Livro bíblico número 27 — Daniel
Escritor: Daniel
Lugar da Escrita: Babilônia
Escrita Completada: c. 536 AEC
Tempo Abrangido: 618-c. 536 AEC
1. Que tipo de história contém Daniel, e o que salienta ela?
NESTES dias em que todas as nações da terra se acham à beira do desastre, o livro de Daniel traz à atenção mensagens proféticas de grande importância. Ao passo que os livros bíblicos de Samuel, Reis e Crônicas baseiam-se nos registros de testemunhas oculares da história do reino prefigurativo de Deus (a dinastia davídica), Daniel focaliza as nações do mundo e dá vislumbres da luta pelo poder das grandes dinastias desde os dias de Daniel até o “tempo do fim”. É história do mundo escrita de antemão. Conduz a um clímax empolgante ao mostrar o que sucede “na parte final dos dias”. Como Nabucodonosor, as nações têm de aprender pela maneira difícil “que o Altíssimo é Governante no reino da humanidade” e que por fim ele o dá a alguém “semelhante a um filho de homem”, o Messias e Líder, Cristo Jesus. (Dan. 12:4; 10:14; 4:25; 7:13, 14; 9:25; João 3:13-16) Com detida atenção aos cumprimentos proféticos do livro inspirado de Daniel, compreenderemos mais plenamente o poder de Jeová de fazer profecias e a sua garantia de proteção e bênção para seu povo. — 2 Ped. 1:19.
2. O que confirma que Daniel era um personagem real, e durante que período momentoso profetizou ele?
2 O livro leva o nome do escritor. “Daniel” (hebraico, Da·ni·yéʼl) significa “Meu Juiz É Deus”. Ezequiel, que viveu na mesma época, confirma que Daniel foi um personagem real, mencionando-o juntamente com Noé e Jó. (Eze. 14:14, 20; 28:3) Daniel data o começo de seu livro como “terceiro ano do reinado de Jeoiaquim, rei de Judá”. Isto foi em 618 AEC, o terceiro ano de Jeoiaquim como rei tributário de Nabucodonosor.a As visões proféticas de Daniel continuaram até o terceiro ano de Ciro, cerca de 536 AEC. (Dan. 1:1; 2:1; 10:1, 4) Em que anos momentosos viveu Daniel! Ele passou o começo de sua vida sob o reino de Deus, em Judá. Daí, como príncipe adolescente, foi levado junto com seus nobres companheiros judeus para Babilônia, para ali viver durante a ascensão e a queda da terceira potência mundial na história da Bíblia. Daniel sobreviveu para servir como alto funcionário do governo da quarta potência mundial, a Medo-Pérsia. Daniel deve ter vivido cerca de cem anos.
3. Que provas há em favor da canonicidade e autenticidade do livro de Daniel?
3 O livro de Daniel sempre foi incluído no catálogo judaico das Escrituras inspiradas. Encontraram-se fragmentos de Daniel entre os de outros livros canônicos nos Rolos do Mar Morto, alguns dos quais datam da primeira metade do primeiro século AEC. Todavia, prova ainda mais importante da autenticidade do livro pode ser encontrada nas referências a ele feitas nas Escrituras Gregas Cristãs. Jesus menciona especificamente Daniel na sua profecia sobre a “terminação do sistema de coisas”, onde faz diversas citações desse livro. — Mat. 24:3; veja também Dan. 9:27; 11:31; e 12:11—Mat. 24:15 e Mar. 13:14; Dan. 12:1—Mat. 24:21; Dan. 7:13, 14—Mat. 24:30.
4, 5. De que modo a arqueologia arrasou as asserções de altos críticos a respeito de Daniel?
4 Embora os altos críticos da Bíblia tenham levantado dúvidas quanto ao caráter histórico do livro de Daniel, as descobertas arqueológicas, no decorrer dos anos, arrasaram as suas asserções. Por exemplo, tais críticos escarneciam da declaração de Daniel de que Belsazar era rei em Babilônia na época em que se supunha que Nabonido fosse o governante. (Dan. 5:1) A arqueologia estabeleceu agora, sem contestação, que Belsazar era um personagem real e que foi co-regente de Nabonido nos últimos anos do Império Babilônico. Por exemplo, um antigo texto cuneiforme, chamado de “Relato Versificado de Nabonido”, confirma claramente que Belsazar exerceu autoridade régia em Babilônia e explica como se tornou co-regente de Nabonido.b Outra evidência em cuneiforme apóia o conceito de que Belsazar exerceu funções régias. Uma tabuinha, datada do 12.º ano de Nabonido, contém um juramento feito em nome de Nabonido, o rei, e Belsazar, o filho do rei, indicando assim que Belsazar estava na mesma categoria que seu pai.c Isto é também de interesse para explicar por que Belsazar ofereceu fazer de Daniel “o terceiro no reino” se conseguisse interpretar a escrita na parede. Nabonido seria considerado o primeiro, Belsazar o segundo e Daniel seria proclamado o terceiro governante. (5:16, 29) Certo pesquisador diz: “As alusões em cuneiforme a Belsazar têm lançado tanta luz sobre o papel que ele desempenhou que o seu lugar na história fica claramente revelado. Há muitos textos que indicam que Belsazar quase se equiparava a Nabonido em posição e prestígio. A regência dupla durante a maior parte do último reinado neobabilônico é um fato estabelecido. Nabonido exercia a suprema autoridade a partir de sua corte em Tema, na Arábia, ao passo que Belsazar atuava como co-regente na terra natal, sendo Babilônia seu centro de influência. É evidente que Belsazar não era um fraco vice-rei; confiara-se-lhe ‘o reinado’.”d
5 Alguns têm tentado desacreditar o relato de Daniel sobre a fornalha ardente (cap. 3), dizendo ser uma invenção lendária. Uma carta em babilônico antigo reza, em parte: “Assim diz Rîm-Sin, teu senhor: Visto que ele lançou o moço escravo no forno, tu lanças o escravo na fornalha.” É interessante que, referindo-se a isso, G. R. Driver declarou que essa punição “consta na história dos Três Homens Santos (Dan. III 6, 15, 19-27)”.e
6. De que duas partes se compõe o livro de Daniel?
6 Os judeus incluíram o livro de Daniel, não com os Profetas, mas com os Escritos. Por outro lado, a Bíblia em português segue a ordem do catálogo da Septuaginta grega e da Vulgata latina, colocando Daniel entre os profetas maiores e os menores. O livro tem, na realidade, duas partes. A primeira, capítulos 1 a 6, traz, em ordem cronológica, as experiências de Daniel e seus companheiros no serviço governamental de 617 AEC a 538 AEC. (Dan. 1:1, 21) A segunda parte, que abrange os capítulos 7 a 12, está escrita na primeira pessoa pelo próprio Daniel qual registrador, e descreve visões particulares e entrevistas angélicas que Daniel teve de cerca de 553 AECf a cerca de 536 AEC. (7:2, 28; 8:2; 9:2; 12:5, 7, 8) As duas partes juntas formam o harmonioso livro único de Daniel.
CONTEÚDO DE DANIEL
7. O que leva Daniel e seus companheiros a entrar no serviço governamental de Babilônia?
7 Preparação para o serviço de Estado (1:1-21). Em 617 AEC, Daniel chega a Babilônia junto com os judeus cativos. Chegam também os utensílios sagrados do templo de Jerusalém, para serem guardados numa casa de tesouros pagã. Daniel e seus três companheiros hebreus estão entre os jovens judeus da realeza escolhidos para um curso de treinamento de três anos no palácio do rei. Decidido no coração a não se poluir com as iguarias pagãs e vinhos do rei, Daniel propõe um teste de dez dias de dieta vegetariana. O resultado do teste favorece a Daniel e seus companheiros, e Deus lhes dá conhecimento e sabedoria. Nabucodonosor nomeia os quatro quais conselheiros seus. O último versículo do capítulo 1 v 21, que pode ter sido acrescentado muito depois de ter sido escrita a parte precedente, indica que Daniel ainda estava no serviço real uns 80 anos depois de ter ido ao exílio, ou seja, por volta de 538 AEC.
8. Que sonho e interpretação revela Deus a Daniel, e como mostra Nabucodonosor o seu apreço?
8 Sonho da estátua atemorizante (2:1-49). No segundo ano de seu reinado (provavelmente a partir da destruição de Jerusalém, em 607 AEC), Nabucodonosor fica agitado por causa de um sonho. Seus sacerdotes-magos não conseguem revelar o sonho e sua interpretação. Ele lhes oferece grandes dádivas, mas eles protestam, dizendo que ninguém senão os deuses pode mostrar ao rei o que ele está pedindo. O rei se enfurece e manda matar os sábios. Visto que os quatro hebreus estão incluídos neste decreto, Daniel pede um tempo para revelar o sonho. Ele e seus companheiros oram a Jeová pedindo orientação. Jeová revela o sonho e seu significado a Daniel, que então vai à presença do rei e diz: “Há nos céus um Deus que é Revelador de segredos, e ele fez saber ao Rei Nabucodonosor o que há de acontecer na parte final dos dias.” (2:28) Daniel descreve o sonho. É a respeito duma enorme estátua. A cabeça da estátua é de ouro, seu peito e seus braços de prata, seu ventre e suas coxas de cobre, e suas pernas de ferro, com pés parcialmente de ferro e parcialmente de argila. Uma pedra golpeia e esmiúça a estátua e se torna um grande monte que enche a terra inteira. O que significa isso? Daniel revela que o rei de Babilônia é a cabeça de ouro. Depois do seu reino virá um segundo, um terceiro e um quarto. Por fim, “o Deus do céu estabelecerá um reino que jamais será arruinado. . . . Esmiuçará e porá termo a todos estes reinos, e ele mesmo ficará estabelecido por tempos indefinidos”. (2:44) Com gratidão e apreço, o rei exalta o Deus de Daniel como “Deus de deuses” e faz de Daniel “governante de todo o distrito jurisdicional de Babilônia e prefeito supremo sobre todos os sábios de Babilônia”. Os três companheiros de Daniel são constituídos administradores no reino. — 2:47, 48.
9. O que resulta da intrépida posição dos três hebreus contra a adoração de imagens?
9 Três hebreus sobrevivem à fornalha ardente (3:1-30). Nabucodonosor erige uma enorme imagem de ouro, de 60 côvados (cerca de 27 metros) de altura, e ordena que os governantes do império se reúnam para a sua inauguração. Ao som de uma música especial, todos devem prostrar-se e adorar a imagem. Quem não obedecer deve ser lançado na fornalha de fogo. Relata-se que os três companheiros de Daniel, Sadraque, Mesaque e Abednego, não anuíram. São levados à presença do encolerizado rei, onde afirmam intrepidamente: “Nosso Deus, a quem servimos, poderá salvar-nos. . . . Não é a tua imagem de ouro que erigiste que adoraremos.” (3:17, 18) Enfurecido, o rei manda aquecer a fornalha sete vezes mais do que de costume, e que os três hebreus sejam amarrados e lançados nela. Ao assim fazerem, os que seriam os executores são mortos pelas chamas. Nabucodonosor fica com medo. O que vê na fornalha? Quatro homens caminham ilesos no meio do fogo, e “a aparência do quarto é semelhante à de um filho dos deuses”. (3:25) O rei pede aos três hebreus que saiam do fogo. Eles saem, não chamuscados, nem mesmo com cheiro de fogo! Em resultado de sua intrépida posição em favor da adoração verdadeira, Nabucodonosor proclama liberdade de adoração para os judeus em todo o império.
10. Que sonho atemorizante envolvendo “sete tempos” teve Nabucodonosor, e cumpriu-se nele o sonho?
10 Sonho dos “sete tempos” (4:1-37). Este sonho aparece no registro como transcrição feita por Daniel de um documento estatal de Babilônia. Foi escrito pelo humilhado Nabucodonosor. Primeiro, Nabucodonosor reconhece o poder e o reino do Deus Altíssimo. Daí conta um sonho atemorizante e como este se cumpriu nele próprio. Ele viu uma árvore cuja altura atingia o céu e que fornecia abrigo e alimento para toda a carne. Um vigilante clamou: ‘Derrubai a árvore. Atai o seu toco com bandas de ferro e de cobre. Passem sobre ele sete tempos, para que se saiba que o Altíssimo é Governante no reino da humanidade e estabelece nele o mais humilde da humanidade.’ (4:14-17) Daniel interpretou o sonho, revelando que a árvore representava a Nabucodonosor. Seguiu-se logo um cumprimento desse sonho profético. Numa ocasião em que expressava grande orgulho, o rei foi acometido de demência; e viveu como animal no campo por sete anos. Depois disso, ele recuperou a sanidade mental e reconheceu a supremacia de Jeová.
11. Durante que devassidão vê Belsazar a fatídica escrita à mão, como Daniel a interpreta, e de que modo se cumpre?
11 O banquete de Belsazar: interpretada a escrita (5:1-31). É a noite fatídica de 5 de outubro de 539 AEC. O Rei Belsazar, filho de Nabonido, como co-regente de Babilônia, oferece um grande banquete para mil de seus grandes. O rei, sob a influência de vinho, pede que lhe tragam os vasos sagrados de ouro e de prata do templo de Jeová, e nestes Belsazar e seus convidados bebem, em sua devassidão, enquanto louvam seus deuses pagãos. Subitamente, surge uma mão que escreve na parede uma mensagem enigmática. O rei fica aterrorizado. Seus sábios não conseguem interpretar a escrita. Finalmente, Daniel é trazido à sua presença. O rei oferece fazer dele o terceiro no reino, se puder ler e interpretar a escrita, mas Daniel diz-lhe que guarde para si as suas dádivas. Daí passa a explicar a escrita e seu significado: “MENE, MENE, TEQUEL e PARSIM. . . . Deus contou os dias do teu reino e acabou com ele. . . . Foste pesado na balança e achado deficiente. . . . Teu reino foi dividido e dado aos medos e aos persas.” (5:25-28) Naquela mesma noite, Belsazar é morto, e Dario, o medo, recebe o reino.
12. Como se frustra uma trama contra Daniel, e que decreto emite então Dario?
12 Daniel na cova dos leões (6:1-28). Altos funcionários no governo de Dario tramam contra Daniel, fazendo com que o rei emita uma lei que proíbe por 30 dias fazer qualquer petição a qualquer deus ou homem, exceto ao rei. Quem quer que desobedeça deve ser lançado aos leões. Daniel recusa-se a obedecer essa lei que afeta sua adoração e volta-se para Jeová em oração. É lançado na cova dos leões. Milagrosamente, o anjo de Jeová fecha a boca dos leões e, na manhã seguinte, o Rei Dario alegra-se de ver Daniel ileso. Os inimigos são então lançados aos leões, e o rei emite um decreto no sentido de que se tema ao Deus de Daniel, pois “ele é o Deus vivente”. (6:26) Daniel prospera no serviço governamental e continua no posto no reinado de Ciro.
13. Num sonho pessoal, que visão tem Daniel no tocante a quatro animais e o domínio do Reino?
13 Visões dos animais (7:1-8:27). Retornamos ao “primeiro ano de Belsazar”, cujo reinado evidentemente começou em 553 AEC. Daniel tem um sonho pessoal, que ele registra em aramaico.g Ele vê surgirem sucessivamente quatro gigantescos e atemorizantes animais. O quarto é extraordinariamente forte, e um pequeno chifre surge entre os seus outros chifres, “falando coisas grandiosas”. (7:8) Surge o Antigo de Dias e ocupa seu lugar. “Mil vezes mil” ministram-lhe. “Alguém semelhante a um filho de homem” chega a sua presença e ‘lhe é dado domínio, dignidade e um reino, para que todos os povos, grupos nacionais e línguas o sirvam’. (7:10, 13, 14) Daí, dá-se a Daniel a interpretação da visão dos quatro animais. Eles representam quatro reis, ou reinos. Dentre os dez chifres do quarto animal surge um chifre pequeno. Este torna-se poderoso e trava guerra aos santos. Contudo, a Corte celestial intervém para dar “o reino, e o domínio, e a grandiosidade dos reinos debaixo de todos os céus . . . ao povo que são os santos do Supremo”. — 7:27.
14. Que visão tem Daniel retratando um bode e um carneiro de dois chifres? Como a explica Gabriel?
14 Dois anos depois, muito antes da queda de Babilônia, Daniel tem outra visão, que registra em hebraico. Um bode com um chifre proeminente entre os olhos luta com um orgulhoso carneiro de dois chifres e o derrota. Quebra-se o chifre grande do bode e surgem quatro chifres menores. De um destes surge um chifre pequeno que se torna grande, ao ponto de desafiar o exército dos céus. Prediz-se um período de 2.300 dias até que o lugar santo seja levado à sua “condição correta”. (8:14) Gabriel explica a visão a Daniel. O carneiro representa os reis da Média e da Pérsia. O bode é o rei da Grécia, cujo reino será dividido em quatro. Mais tarde, um rei de semblante feroz pôr-se-á de pé “contra o Príncipe dos príncipes”. Visto que a visão “é ainda para muitos dias”, Daniel por ora tem de mantê-la em segredo. — 8:25, 26.
15. O que leva Daniel a orar a Jeová e, daí, o que revela Gabriel sobre as “setenta semanas”?
15 Predito o Messias, o Líder (9:1-27). “No primeiro ano de Dario . . . dos medos”, Daniel examina a profecia de Jeremias. Compreendendo que a predita desolação de Jerusalém, de 70 anos, aproxima-se do fim, Daniel ora a Jeová em confissão de seus próprios pecados e dos de Israel. (Dan. 9:1-4; Jer. 29:10) Surge Gabriel para revelar que haverá “setenta semanas . . . para acabar com a transgressão e encerrar o pecado, e para fazer expiação pelo erro”. O Messias, o Líder, virá no fim de 69 semanas, depois do que será decepado. O pacto será mantido em vigor para com os muitos até o fim da 70.ª semana e, por fim, haverá desolação e extermínio. — Dan. 9:24-27.
16. Sob que circunstâncias aparece outra vez um anjo a Daniel?
16 O norte contra o sul, Miguel põe-se de pé (10:1-12:13). É o “terceiro ano de Ciro”, portanto, cerca de 536 AEC, não muito depois do retorno dos judeus a Jerusalém. Depois de um jejum de três semanas, Daniel se acha à margem do rio Hídequel. (Dan. 10:1, 4; Gên. 2:14) Aparece-lhe um anjo que lhe explica que ‘o príncipe da Pérsia’ opôs-se a que ele fosse ter com Daniel, mas que “Miguel, um dos mais destacados príncipes”, o ajudou. Daí, relata a Daniel uma visão que é para a “parte final dos dias”. — Dan. 10:13, 14.
17. Que história profética do rei do norte e do rei do sul registra agora Daniel?
17 De início, essa fascinante visão fala da dinastia persa e duma vindoura luta com a Grécia. Pôr-se-á de pé um poderoso rei com um domínio extenso, mas o seu reino será dividido em quatro partes. Com o tempo, haverá duas longas linhagens de reis, o rei do sul em oposição ao rei do norte. A luta pelo poder terá avanços e recuos. Esses reis irremediavelmente maus a uma só mesa continuarão a falar mentira. “No tempo designado”, a guerra explodirá outra vez. Haverá profanação do santuário de Deus, e será constituída “a coisa repugnante que causa desolação”. (11:29-31) O rei do norte falará coisas estupendas contra o Deus de deuses e dará glória ao deus das fortalezas. Quando, “no tempo do fim”, o rei do sul se empenhar com o rei do norte em dar empurrões, o rei do norte inundará muitas terras, entrando também “na terra do Ornato”. Perturbado por notícias procedentes do leste e do norte, ele sairá em grande furor e armará “suas tendas palaciais entre o grande mar e o monte santo do Ornato”. Assim, “terá de chegar até o seu fim, e não haverá quem o ajude”. — 11:40, 41, 45.
18. Que coisas ocorrem no tempo em que Miguel está de pé ‘a favor dos filhos do povo de Deus’?
18 A grandiosa visão continua: Miguel é visto de pé ‘a favor dos filhos do povo de Deus’. Haverá “um tempo de aflição” sem precedentes na história humana, mas, os que forem achados inscritos no livro escaparão. Muitos acordarão do pó para a vida eterna, “e os perspicazes raiarão como o resplendor da expansão”. Levarão muitos à justiça. Daniel deve selar o livro “até o tempo do fim”. “Quanto tempo levará até o fim das coisas maravilhosas?” O anjo menciona períodos de três tempos e meio, de 1.290 dias e de 1.335 dias, e diz que apenas “os perspicazes entenderão”. Felizes são esses! Por fim, o anjo apresenta a Daniel a garantida promessa de que ele descansará e daí erguer-se-á para receber a sua sorte “no fim dos dias”. — 12:1, 3, 4, 6, 10, 13.
POR QUE É PROVEITOSO
19. Que excelentes exemplos de integridade e confiança em Jeová mediante orações se acham no livro de Daniel?
19 Todos os que estão decididos a manter a integridade num mundo hostil fazem bem em considerar o excelente exemplo de Daniel e de seus três companheiros. Independente de quão ruim fosse a ameaça, eles continuaram a viver segundo os princípios divinos. Quando a vida deles corria risco, Daniel agia “com conselho e com sensatez” e com respeito pela autoridade superior do rei. (2:14-16) Quando a questão teve de ser decidida, os três hebreus preferiram a fornalha ardente a fazer um ato de idolatria, e Daniel preferiu a caverna dos leões a renunciar ao seu privilégio de orar a Jeová. Em cada caso, Jeová deu-lhes proteção. (3:4-6, 16-18, 27; 6:10, 11, 23) O próprio Daniel fornece esplêndido exemplo de dependência de Jeová mediante orações. — 2:19-23; 9:3-23; 10:12.
20. Que quatro visões são registradas relativas às potências mundiais, e por que fortalece a fé considerá-las hoje em dia?
20 As visões de Daniel são emocionantes e considerá-las fortalece a fé. Primeiro, considere as quatro visões relativas às potências mundiais: (1) Há a visão da temível estátua, cuja cabeça de ouro representa a dinastia de reis babilônios a partir de Nabucodonosor, após o que surgem três outros reinos, segundo prefigurados pelas outras partes da estátua. Estes são os reinos que são esmiuçados pela “pedra”, que, por sua vez, torna-se “um reino que jamais será arruinado”, o Reino de Deus. (2:31-45) (2) Seguem-se as visões pessoais de Daniel, a primeira sendo a dos quatro animais, que representam “quatro reis”. São semelhantes a um leão, a um urso, a um leopardo de quatro cabeças e a um animal de grandes dentes de ferro, dez chifres e, mais tarde, um chifre pequeno. (7:1-8, 17-28) (3) A seguir, há a visão do carneiro (Medo-Pérsia), o bode (Grécia) e o chifre pequeno. (8:1-27) (4) Por fim, temos a visão do rei do sul e do rei do norte. Daniel 11:5-19 descreve com exatidão a rivalidade entre os ramos egípcio e selêucida do Império Grego de Alexandre, após a morte de Alexandre, em 323 AEC. A partir do 11 versículo 20, a profecia continua a traçar o proceder das nações sucessoras do sul e do norte. A referência de Jesus à “coisa repugnante que causa desolação” (11:31), na sua profecia sobre o sinal da sua presença, mostra que esta luta pelo poder dos dois reis continua até a “terminação do sistema de coisas”. (Mat. 24:3) Quão consoladora é a garantia da profecia de que num “tempo de aflição tal como nunca se fez ocorrer, desde que veio a haver nação até esse tempo”, o próprio Miguel pôr-se-á de pé para remover as nações ímpias e trazer paz para a humanidade obediente! — Dan. 11:20-12:1.
21. Que notável cumprimento teve a profecia de Daniel a respeito das “setenta semanas”?
21 Há, então, a profecia de Daniel sobre as “setenta semanas”. Depois de 69 semanas havia de aparecer o “Messias, o Líder”. Notavelmente, 483 anos (69 vezes 7 anos) depois da “saída da palavra” para reconstruir Jerusalém, conforme autorizado por Artaxerxes, no seu 20.º ano, e executado por Neemias, em Jerusalém, Jesus de Nazaré foi batizado no rio Jordão e ungido com espírito santo, tornando-se Cristo, ou Messias, (isto é, Ungido).h Isto foi no ano 29 EC. Depois disso, como Daniel também predisse, houve uma “exterminação”, quando Jerusalém foi desolada, em 70 EC. — Dan. 9:24-27; Luc. 3:21-23; 21:20.
22. Que lição aprendemos da humilhação de Nabucodonosor?
22 No sonho de Nabucodonosor relativo à árvore que foi derrubada, conforme registrado por Daniel, no capítulo 4, informa-se que o rei, que se jactava de suas próprias consecuções e confiava no seu próprio poder, foi humilhado por Jeová Deus. Fez-se que vivesse como animal do campo até reconhecer “que o Altíssimo é Governante no reino da humanidade e que ele o dá a quem quiser”. (Dan. 4:32) Seremos hoje como Nabucodonosor, jactando-nos de nossas consecuções e pondo a nossa confiança no poder dos homens, para que Deus tenha de nos punir, ou reconheceremos sabiamente que Ele é o Governante no reino da humanidade e depositaremos nossa confiança no Seu Reino?
23. (a) Como se realça a esperança do Reino do começo ao fim em Daniel? (b) O que nos deve incentivar a fazer este livro de profecias?
23 A esperança do Reino é realçada do começo ao fim do livro de Daniel de um modo que inspira fé! Jeová Deus é descrito como Supremo Soberano que estabelece um Reino que jamais será arruinado e que esmiuçará a todos os demais reinos. (2:19-23, 44; 4:25) Até mesmo os reis pagãos Nabucodonosor e Dario viram-se compelidos a reconhecer a supremacia de Jeová. (3:28, 29; 4:2, 3, 37; 6:25-27) Jeová é exaltado e glorificado como o Antigo de Dias que julga a questão do Reino e dá a “alguém semelhante a um filho de homem” o eterno ‘domínio, dignidade e um reino, para que todos os povos, grupos nacionais e línguas o sirvam’. Os “santos do Supremo” é que participam com Cristo Jesus, “o Filho do homem”, no Reino. (Dan. 7:13, 14, 18, 22; Mat. 24:30; Rev. 14:14) Ele é Miguel, o grande príncipe, que exerce seu poder do Reino para esmiuçar e acabar com todos os reinos deste velho mundo. (Dan. 12:1; 2:44; Mat. 24:3, 21; Rev. 12:7-10) Entender essas profecias e visões deve incentivar os que amam a justiça a atarefar-se e a vasculhar as páginas da Palavra de Deus para encontrar as verdadeiras “coisas maravilhosas” dos propósitos do Reino de Deus que nos são reveladas por meio do proveitoso e inspirado livro de Daniel. — Dan. 12:2, 3, 6.
[Nota(s) de rodapé]
a Estudo Perspicaz das Escrituras, “Jeoiaquim”.
c Archaeology and the Bible, 1949, George A. Barton, página 483.
d The Yale Oriental Series · Researches, Vol. XV, 1929.
e Archiv für Orientforschung, Vol. 18, 1957-58, página 129.
f Belsazar evidentemente começou a reinar como co-regente a partir do terceiro ano de Nabonido. Visto que se crê que Nabonido iniciou seu reinado em 556 AEC, o terceiro ano de seu reinado e “o primeiro ano de Belsazar” foi evidentemente 553 AEC. — Daniel 7:1; veja Estudo Perspicaz das Escrituras, Vol. 1, página 328; veja também “Nabonido”.
g Daniel 2:4b-7:28 foi escrito em aramaico, ao passo que o restante do livro, em hebraico.
h Neemias 2:1-8; veja também Estudo Perspicaz das Escrituras, “Setenta Semanas”.