Capítulo 6
Os dias da cristandade estão contados
1. Por que se pode perguntar a respeito da questão do tempo com respeito à cristandade, e por que estão contados os seus dias?
“ONDE é que estamos no tempo?” Poderíamos muito bem fazer esta pergunta com respeito àquela organização religiosa mundial, a cristandade. O Deus que ela professa adorar é alguém que conta os anos. Colocou dentro de sua própria jurisdição “os tempos e as épocas” com respeito às suas criaturas humanas, e especialmente com respeito aos que afirmam, de modo religioso, ser representantes e servos Dele. (Daniel 2:20-22; Atos 1:7) Isto devia ser de grande consolo para todos os que amam o que é direito. Por quê? Porque assegura-nos que o Deus Todo-poderoso de justiça não tolerará para sempre a iniqüidade aqui na terra. Ele marcou o tempo em que permite que a religião falsa prevaleça em toda a terra, escravizando praticamente a inteira família humana. Nem mesmo a organização religiosa, falsa, mais poderosa da terra poderá evitar a destruição às mãos Dele, quando chegar o seu tempo devido para executar sua decisão judicial contra a religião falsa. A cristandade tem sido grandemente culpada em desvirtuá-lo perante a humanidade. Por isso, os dias da cristandade estão contados!
2. Como foi o fim da cristandade ilustrado no tipo e como devia Ezequiel ser um “sinal” para seu povo?
2 Este fato notável foi ilustrado no tipo antigo da cristandade, a saber, Jerusalém e a terra de Judá, nos dias do profeta Ezequiel, mais de seis séculos antes de nossa Era Comum. Disse-se a Ezequiel que fosse um “sinal” para seu povo, a casa de Israel. O que se lhe mandou fazer seria um “sinal” profético do que aconteceria dentro e fora de Jerusalém, capital do Reino de Judá. — Ezequiel 4:3; 12:6, 11.
3. Que organização faria bem em escutar o que Jeová disse a Ezequiel de cima de sua organização semelhante a um carro, em 613 A. E. C.?
3 Ainda era o ano de 613 A. E. C. e Ezequiel ainda estava em Tel-Abibe, na terra de Babilônia, e ainda via a visão da organização de Jeová, semelhante a um carro. Embora Ezequiel houvesse sido então já plenamente comissionado por Jeová como profeta e vigia, ainda não havia entrado em ação. De cima do magnífico “carro” celeste, Jeová continuava a falar com Ezequiel, dizendo-lhe especificamente o que tinha de fazer primeiro. As pessoas da cristandade fariam hoje bem em escutar o que ele disse a Ezequiel:
4. Que devia Ezequiel fazer com o tijolo que tinha de tomar, como “sinal para a casa de Israel”?
4 “E tu, ó filho do homem, toma para ti um tijolo, e tens de pô-lo diante de ti e gravar sobre ele uma cidade, sim, Jerusalém. E tens de sitiá-la e construir contra ela um muro de sítio, e erguer contra ela um aterro de sítio, e armar acampamentos contra ela e colocar contra ela arietes ao redor. E no que se refere a ti, toma para ti uma assadeira de ferro e tens de pô-la como muro de ferro entre ti e a cidade, e tens de firmar tua face contra ela, e ela tem de ficar sitiada, e tu tens de sitiá-la. É um sinal para a casa de Israel.” — Ezequiel 4:1-3.
5. Em que época estava Ezequiel em Jerusalém quando ela foi sitiada, e o que havia levado ao sítio por um rei estrangeiro?
5 Tais instruções talvez lembrassem a Ezequiel que ele mesmo certa vez estava em Jerusalém quando ela foi sitiada. Isto havia ocorrido apenas quatro anos antes, lá no ano 617 A. E. C. Foi quando o rei de Babilônia, chamado Nabucodonosor, veio pela segunda vez contra Jerusalém e a sitiou. Naquele tempo, o governante que ocupava o trono de Jerusalém era Jeoiaquim, filho do bom Rei Josias. No oitavo ano do reinado do Rei Jeoiaquim, este rei de Babilônia veio contra Jerusalém e subjugou Jeoiaquim, fazendo-o pagar tributo a ele, em vez de ao rei do Egito. O Rei Jeoiaquim permaneceu por três anos sujeito ao rei de Babilônia e depois se rebelou contra ele.
6. Durante o sítio que se seguiu à rebelião de Jeoiaquim, o que aconteceu a este, e, por isso, o que fizeram os habitantes de Jerusalém?
6 Portanto, no décimo primeiro ano do reinado do Rei Jeoiaquim, Jerusalém viu o rei de Babilônia vir contra ela pela segunda vez, a fim de levar o Rei Jeoiaquim cativo para a terra de Babilônia e colocar outro rei em seu lugar no trono de Jerusalém. Portanto, Jerusalém estava sendo sitiada pelo rei de Babilônia na ano 617 A. E. C., no terceiro ano da vassalagem de Jeoiaquim a Babilônia. Mas, antes de acabar o sítio, o Rei Jeoiaquim morreu, e seu filho Joaquim foi posto no trono pelos habitantes de Jerusalém. Joaquim reinou apenas por três meses na cidade sitiada de Jerusalém, e então decidiu render-se ao rei de Babilônia.
7. O que fez o sitiante Nabucodonosor com Jerusalém depois da rendição do Rei Joaquim, e o que aconteceu a Ezequiel?
7 Não era ainda o tempo de Jeová para Jerusalém e seu templo serem destruídos, e ele não pôs no coração do rei de Babilônia destruir a cidade santa naquele tempo. Em vez disso, lemos a respeito de Nabucodonosor, rei de Babilônia: “Levou ao exílio toda a Jerusalém, e todos os príncipes, e todos os poderosos, valentes — levando dez mil ao exílio — e também todo artífice e construtor de baluartes. Não se deixou ficar ninguém, exceto a classe de condição humilde do povo da terra. Assim levou Joaquim ao exílio, a Babilônia; e a mãe do rei, e as esposas do rei, e seus oficiais da corte, e os principais homens do país ele levou como povo exilado de Jerusalém a Babilônia.” (2 Reis 23:36 a 24:15; 2 Crônicas 36:5-10; Daniel 1:1-4; Jeremias 22:18, 19) Ezequiel, filho de Buzi, o sacerdote, foi levado ao exílio junto com o rei cativo Joaquim, em 617 A. E. C. — Ezequiel 1:1-3.
8. Segundo a tabela de tempo de Jeová, quanto tempo sobrava ainda a Jerusalém, e o que revelou Jeová a Ezequiel quanto a que o Rei Zedequias faria em assuntos internacionais?
8 Depois disso, segundo a tabela de tempo de Jeová, a cidade de Jerusalém e o Reino de Judá só seriam poupados por mais onze anos. Para ocupar o lugar do deportado Joaquim, o rei de Babilônia colocou no trono de Jerusalém o tio dele, Matanias, filho do bom Rei Josias, e mudou-lhe o nome para Zedequias. Visto que era um rei mau, que favorecia os egípcios contra os babilônios, surgiu a questão: Repetiria o Rei Zedequias o erro de seu irmão Jeoiaquim e se rebelaria contra o rei de Babilônia? Três anos antes de isto acontecer, Jeová revelou mediante uma visão a Ezequiel que o Rei Zedequias faria realmente isso. (Ezequiel 17:1-6, 9-21; 2 Reis 24:18 a 25:2; Jeremias 52:1-5) De fato, quando Ezequiel foi suscitado como profeta e vigia para a casa de Israel, estavam contados os dias de Jerusalém e do Reino de Judá. Jeová mantinha a conta.
9. O que devia Ezequiel fazer para encenar em pantomina o que aconteceria a Jerusalém, a proteção que os sitiantes teriam e o uso de seu braço para ação vigorosa?
9 A fim de encenar em pantomima o que aconteceria à capital Jerusalém, depois da rebelião do Rei Zedequias contra o rei de Babilônia, em violação dum juramento perante Jeová, Ezequiel devia deitar-se com os olhos fixos na gravura da cidade de Jerusalém, que ele gravara num tijolo ainda úmido. Para representar a proteção atrás da qual os atacantes sitiariam a cidade condenada, Ezequiel devia colocar uma assadeira de ferro entre si e o tijolo gravado. Devia também ter seu “braço desnudo”, igual a um soldado babilônico com seu braço desnudo para ação vigorosa contra a cidade sitiada.
10, 11. Como prova a narrativa histórica, escrita por um homem que se encontrava entre os sitiados, que Jeová não dera em vão o “sinal por meio de Ezequiel?
10 Fiel ao “sinal” que Ezequiel devia encenar perante a casa de Israel, o sítio ocorreu no tempo devido de Jeová.
11 A narrativa histórica disso, conforme descrita por alguém que estava realmente na cidade sitiada, naquela ocasião, a saber, o profeta Jeremias, reza do seguinte modo: “Zedequias começou a rebelar-se contra o rei de Babilônia. E aconteceu no seu nono ano como rei, no décimo mês [tebete], no dia dez do mês, que veio Nabucodonosor, rei de Babilônia, sim, ele e toda a sua força militar contra Jerusalém, e começou a acampar-se contra ela e a construir contra ela um muro de sítio em todo o redor. E a cidade ficou sitiada até o décimo primeiro ano do Rei Zedequias.” (2 Reis 24:20 a 25:2; Jeremias 52:1-5) Houve uma breve interrupção deste sítio, quando os babilônios (caldeus) se retiraram a fim de rechaçar os egípcios, cuja ajuda o Rei Zedequias havia pedido. Mas, depois de liquidarem esta ameaça egípcia, os babilônios voltaram e prosseguiram com o sítio, assim como o profeta Jeremias advertira de antemão que aconteceria. (Jeremias 37:5-11) Não foi em vão que Jeová deu um “sinal” por meio de Ezequiel.
12. Por que sofreria a cidade à qual se ligava o nome de Jeová tal sítio desastroso, e como se tornara Jerusalém a capital de apenas duas tribos de todas as de Israel?
12 Por que, porém, havia de sobrevir à cidade que levava o nome de Jeová por causa do seu templo ali tal sítio com suas conseqüências desastrosas? Estranho como pareça, foi porque a destruição de Jerusalém veio em punição, da parte de Jeová, por causa de rebelião de seu povo pactuado contra Ele. Aquela cidade foi por cerca de setenta e três anos a capital do reino unido das doze tribos de Israel. Mas, depois do péssimo fim e da morte do Rei Salomão, houve uma revolta de dez tribos contra o filho e sucessor dele, o Rei Roboão. O reino foi dividido em duas partes desiguais, sendo que dez tribos (principalmente no norte) formavam o Reino de Israel, sob o Rei Jeroboão, com sua capital em Siquém, no território da tribo de Efraim. As duas tribos leais de Judá e Benjamim, junto com a tribo de Levi, cujos homens habilitados serviam no templo de Jeová, formaram o Reino de Judá no sul, com sua capital em Jerusalém. (1 Reis 12:1-25; 2 Crônicas 10:1 a 11:16) Isto aconteceu em 997 A. E. C., ou 384 anos antes de Ezequiel profetizar.
OS 390 DIAS DE SE LEVAR O ERRO DE ISRAEL
13. Por quantos dias devia Ezequiel deitar-se sobre c lado esquerdo diante do tijolo gravado e com que objetivo?
13 Que a destruição de Jerusalém seria em punição pelo erro do povo escolhido de Jeová, foi declarado por ele diretamente a Ezequiel, que encenava o sítio de Jerusalém, dizendo: “E no que se refere a ti, deita-te sobre o teu lado esquerdo, e tens de deitar sobre ele o erro da casa de Israel. Pelo número dos dias que ficares deitado sobre ele levarás o erro deles. E eu é que tenho de dar-te os anos de seu erro no número de trezentos e noventa dias, e tens de levar o erro da casa de Israel. E tens de completá-los.” — Ezequiel 4:4-6.
14. Por que se responsabilizaria Jerusalém pelo erro da “casa de Israel” durante 390 dias?
14 Ezequiel devia indicar assim, não a duração do vindouro sítio de Jerusalém, mas o ano exato em que a cidade seria destruída, no fim do seu sítio. A expressão “casa de Israel” representa aqui o Reino setentrional das dez tribos rebeldes de Israel, que não reconheciam Jerusalém como sua capital. Não obstante, Jerusalém foi considerada responsável pelo erro religioso do Reino setentrional de Israel, porque aquela cidade, desde os últimos anos do Rei Salomão, havia dado a todas as doze tribos de Israel um mau exemplo religioso de idolatria.
15. Como estava o Rei Roboão envolvido no “erro” do Reino setentrional de Israel, e, portanto, resolveu-se a questão da responsabilidade com a destruição de Samaria em 740 A. E. C.?
15 Também, o filho e sucessor do Rei Salomão, Roboão, não havia acolhido bondosamente as queixas das dez tribos descontentes. De modo que os havia levado à revolta e alheado de Jerusalém, que era o centro da adoração de Jeová. Por isso, Jerusalém não era inculpe quanto ao erro religioso do Reino setentrional de Israel. Este reino rebelde não durou trezentos e noventa (390) anos desde o seu começo em 997 A. E. C., porque foi destruído pela Potência Mundial Assíria por volta do ano 740 A. E. C. Embora isto servisse de punição direta pelo seu afastamento da adoração de Jeová como Deus, a destruição do Reino setentrional de Israel, com sua capital final em Samaria, não resolveu a questão no que se referia a Jeová. Ainda havia certo ajuste de contas a ser feito com a capital-mãe, Jerusalém. Quando seria este ajuste?
16. Quando se resolveria a questão do ajuste de contas pelo “erro” do Reino setentrional de Israel?
16 No fim de trezentos e noventa anos desde o começo do Reino setentrional de Israel. Aquele “erro” não podia ter começado antes do começo do próprio reino em 997 A. E. C. Foi então que começou. Naquele ano de revolta, o que fez o Rei Jeroboão?
17, 18. Segundo o registro de 1 Reis 12:26-33, o que fez o Rei Jeroboão, das tribos revoltadas?
17 “E Jeroboão começou a dizer no seu coração: ‘Agora retornará o reino à casa de Davi. Se este povo continuar a subir para ofertar sacrifícios na casa de Jeová em Jerusalém, o coração deste povo forçosamente retornará ao seu senhor, Roboão, rei de Judá; e certamente me matarão e retornarão a Roboão, rei de Judá.’ Conseqüentemente, o rei tomou conselho e fez dois bezerros de ouro, e disse ao povo: ‘É, demais para vós subir a Jerusalém. Eis o teu Deus, ó Israel, que te fez subir da terra do Egito.’
18 “Então colocou um em Betel e o outro em Dã. E esta coisa veio a ser causa de pecado, e o povo começou a ir apresentar-se perante um até Dã. E ele começou a fazer uma casa de altos e a constituir sacerdotes dentre o povo em geral, os quais não vieram a ser dos filhos de Levi. . .. E começou a fazer ofertas sobre o altar que fizera em Betel, no décimo quinto dia do oitavo mês, no mês que ele mesmo inventara; e passou a realizar uma festividade para os filhos de Israel e a fazer ofertas sobre o altar para fazer fumaça sacrificial.” — 1 Reis 12:26-33; 2 Crônicas 11:14, 15.
19. Quando terminariam estes 390 anos e o que mostra que Jeová é, em vista desta cronometragem do tempo?
19 Uma vez determinado o ano do começo do “erro” da casa de Israel, a saber, 997 A. E. C., então, contando trezentos e noventa anos a partir daquele tempo, chegamos à data da destruição de Jerusalém. Esta ocorreu no ano 607 A. E. C.a Não sabemos se o profeta Ezequiel calculou esta data ao receber a profecia seis anos antes de Jerusalém sofrer a destruição. Mas a exatidão da questão prova que Jeová deveras é alguém que conta os anos e que ele havia fixado de antemão o ano em que iria executar sua decisão judicial plenamente na infiel Jerusalém. Esta é uma coisa que o equivalente moderno da infiel Jerusalém, a saber a cristandade, devia tomar a sério, nesta data avançada. Dá-se ela conta, ao examinar a Bíblia, de que os dias dela estão contados?
OS QUARENTA DIAS DE SE LEVAR O ERRO DE JUDÁ
20. No segundo caso, quantos dias devia Ezequiel deitar-se sobre o lado direito, e com que objetivo?
20 Mas, não houve nenhum “erro” da parte do Reino meridional de Judá, cuja punição fosse executada em Jerusalém ao ponto de ela ser destruída? Sim. Jeová não desconsiderou isso, porque passou a dizer a Ezequiel, que encenava em pantomima o sítio de Jerusalém: “E tens de deitar-te sobre o teu lado direito, no segundo caso, e tens de levar o erro da casa de Judá por quarenta dias. Um dia por um ano, um dia por um ano é o que te dei. E firmarás a tua face para o sítio de Jerusalém, com o teu braço desnudo, e tens de profetizar contra ela. E eis que vou por sobre ti cordas para que não te vires de um lado para outro, até que tenhas completado os dias do teu sítio.” — Ezequiel 4:6-8.
21. Se Ezequiel encarasse o leste, então para que reinos estariam voltados respectivamente seu lado esquerdo e seu lado direito, e qual foi a soma dos dias em que ficou deitado neste sítio mímico de Jerusalém?
21 Se Ezequiel estava deitado com a cabeça para o leste, no seu sítio mímico de Jerusalém, então o seu lado esquerdo estava voltado para o norte, a direção do antigo Reino setentrional de Israel, e seu lado direito estava para o sul. Por isso, era apropriado que se deitasse sobre o seu lado direito ao levar o “erro” do Reino meridional de Judá. Naturalmente, deitar-se Ezequiel sobre o seu lado direito durante quarenta dias, ocorreu depois de ele estar deitado sobre o lado esquerdo por trezentos e noventa dias, o que significaria um total de quatrocentos e trinta dias de estar deitado como que em sítio.
22. Como se aplicavam os quarenta dias para o “erro” do reino de Judá com os 390 dias pelo “erro” de Israel, e, assim, como se aplicavam os quarenta anos referentes a Judá para com os 390 anos para Israel?
22 Entretanto, no cumprimento real sobre a antiga Jerusalém, os quarenta dias do “erro” da “casa de Judá” correriam simultaneamente com os últimos quarenta dias dos trezentos e noventa dias do “erro” da “casa de Israel”. A unidade de tempo para a medição, dada por Jeová a Ezequiel, era “um dia por um ano”, enfatizada pela repetição. Tratava-se da mesma unidade de tempo para a medição que Jeová forneceu quando exigiu que os israelitas rebeldes perambulassem por quarenta anos no ermo, depois de sua saída do Egito. (Números 14:34) De modo que aquela unidade de tempo, especificada lá em 1512 A. E. C., tinha pelo menos 899 anos de idade quando Jeová a especificou de novo a Ezequiel. Concordemente, os quarenta anos pelo “erro” da “casa de Judá” deviam correr simultaneamente com os últimos quarenta anos do período de 390 anos para o “erro” da “casa de Israel”. Os últimos quarenta anos daquele período de tempo começaram no ano 647 A. E. C. (350 anos depois de 997 A. E. C.) Aqueles quarenta anos terminaram em 607 A. E. C. Ambos os períodos de tempo, o mais comprido e o mais curto, deviam convergir para a mesma data, porque a antiga Jerusalém foi destruída apenas uma vez, a saber, em 607 A. E. C.
23, 24. Como se marcou o período de quarenta anos para se levar o “erro” de Judá e como indica 2 Reis 24:3, 4; 21:16, por que começou naquele tempo, apesar de Josias restabelecer a adoração pura naquela época?
23 Surge a questão: Ficou o começo daqueles quarenta anos para o “erro da casa de Judá” de algum modo assinalado para indicar o início da contagem do “erro” religioso? Sim, o ano inicial daquele período era o décimo terceiro ano do reinado do bom Rei Josias, de Jerusalém, e era o ano em que Jeová designou Jeremias, filho de Hilquias, o sacerdote, para servir como Seu profeta na terra de Judá. (Jeremias 1:1-3; 25:3) Mas, não restabelecia o bom Rei Josias naquele tempo a adoração pura de Jeová em toda a terra de Judá? Então, por que devia Jeová começar a contar o “erro” contra a “casa de Judá” naquele ano? Isto se dava por causa dos pecados do Rei Manassés, avô do Rei Josias, pecados que haviam sido tão abundantes e tão chocantes, que Jeová não podia tirá-los das contas que tinha a ajustar com Jerusalém, como cidade sanguinolenta e idólatra. Lemos:
24 “Foi somente pela ordem de Jeová que isto sucedeu a Judá, a fim de removê-lo da sua vista por causa dos pecados de Manassés, conforme tudo o que tinha feito; e também por causa do sangue inocente que tinha derramado de modo a encher Jerusalém de sangue inocente, e Jeová não consentiu em dar perdão.” — 2 Reis 24:3, 4; 21:16.
25. Como indica 2 Reis 23:25-27 que, apesar dos esforços nobres do Rei Josias, Jeová ainda tinha de ajustar contas com Jerusalém?
25 Mesmo depois dos esforços nobres do Rei Josias, de fazer vigorar a lei de Jeová em Judá e em Jerusalém, lemos: “E antes dele não se mostrou haver nenhum rei igual a ele que voltasse a Jeová de todo o seu coração, e de toda a sua alma, e de toda a sua força vital, segundo toda a lei de Moisés; nem depois dele surgiu um igual a ele. Não obstante, Jeová não recuou do grande ardor da sua ira com que a sua ira ardia contra Judá por causa de todas as coisas ofensivas com que Manassés os fizera ofender. Jeová disse, porém: ‘Também a Judá removerei da minha vista, assim como removi Israel; e hei de rejeitar esta cidade que escolhi, sim, Jerusalém, e a casa [templo] da qual eu disse: “Meu nome continuará ali.”’” — 2 Reis 23:25-27.
26. Como não foi a situação melhorada pelo Rei Amom, em Judá deixando assim para Jerusalém uma pesada responsabilidade imperdoável quando seu filho Josias se tornou rei?
26 O pai de Josias, o Rei Amom, não melhorara a situação em Judá e em Jerusalém, pois está escrito a respeito do Rei Amom: “E ele passou a fazer o que era mau aos olhos de Jeová, assim como Manassés, seu pai, tinha feito; e Amom ofereceu sacrifícios a todas as imagens entalhadas que Manassés, seu pai, tinha feito, e continuou a servi-las. E não se humilhou por causa de Jeová assim como Manassés, seu pai, se humilhou, porque era Amom quem fez aumentar a culpa. Finalmente conspiraram contra ele seus servos e o entregaram à morte, na sua própria casa.” (2 Crônicas 33:22-25) O Rei Amom deixou assim Judá e Jerusalém com uma reputação péssima e uma pesada responsabilidade imperdoável perante Jeová, quando seu filho e sucessor, Josias, tornou-se rei em 659 A. E. C.
27. Se a contagem dos quarenta anos tivesse começado quando o Rei Manassés foi levado cativo a Babilônia, por que teriam aqueles quarenta anos terminado durante o reinado de Josias e por que não teria isso sido apropriado?
27 No décimo terceiro ano do reinado de Josias, Jeová suscitou a Jeremias, filho de Hilquias, o sacerdote, como seu profeta, em 647 A. E. C. Através das profecias de Jeremias, Jeová deu definitivamente a conhecer seu propósito de causar sem falta a completa desolação de Judá e de Jerusalém. (Jeremias 19:1-5; 25:1-11) De acordo com isso, Jeová tornou o décimo terceiro ano do reinado do Rei Josias o começo da contagem dos quarenta anos de se levar o “erro da casa de Judá”. Este período de quarenta anos terminou em 607 A. E. C., ou seja, vinte e um anos depois da morte do Rei Josias. Se o período de quarenta anos tivesse começado durante o reinado do avô dele, o Rei Manassés, especialmente a partir do tempo em que o Rei Manassés foi levado cativo a Babilônia, pelo rei da Assíria, então os quarenta anos teriam terminado durante o reinado do Rei Josias. Por quê? Porque o reinado do Rei Manassés durou cinqüenta e cinco anos, e o reinado de seu filho Amom durou dois anos, e o do Rei Josias, trinta e um anos. (2 Crônicas 33:10 a 34:2, 19-28) O reinado de Josias era bom, na sua inteireza, e por isso não se permitiu que viesse nos seus dias a calamidade que viria no fim de quarenta anos. — 2 Reis 22:11-20; 2 Crônicas 34:14-33.
28. Entretanto, estamos hoje preocupados com a calamidade que sobrevem a quem, e como corresponde o antítipo moderno à antiga Jerusalém quanto à idolatria e ao derramamento de sangue?
28 Entretanto, o que nos interessa hoje especialmente é o cumprimento da calamidade no equivalente moderno das idólatras e sanguinolentas Jerusalém e Judá, a saber, a cristandade. Em nada inferior ao tipo antigo, a cristandade está cheia de coisas idolatradas, de imagens religiosas e de estátuas e emblemas nacionalistas, aos quais se presta devoção idólatra. Em nada inferior ao caso de Jerusalém, a cristandade ficou cheia de “sangue inocente” em grande quantidade, “de ponta a ponta”. (2 Reis 21:16) Desde o seu começo, a cristandade ficou manchada pelo derramamento de sangue. Depois de o imperador romano Constantino, o Grande, ter aceito o cristianismo dos seus dias, tornando-o a religião do Estado, sim, depois de ter presidido ao concílio religioso de Nicéia, ele mandou matar seu filho mais velho e depois sua própria esposa, Fausta. Assim se mancharam de sangue os próprios alicerces da cristandade. — The Encyclopœdia Britannica, 11.a edição, Volume 6, página 989, parágrafo 4.
29. Se Jeová considerou a antiga Jerusalém responsável pela culpa de sangue, que casos de derramamento de sangue em grande escala, por parte da cristandade, desde os dias do Imperador Constantino, poderá Jeová considerar?
29 Nos séculos que se seguiram, as vestes da cristandade ficaram cheias de sangue. Se este sangue pudesse clamar, atestaria contra as dez cruzadas religiosas, que ela realizou em vão contra os muçulmanos “infiéis” do Oriente Médio, contra os crimes da inquisição religiosa, as guerras religiosas entre os católicos-romanos e os protestantes, contra sua Guerra de Cem Anos, sua Guerra dos Trinta Anos, e agora, por fim, contra suas duas guerras mundiais deste século vinte, por meio das quais se derramou mais sangue do que desde a fundação da antiga Babilônia por Ninrode, “poderoso caçador em oposição a Jeová”, há quatro mil e duzentos anos atrás! Não ficou o “erro” da cristandade muito maior do que o da antiga Jerusalém e de Judá? Todos os fatos respondem claramente que Sim! E se Jeová considerou a antiga Jerusalém responsável, não devia Ele fazer o mesmo com a cristandade?
A CRISTANDADE É PIOR DO QUE O “PAGANISMO”
30, 31. A comparação da cristandade com o paganismo corresponde a que avaliação expressa por Jeová a Ezequiel a respeito da comparação entre Jerusalém e os países circunvizinhos, e, por isso, o que estava Jeová decidido a fazer a Jerusalém?
30 A cristandade não pode negar que ela tem agido de modo muito pior do que aquele domínio religioso que ela chama de “paganismo”. A avaliação que Jeová faz dela deve ser a mesma que ele expressou ao profeta Ezequiel a respeito da cidade na qual se encontrava o templo de Sua adoração: “Assim disse o [Soberano] Senhor Jeová: ‘Esta é Jerusalém. Coloquei-a no meio das nações, com terras ao seu redor. E ela passou a comportar-se rebeldemente contra as minhas decisões judiciais, em iniqüidade maior do que as nações, e contra os meus estatutos, mais do que as terras ao seu redor, pois rejeitaram as minhas decisões judiciais, e quanto aos meus estatutos, não andaram neles.’
31 “Portanto, assim disse o [Soberano] Senhor Jeová: ‘Visto que fostes mais tumultuosos do que as nações ao vosso redor, não andastes nos meus estatutos e não executastes as minhas decisões judiciais mas, porventura não agistes segundo as decisões judiciais das nações ao vosso redor? — portanto, assim disse o [Soberano] Senhor Jeová: “Eis que sou contra ti, o cidade, sim, eu, e VOU executar no teu meio decisões judiciais aos olhos das nações. E vou fazer em ti o que não fiz e como não mais farei, por causa de todas as tuas coisas detestáveis.”’” — Ezequiel 5:5-9.
32. Como quando se suscitou Ezequiel como profeta, quanto tempo já passou em se levar o “erro” da cristandade, e, de todos os pontos de vista, o que é verdade a respeito de seus dias remanescentes?
32 Quando nos lembramos de que foi bem avançado no período de quarenta anos de se levar o “erro” da casa de Judá, em que Jeová designou Ezequiel para seu profeta e vigia, vemos motivos de crer que será igualmente tarde no período designado por Jeová para se levar o erro da cristandade. Já estamos a mais de meio século do fim dos Tempos dos Gentios no ano de 1914, e as duas guerras mundiais da cristandade já são agora apenas história vergonhosa, não parecendo haver nada para impedi-la de preparar uma terceira. Calculado pela sua própria situação interna, os dias da cristandade devem estar contados. Mas, segundo a contagem do tempo de Jeová, os dias dela certamente estão contados. E o que acontecerá quando o número deles acabar?
33. O que e como devia Ezequiel comer e beber durante os dias do sítio mímico de Jerusalém?
33 Jeová indicou ao profeta Ezequiel o que o fim simultâneo dos 390 “dias” (anos) e dos 40 “dias” (anos) significaria para Jerusalém e Judá. Depois de dizer a Ezequiel como devia encenar em pantomima o iminente sítio de Jerusalém, Jeová passou a dizer-lhe: “E no que se refere a ti, toma para ti trigo, e cevada, e favas, e lentilhas, e painço, e espelta, e tens de pô-los numa só vasilha e fazer deles pão para ti, pelo número dos dias que estiveres deitado sobre o teu lado; por trezentos e noventa dias o comerás. E teu alimento que comerás será por peso — vinte siclos por dia. De tempo em tempo o comerás. E beberás água apenas por medida, a sexta parte de um him. De tempo em tempo beberás.” — Ezequiel 4:9-11.
ALIMENTAÇÃO E SAÚDE MÁS
34. O que indicou tal regime de fome da parte de Ezequiel quanto à Jerusalém durante o seu sítio, com que resultados para a saúde?
34 Imagine só — comer apenas vinte siclos (um pouco mais de 220 gramas) de alimento por dia e beber apenas um sexto de um him (cerca de meio litro) de água por dia, durante trezentos e noventa dias! Um regime de fome assim indicava uma séria falta de alimentos, uma fome, sim, igual à que a cidade sitiada de Jerusalém havia de sofrer. Isto bastava, também, para causar pestilência entre os habitantes esfomeados! Contudo, estas foram as mesmas coisas que se mandou que Ezequiel encenasse em pantomima e que Jeová disse claramente, em interpretação, que sobreviriam à Jerusalém sitiada. Haveria até mesmo canibalismo, disse ele:
35. Segundo o que Jeová disse a Ezequiel, quão séria se tornaria a fome?
35 “‘Portanto, os próprios pais comerão os filhos no teu meio, e os próprios filhos comerão seus pais, e eu vou executar em ti atos de julgamento e espalhar tudo o que restar de ti a todos os ventos. Portanto, assim como vivo’, é a pronunciação do [Soberano] Senhor Jeová, ‘seguramente, visto que foi meu santuário que aviltaste com todas as tuas coisas repugnantes e com todas as tuas coisas detestáveis, também sou Eu quem te vai diminuir, e meu olho não terá dó, nem tampouco terei compaixão. Um terço de ti — de peste morrerão e de fome chegarão ao seu fim no teu meio.’” — Ezequiel 5:10-12.
36. Como ilustrou Ezequiel que a fome e a peste consumiriam suas vítimas como o fogo?
36 Os que morreriam em resultado da fome e da peste dentro da Jerusalém sitiada haviam de ser semelhantes ao terço do cabelo que Ezequiel rasparia da cabeça e da barba, não com uma navalha, mas com uma espada de guerra, e que Ezequiel devia ‘queimar no próprio fogo, no meio da cidade, assim que se tivessem completado os dias [mímicos] do sítio’. (Ezequiel 5:1, 2) A fome e a peste consumiriam as suas vítimas como fogo!
37. Como se ilustrou o pão cerimonialmente impuro que os habitantes de Jerusalém teriam de comer?
37 Que alimentação miserável teriam os habitantes encurralados na Jerusalém sitiada! Já era bastante ruim ter de comer pão duma variedade de ingredientes, de trigo, cevada, favas, lentilhas, painço e espelta. Para um judeu assim como Ezequiel, filho dum sacerdote do templo, tal pão seria impuro, pois a sua composição violava o princípio que Jeová havia estabelecido na lei dada mediante Moisés, em Levítico 19:19: “Não deves semear teu campo com dois tipos de sementes e não te deves vestir de uma roupa de dois tipos de fios mesclados.” (Também Deuteronômio 22:9) Mas veja só o combustível que os habitantes da Jerusalém sitiada talvez tivessem de usar para cozer este pão ritualmente impuro! Jeová deu a entender isso quando disse a Ezequiel como este devia cozer o pão de mistura: “E tu o comerás como bolo redondo de cevada; e a este cozerás perante os olhos deles sobre fezes de excremento humano.” Ezequiel devia assim encenar um quadro profético, porque ele nos diz: “E Jeová prosseguiu, dizendo: ‘Exatamente assim é que os filhos de Israel comerão seu pão de modo impuro entre as nações às quais os dispersarei.’”. — Ezequiel 4:12, 13.
38. Como expressou Ezequiel seu horror de comer esta espécie de pão, preparado assim, e o que significava para Jerusalém ter de comer tal pão repugnante?
38 Cozido assim, o pão seria duplamente impuro. Parece-nos tal processo de cozedura revoltante, na civilização moderna? Há vinte e cinco séculos atrás, era revoltante até mesmo para Ezequiel. Ele não podia deixar de expressar seu horror, conforme nos conta: “E eu passei a dizer: ‘Ai! [Soberano] Senhor Jeová! Eis que a minha alma não é aviltada; nem comi qualquer corpo já morto, nem qualquer animal dilacerado, desde a minha mocidade e até agora, e não entrou carne imunda na minha boca.’” (Ezequiel 4:14) Mais de seiscentos anos depois, um judeu cristão, o apóstolo Pedro, sentiu repugnância similar diante das instruções que recebeu numa visão da parte de Deus. (Atos 10:9-17; 11:5-10) Ezequiel, de família sacerdotal, não queria nem mesmo sob as condições severas de fome dum sítio aviltar-se cerimonialmente, embora pudesse significar a morte por fome. Isto nos dá uma idéia dos apuros em que a Jerusalém sitiada se veria.
39. Por que podia Jeová ter consideração para com os sentimentos de Ezequiel neste respeito, contudo, o que aconteceria a Jerusalém quanto à comida e à bebida?
39 Entretanto, o pão de mistura, quer cozido sobre excremento humano, quer não, ainda assim seria impuro, bem como escasso. Este era o ponto principal a ser enfatizado. Por isso, Jeová podia ter consideração para com os sentimentos de Ezequiel e tornar o processo de cozedura mais normal para alguém do Oriente Médio. “Por conseguinte”, diz Ezequiel, “ele me disse: ‘Vê, eu te dei estrume de gado em vez de fezes humanas, e tens de fazer o teu pão sobre ele.’” Daí, Jeová forneceu a sua própria explicação, porque Ezequiel escreveu: “E continuou a dizer-me: ‘Filho do homem, eis que quebro os varais nos quais se penduram os pães anulares, em Jerusalém, e eles terão de comer pão por peso e em ansiedade, e será por medida e em horror que beberão a própria água, com o objetivo de que careçam de pão e de água e olhem espantados um para o outro e apodreçam no seu erro.’” — Ezequiel 4:15-17.
40. Como mostraram os acontecimentos posteriores, em Jerusalém, que Jeová não havia exagerado a questão da comida e da bebida?
40 Não se tratava duma declaração exagerada. Durante o próprio sítio, o profeta Jeremias, encarcerado dentro de Jerusalém, recebeu por fim “diariamente um pão redondo da rua dos padeiros até que todo o pão se esgotou na cidade”. (Jeremias 37:21) Finalmente, Jeremias pôde escrever a respeito do último ano do reinado do iníquo Rei Zedequias, na Jerusalém sitiada: “No nono dia do quarto mês era severa a fome na cidade, e não se mostrava haver pão para o povo da terra. E a cidade sofreu uma brecha, e todos os homens de guerra fugiram de noite pelo caminho ]do portão entre a muralha dupla que há junto ao jardim do rei, enquanto os caldeus estavam em toda a volta, contra a cidade; e o rei começou a ir na direção do Arabá. E a força militar dos caldeus foi no encalço do rei e foram alcançá-lo nas planícies desérticas de Jericó; e toda a sua própria força militar foi espalhada do seu lado.” (2 Reis 25:3-5; Jeremias 39:3-5; 52:6-8) O “sinal” de aviso que Jeová dera mediante Ezequiel mostrou ser plenamente veraz.
41. Como passariam os sobreviventes do sítio de Jerusalém nos países aos quais seriam espalhados?
41 Mas, que dizer daqueles sobreviventes do sítio de dezoito meses de Jerusalém? Segundo Jeová disse a Ezequiel, haviam de comer “seu pão de modo impuro entre as nações às quais os dispersarei”. (Ezequiel 4:13) Haviam de ser dispersos, espalhados em países não israelitas, como exilados; deixando a terra de Judá e Jerusalém em completa desolação. Deixaram atrás, em Jerusalém, não só as vítimas da fome e da pestilência, mas também os que haviam sido mortos pelas armas e pelo equipamento militar dos caldeus ou babilônios. Estas últimas vítimas da guerra e os próprios sobreviventes eram como as outras duas partes do cabelo que Ezequiel raspara da cabeça e da barba com uma espada. Os mortos da guerra eram como o terço de seu cabelo, que Ezequiel devia golpear com a espada em seu redor, por todos os lados. Quanto aos sobreviventes, que seriam dispersos entre as nações gentias, eram como o terço remanescente do cabelo de Ezequiel, que ele devia espalhar ao vento, não para uma vida pacífica em exílio, mas, conforme Jeová disse a Ezequiel: “Desembainharei a própria espada atrás deles.” (Ezequiel 5:2) Explicando as ações simbólicas de Ezequiel para com estas últimas duas partes do cabelo, Jeová disse ao seu profeta:
42. Como foi isso explicado por Jeová pela maneira em que Ezequiel tratou o último terço do cabelo rapado, e o que teriam de saber os sobreviventes?
42 “E outro terço [o segundo terço do cabelo] — à espada cairão ao teu redor. E o último terço é que espalharei a todos os ventos, e é uma espada que desembainharei atrás deles. E a minha ira certamente acabará e vou aplacar neles o meu furor e consolar-me; e terão de saber que eu, Jeová, é que falei na minha insistência em devoção exclusiva, quando eu levar a cabo meu furor contra eles.” — Ezequiel 5:12, 13.
43. Por que experiência passariam os representados pelos cabelos embrulhados nas abas da veste de Ezequiel e os representados pelos cabelos lançados no fogo?
43 Alguns exilados haviam de ser semelhantes aos poucos cabelos que Ezequiel tomaria da terceira parte do cabelo raspado e que embrulharia nas abas de sua veste. Tais exilados passariam por sua experiência dura e voltariam da dispersão para adotar uma adoração purificada de Jeová, depois de a terra de Judá ter jazido desolada por setenta anos. Mas, quanto aos exilados em geral, não havia de ser fácil para eles. O fogo consumidor de Jeová seria contra eles. Iguais ao cabelo humano, seriam muito combustíveis. Portanto, Jeová disse-lhe a respeito dos cabelos remanescentes, não embrulhados nas abas de Ezequiel: “E tomarás outros deles e terás de lançá-los no meio do fogo, e incinerá-los no fogo. De um [fogo] sairá um fogo a toda a casa de Israel.” — Ezequiel 5:3, 4.
44, 45. Que espécie de exemplo faria Jeová do povo de Jerusalém, e que atos de julgamento executaria para com os sobreviventes momentâneos de Jerusalém?
44 Portanto, os que tentassem adorar o verdadeiro Deus de modo hipócrita não escapariam por muito tempo. Jeová odeia ser tratado por hipócritas religiosos como se fosse um Deus que pode ser enganado. Por isso, este Deus que exige devoção exclusiva disse a tais sobreviventes momentâneos:
45 “E farei de ti um lugar devastado e um vitupério entre as nações ao redor de ti diante dos olhos de todo transeunte. E terás de tornar-te vitupério e objeto de palavras injuriosas, exemplo de advertência e coisa horrorosa para as nações ao redor de ti, quando eu fizer em ti atos de julgamento em ira, e em furor, e em furiosas repreensões. Eu, Jeová, é que falei. Quando eu enviar contra eles as flechas malignas da fome, que terão de mostrar ser para a ruína, flechas que enviarei para vos arruinar, aumentarei sobre vós até mesmo a fome e vou quebrar os vossos varais nos quais se penduram os pães anulares. E vou enviar sobre vós fome e feras nocivas, e eles terão de privar-te de filhos, e até mesmo a peste e o sangue passarão pelo teu meio, e trarei sobre ti uma espada. Eu, Jeová, é que falei.” — Ezequiel 5:14-17.
46. Foram os fatos posteriores mais cruéis do que estas palavras proféticas? Portanto, o que sobrevirá aos pretensos religiosos que vituperam a Jeová e seu nome?
46 Palavras cruéis! Assim talvez pareça a declaração do propósito de Jeová a sentimentalistas e àquelas que não detestam completamente a hipocrisia religiosa e que não apreciam a dignidade do verdadeiro Deus, que foi ultrajada. Mas, estas palavras não eram mais cruéis do que a própria experiência que sobreveio aos sobreviventes dispersos da destruição de Jerusalém em 607 A. E. C. Jeová não falou em vão, nem exagerou a questão. Suas palavras não devem ser tomadas levianamente. Quando os pretensos religiosos lançam vitupério sobre Ele e seu nome sagrado, certamente resultará em vitupério que lhes sobrevêm da parte das nações mundanas. Jeová expõe sua hipocrisia religiosa diante das nações do mundo.
FLECHAS DE FOME E PESTE HÃO DE ATINGIR A CRISTANDADE
47. Que condições de alimentação e saúde sobrevirão à cristandade por ela não acatar este ‘exemplo de aviso’ da história bíblica?
47 Não despercebamos esta lição histórica. Por que deveríamos sofrer junto com a cristandade, que não toma a peito este ‘exemplo de aviso’, tão claramente registrado na Palavra de Jeová? Naturalmente, predizem-se fome e peste não só na cristandade, mas em todo o mundo da humanidade, segundo as advertências dos atuais ecólogos, economistas e estatísticos, que se preocupam com o modo em que o aumento da população ultrapassa a produção de alimentos e também com a difusão de doenças devidas ao aumento da poluição do meio ambiente do homem. Mas quando Jeová lançar a “grande tribulação”, conforme predita pelo seu Filho Jesus Cristo, em Mateus 24:21, 22, e quando ela atingir o equivalente moderno da antiga Judá e Jerusalém, então a cristandade sofrerá fome e peste num sentido adicional.
48. Que fome e peste passará a cristandade em sentido adicional?
48 Os clérigos assalariados da cristandade, mesmo os mais altos dignitários eclesiásticos, não receberão mais apoio financeiro e material ido povo. As igrejas religiosas dela e seus seminários relacionados, bem como outras instituições dela, sofrerão e perecerão por falta de contribuições e patrocínio; de fato, serão violentamente despojados. Não se alimentando e nutrindo com a doutrina sadia da Palavra escrita de Jeová, tanto os clérigos como suas organizações religiosas mostrarão estar espiritualmente doentes até a morte, atacados por uma epidemia de doenças venéreas resultantes de fornicação religiosa com os elementos políticos e seculares deste sistema impuro de coisas.
49. Visto que Jeová é difamado pela cristandade, de que não a protegerá, e como levará Ele a cabo sua fúria em quaisquer sobreviventes hipócritas da destruição da cristandade?
49 Visto que ela difamou a Jeová perante as nações, ele não a protegerá contra a violência às mãos de elementos mundanos aborrecidos. Ter-se-á completado o número dos dias dela. Será destruída tão certamente como foi Jerusalém lá em 607 A. E. C. Quaisquer associados da cristandade, que sobreviverem à destruição dela na “grande tribulação”, não passarão por ela para qualquer futuro melhor e de longa duração, assim como tampouco aconteceu com aqueles sobreviventes hipócritas da destruição da antiga Jerusalém. Enfrentam somente mais dificuldades e por fim a destruição na parte adicional e concludente da “grande tribulação”. A “espada” simbólica de Jeová, de execução judicial, será brandida contra eles na “guerra do grande dia de Deus, o Todo-poderoso”, na situação mundial chamada Har-Magedon. (Revelação [Apocalipse] 16:14-16; 19:11-21) Assim lançará sobre eles seu furor justo contra a hipocrisia religiosa e a impiedade, até o fim.
50. O que realizou em sentido religioso a desolação da terra de Judá e de Jerusalém lá naquele tempo, e assim, também, a que levará a remoção da cristandade em sentido religioso?
50 Parece isso ser um quadro sombrio, destacando em pormenores nítidos as “endechas, e gemidos, e lamúria” escritos no “rolo” que Ezequiel comeu? Contudo, o quadro tem também um aspecto alegre! O que alcançou naquele tempo a desolação completa da terra de Judá e de Jerusalém? Eliminou completamente toda religião falsa daquela terra dada por Deus. A terra estava limpa para o restabelecimento da religião pura, no tempo devido de Deus. (Ezequiel 2:9 a 3:2) O mesmo se dá agora neste século vinte. Se a cristandade há de desaparecer na iminente “grande tribulação”, o mesmo deve acontecer com todo o resto da religião falsa. A terra inteira terá de ser purificada de toda religião falsa e de sua influência e poder aviltantes e corrompedores.
51. Por que não haverá um vácuo sem Deus na terra em vista da destruição da cristandade e de todas as outras religiões falsas?
51 Mas isto não deixará um vácuo religioso, um vazio sem Deus. A verdadeira religião do único Deus vivente e verdadeiro sobreviverá sob a sua proteção. Não havendo mais a oposição e a perseguição por parte dos promotores da religião falsa, ela florescerá sob a bênção divina e se espalhará por toda a terra. Depois da destruição de Jerusalém em 607 A. E. C., Ezequiel foi designado para profetizar sobre este futuro bendito de toda a humanidade. — Veja a profecia de Ezequiel nos capítulos Eze. trinta e seis a quarenta e oito.
[Nota(s) de rodapé]
a Veja Aid to Bible Understanding, página 338, parágrafos 7-9.