deus), templo]. As Escrifuras descrevem varios templos, literais, visionários e simbólicos, os principais sendo os templos construidos por (1) Salomão, 2) Zorobabel, (3)Herodes, o Grande, (4) o templo visionário de Ezequiel, e (5) o templo espiritual.
O TEMPLO DE SALOMÃO
O Rei Davi sentia forte desejo de construir uma casa para Jeová, a fim de abrigar a Arca do pacto, que estava “morando no meio de panos de tenda”. Jeová se agradou da proposta de Davi, mas lhe disse que, devido a que ele tinha derramado muito sangue na guerra, o filho dele (Salomão) seria o privilegiado a fazer tal construção. Isto não queria dizer que Deus não aprovava as guerras que Davi travara a favor do nome de Jeová e de Seu povo. Mas, o templo devia ser edificado em paz, por um homem de paz, prefigurando o grande Edificador do Templo e Príncipe da Paz, Jesus Cristo. — 2 Sam. 7:1-16; 1 Reis 5:3-5; 8: 17; 1 Crô. 17:1-14; 22:6-10.
Operários
O Rei Salomão começou a edificar o templo no quarto ano de seu reinado (1034 AEC), no segundo mês, zive, seguindo o plano arquitetônico que Davi recebera mediante inspiração. (1 Reis 6:1; 1 Crô. 28:11-19) Em troca de trigo, cevada, azeite e vinho, Hirão, o rei de Tiro, forneceu a madeira do Líbano e operários especializados em madeira e em pedra, e um perito especial, também chamado Hirão, cujo pai era tírio e cuja mãe era uma israelita da tribo de Naftali. Este homem trabalhava otimamente com ouro, prata, cobre, ferro, madeira, pedras e tecidos. — 1 Reis 5: 8-11, 18; 7:13, 14, 40, 45; 2 Crô. 2:13-16.
Ao organizar tal trabalho, Salomão convocou 30.000 homens de Israel, enviando-os ao Líbano em turmas de 10.000 por mês, gozando duma permanência de dois meses em casa, entre as escalas de trabalho. (1 Reis 5:13, 14) Como carregadores, convocou 70.000 dentre os “residentes forasteiros” do pais, e, como cortadores, 80.000. (1 Reis 5:15; 9:20, 21; 2 Crô. 2:2) Como capatazes do trabalho, Salomão nomeou 550 homens e, pelo que parece, 3.300 como ajudantes. (1 Reis 5:16; 9:22, 23) Parece que, dentre estes, 250 eram israelitas, e 3.600 eram “residentes forasteiros” em Israel. — 2 Crô. 2:17, 18.
Dimensão do “côvado” empregado
Na consideração feita a seguir das medidas dos três templos construídos por Salomão, Zorobabel e Herodes, calcularemos as mesmas à base do côvado de c. 44, 5 cm. No entanto, é possível que utilizassem o côvado longo, de c. 52 cm (ou, mais precisamente, 51, 8 cm). — Compare com 2 Crônicas 3:3 (em que se menciona um “comprimento em côvados, segundo a medida anterior“, esta talvez sendo uma medida mais comprida do que o côvado que veio a ser comumente utilizado), e Ezequiel 40:5; veja CÔVADO.
O plano e os materiais
O templo, uma magnífica estrutura, seguia o plano geral do tabernáculo. O Santo e o Santíssimo tinham as mesmas proporções, mas suas dimensões internas eram o dobro das do tabernáculo. O Santo tinha 40 côvados (c. 17, 80 m) de comprimento e 20 côvados (c. 8, 90 m) de largura e de altura. O Santíssimo era um cubo de 20 côvados (c. 8, 90 m) de cada lado. (1 Reis 6: 20; 2 Crô. 3:8) Adicionalmente, havia câmaras no teto que tinham aproximadamente 10 côvados (c. 4, 45 m) de altura, uma vez que o prédio atingia uma altura de 30 côvados (e. 13, 35 m). (1 Reis 6:2; 1 Crô. 28:11) Havia também outros prédios ao redor, contendo câmaras de armazenagem, refeitórios, etc. — 1 Reis 6:4-6, 10.
Os materiais empregados eram, primariamente, a pedra e a madeira. Os pisos destes aposentos eram revestidos de junípero, e as paredes internas eram de cedro gravadas com entalhes de querubins, palmeiras e flores; as paredes e o teto eram inteiramente revestidos de ouro. (1 Reis 6:15, 18, 21, 22, 29) As portas do Lugar Santo (na entrada do templo) eram feitas de junípero, esculpido e recoberto de folha de ouro. (1 Reis 6:34, 35) Portas de madeira da árvore oleaginosa, igualmente esculpidas e revestidas de ouro, davam entrada para o Santo e o Santíssimo. Não importando qual fosse a posição exata delas, tais portas não substituíam plenamente o arranjo de cortinas que estava em uso no tabernáculo. (Compare com 2 Crônicas 3:14.) Dois gigantescos querubins de madeira da árvore oleaginosa, revestidos de ouro, ocupavam o Santíssimo.
Sob estes foi colocada a Arca do pacto. — 1 Reis 6:23-28, 31-33 ; 8:6; veja QUERUBIM.
Todos os utensílios do Lugar Santo eram de ouro: o altar do incenso e a mesa dos pães da proposição, e os dez candelabros, junto com seus complementos. Junto da entrada do Lugar Santo (o primeiro compartimento), erguiam-se duas colunas de cobre, chamadas “Jaquim” e “Boaz”. (1 Reis 7:15-22, 48-50; veja BOAZ, II.) O pátio era construído de pedra e cedro de excelente qualidade. (1 Reis 6:36) Os acessórios que havia no pátio, o altar do sacrifício, o grande “mar de fundição”, dez carrocins para bacias d’água, e outros utensílios, eram feitos de cobre. — 1 Reis 7:23-47.
Todos os utensilios do Lugar Santo eram de ouro: o altar do incenso e a mesa dos pães da proposição, e os dez candelabros, junto com seus complementos. Junto da entrada do Lugar Santo (o primeiro compartimento), erguiam-se duas colunas de cobre, chamadas“Jaquim“ e “Boaz“. (1 Reis 7:15-22, 48-50; veja BOAZ, II.) O pátio era construído de pedra e cedro de excelente qualidade. (1 Reis 6:36)
Os acessórios que havia no pátio, o altar do sacrifício, o grande “mar de fundição’, dez carrocins para bacias d’agua, e outros utensillos, eram feitos de cobre. — 1 Reis 7:28-47.
Notável caracteristica da construção deste templo era que toda a pedra havia sido cortada na pedreira, de modo a ajustar-se perfeitamente no local do templo.
“Quanto a martelos e machados, ou a quaisquer outros instrumentos de ferro, não eram ouvidos na casa, enquanto estava sendo construída.“ (1 Reis 6:7) O trabalho foi concluído em sete anos e meio (desde a primavera setentrional de 1034 AEC até o outono setentrional [bul, o oitavo mês] de 1O27 AEC). — 1 Reis 6:1, 38.
Inauguração
No sétimo mês, etanim, pelo visto do décimo segundo ano do reinado de Salomão (1026 AEC), Salomão congregou os homens de Israel em Jerusalém para a inauguração do templo e a Festividade das Barracas. O tabernáculo, com seu mobiliário sagrado, foi trazido, e a Arca do pacto foi colocada no Santíssimo. Nisto, a nuvem de Jeová encheu o templo. Salomão então abençoou a Jeová e a congregação de Israel, e, de pé numa tribuna especial diante do altar de cobre do sacrifício, ofereceu longa oração, louvando a Jeová e suplicando sua benevolência e misericórdia a favor daqueles que se voltassem para Ele, visando temê-lo e servi-lo, quer fossem israelitas, quer estrangeiros. Grandioso sacrificio de 22.000 bovinos e 120.000 ovinos foi oferecido. A inauguração demorou sete dias, e a Festividade das Barracas sete dias, após o que, no dia 23 daquele mês, Salomão mandou que o povo voltasse para casa, alegre e agradecido pela bondade e generosidade de Jeová. (1 Reis, cap.8; 2 Crô. 5:1 a 7:10) Este templo perdurou até ser destruído pelo exército babilônio, sob o Rei Nabucodonosor, em 607 AEC. — 2 Reis 25:9; 2 Crô. 36:19; Jer. 52:13.
O TEMPLO CONSTRUÍDO POR ZOROBABEL
No entanto, conforme predito por Isaías, profeta de Jeová, Deus suscitou a Ciro, rei da Pérsia, como libertador de Israel do poderio de Babilônia. (Isa. 45:1) Jeová também estimulou seu próprio povo, sob a liderança de Zorobabel, da tribo de Judá, a retornar a Jerusalém com o fito de reconstruir o templo, em 537 AEC, depois de setenta anos de desolação, conforme Jeremias predissera. (Esd. 1:1-6; 2:1, 2; Jer. 29:10) Esta estrutura, embora não fosse nem de longe tão gloriosa quanto o templo de Salomão, durou por mais tempo, permanecendo por quase 500 anos, de 515 AEC até bem em fins do primeiro século AEC. (O templo construído por Salomão servira por c. 420 anos, de 1027 até 607 AEC.)
No sétimo mês (etanim ou tisri) do ano de 537 AEC, ergueu-se o altar, e, no ano seguinte, foi lançado o alicerce dum novo templo. Como Salomão havia feito, ós construtores contrataram sidônios e tírios para trazer cedros do Líbano. (Esd. 3:7) A construção progrediu por c. 15 anos até que foi oficialmente proscrita pelo rei da Pérsia, em virtude de acusações escritas ao rei por oponentes, especialmente os samaritanos. — Esdras, cap. 4.
Os edificadores do templo se debilitaram, porém Jeová enviou seus profetas Ageu e Zacarias para incitá-los a renovar seus esforços, e, no segundo ano de Dario I (520/ 519 AEC), expediu-se um decreto apoiando o edito original de Ciro, e ordenando que, a fim de fornecer o que os edificadores e os sacerdotes precisavam, fossem supridas certas importâncias do tesouro real. (Esd. 5:1, 2; 6:1-12) A construção foi prontamente reiniciada e a casa de Jeová foi concluída no dia 3 de adar do sexto ano de Dario (provavelmente por volta de 5/ 6 de março de 515 AEC), após o que os judeus inauguraram o templo reconstruído e celebraram a Páscoa. — Esd. 6:13-22.
Pouco se sabe dos pormenores do projeto arquitetônico deste segundo templo. O decreto de Ciro autorizava a construção de certa estrutura, “sendo sua altura de sessenta côvados [c. 26, 70 m], sua largura sessenta côvados, com três camadas de pedras roladas ao lugar e uma camada de madeiramento”. Não se declara o seu comprimento. (Esd. 6:3, 4) Possuía refeitórios e salas de armazenagem, e, sem dúvida, tinha câmaras no teto, e, possivelmente, outros prédios estavam conectados com ele, seguindo as mesmas linhas que o templo de Salomão. Pelo visto, era menos magnífico, contudo, pois alguns daqueles judeus retornados, que haviam visto o anterior templo, o reputavam frivolamente “como nada” aos seus olhos, a título de comparação. — Ageu 2:3.
Este segundo templo não continha a Arca do pacto, que parece ter desaparecido antes de Nabucodonosor capturar e saquear o templo de Salomão, em 607 AEC. Segundo o relato do livro apócrifo de Primeiro Macabeus (1:21-24, 57 ; 4:38, 44-51) havia um único candelabro nele, em vez dos dez que havia no templo de Salomão; mencionam-se o altar de ouro, a mesa dos pães da proposição e os vasos, bem como o altar da oferta queimada que, em vez de ser de cobre, como era o altar no templo de Salomão, é descrito aqui como sendo de pedra. Este altar, depois de ser maculado pelo Rei Antíoco Epifânio (em 168 AEC), foi reconstruído com pedras novas sob a direção de Judas Macabeu. O registro de Neemias revela que este templo continha salas de armazenagem e refeitórios. — Nee. 13:4, 5, 9.
O TEMPLO CONSTRUÍDO POR HERODES
Este templo não é descrito em pormenores nas Escrituras. A fonte primária de informações é Josefo, que viu pessoalmente tal estrutura, e que relata sobre a construção dela em suas obras Wars of the Jews (Guerras Judaicas) e Antiquities of the Jews (Antiguidades Judaicas). A Míxena judaica fornece algumas informações, e alguns dados são obtidos da arqueologia. Por conseguinte, a descrição aqui feita provém destas fontes, que, em alguns casos, podem estar sujeitas a dúvidas.
Josefo afirma, em certo lugar (Wars of the Jews, Livro I, cap. XXI, par. 1), que Herodes reconstruiu o templo no décimo quinto ano de seu reinado, mas, em Antiquities of the Jews (Livro XV, cap. XI, par. 1), ele afirma que foi no décimo oitavo ano. Esta última data é geralmente aceita pelos peritos, embora o início do reinado de Herodes, ou como Josefo o calculou, não seja confirmado com absoluta certeza. O próprio santuário levou dezoito meses para ser construído, mas os pátios, etc., estavam sendo construídos durante oito anos. Quando certos judeus se acercaram de Jesus Cristo, em 30 EC, dizendo: “Este templo foi construído em quarenta e seis anos” (João 2:20), tais judeus falavam, aparentemente, sobre a obra que prosseguia no complexo dos pátios e dos prédios até então. Tal obra não foi concluída até cerca de seis anos antes da destruição do templo em 70 EC.
Os judeus, por causa do seu ódio e de sua desconfiança para com Herodes, não lhe permitiram reconstruir o templo, como ele se propunha fazer, até que ele conseguiu ter tudo pronto para o novo prédio. Pela mesma razão, não consideraram este templo como o terceiro, mas apenas como um templo reconstruído, mencionando só o primeiro e o segundo templos (de Salomão e de Zorobabel).
Quanto às medidas fornecidas por Josefo, o Dictionary of the Bible (Dicionário da Bíblia), de Smith, afirma: “Suas dimensões horizontais são tão minuciosamente exatas que nós quase que suspeitamos de que ele tinha diante dos olhos, ao escrever, alguma planta baixa do prédio, preparada no departamento do intendente-geral do exército de Tito. Constituem estranho contraste com suas dimensões na altura, as quais, com raríssimas exceções, pode-se mostrar que são exageradas, geralmente duplicadas. Visto que todos os prédios foram derrubados durante o sítio, era impossível culpá-lo de ter errado a respeito das elevações.” — P. 3203.
Colunatas e portões (portas)
Josefo escreve que Herodes dobrou o tamanho da área do templo, ampliando as laterais do monte Moriá com grandes muralhas de pedra e nivelando uma área quadrada de 400 côvados (c. 178 m) de cada lado no topo do monte. No extremo da área havia colunatas. O templo dava para o E, como os anteriores. Ao longo deste lado havia a colunata de Salomão, consistindo em três fileiras de colunas de mármore. Em certa ocasião, no inverno, certos judeus se aproximaram
de Jesus ali, perguntando se ele era o Cristo. (João 10:22-24) Ao N e a O também havia colunatas, ananicadas pela Colunata Real ao S, que consistia em quatro fileiras de colunas coríntias, 162 ao todo, com três corredores. A circunferência das colunas era tão grande que era preciso que três homens estendessem por completo o braço para abraçar uma coluna, e elas eram muito mais elevadas do que as outras colunatas.
Havia oito ou dez portões que davam para área do templo: quatro ou cinco do lado O, dois ou três do S, e um de cada lado, a E e ao N. Devido a tais portões, o primeiro pátio, o Pátio dos Gentios, também servia como passagem, os viajantes preferindo passar por ele em vez de darem a volta pela área do templo.
O Pátio dos Gentios
A grande área chamada de Pátio dos Gentios — assim chamado por que se permitia que os gentios entrassem nele — era cercada de colunatas. Foi dali que Jesus, em duas ocasiões — uma vez perto do início e outra vez no fim de seu ministério terrestre — expulsou aqueles que tinham feito da casa de seu Pai uma casa de comércio. — João 2:13-17; Mat. 21:12, 13; Mar. 11:15-18.
Havia diversos pátios pelos quais a pessoa passava ao dirigir-se ao prédio central, o próprio santuário. Cada pátio sucessivo possuía um grau maior de santidade. Passando pelo Pátio dos Gentios, a pessoa deparava com uma mureta de três côvados (c. 1, 30 m) de altura, com aberturas para passagem. Em seu topo havia grandes pedras que traziam um aviso em grego e em latim. A inscrição grega rezava (segundo certa tradução): “Que nenhum estrangeiro ultrapasse a barreira e a cerca em torno do santuário. Quem for apanhado fazendo isso, receberá a morte como pena (sobre si mesmo).” [Westminster Dictionary of the Bible (Dicionário Bíblico de Westminster), pp. 596, 597] Na ocasião em que o apóstolo Paulo foi vítima dum tumulto no templo, isso se deu porque os judeus suscitaram o rumor de que ele havia trazido um gentio para o interior da área proibida. Lembra-se-nos desta mureta, embora Paulo empregasse o termo “muro” em sentido simbólico, quando lemos que Cristo “destruiu o muro” que separava o judeu do gentio. — Efé. 2:14; Atos 21:20-32.
O Pátio das Mulheres
O Pátio das Mulheres se achava a quatorze degraus acima. Aqui, mulheres podiam entrar para adorar a Deus. Entre outras coisas, o Pátio das Mulheres continha cofres do tesouro, perto de um dos quais Jesus estava em pé quando elogiou a viúva por ter dado seu tudo. (Luc. 21:1-4) Neste pátio também havia vários prédios.
O Pátio de Israel e o Pátio dos Sacerdotes
Quinze grandes degraus semicirculares conduziam ao Pátio de Israel, no qual podiam entrar os homens que estivessem cerimonialmente limpos. Junto à parede externa deste pátio havia câmaras de armazenagem.
Daí vinha o Pátio dos Sacerdotes que correspondia ao pátio do tabernáculo. Nele se achava o altar, construído de pedras não-lavradas.
De acordo com a Míxena, tinha 32 côvados (c. 14, 20 m) de cada lado em sua base. Josefo fornece uma medida maior. Os sacerdotes chegavam ao altar por meio dum plano inclinado. Um “mar de bronze” também era utilizado, segundo a Míxena. Ao redor deste pátio também havia vários prédios.
O prédio do templo
Conforme o anterior, o templo propriamente dito consistia, em sentido básico, de dois compartimentos, o Lugar Santo e o Santíssimo. O piso deste prédio se situava a doze degraus acima do Pátio dos Sacerdotes. Assim como se dera com o templo de Salomão, construíram-se câmaras nas laterais deste prédio. A entrada era fechada por portas de ouro, cada uma com 55 côvados (c. 24 m) de altura e 16 côvados (c. 7 m) de largura. A parte da frente do prédio era mais larga do que a de trás, tendo asas ou “rebordos” que se estendiam por 20 côvados (c. 8, 90 m) de cada lado. O interior do Santíssimo tinha 40 côvados (c. 17, 80 m) de comprimento por 20 côvados (c. 8, 90 m) de largura. Tinha, pelo que parece, 40 côvados de altura, e havia uma câmara superior que abrangia tanto o Santo como o Santíssimo. No Lugar Santo se achava o candelabro, a mesa dos pães da proposição e o altar do incenso, todos de ouro.
A entrada do Santíssimo era uma grossa cortina ou véu, lindamente ornamentada. Por ocasião da morte de Jesus, esta cortina se rasgou em duas partes, de alto a baixo, expondo o Santíssimo como não contendo a Arca do pacto. Em lugar da Arca havia uma laje de pedra em que o sumo sacerdote aspergia o sangue no Dia da Expiação. (Mat. 27:51; Heb. 6:19; 10:20) Este compartimento tinha 20 côvados (c. 8, 90 m) de comprimento e 20 côvados de largura.
Os judeus utilizaram a área do templo como cidadela ou fortaleza, durante o cerco romano contra Jerusalém, em 70 EC. Eles mesmos atearam fogo nas colunatas, porém um soldado romano, contrariando a vontade de Tito, comandante romano, ateou fogo ao próprio templo, desta forma cumprindo as palavras de Jesus referentes aos prédios do templo: “De modo algum ficará aqui pedra sobre pedra sem ser derrubada.” — Mat. 24:2.
O TEMPLO DE EZEQUIEL
Em 593 AEC, no décimo quarto ano depois da destruição de Jerusalém e do templo de Salomão ali existente, o sacerdote-profeta Ezequiel, transportado em visão para o topo dum monte alto, contemplou um grande templo de Jeová. (Eze. 40:1, 2) A fim de humilhar os judeus exilados e causar o arrependimento deles, também, sem dúvida, para confortar os fiéis, instruiu-se a Ezequiel que relatasse tudo que ele via à “casa de Israel”. (40:4; 43:10, 11) A visão dava cuidadosa atenção aos pormenores das dimensões. As unidades de medição empregadas foram a “cana” (a cana longa, c. 3, 10 m) e o “côvado” (o côvado longo, de c. 51, 8 cm). (40:5) Esta atenção às medidas tem levado alguns a crer que este templo visionário deveria servir de modelo para o templo mais tarde construído por Zorobabel, no período pós-exílico. Não existe, contudo, nenhuma base conclusiva para tal suposição. Com efeito, a área abrangida pelo templo visionário e seus pátios era um quadrado de c. 500 côvados longos (c. 259 m) de lado, ao passo que a área do monte Moriá, em que o templo real foi edificado, era pequena demais para as dimensões exigidas pelo templo de Ezequiel. Uma muralha de uma cana (c. 3, 10 m) de altura cercava o pátio externo. — 40:5.
Portões e refeitórios
Nas paredes externas e internas do templo havia seis enormes portões, três nas paredes externas e três nas paredes internas. Estes davam para o N, o E, e o S, cada portão interno estando situado diretamente atrás de (e alinhado com) seu correspondente portão externo. (Eze. 40:6, 8, 10, 11, 20, 22-24, 27, 32, 35) Abrangido pela parede externa havia um pavimento inferior. Tinha 50 côvados (c. 25, 90 m) de largura, a mesma extensão que a dos portões. (40:18, 21) Localizavam-se ali trinta refeitórios, provavelmente para as pessoas comerem seus sacrifícios de participação em comum. (40:17) Em cada um dos quatro cantos deste pátio externo havia recintos em que os sacerdotes cozinhavam as porções dos sacrifícios que pertenciam às pessoas, de acordo com o requisito da Lei; daí, estas eram pelo visto consumidas nos refeitórios providos. — 46:21-24.
Os refeitórios dos sacerdotes eram separados dos do povo, estando situados mais próximos do templo, junto com os dois refeitórios dos cantores do templo, no pátio interno, junto aos maciços portões internos. (Eze. 40:38, 44-46) Os sacerdotes dispunham de seus próprios blocos de refeitórios, ao N e ao S do santuário mesmo. (42:1-12) Tais refeitórios, além de sua finalidade precípua, eram locais para os sacerdotes trocarem suas vestes de linho utilizadas no serviço do templo, antes de entrarem no pátio externo. (42:13, 14) Também naquela área, mais para o fundo dos blocos de refeitórios, havia os locais de cozimento e de assar dos sacerdotes, tencionados para a mesma finalidade básica que os recintos do pátio externo, mas estes eram apenas para os sacerdotes. — 46:19, 20.
Os pátios externos e internos
Atravessando o pátio externo por meio do portão interno, a pessoa entrava no pátio interno, a 150 côvados (c. 77, 70 m) da beirada do pátio externo a E, ao N e ao S. Este pátio tinha 200 côvados (c. 103, 60 m) de largura. (Pelo visto, tinha 100 côvados [51, 80 m] desde a parte interna do portão externo, que tinha 50 côvados [c. 25, 90 ml de comprimento.
Isto faria com que o pátio externo medisse 500 côvados [c. 259 m] de cada lado.) (Eze. 40:19, 23, 27) No pátio interno se destacava o altar. — 43:13-17; veja ALTAR (ALTAR DO TEMPLO DE EZEQUIEL).
O prédio do santuário
Encontrava-se no primeiro aposento do santuário, de 40 côvados (c. 20, 70 m) de comprimento e 20 côvados (c. 10, 35 m) de largura, por um portão que tinha duas portas de dois batentes cada uma. (Eze. 41:23, 24) Ali havia a “mesa que está diante de Jeová”, um altar de madeira. — 41:21, 22.
As paredes externas do santuário possuíam câmaras laterais de quatro côvados (2 m) de largura incorporadas nelas, e apoiando-se nelas. Atingindo três pavimentos, elas abrangiam as paredes O, N e S, trinta câmaras em cada pavimento. (Eze. 41:5, 6) Para subir os três pavimentos, havia ao N e ao S passagens em espiral, aparentemente escadas circulares. (41: 7) Para o fundo ou O do templo, situada aparentemente na extensão N-S, havia uma estrutura chamada binyán, um ‘edifício que dava para o oeste’. (41:12) Embora alguns peritos tenham tentado identificar este edifício com o próprio templo ou santuário, não parece haver base para tal identificação no livro de Ezequiel; o ‘edifício que dava para o oeste’, por um lado, tinha formato diferente, e tinha dimensões outras que não as do santuário. Esta estrutura sem dúvida tinha alguma finalidade relacionada com os serviços executados no santuário. É possível que houvesse um prédio ou prédios similares localizados a O do templo de Salomão. — Compare 2 Reis 23:11 com 1 Crônicas 26:18.
O Santíssimo tinha o mesmo formato que o do templo de Salomão, tendo 20 côvados (c. 10, 35 m) de cada lado. Na visão, Ezequiel viu a glória de Jeová provir do E, enchendo o templo. Jeová descreveu este templo como “o lugar do meu trono”. — Eze. 43:1-7.
O muro externo
Ezequiel descreve um muro de 500 canas (c. 1.550 m) de cada lado, ao redor do templo. Alguns peritos entendem isto como sendo um muro situado a uma distância de c. 600 m do pátio, um espaço cercado pelo muro “para fazer separação entre o que é santo e o que é profano”. — Eze. 42:16-20.
TEMPLOS ESPIRITUAIS
Embora Deus permitisse que os templos terrestres fossem maculados e tivessem Sua subseqüente desaprovação e abandono, ele não permitirá que isto aconteça com o templo espiritual composto de “pedras vivas”. (1 Ped. 2:5) Paulo sublinha a santidade deste templo espiritual, e o perigo para alguém que tenta maculá-lo, ao escrever: “Não sabeis que vós sois templo de Deus e que o espírito de Deus mora em vós? Se alguém destruir o templo de Deus, Deus o destruirá; pois o templo de Deus é santo, templo esse que sois vós.” (1 Cor. 3:16, 17) Ele fornece o exemplo de que um dos membros de Cristo que comete fornicação está removendo um membro de Cristo e tornando-se membro de (uma só carne com) uma meretriz. Daí, indica que, como corpo, tais cristãos constituem um templo do espírito santo que pertence a Deus, e que eles não pertencem a si mesmos, tendo sido comprados por um preço com o fito de glorificarem a Deus, como era o intuito dos templos literais. (1 Cor. 6:15-20) Assim, Jeová torna certo que esse templo espiritual se conserve sempre santo, por excluir possíveis maculadores, e só permitir que sejam parte dele aqueles que mantêm a justiça.
Jesus Cristo promete a estes cristãos gerados pelo espírito que o vencedor, que perseverar fielmente até o fim, será constituído uma “coluna no templo do meu Deus, e ele, de modo algum, jamais sairá dele”. Isto significaria terem um lugar permanente naquela estrutura espiritual nos céus, pois a sua Principal Pedra Angular se acha no céu, e ele acrescenta: “Escreverei sobre ele o nome . . . [da] nova Jerusalém, que desce do céu da parte do meu Deus.” — Rev. 3:12.
Na visão de Revelação (Apocalipse), João também divisou Jeová Deus entronizado num cenário parecido ao interior do templo de Salomão. No templo de Salomão, Jeová não estava entronizado, porém uma luz miraculosa pairava sobre a Arca do pacto. Aquele templo possuía dez candelabros. Em sua visão, João contemplou sete. E, assim como o templo de Salomão possuía no pátio o grande “mar de fundição”, de cobre, João viu diante do trono, por assim dizer, um “mar vítreo, semelhante a cristal”. — Rev. 4:2-6; 2 Crô. 4:2, 7.
O santuário do templo no céu é mencionado diversas vezes em Revelação. Mostra-se que Deus está presente para julgamento, junto com os santos anjos. (Rev. 14:17; 15:5-8; 16:1, 17) Em certo caso, vê-se a Arca do pacto, revelando que Jeová Deus lidava com aquele templo celeste, e que não o havia abandonado, como abandonara o templo de Herodes. Deus forneceu indício disto quando a cortina do Santíssimo se rompeu em duas, por ocasião da morte de Jesus, expondo a ausência da Arca naquele templo terrestre. — Rev. 11:19; Mat. 27:51.
Quando João divisa a Nova Jerusalém descendo do céu, ele observa: “E não vi templo nela, pois Jeová Deus, o Todo-poderoso, é o seu templo, também o Cordeiro o é.” (Rev. 21:2, 22) Uma vez que a própria Nova Jerusalém é um templo, edificado sobre Cristo e os alicerces secundários dos doze apóstolos do Cordeiro (Efé. 2:20; Rev. 3:12; 21:14), os que estão nela não precisam dirigir-se a algum edifício para adorar a Jeová Deus, mas o fazem diretamente; Jesus Cristo, o Sumo Sacerdote de Jeová, também mora bem ali, como o marido da cidade simbólica. Por conseguinte, diz-se que Jeová Deus e o Cordeiro, Jesus Cristo, são o templo desta cidade celeste.
UM IMPOSTOR
O apóstolo Paulo, ao avisar sobre a vindoura apostasia, falou do “homem que é contra a lei” como se estabelecendo “de modo que se assenta no templo de O Deus, exibindo-se publicamente como sendo [um] deus”. (2 Tes. 2:3, 4) Como este “homem que é contra a lei” é um apóstata, um falso instrutor, ele somente aparenta ser parte do templo espiritual. (Veja Homem Que É Contra A Lei.) Assim, ele “se assenta no templo de O Deus”. Isto mostra que, embora seja ‘contra a lei’, ele afirma ser cristão.
UM EMPREGO ILUSTRATIVO
Em certa ocasião, quando os judeus pediram de Jesus um sinal, ele replicou: “Demoli este templo, e em três dias o levantarei.” Os judeus julgavam que Jesus falava sobre o prédio do templo, mas o apóstolo João explica: “Ele estava falando do templo do seu corpo.” Quando Jeová, o pai dele, o ressuscitou no terceiro dia de sua morte, os discípulos se lembraram desta afirmativa, e a entenderam, e creram nela. (João 2:18-22; Mat. 27:40) Ele foi ressuscitado, mas não em seu corpo carnal, que foi dado como sacrifício redentor; todavia, tal corpo carnal não sofreu corrupção, mas Deus lhe deu uma destinação final, assim como um sacrifício era consumido sobre o altar. Jesus, quando ressuscitado, era a mesma pessoa, a mesma personalidade, tendo novo corpo feito para sua nova habitação, os céus espirituais. — Luc. 24:1-7; 1 Ped. 3:18; Mat. 20:28; Atos 2:31; Heb. 13:8.
[Figura na página 1604]
ÁREA DO TEMPLO-PALÁCIO DE JERUSALÉM
Sua possível aparência nos dias de Salomão.
[Figura na página 1605]
ÁREA DO TEMPLO-PALÁCIO DE JERUSALÉM (1027 a 607 AEC ) (Planta Baixa)
1. Santíssimo
2. Santo
3. Pórtico
4. Jaquim
5. Boax
6. Altar de Cobre
7. Mar de Fundição
8. Carrocins
9. Refeitórios
10. Tribuna de Cobre
11. Pátio Interno
12. Pátio Grande
13. Outro Pátio
14. Casa do Rei
15. Estrada Principal
16. Colunatas
17. Portão do Leste
18. Pórtico do Trono
19. Pórtico das Colunas
20. Casa da Floresta do Líbano
21. (Sistema de Vias Elevadas)
[Figura na página 1607]
TEMPLO RECONSTRUÍDO POR HERODES (Planta Baixa)
1. Santíssimo
2. Lugar Santo
3. Altar da Oferta Queimada
4. Mar de Fundição
5. Portão Interno do Templo