As “chaves” do maior governo postas em uso
“Eu te darei as chaves do reino dos céus, e tudo o que amarrares na terra, será a coisa amarrada nos céus, e tudo o que soltares na terra, será a coisa solta nos céus. — Mat. 16:19.
1, 2. (a) Na antiga mitologia romana, quem era o porteiro supremo no céu? (b) Em sentido histórico, o que se pode dizer sobre Jesus Cristo como possuidor duma chave?
SERÁ que há um porteiro ou zelador no céu? Na antiga mitologia romana, Jano, o deus dos deuses, era o porteiro supremo no céu e na terra. O templo de Jano ficava outrora na parte setentrional do Foro Romano, perto da Cúria, mas ele não mais é adorado. No entanto, que dizer do personagem histórico Jesus Cristo, agora glorificado no céu à mão direita do verdadeiro “Deus dos deuses”, Jeová? (Deu. 10:17) Por volta do ano 96 E.C., quando ditou uma carta a ser enviada à congregação de Filadélfia, na Ásia Menor, este glorificado Jesus disse ao apóstolo João:
2 “E ao anjo da congregação em Filadélfia escreve: Estas coisas diz aquele que é santo, que é verdadeiro, que tem a chave de Davi, que abre de modo que ninguém feche, e fecha de modo que ninguém abra: ‘Conheço as tuas ações — eis que tenho posto diante de ti uma porta aberta, a qual ninguém pode fechar — que tens um pouco de poder, e que guardaste a minha palavra e não te mostraste falso para com o meu nome.’” — Rev. 3:7, 8.
3. (a) Que relação há entre Jesus Cristo e Davi? (b) Por que deu Jeová a Jesus Cristo “a chave de Davi”, e como a usa ele?
3 Contando a partir de Davi, primeiro Rei judeu de Jerusalém, Jesus Cristo é o 43.º na linhagem real descendente daquele famoso rei. Com Jesus Cristo termina aquela linhagem real, porque ele se tornou herdeiro permanente do reino de Davi. (Luc. 3:23-31) Por esta razão, Jeová Deus deu ao seu glorificado Filho “a chave de Davi”. O reino de Davi foi uma teocracia típica, um típico reino de Deus. (1 Crô. 29:23; 2 Crô. 13:5, 8) Nas mãos do glorificado descendente de Davi, Jesus Cristo, este reino torna-se o verdadeiro e antitípico reino de Deus. Como portador legítimo da “chave de Davi”, ele abre ou fecha privilégios e oportunidades para pessoas na terra com respeito ao reino de Deus.
4, 5. Perto de Cesaréia de Filipe que privilégios disse Jesus Cristo que concederia ao fiel Pedro?
4 Prevendo a abertura de privilégios de serviço para seu fiel apóstolo Simão Pedro, Jesus disse-lhe certa vez: “Tu és Pedro [em grego: Petros; em latim: Petrus], e sobre esta rocha [em grego: tautei tei petrai; em latim: hanc petram] construirei a minha congregação, e os portões do Hades não a vencerão. Eu te darei as chaves do reino dos céus, e tudo o que amarrares na terra, será a coisa amarrada nos céus, e tudo o que soltares na terra, será a coisa solta nos céus.” — Mat. 16:18, 19.
5 Jesus proferiu estas palavras históricas algum tempo depois da Páscoa de 32 E.C., na vizinhança de Cesaréia de Filipe, perto das cabeceiras do rio Jordão. — Mat. 16:13-17.
QUANDO FORAM DADAS E USADAS
6. Que espécie de chaves eram as “chaves do reino dos céus”, e o que representavam?
6 Iguais à “chave de Davi”, as “chaves do reino dos céus” não eram chaves literais, materiais, duma espécie terrena. Eram chaves espirituais, a saber, o privilégio, a honra, a designação e a autoridade de iniciar ou abrir um programa de informação, instrução e intervenção pessoal com respeito ao reino dos céus. Por meio disso, aqueles que escolhessem buscar primeiro o reino dos céus podiam aproveitar-se da provisão de Deus, então tornada disponível por meio de Jesus Cristo, Herdeiro do reino celestial. Entravam assim em algo que antes não se abrira diante deles.
7. Anteriormente, em Jerusalém, que condições básicas revelara Jesus a Nicodemos para alguém entrar no reino celestial de Deus?
7 Dois anos antes, em Jerusalém, Jesus havia revelado a um governante dos judeus, um fariseu chamado Nicodemos, certas condições básicas a serem satisfeitas pelo crente para poder entrar no reino celestial de Deus. Jesus disse: “Digo-te em toda a verdade: A menos que alguém nasça de novo, não pode ver o reino de Deus.” O quê? ‘Nascer de novo’ da mesma mãe humana? Não, mas Jesus disse a Nicodemos: “Eu te digo em toda a verdade: A menos que alguém nasça de água e espírito, não pode entrar no reino de Deus. O que tem nascido da carne é carne, e o que tem nascido do espírito é espírito.” — João 3:1-6.
8. Seria lógico que alguém que ainda não fosse cristão batizado e gerado pelo espírito possuísse e usasse tais “chaves”, e que exemplo temos neste respeito?
8 Portanto, poderia alguém que já não tivesse ‘nascido de água e espírito’, que já não fosse cristão batizado e gerado pelo espírito, possuir e usar as “chaves” para abrir para outros a entrada ao reino celestial de Deus? Isto não seria nada lógico. De modo que as “chaves do reino dos céus” não foram dadas a João, embora ele batizasse Jesus e fosse o primeiro a pregar: “Arrependei-vos, pois o reino dos céus se tem aproximado.” — Mat. 3:1, 2.
9. Como sabemos se Pedro era gerado pelo espírito quando recebeu a primeira das “chaves” e que dizer do prosélito etíope, circunciso, mencionado em Atos 8:27, 28?
9 Então, será que o apóstolo Pedro era gerado pelo espírito quando Jesus Cristo lhe deu a primeira das “chaves” para usar? Sim, porque no dia de Pentecostes de 33 E.C., Jeová Deus usou o glorificado Jesus para batizar com espírito santo cerca de 120 discípulos, inclusive Pedro, que estavam à espera num sobrado em Jerusalém. Só depois de Pedro ter sido assim gerado pelo espírito de Deus, ele se levantou para falar a mais de 3.000 judeus e prosélitos circuncisos que se haviam reunido para testemunhar como a profecia de Joel 2:28, 29, havia começado a se cumprir. Se aquele prosélito etíope, circunciso, mencionado em Atos 8:27, 28, esteve entre os “homens reverentes” que então moravam em Jerusalém, naquele dia de Pentecostes, ele não saiu do templo para ouvir Pedro. (Atos 2:1-12) Mas teve a oportunidade mais tarde.
10. Quando e como usou Pedro a primeira das “chaves”?
10 Pedro disse francamente àqueles milhares de espectadores que eles haviam cometido um crime, como comunidade religiosa, por pendurarem Jesus Cristo numa estaca, 52 dias antes. Daí, esses “homens reverentes”, com a consciência ferida, perguntaram: “Homens, irmãos, o que havemos de fazer?” Foi Pedro quem respondeu: “Arrependei-vos, e cada um de vós seja batizado no nome de Jesus Cristo, para o perdão de vossos pecados, e recebereis a dádiva gratuita do espírito santo. Porque a promessa é para vós e para os vossos filhos, e para todos os que estão longe, tantos quantos Jeová, nosso Deus, chamar a si.” Pedro prosseguiu. “E dava cabalmente testemunho e os exortava com muitas outras palavras, dizendo: ‘Sede salvos desta geração pervertida.’” (Atos 2:14-40) Assim foi que Pedro, gerado pelo espírito, usou a primeira das “chaves”.
11. Como é que milhares dos ouvintes de Pedro ‘nasceram de novo’ ou ‘nasceram de água e espírito’?
11 Será que alguns daqueles judeus naturais passaram pela entrada então aberta como judeus a cujos antepassados Jeová Deus fizera a promessa de Joel 2:28, 29? Atos 2:41, 42, responde: “Portanto, os que abraçaram de coração a sua palavra [a palavra de Pedro] foram batizados, e naquele dia acrescentaram-se cerca de três mil almas. E eles continuavam a devotar-se ao ensino dos apóstolos e a partilhar uns com os outros, a tomar refeições e a orações.” Por serem batizados em água, no nome de Jesus Cristo, e depois receberem a dádiva gratuita do espírito santo, eles ‘nasceram de novo’, ‘nasceram de água e espírito’. — João 3:3, 5
PARA QUEM FOI USADA A SEGUNDA CHAVE
12, 13. (a) Se Pedro precisasse usar apenas uma chave, o que teria significado isso? (b) No entanto, o que foi que Jesus disse sobre isso a seus discípulos pouco antes de sua ascensão ao céu?
12 Prometera-se a Pedro não uma chave, mas “as chaves do reino dos céus”. Isto significava pelo menos duas chaves. Portanto, quando lhe foi dada a segunda chave e a favor de quem? Se Pedro só tivesse precisado de uma chave, então apenas judeus naturais e prosélitos judaicos circuncisos constituiriam os 144.000 que Jesus Cristo edifica sobre si mesmo qual rocha, para ser sua inteira congregação gerada pelo espírito. (Mat. 16:18; Rev. 7:4-8; 14:1-3) Mas, devia limitar-se a salvação celestial apenas aos admitidos pelo uso que Pedro fez duma chave no dia de Pentecostes? Ora, o que foi que Jesus disse pouco antes de ascender ao céu, no 40.º dia contado desde a sua ressurreição? Naquele dia, na vizinhança de Jerusalém, ele disse aos seus discípulos:
13 “Assim está escrito que o Cristo havia de sofrer e de ser levantado dentre os mortos no terceiro dia, e que, à base do seu nome, se havia de pregar arrependimento para o perdão de pecados, em todas as nações — principiando por Jerusalém, haveis de ser testemunhas destas coisas. E eis que vos estou enviando o que foi prometido por meu Pai [em Joel 2:28, 29]. Vós, porém, permanecei na cidade até serdes revestidos de poder vindo do alto.” — Luc. 24:46-49.
14, 15. Segundo Atos 1:8, que distinção fez Jesus quanto a estender a pregação do arrependimento a “todas as nações”?
14 Todavia, segundo Atos 1:8, Jesus entrou em mais pormenores sobre como a pregação do arrependimento à base de seu nome devia ser estendida progressivamente a “todas as nações”. Disse ali: “Mas, ao chegar sobre vós o espírito santo, recebereis poder e sereis testemunhas de mim tanto em Jerusalém como em toda a Judéia e Samaria, e até à parte mais distante da terra.”
15 Jesus separou ali a Samaria de “toda a Judéia”. Quanto a isso, em todo o seu ministério terrestre, ele fez distinção entre os judeus naturais, circuncisos, e os samaritanos circuncisos.
16. Como veio a acontecer que Jesus, voltando à Galiléia, passou dois dias com os habitantes da cidade samaritana de Sicar?
16 Depois da Páscoa de 30 E.C., durante o primeiro ano de sua atividade pública, ele teve de passar por Samaria em caminho da Judéia para a Galiléia. Neste respeito, observou-se que ‘os judeus não tinham tratos com os samaritanos’. (João 4:9) Entretanto, junto à fonte de Jacó perto da cidade de Sicar, Jesus decidiu falar com uma mulher samaritana. De fato, ela veio a ser a primeira pessoa a quem Jesus confessou que ele era o Messias ou Cristo. Deu-se isso porque ela não era judia? (Mat. 16:20) Além disso, a convite dos moradores samaritanos de Sicar, ele e seus apóstolos ficaram com os samaritanos por dois dias e falaram com eles. Alguns deles creram e disseram à mulher samaritana, que lhes dera testemunho: “Não é mais pela tua conversa que cremos; porque nós mesmos temos ouvido e sabemos que este homem certamente é o salvador do mundo.” — João 4:39-43.
17. Que atitude adotou Jesus para com estes samaritanos crentes e o batismo em água?
17 No entanto, mesmo depois disso, Jesus continuou a distinguir os judeus dos samaritanos, apesar da crença que alguns samaritanos tinham nele. Requereu Jesus que quaisquer daqueles samaritanos crentes fossem batizados em água, com o batismo de João? Não! Isto é significativo, porque logo antes da narrativa da visita de Jesus à Sicar samaritana está escrito: “Então, quando o Senhor se apercebeu de que os fariseus tinham ouvido falar que Jesus fazia e batizava mais discípulos do que João — embora, deveras, o próprio Jesus não batizasse, mas sim os seus discípulos — abandonou a Judéia e partiu novamente para a Galiléia. Mas era necessário que passasse por Samaria. Concordemente, veio a uma cidade de Samaria, chamada Sicar, perto do campo que Jacó dera a José, seu filho. De fato, ali se achava a fonte de Jacó.” — João 4:1-6.
18. Dois anos mais tarde, quando Jesus passou por Samaria em caminho para Jerusalém, que atitude adotaram aldeões samaritanos?
18 Foram as coisas tão favoráveis para Jesus dois anos mais tarde? Ele e seus discípulos estavam indo na direção oposta, para assistir à festividade judaica das barracas, em Jerusalém. Daí, os mensageiros de Jesus “foram e entraram numa aldeia de samaritanos, a fim de fazerem os preparativos para ele; mas não o receberam, porque o seu rosto estava endurecido na determinação de ir [aonde?] a Jerusalém. Vendo isso os discípulos Tiago e João, disseram: ‘Senhor, queres que mandemos que desça fogo do céu e os aniquile?’ Mas ele se voltou e os censurou. Foram assim a uma aldeia diferente.” (Luc. 9:51-56) Se Jesus tivesse cedido ao gênio violento de Tiago e João, isto talvez tivesse deixado os samaritanos com preconceito contra o cristianismo.
19. (a) Quando Jesus enviou os 12 apóstolos aos dois, que instruções lhes deu sobre Samaria? (b) Segundo João 8:47, 48, qual era a atitude geral dos judeus para com os samaritanos?
19 Mesmo já um ano antes disso, antes da Páscoa de 32 E.C., quando Jesus enviou os apóstolos para pregarem aos dois, ele lhes disse: “Não vos desvieis para a estrada das nações, e não entreis em cidade samaritana; mas, ide antes continuamente às ovelhas perdidas da casa de Israel. Ao irdes, pregai, dizendo: ‘O reino dos céus se tem aproximado.’” (Mat. 10:5-7; Luc. 9:1-6) Alguns meses mais tarde, após a festividade das barracas de 32 E.C., Jesus enviou os 70 evangelistas e deu-lhes instruções similares às dadas aos 12 apóstolos. As aldeias e cidades em que pregaram o reino de Deus ficavam provavelmente na Judéia, não em Samaria. (Luc. 10:1-24) Não fizeram nenhum relatório sobre visitar povoações samaritanas. Foram enviados “às ovelhas perdidas da casa de Israel”. Por quê? Porque estes evangelizadores não receberam autoridade maior do que os apóstolos. A atitude geral dos judeus para com os samaritanos revelou-se quando Jesus disse aos judeus descrentes que eles não eram de Deus, e eles retrucaram: “Tu és samaritano e tens demônio.” — João 8:47, 48.
20. Por que não foram beneficiados os samaritanos com o uso que Pedro fez da primeira das “chaves do reino”, em Pentecostes, em Jerusalém, e, por isso, que pergunta surge?
20 Jesus fez uma distinção entre os samaritanos e os judeus quando disse à mulher samaritana: “Adorais o que não conheceis; nós adoramos o que conhecemos, porque a salvação se origina dos judeus.” (João 4:22) Jesus classificou o samaritano como sendo “homem de outra nação”, ou, mais literalmente, “de outra raça”. (Luc. 17:16-18; veja a versão palavra por palavra da Tradução Interlinear do Reino, em inglês.)a Os samaritanos, que adoravam no monte Gerizim, não assistiram ao Pentecostes em Jerusalém, em 33 E.C. De modo que não tiraram nenhum proveito do uso que Pedro fez da primeira das “chaves do reino dos céus”. (Atos 2:5-11) Portanto, quando foi pela primeira vez que os 12 apóstolos deram atenção a Samaria, após o derramamento do espírito santo em Jerusalém, a fim de participarem no que Jesus predisse em Atos 1:8?
21. Como ocorreu que o evangelizador Filipe veio a estar em Samaria, e por que produziu a sua visita muita alegria?
21 Após Pentecostes, muitas coisas aconteceram com a congregação cristã em Jerusalém. A perseguição que seguiu ao martírio de Estêvão dispersou todos os membros da congregação de Jerusalém, exceto os 12 apóstolos. (Atos 8:1-5) Filipe, colaborador íntimo de Estêvão, não por ordem ou mandado apostólico, mas por causa da perseguição, fugiu junto com outros cristãos judeus para o norte, para o distrito de Samaria. (Atos 6:1-6; 21:8) Ali, Filipe, que havia sido favorecido pelo espírito de Deus com o dom de fazer milagres, pregou as boas novas sobre o ressuscitado e glorificado Jesus Cristo e realizou muitos sinais milagrosos em matéria de curas. “De modo que havia muita alegria naquela cidade.” — Atos 8:8.
22. Que pergunta surge em vista do batismo em água de muitos homens e mulheres samaritanos pelas mãos de Filipe?
22 Que efeito teve isso? “Quando acreditaram em Filipe, que estava declarando as boas novas do reino de Deus e do nome de Jesus Cristo, passaram a ser batizados, tanto homens como mulheres.” Entre eles havia certo mago chamado Simão, o qual antes “praticara as artes mágicas e pasmara a nação de Samaria” (Atos 8:9, 12, 13) Neste ponto, surge a pergunta: Será que aqueles samaritanos crentes nasceram “de água e espírito”? Ora, a água do batismo entrara na questão, mas que dizer do espírito? Se tivessem sido gerados pelo espírito após o seu batismo em água, então fora Filipe quem abriu o caminho para este novo grupo, os samaritanos, entrarem no “reino dos céus”. Mas, será que ele fez isso mesmo, embora não fosse um dos 12 apóstolos? O que mostra o registro inspirado?
23. Por que não se relata que Filipe fizesse alguma promessa de espírito santo aos batizandos samaritanos a serem imersos no nome de Jesus?
23 Este Filipe não era um dos apóstolos aos quais Jesus dissera: “Todas as coisas que amarrardes na terra serão as coisas amarradas no céu, e todas as coisas que soltardes na terra serão as coisas soltas no céu.” (Mat. 18:18; 16:19; 10:24; João 1:43-48) De modo que não se relata que Filipe tivesse feito promessas do dom do espírito santo aos samaritanos, relacionado com o seu batismo em água. Ele não estava autorizado a dizer, assim como Pedro disse aos judeus no dia de Pentecostes: “Arrependei-vos, e cada um de vós seja batizado no nome de Jesus Cristo, para o perdão de vossos pecados, e recebereis a dádiva gratuita do espírito santo.” — Atos 2:38.
24. (a) Entraram os samaritanos no pacto da Lei mosaica por serem circuncidados e guardarem as festividades estipuladas nos escritos de Moisés? (b) Após o batismo em água no nome de Jesus, nasceram imediatamente “de água e espírito”?
24 Os samaritanos não estavam no pacto da Lei mediado por Moisés para os israelitas, junto ao monte Sinai, embora os samaritanos considerassem os primeiros cinco livros de Moisés, o Pentateuco, como sendo a Palavra de Deus, e observassem a Páscoa e Pentecostes no monte Gerizim, no distrito de Samaria. (2 Reis 17:29, 30; João 4:19, 20) Assim, sua circuncisão na carne, por si só não os tornou prosélitos judaicos. Os samaritanos não estiveram envolvidos em Jesus ser pendurado na estaca, e por isso não precisavam ser batizados em água para Deus perdoar esse grave pecado para o qual devia haver arrependimento. Mas os samaritanos foram batizados às mãos de Filipe no nome de Jesus Cristo como o Messias (Cristo) e “o salvador do mundo”. (João 4:25, 26, 28, 29, 42) Será que com isso ‘nasceram de água e espírito’? Não! Porque não receberam naquela ocasião o espírito santo.
25. Como mostra Atos 8:14-17 por que os samaritanos batizados não haviam nascido de água e espírito?
25 Por que se deu isso? Atos 8:14-17 diz-nos: “Quando os apóstolos em Jerusalém ouviram que Samaria havia aceito a palavra de Deus, mandaram-lhes Pedro e João; e estes desceram e oraram para que recebessem espírito santo. Porque não tinha ainda caído sobre nenhum deles, mas eles tinham sido batizados apenas no nome do Senhor Jesus. [Pedro e João] impuseram-lhes então as suas mãos e eles [os samaritanos batizados] começaram a receber espírito santo.” Isto não se referia apenas a milagrosos dons espirituais.
26. Os samaritanos batizados tornaram-se assim qualificados para receber que privilégio, e Pedro, na presença de João, fez uso de que instrumento?
26 Ali, pela primeira vez, os samaritanos batizados ‘nasceram’ do espírito, bem como da água, e se tornaram qualificados para entrar no reino celestial de Deus. (João 3:5) A atuação do espírito nesta ocasião foi comparável à relatada mais tarde em Atos 10:44-46 e 11:15-17. De modo que o apóstolo Pedro usou a segunda das “chaves do reino dos céus” para com os samaritanos crentes e batizados. É verdade que o apóstolo João estava ali com Pedro, mas, antes disso, no dia de Pentecostes, os outros 11 apóstolos também estavam com Pedro, que tinha a chave. — Veja também Mateus 18:1, 18.
27. Como mostra Atos 8:18-23 que Pedro tomou a dianteira em lidar com Simão, o ex-mágico?
27 A primazia de Pedro é corroborada pelo que Atos 8:18-23 diz a seguir: “Ora, vendo Simão [o mágico] que o espírito era dado pela imposição das mãos dos apóstolos, ofereceu-lhes dinheiro, dizendo: ‘Dai-me também esta autoridade, para que todo aquele a quem eu impuser as minhas mãos receba espírito santo.’ Mas Pedro disse-lhe: ‘Pereça contigo a tua prata, porque pensaste obter posse da dádiva gratuita de Deus por meio de dinheiro. Não tens nem parte nem quinhão neste assunto, porque o teu coração não é reto à vista de Deus. Arrepende-te, portanto, desta maldade tua, e suplica a Jeová, para que, se possível, te seja perdoada esta astúcia do teu coração; pois vejo que tu és um fel venenoso e um laço de injustiça.’” Isto indica que Pedro estava tomando a dianteira como agente principal de Cristo, nesta ocasião. Foi ele quem falou como aquele a quem se confiaram as chaves do Reino.
28. Para quem mais se abriu então a oportunidade do Reino, e onde começaram a adorar os samaritanos gerados pelo espírito?
28 A partir de então, a mesma oportunidade podia ser oferecida a outros no distrito de Samaria. Por conseguinte, Atos 8:25 nos diz: “Portanto, tendo eles [Pedro e João] dado cabalmente testemunho e falado a palavra de Jeová, voltaram a Jerusalém, e declaravam as boas novas a muitas aldeias dos samaritanos.” Os samaritanos batizados e gerados pelo espírito começaram então a adorar seu Pai celestial, Jeová, nem no monte Gerizim, nem em Jerusalém, mas no seu grande templo espiritual. — João 4:21.b
29. Após a conversão de Saulo ao cristianismo, o que aconteceu com a congregação gerada pelo espírito na Judéia, na Galiléia e em Samaria, e onde se fixou Filipe?
29 Filipe e os outros cristãos judaicos viram-se obrigados a fugir para baixo, a Samaria, por causa da perseguição promovida pelo fariseu Saulo de Tarso. Mas, depois de o próprio Saulo ser convertido ao cristianismo, a situação mudou para a congregação na Palestina. Segundo Atos 9:31, “deveras, a congregação através de toda a Judéia, e Galiléia, e Samaria, entrou então num período de paz, sendo edificada; e, como andava no temor de Jeová e no consolo do espírito santo, multiplicava-se”. Filipe, porém, finalmente fixou-se na cidade portuária de Cesaréia, onde o governador romano da província da Judéia tinha sua sede e onde estava aquartelado um destacamento de soldados italianos. — Atos 8:40; 21:8; 10:1; 23:23-25.
[Nota(s) de rodapé]
a Veja Theological Dictionary of the New Testament, Vol. 1, p. 266, sob allogenés.
b Tudo isso ocorreu durante a segunda metade da última semana das “setenta semanas” de anos preditas em Daniel 9:24-27a. Durante esta 70.ª “semana”, Jeová Deus manteve em vigor o pacto abraâmico com os israelitas naturais no qual estes estavam por serem descendentes naturais de Abraão. (Gên. 12:1-3; 22:18) Em contraste com Filipe, que fugiu da perseguição para Samaria, Atos 11:19 diz-nos: “Os que tinham sido espalhados pela tribulação que surgiu por causa de Estêvão foram até a Fenícia, e [a ilha de] Chipre, e Antioquia [da Síria], não falando a palavra a ninguém, senão a judeus.” A 70.ª “semana” de favor especial para com os judeus naturais, por causa do pacto abraâmico, terminou em meados do segundo semestre de 36 E.C., tendo começado com o batismo e a unção de Jesus em 29 E.C. De modo que a admissão dos samaritanos batizados aos privilégios do Reino celestial não abriu o caminho a todos os outros não-judeus, “até à parte mais distante da terra”, nem foi a vanguarda do grande influxo de tais gentios incircuncisos na congregação cristã gerada pelo espírito.
[Foto na página 17]
A Chave de Davi