Capítulo 18
Conseqüências da rejeição do Pastor-Governante de Deus
1. Por que não é estranho que Jeová compare governantes inferiores a si mesmo com pastores?
O MAIOR Governante de todos comparou-se repetidas vezes com um pastor. Por exemplo, tome esta bela comparação que Ele fez ao predizer com quanta ternura conduziria seu povo exilado de volta à sua pátria: “Eis que o próprio [Soberano] Senhor Jeová virá mesmo como alguém forte, e seu braço governará por ele. Eis que está com ele a sua recompensa e diante dele está o salário que paga. Qual pastor ele pastoreará a sua própria grei. Com o seu braço reunirá os cordeiros; e os carregará ao colo. Conduzirá com cuidado as que amamentam.” (Isaías 40:10, 11) Não seria de estranhar, portanto, que ele comparasse governantes inferiores na terra a pastores.
2. Com que plantas compara Jeová os governantes notáveis do mundo, e com que compara similarmente o restante liberto de Babilônia?
2 Ele comparou também governantes notáveis a árvores altas. O Faraó régio do antigo Egito foi assim comparado a uma árvore majestosa. (Ezequiel 31:1-18) Ele comparou com árvores até mesmo os do restante exilado, para cuja libertação ele usa seu Messias ou Ungido, para guiá-los para fora da simbólica Babilônia, para retornar à sua terra nativa dada por Deus. Faz isso ao falar sobre a tarefa que dá ao seu Messias, a saber: “Para consolar a todos os que pranteiam; para designar aos que pranteiam por Sião, para dar-lhes uma cobertura para a cabeça em lugar de cinzas, o óleo de exultação em vez de luto, o manto de louvor em vez de um espírito desanimado; e terão de ser chamados de grandes árvores de justiça, plantação de Jeová, para ele ser embelezado.” — Isaías 61:1-3.
3, 4. (a) Que contraste faz Zacarias entre as “grandes árvores de justiça” e as “árvores” mundanas? (b) Segundo Zacarias 11:1-3, por que haveria uivo e bramido?
3 É a estas simbólicas “grandes árvores de justiça, plantação de Jeová”, que se faz referência no precedente capítulo dez da profecia de Zacarias, Zac 10 versículos 3-12. Quão grande é o contraste que se faz então entre elas e as árvores simbólicas em níveis elevados de nosso mundo opressivo! Nos dias de Zacarias, os montes majestosos do Líbano estavam revestidos de florestas dos seus mundialmente famosos “cedros do Líbano” e de outras fragrantes árvores sempre-verdes. Quão lamentável era pensar-se que tais florestas seriam devastadas por um incêndio inextinguível! Bastava para fazer a pessoa uivar. Tal uivo do mundo ainda há de vir, pois, quase que em seqüência do capítulo dez da profecia de Zacarias, o capítulo onze começa com a ordem divina de soltar tais uivos. Lemos:
4 “Abre as tuas portas, ó Líbano, para que um fogo devore entre os teus cedros. Uiva, o junípero, pois o cedro caiu; porque os próprios majestosos foram assolados! Uivai, árvores maciças de Basã, porque foi deitada abaixo a floresta impenetrável! Escuta! O uivo dos pastores, porque a sua majestade foi assolada. Escuta! O bramido dos leões novos jubados, porque as moitas orgulhosas ao longo do Jordão foram assoladas.” — Zacarias 11:1-3.
5. Quando terão de queimar-se tais plantações de árvores simbólicas, fazendo com que uive quem?
5 Não se fornecem ao Líbano portas contra incêndio. Quando chegar o tempo determinado de Jeová para seu fogo consumidor assolar a terra majestosa, as portas do simbólico Líbano terão de abrir-se à Sua ordem para deixar entrar o fogo. Até mesmo os enormes cedros do Líbano terão de cair diante das chamas divinamente acesas, e é por isso que os juníperos associados terão de uivar. A qualidade maciça das árvores não as torna à prova de fogo. É por isso que terá de haver uivos da parte das florestas impenetráveis de árvores maciças nos planaltos de Basã, ao leste do rio Jordão e do Mar da Galiléia. Estes também terão de queimar-se no incêndio mundial durante a vindoura “grande tribulação”, a tribulação de todas as tribulações da humanidade. Este será um tempo de uivos para os pastores governantes.
6. Por que uivarão os pastores-governantes em vista da queima das “árvores” simbólicas e também rugirão como os leões das moitas do Jordão?
6 Se escutarmos com fé a mensagem clara da profecia bíblica, poderemos ouvir os uivos destes pastores-governantes mundanos. Na “guerra do grande dia de Deus, o Todo-poderoso”, no campo de batalha do Har-Magedon, eles serão despojados de sua majestade de aparência e de cargo. (Revelação [Apocalipse] 16:14-16) Eles mesmos são retratados por aquelas árvores majestosas do Líbano e pelas árvores maciças de Basã. São também, simbolicamente, os “leões novos jubados”. Assim como os leões novos jubados rugem por se terem queimado as moitas orgulhosas ao longo das margens do rio Jordão, nas quais estes leões costumavam esconder-se, assim tais pastores-governantes semelhantes a leões rugirão em consternação, ao se verem privados dos esconderijos, dos quais costumavam lançar-se sobre as suas vítimas incautas, o público, o povo.
7. De que modo se refere Malaquias 4:1 ao mesmo dia ardente, e qual será o resultado para os pastores-governantes?
7 O tempo do incêndio ardente que despojará estes pastores mundanos de sua imponente dignidade, estatura e posição forte também foi predito pelo profeta Malaquias, que apareceu no cenário algumas décadas depois de Zacarias. Comparando os presunçosos e iníquos a plantas, Malaquias (4:1) diz: “‘Eis que vem o dia que arde como fornalha, e todos os presunçosos e todos os que praticam a iniqüidade terão de tornar-se como restolho. E o dia que virá certamente os devorará’, disse Jeová dos exércitos, ‘de modo que não lhes deixará nem raiz nem galho’.” Estes pastores políticos afirmam governar por terem recebido, por meio duma eleição democrática, um “mandato do povo”, ou por terem nascido na linhagem duma família real, ou porque os clérigos da cristandade lhes concederam o “direito divino dos reis”. Entretanto, isto não os torna pastores teocráticos, nem governantes designados pelo Grande Teocrata, por meio de seu Messias. Por isso, o vindouro dia ardente da execução do julgamento de Deus devorará todas as suas afirmações falsas. Não restará deles nem raiz, nem galho.
PASTOR DIVINAMENTE DESIGNADO
8. Como foi que os pastores-governantes venderam as “ovelhas” para serem mortas ou massacradas e quem pode suscitar um pastor altruísta?
8 Visto que os regentes governamentais são comparados a pastores, seus súditos, o povo, são comparados a um rebanho de ovelhas. Os governantes-pastores têm tratado as ovelhas como se pertencessem a eles e têm estado dispostos a vendê-las às mãos das pessoas egoístas que podiam explorar e maltratar as pessoas semelhantes a ovelhas. De fato, entregaram-nas para ser mortas, massacradas por causa de homens ambiciosos que pagam este preço para obter controle ou vantagem sobre o povo. Mais do que isso, os pastores governamentais têm levado as pessoas num rumo que por fim resultará em serem mortas na “guerra do grande dia de Deus, o Todo-poderoso”, na situação mundial chamada Har-Magedon. (Revelação 16:14-16; 19:11-21) Não há, porém, nenhum “pastor” real que toma mesmo a peito os interesses de todo o povo e que está disposto a gastar a si mesmo em vez de explorar as ovelhas? Quem pode suscitar tal pastor, para que as ovelhas individuais possam colocar-se sob os seus cuidados e sua orientação, e ser poupadas à terrível matança? É Jeová.
9. Ao encenar um drama profético, que rebanho se manda Zacarias pastorear?
9 Para representar isso, o profeta Zacarias foi usado para encenar uma alegoria ou um drama profético. O próprio profeta Zacarias o descreveu nas seguintes palavras: “Assim disse Jeová, meu Deus: “Pastoreia o rebanho destinado à matança, cujos compradores passam a matá-las, embora não sejam tidos por culpados. E os que as vendem dizem: “Bendito seja Jeová, enquanto eu ganho riquezas.” E seus próprios pastores não têm nenhuma compaixão com elas.”” — Zacarias 11:4, 5.
10. Quem é o “rebanho” simbólico, a quem pertence e por que foi Zacarias designado para ser pastor do “rebanho destinado à matança”?
10 Quão lastimável é o estado do “rebanho destinado à matança”! Lá naquele tempo, este “rebanho” era a nação de Israel. O salmista dirigiu-se Àquele que realmente é dono deste rebanho, dizendo: “Ó Pastor de Israel, dá deveras ouvidos, tu que conduzes a José como a um rebanho.” Reconhecendo que Este é o dono, o salmista disse: “Ele é nosso Deus, e nós somos o povo do seu pasto e as ovelhas da sua mão.” (Salmo 80:1; 95:7) Visto Ele ser o proprietário, tem o direito de designar um pastor fiel sobre eles. Fez isso por designar o profeta Zacarias. Este novo pastor terreno não recebeu seu “mandato do povo”, de modo democrático. Ele foi designado teocraticamente pelo Deus Governante, Jeová. Este Dono celestial tinha em mente salvar alguns deste “rebanho destinado à matança”. Ele já dissera: “Jeová, seu Deus, os há de salvar naquele dia como o rebanho do seu povo; pois serão como as pedras dum diadema cintilando sobre o seu solo.” (Zacarias 9:16) Na realização deste propósito, o Grande Teocrata designou Zacarias para pastor do rebanho.
11. De que modo não mostraram compaixão com as ovelhas os “pastores” que as venderam, e como eram cúmplices na matança delas?
11 Zacarias era dessemelhante dos pastores-governantes que se achavam autorizados a vender as ovelhas de Jeová por lucro pessoal. Por se enriquecerem assim, achavam que Deus os enriquecia. Após esta venda desapiedada, estes traiçoeiros pastores-governantes disseram hipocritamente: “Bendito seja Jeová, enquanto eu ganho riquezas.” Por fazerem isso, os pastores aos quais se confiaram as pessoas semelhantes a ovelhas mostraram não ter “nenhuma compaixão com elas”. Estes pastores sabiam que os compradores aos quais venderam as “ovelhas” as matariam na execução de planos ambiciosos e egotistas. Pior ainda, estes compradores não seriam “tidos por culpados” por tal matança. Pelo menos os pastores que fizeram a venda não teriam os compradores por culpados. Eram assim cúmplices na matança. Para eles, as ovelhas eram apenas um “rebanho destinado à matança”.
12. Ovelhas de quem professam ser as pessoas da cristandade, e foram designados teocraticamente seus pastores religiosos, terrestres?
12 Tudo isso lembra uma situação similar que existe na cristandade, neste século vinte. O povo, que professa ser cristão, afirma ser ovelhas de Deus. Aplicam a si o Salmo 95:7 (citado mais acima) e recitam na igreja em uníssono o Salmo 23:1 (Almeida): “O Senhor é o meu pastor: nada me faltará.” Mas estas pessoas religiosas olham também para “pastores” terrenos. Os clérigos da cristandade, especialmente em sentido religioso, afirmam ser pastores destas ovelhas, sendo que cada uma das centenas de seitas religiosas tem o seu próprio rebanho. No entanto, estes pastores não foram designados teocraticamente assim como Zacarias, pois, cada um é ordenado pelo grupo regente de sua própria seita ou confissão, ou por um bispo ou outro alto dignitário eclesiástico, ou por uma congregação. Imitam tais clérigos a estes pastores dos dias de Zacarias?
13. De que modo imitaram tais clérigos os pastores dos dias de Zacarias em vender as “ovelhas” a serem mortas?
13 Salientou-se corajosamente que os clérigos da cristandade, com suas centenas de milhões de membros das igrejas sob o seu domínio espiritual, poderiam ter impedido a guerra mundial no ano 1914 E.C. Mas não o fizeram.a Entregaram seus rebanhos, sem protesto, a mais de quatro anos da guerra mais cruel em toda a história humana até então. De fato, venderam seus rebanhos para escapar da perseguição por insistir estritamente no cristianismo e para obter o favor dos pastores militares e governamentais. Isto foi, nada mais, nada menos, o que aconteceu também na Segunda Guerra Mundial, a qual, como a primeira, começou no próprio coração da cristandade. A “matança” neste segundo combate mundial foi ainda mais horrível do que no primeiro. Além disso, os clérigos religiosos têm procurado agradar aos exploradores comerciais e aos políticos. Têm-se metido na política e têm vendido seus rebanhos aos que procuram cargos, os quais não têm escrúpulos quanto a explorar o povo.
14. Segundo afirmam os “pastores”, quem os enriqueceu, e por que não têm os compradores das ovelhas nem um escrúpulo de consciência por explorarem as ovelhas ou causarem sua matança?
14 Por assim obterem riquezas, no que se refere aos bens materiais e à popularidade junto à classe governante deste mundo, acham que Deus os abençoa. E por isso dizem piamente: “Louvado seja o SENHOR, porque me tornei rico.” (Zacarias 11:5, ALA) Visto que os “compradores” das pobres ovelhas têm a bênção dos clérigos religiosos, eles não têm senso de culpa por causa da sua exploração das ovelhas, nem mesmo por causa da violenta matança em massa das ovelhas. ‘Não são tidos por culpados’ pelos clérigos da cristandade, mas continuam a ser retidos como membros plenos das igrejas, gozando boa reputação. É bem evidente, portanto, que os “pastores”, religiosos e governamentais, “não têm nenhuma compaixão” com as “ovelhas” da cristandade.
15. Como sabemos que as pessoas gostaram de ser exploradas pelos pastores traiçoeiros?
15 Apesar de tudo isso, é assim como Deus disse em Jeremias 5:31: “Os próprios profetas realmente profetizam em falsidade; e quanto aos sacerdotes, estão subjugando segundo os seus poderes. E meu próprio povo amou-o assim; e que fareis vós ao final disso?” E como sabemos que os que professam ser o povo de Deus ‘amaram-no assim’? Por observarmos que os que professam ser o povo de Deus não seguiram a liderança do pastor fiel que Deus suscitou, conforme representado pelo profeta Zacarias. Continuam a deixar que os negociantes de “ovelhas”, os compradores e os vendedores, as levem à “matança”. Portanto, quando lhes sobrevierem as conseqüências de seu proceder, merecerão qualquer compaixão?
16. Quanto à pergunta sobre compaixão, qual é a resposta divina em Zacarias 11:6?
16 A resposta divina foi dada ao profeta Zacarias, o pastor teocrático: “‘Pois, não mais me compadecerei dos habitantes da terra’, é a pronunciação de Jeová. ‘Portanto, eis que faço que os da humanidade se encontrem, cada um na mão do seu companheiro e na mão do seu rei; e certamente esmiuçarão a terra e eu não livrarei da sua mão.’” — Zacarias 11:6.
17. A que estado egotista e desamoroso deixará Jeová chegar os do “rebanho destinado à matança”, e por que clamarão em vão?
17 Assim se dá também com referência à cristandade hodierna. Virá o tempo em que Jeová deixará de mostrar compaixão com “o rebanho destinado à matança”. Ele deixará que as pessoas desamorosas, semelhantes a ovelhas se oprimam mutuamente, os pastores (religiosos e governamentais) às ovelhas, o rei ou pastor real às ovelhas, e as ovelhas umas às outras. Será um estado de anarquia. O que pode resultar disso senão um estado geral de colapso da sociedade humana organizada? O sistema de coisas não mais se manterá unido, não se fazendo mais nada sistematicamente segundo a sabedoria mundana. Falando-se simbolicamente, os que de modo anárquico e caótico se maltratam uns aos outros inevitavelmente “esmiuçarão a terra”, isto é, seu domínio terrestre, organizado. Embora então clamem algo e por longo tempo, Jeová ‘não livrará da sua mão’. Por que deveria fazer isso? Negaram-se repetidas vezes a seguir seu próprio pastor designado.
O SALÁRIO DO PASTOR — TRINTA MOEDAS DE PRATA
18. Que espécie de designação era a de Zacarias para pastorear o “rebanho” de Israel e que pergunta surge quanto aos serviços dele?
18 Até que ponto reconhecem os que apenas afirmam ser o povo de Deus o “pastor” espiritual que Ele suscitou e lhes enviou? Isto é representado profeticamente para nós na experiência do profeta Zacarias. Não por um mandato popular, mas por uma designação teocrática é que ele foi enviado a “pastorear” o rebanho de Israel. Quanto foi apreciado? Quão altamente foram estimados os seus serviços? Ele é bastante franco em dizer-nos:
19. Quantos bordões tomou Zacarias, quantos pastores eliminou num só mês e como mostrou que rompia seu pacto com o povo?
19 “E passei a pastorear por vós o rebanho destinado à matança, ó atribulados do rebanho [ou talvez: ‘da parte dos negociantes de ovelhas’, PIB; NM ingl. 1971, margem]. Portanto, tomei para mim dois bordões. A um chamei de Afabilidade e ao outro chamei de União [literalmente: Liames], e fui pastorear o rebanho. E finalmente eliminei três pastores num só mês lunar, visto que a minha alma ficou gradualmente impaciente com eles e também a própria alma deles me abominava. Por fim eu disse: ‘Não continuarei a pastorear-vos. Morra aquela que estiver morrendo. E seja eliminada aquela que estiver sendo eliminada. E quanto às que restarem, que devorem cada uma a carne de sua companheira.’ Portanto, tomei o meu bordão Afabilidade e o cortei em pedaços, a fim de romper meu pacto que eu concluíra com todos os povos. E ele ficou rompido naquele dia, e os atribulados do rebanho que me observavam ficaram assim sabendo que era a palavra de Jeová.” — Zacarias 11:7-11.
20. Para que fim serviam os bordões e que nome respectivo lhes deu Zacarias? Por quê?
20 Zacarias, como pastor, tomou como parte do seu equipamento dois bordões, um para conduzir as ovelhas e o outro para protegê-las. O antigo pastorzinho Davi fez referência a estes no Salmo 23:1-4, dizendo: “Jeová é o meu Pastor. . . . Ainda que eu ande pelo vale da sombra tenebrosa, não temerei mal nenhum, porque tu estás comigo; tua vara e teu bastão são as coisas que me consolam.” Zacarias chamou a um dos bordões, evidentemente o para conduzir as ovelhas, de Afabilidade, referindo-se ao favor demonstrado para com as ovelhas. O outro bordão, evidentemente o bastão para bater nos que atacavam as ovelhas, ele chamou de União (literalmente: Liames, para manter a união). Era um favor do Deus de Zacarias, Jeová dos exércitos, para com as ovelhas, que Jeová designou a Zacarias para atuar como pastor das ovelhas. Por isso, um dos bordões foi chamado de Afabilidade.
21. De que espécie de ovelhas foi Zacarias constituído pastor e de que nacionalidades se compunham? A quem representava Zacarias como pastor?
21 Entretanto, o profeta de Jeová não foi constituído pastor sobre ovelhas literais. Tratava-se de ovelhas simbólicas, a saber, a casa de Israel, composta então dum restante do reino de Judá e dum restante constituído pelos membros do reino setentrional de dez tribos de Israel, cuja principal tribo era Efraim. Por conseguinte, Zacarias foi designado teocraticamente para assumir a supervisão espiritual sobre o restante de toda a casa de Israel, igual a um governante ou governador. Neste cargo, ele realmente representava a Jeová, o Pastor celestial.
22. Foi Zacarias obrigado a pastorear de graça? Por que era seu pastoreio obrigatório para os israelitas e o que mostra se havia um contrato?
22 O profeta Zacarias não faria o pastoreio de graça. Ele tinha direito a um salário pelos serviços prestados. No fim de seus serviços, podia de direito exigir seu ordenado. Visto que era pastor designado pelo Grande Teocrata Jeová, seu pastoreio era obrigatório para o restante de Israel aceitar e apreciar pelo valor que lhe atribuía. Havia algum contrato ou compromisso específico com a casa de Israel que permitisse tal pastoreio? Que havia tal contrato ou pacto é inferido do que Zacarias nos diz ao explicar sua renúncia do trabalho, dizendo: “Portanto, tomei o meu bordão Afabilidade e o cortei em pedaços, a fim de romper meu pacto que eu concluíra com todos os povos.” (Zacarias 11:10) Quer dizer, com “todos os povos” de Israel.
23. Do contrato de quem com Israel se tratava, e por quê?
23 Então, o “pacto” ou contrato solene de quem era este? Aparentemente, era o pacto pessoal de Zacarias. Mas, lembremo-nos de que foi Jeová quem lhe disse: “Pastoreia o rebanho destinado à matança.” (Zacarias 11:4) Isto foi o que Jeová fez porque os pastores em exercício estavam vendendo para a matança ou o abate as ovelhas do rebanho que realmente pertencia a Jeová Deus. Isto significa que estava envolvido o pacto de Jeová; foi no cumprimento de seu pacto com Israel que ele fez esta designação dum profeta para ser pastor da nação. Em harmonia com este fato básico, a nota ao pé da página na Bíblia Hebraica de Rudolf Kittel, Stuttgart, Alemanha Ocidental, diz que, em vez de “meu pacto que eu concluíra”, devíamos provavelmente ler: “o pacto de Jeová, que Jeová concluíra”. Isto se dá porque os sufixos pronominais no texto hebraico, geralmente traduzidos “meu” e “eu”, são realmente abreviações do nome divino Jeová. — Veja a nota ao pé da página na edição inglesa de 1971 da Tradução do Novo Mundo das Escrituras Sagradas.
24. (a) Por quanto tempo pastoreou Zacarias o rebanho, e como sabemos isso? (b) Para quem pastoreou ele o rebanho?
24 Havia outros pastores trabalhando naquele tempo. Parece que eles se ressentiam da intrusão do profeta de Jeová no seu campo de atividade. Zacarias trabalhou como pastor pelo menos por um mês, pois ele nos diz: “Finalmente eliminei três pastores num só mês lunar, visto que a minha alma ficou gradualmente impaciente com eles e também a própria alma deles me abominava.” (Zacarias 11:8) Não se nos diz quem eram estes três pastores. Mas, visto que ele havia sido designado pelo Deus Altíssimo, Zacarias tinha autoridade superior entre eles, de modo que podia despedir os três. Não sabemos quanto tempo continuou a pastorear depois de eliminar estes três pastores. O motivo de ele pastorear o rebanho, às ordens de Jeová, era como explicou: “Passei a pastorear por vós o rebanho destinado à matança, ó atribulados do rebanho.” (Zacarias 11:7, NM; Authorized Version; Young) Isto era mais compassivo da parte de Zacarias do que ele “apascentar o rebanho destinado à matança da parte dos negociantes de ovelhas”. (PIB; NM ed. ingl. 1971, margem) Estas ovelhas haviam sido realmente entregues aos negociantes. (Moffatt, em inglês) Quão desapiedado!
25. (a) Que sentimento se desenvolveu entre Zacarias e os três pastores, e por quê? (b) Às instâncias de quem se rompeu o “pacto” com o rebanho, e como sabemos isso?
25 Zacarias não ficou impaciente com o rebanho de ovelhas atribuladas. Sua “alma”, todo o seu ser, ficou impaciente com os três pastores negligentes. Visto que era fiel e compassivo em pastorear o rebanho, aqueles pastores abominavam Zacarias. Ele não cooperava com os seus planos. Foi só depois de eliminá-los como pastores que Zacarias, no tempo devido de Jeová, renunciou ao seu trabalho. Assim se rompeu o “pacto” que se “concluíra com todos os povos” de Israel. Que isto não aconteceu segundo as próprias inclinações dele, mas segundo a direção e decisão do próprio Grande Pastor, é indicado por Zacarias. Pois, depois de cortar em pedaços seu bordão chamado Afabilidade, como ato simbólico do rompimento do pacto, ele prossegue: “E ele ficou rompido naquele dia, e os atribulados do rebanho que me observavam ficaram assim sabendo que era a palavra de Jeová.” — Zacarias 11:10, 11.
26. O que significava o rompimento do pacto para o rebanho de Israel quanto ao seu bem-estar e sua união?
26 O que significava para o rebanho dos povos de Israel este rompimento do pacto? Aquilo que Zacarias disse ao descontinuar seu pastoreio: “Não continuarei a pastorear-vos. Morra aquela que estiver morrendo. E seja eliminada aquela que estiver sendo eliminada. E quanto às que restarem, que devorem cada uma a carne de sua companheira.” (Zacarias 11:9) Quando se mandou que o pastor designado de Jeová se retirasse, então, quem cuidaria do rebanho? Os que procurassem aproveitar-se do rebanho deixariam morrer as moribundas, sendo que as para ser eliminadas ou para desaparecer não receberiam atenção para fazê-las sair de sua condição perdida, e as restantes ficariam lutando entre si mesmas, devorando-se mutuamente por não mostrarem amor, mas aproveitarem-se egoistamente umas das outras.
27. O pacto foi rompido por causa da falta de compaixão da parte de quem, e qual seria o resultado ao entrar em vigor a determinação de descontinuar a compaixão?
27 Portanto, resultou o rompimento do pacto da falta de misericórdia da parte de Zacarias? Não, mas foi porque chegara ao limite e se esgotara o tempo de Jeová ter compaixão. Por isso se disse antes a Zacarias: “‘Pois, não mais me compadecerei dos habitantes da terra’, é a pronunciação de Jeová. ‘Portanto, eis que faço que os da humanidade se encontrem, cada um na mão do seu companheiro e na mão do seu rei; e certamente esmiuçarão a terra e eu não livrarei da sua mão.’” (Zacarias 11:6) Visto que os povos não atendem o pastor designado de Deus, a quem ele lhes enviou na sua compaixão, quanta anarquia não resultará! Que choque de interesses egoístas! Quanta opressão! Que falta de segurança! Que ruína para o sistema de coisas, sob as atividades esmagadoras dos contra a lei e desordeiros! Que acontecimentos terríveis não aguardam os do rebanho de professas ovelhas de Jeová quando a determinação divina entrar em vigor!
O SALÁRIO E O VALOR DADO AO PASTOR
28. A quem representava nisso Zacarias e que espécie de designação recebeu este? Que sinal dela se forneceu?
28 Zacarias encenava um quadro profético ou uma alegoria. Ele representava um pastor maior no cumprimento da profecia. Este era o Messias de Jeová, Jesus, descendente e herdeiro permanente do Rei Davi. (Mateus 1:1-6) Depois de este ter trabalhado como carpinteiro em Nazaré, na Galiléia, até os trinta anos de idade, ele foi enviado como pastor espiritual da nação de Israel. Os governantes do país, tanto políticos como religiosos, não lhe pediram que se tornasse tal. Sua designação de pastor não veio por “mandato do povo”, mas foi uma designação teocrática e o colocou numa categoria superior à de todos os “pastores” constituídos pelos homens. Na própria Nazaré, sua cidade, ele indicou sua unção com o espírito de Jeová para ser o Messias e para daí em diante agir como pastor do rebanho do povo de Deus. O profeta, João Batista, viu este Jesus ser ungido com o espírito santo por meio duma manifestação visível. Isto aconteceu logo após João ter batizado Jesus no rio Jordão, segundo a vontade de Jeová. — João 1:19-36.
29. Como mostrou Jesus, numa parábola, que lhe foram entregues as ovelhas por um “porteiro” simbólico?
29 João Batista, como predecessor do Messias Jesus, atuou como “porteiro” para o aprisco de Israel. Jesus Cristo referiu-se a isso quando falou numa parábola, dizendo: “Digo-vos em toda a verdade: Quem não entra pela porta no aprisco das ovelhas, mas galga por outro lugar, esse é ladrão e saqueador. Mas, quem entra pela porta é pastor de ovelhas. Para este o porteiro abre, e as ovelhas escutam a sua voz, e ele chama por nome as suas próprias ovelhas e as conduz para fora. Tendo retirado todas as suas, vai na frente delas, e as ovelhas o seguem, porque conhecem a sua voz. De modo algum seguirão a um estranho, mas fugirão dele, porque não conhecem a voz de estranhos. . . . O ladrão não vem a não ser para furtar, e matar, e destruir. Eu vim para que tivessem vida e a tivessem em abundância. Eu sou o pastor excelente; o pastor excelente entrega a sua alma em benefício das ovelhas.” — João 10:1-11.
30. (a) A quem restringiu Jesus seu pastoreio e como indicou isso? (b) Como e quando foi este profeta predito por Moisés?
30 Restringindo os seus próprios esforços exclusivamente ao rebanho de Israel, ele enviou seus doze apóstolos e lhes disse: “Não vos desvieis para a estrada das nações, e não entreis em cidade samaritana; mas, ide antes continuamente às ovelhas perdidas da casa de Israel. Ao irdes, pregai, dizendo: ‘O reino dos céus se tem aproximado.’” (Mateus 10:5-7) Antes de atender o pedido duma mulher fenícia, para curar sua filha muito endemoninhada, Jesus lembrou-lhe: “Não fui enviado a ninguém senão às ovelhas perdidas da casa de Israel.” (Mateus 15:22-24) Isto estava em harmonia com o pacto da lei divina que Jeová Deus celebrara com a casa de Israel por meio do mediador Moisés, no monte Sinai, em 1513 A.E.C. Ao aconselhar os israelitas a ser obedientes a este pacto, por evitarem toda espécie de demonismo, Moisés disse aos israelitas pouco antes de sua morte: “Um profeta do teu próprio meio, dos teus irmãos, semelhante a mim, é quem Jeová, teu Deus, te suscitará — a este é que deveis escutar.” (Deuteronômio 18:15) Este prometido profeta maior do que Moisés era o Messias, Jesus. — Deuteronômio 18:16-19; Atos 3:22, 23.
31. Como torna o registro evidente que Jesus teve compaixão com as ovelhas? Mas que dizer dos outros pastores?
31 Que Jesus tinha verdadeira compaixão com o rebanho de Israel, assim como o verdadeiro pastor messiânico deve ter, é evidente da narrativa: “Jesus empreendeu uma viagem por todas as cidades e aldeias, ensinando nas sinagogas deles e pregando as boas novas do reino, e curando toda sorte de moléstias e toda sorte de padecimentos. Vendo as multidões, sentia compaixão delas, porque andavam esfoladas e empurradas dum lado para outro como ovelhas sem pastor.” (Mateus 9:35, 36) Só podemos concluir disso que os outros, que deviam ter sido pastores, deixaram de cumprir o seu dever.
32. A quem, nos dias de Jesus, representavam os “três pastores” despedidos por Zacarias?
32 Então, para cumprir o quadro profético, quem eram os “três pastores” que Jesus Cristo eliminaria, deceparia ou despediria de seu cargo presumido? O registro da vida de Jesus não mostra três homens individuais como cumprindo o modelo profético. Evidentemente, os três pastores que o profeta Zacarias removeu representam três classes de homens no tempo de Jesus. No registro aparecem três classes que exerciam poder governamental bem como religioso em Israel. Estas eram (1) os fariseus e (2) os saduceus, classes que ambas estavam representadas no Sinédrio judaico em Jerusalém. Este corpo judicial tinha até certo ponto funções governamentais sob o governador romano, bem como funções religiosas. Assim, certo Nicodemos, membro fariseu do Sinédrio, era um “governante dos judeus”. (João 3:1, 2; 7:50-52) José, homem rico de Arimatéia, também era membro do Sinédrio. (Mateus 27:57-60; Lucas 23:50-53) O Sinédrio achava-se bastante dividido entre fariseus e saduceus. (Atos 23:1-9) Além destes sectários judaicos, havia também os (3) herodianos, os “partidários de Herodes”. — Mar. 12:13.
33. Conforme representado no caso de Zacarias, como ficou Jesus “impaciente” com aqueles “três pastores”?
33 Similar ao sentimento dos “três pastores” para com Zacarias na qualidade de pastor, estes três grupos prontamente ‘abominavam’ a Jesus Cristo na qualidade de pastor messiânico. Tramavam ou cooperavam entre si contra Jesus, para desacreditá-lo aos olhos do rebanho de Israel. (Mateus 22:15-22; Marcos 3:6) Jesus não eliminou, decepou ou removeu estes três grupos hostis “num só mês lunar” literal. O “mês lunar” literal, no caso de Zacarias, representaria no caso de Jesus um curto período de tempo. (Zacarias 11:8) Desde o começo do seu ministério, Jesus negou-se a ter qualquer coisa que ver com estes grupos governantes, egoístas, quer dizer, no que se referia a juntar-se a eles. Por fim, no término de seu ministério, sua alma havia ficado “impaciente” com eles. Em ocasiões públicas, ele silenciava todos os três grupos no que se referia a governo e doutrinas. (Mateus 22:15-45) Em resultado, conforme diz Mateus 22:46: “Ninguém foi capaz de dizer-lhe uma só palavra em resposta, nem se atreveu alguém, daquele dia em diante [terça-feira, 11 de nisã de 33 E.C.], a interrogá-lo mais.”
34. (a) O que disse Jesus no clímax de sua denúncia dos escribas e dos fariseus? (b) Como que despedaçando o bordão chamado Afabilidade, o que disse ele a Jerusalém?
34 Jesus Cristo lhes acabava de dizer: “O reino de Deus vos será tirado e dado a uma nação que produza os seus frutos.” (Mateus 21:23-43; Marcos 12:1-12; Lucas 20:9-44) Pouco depois desta declaração, ele denunciou abertamente os escribas e os fariseus como pastores opressivos e hipócritas religiosos. Ele disse no auge de sua denúncia: “Portanto, dais testemunho contra vós mesmos de que sois filhos daqueles que assassinaram os profetas. Pois bem, enchei a medida de vossos antepassados. Serpentes, descendência de víboras, como haveis de fugir do julgamento da Geena?” (Mateus 23:1-33; Marcos 12:38-40; Lucas 20:45-47) Daí, como que cortando em pedaços o bordão de pastor, chamado Afabilidade, ele acrescentou: “Jerusalém, Jerusalém, matadora dos profetas e apedrejadora dos que lhe são enviados — quantas vezes quis eu ajuntar os teus filhos, assim como a galinha ajunta os seus pintinhos debaixo de suas asas! Mas vós não o quisestes. Eis que a vossa casa vos fica abandonada.” — Mateus 23:37, 38.
35. Com estas palavras, o que anunciava Jesus aos judeus a respeito do Pacto da Lei de Deus com eles e o que ficaram assim sabendo os “atribulados” que observavam Jesus?
35 Quando Jeová Deus abandonou o templo judaico de sua adoração em Jerusalém, isto queria dizer que rompia o pacto da lei, que havia feito com a nação de Israel por intermédio de Moisés. Portanto, Jesus, como pastor prefigurado por Zacarias, anunciava o iminente rompimento do pacto que Jeová havia celebrado com os povos de Israel. Os “atribulados” do rebanho de Israel, que observavam Jesus e ouviam suas palavras, “ficaram assim sabendo que era a palavra de Jeová”. — Zacarias 11:11.
36. O que significava isso a respeito da afabilidade de Deus para com Israel e, finalmente, que conseqüências terríveis resultaram por causa da rejeição do Pastor-Governante de Jeová?
36 Isto significava que Jeová não mais era afável para como seu desobediente povo escolhido. Ele estava prestes a ‘não mais compadecer-se’ dos habitantes da “terra de Judá”. Esta terra havia de sofrer todos os horrores da invasão da Judéia e da destruição de suas cidades e fortalezas, inclusive de Jerusalém e de seu templo, nos anos cruéis de 70-73 E.C. Jesus Cristo predisse esta tragédia no mesmo dia de 11 de nisã de 33 E.C., na sua profecia a respeito da “terminação do sistema de coisas”. (Mateus 24:1-22; Marcos 13:1-20; Lucas 21:5-24) Esta calamidade nacional, no mínimo, era um indício doloroso de que fora rompido o pacto da Lei mosaica entre Deus e Israel. Que conseqüência terrível por se rejeitar o Pastor-Governante de Deus!
37. Como se mostrou o valor que se dava ao pastoreio de Zacarias, o que o mandou Jeová fazer e o que cortou então em pedaços?
37 Quão altamente foi avaliado o pastor designado de Jeová pelos povos de Israel? O profeta Zacarias ilustra isso na sua própria experiência e com isso prefigura algo de significado maior. Ele nos diz: “Então eu lhes disse: ‘Se for bom aos vossos olhos, dai-me o meu salário; mas, se não, deixai-o.’ E passaram a pagar-me o meu salário, trinta moedas de prata. Nisso Jeová me disse: ‘Lança-o na tesouraria — o valor majestoso com que fui avaliado do seu ponto de vista.’ Concordemente, tomei as trinta moedas de prata e lancei-as na tesouraria da casa de Jeová. Então cortei em pedaços o meu segundo bordão, União, para romper a fraternidade entre Judá e Israel.” — Zacarias 11:12-14.
38. Qual era o valor do salário pago a Zacarias e como se referiu Jeová a este pagamento?
38 “Trinta moedas de prata” — trinta siclos de prata — era o preço dum escravo segundo o pacto da Lei mosaica. (Êxodo 21:32) Não valiam o profeta Zacarias ou seus serviços de pastor mais do que um escravo? E visto que Zacarias havia sido designado pelo Pastor Celestial Jeová, o valor dado ao seu representante designado, Zacarias, era igual ao valor dado a Jeová, como Pastor. Jeová podia falar dele como sendo o “valor . . . com que foi avaliado do seu ponto de vista”. (A menos que Zacarias tenha feito ali uma referência parentética a si mesmo!) É verdade que Jeová o chamou de “valor majestoso” em vez de valor dum escravo; mas, evidentemente, esta expressão não é usada em satisfação, mas com sarcasmo ou de modo cortante. Significava que se observava certa falta de apreço.
39. O que indicava com respeito à nação de doze tribos de Israel que Zacarias cortou em pedaços o bordão União (ou: Liames)?
39 Em vista de tal desvalorização do pastor, que representava a Jeová, tirou-se a base para a união no rebanho do professo povo de Deus. Não haveria um só pastor, um só rebanho. Isto tiraria o poder protetor que a união cria contra os ataques de fora. Portanto, foi numa ocasião bem oportuna que Zacarias cortou em pedaços o bordão chamado União (ou: Liames) neste momento. Isto havia de ilustrar que se tirou o alicerce da “fraternidade” entre os do reino de Judá e os do reino das dez tribos de Israel. Foi por causa da questão de terem um só rei messiânico, alguém da linhagem real de Davi que a nação das doze tribos se partiu em dois reinos, Judá e Israel, após a morte do Rei Salomão em 997 A.E.C. Portanto, o rompimento do pacto da Lei mosaica não só significava o fim da “afabilidade” de Jeová ou de seu favor para com o seu antigo povo escolhido, mas também que cessaram o cuidado e a proteção divinos para manter a nação unida como um conjunto harmonioso. Os vínculos espirituais que criaram a fraternidade foram tirados, e os meros vínculos materiais não eram bastante fortes para mantê-los unidos como irmãos.
40. (a) Por que era esta subestimação do pastor de Jeová mais séria no caso daquele que foi prefigurado por Zacarias? (b) O que devia um Pastor-governante receber de seus súditos em pagamento?
40 A subestimação das provisões de Deus e a rejeição delas sempre leva a conseqüências tristes. Grande como foi a subestimação de Jeová como o Grande Pastor, no caso do profeta Zacarias, ela foi ultrapassada em muito no caso do Pastor messiânico representado por Zacarias. Este não foi outro senão o Filho de Deus, a quem Deus enviou do céu para se tornar o Pastor Excelente a entregar sua alma ou depor a sua perfeita vida humana a favor de todas as criaturas humanas semelhantes a ovelhas. (João 10:14-18) Visto que o Messias Jesus agia como pastor em benefício de seu Pai celestial, ele podia ter usado de seu direito de pedir seu salário em benefício de seu Pai. Qual é o salário ou o pagamento que um pastor governamental pede de seus súditos? É que seus súditos o apóiem, bem como seu governo, quer de modo material, quer por serviços leais prestados. Os funcionários nomeados sob o pastor governamental são os que devem cuidar de que o pastor receba tal salário ou pagamento de todos os seus súditos. Assim como escreveu Salomão, rei teocraticamente designado: “Filho meu, teme a Jeová e ao rei. Não te metas com os que estão a favor duma mudança.” — Provérbios 24:21.
41. (a) Obrigou Zacarias o povo a lhe pagar seu salário de pastor? (b) Quando podiam os representantes judaicos ter pago a Jesus como Pastor, mas quando foram obrigados a lhe darem um valor?
41 Jesus serviu fielmente durante quase três anos e meio como pastor espiritual sobre as “ovelhas perdidas da casa de Israel”. Perto do fim da sua obra de pastoreio, durante a última semana de sua vida na carne humana na terra, ele não foi diretamente aos representantes pastorais de Israel, assim como fez o profeta Zacarias, pedindo seu salário ou pagamento. Zacarias disse aos dos seus dias que, se não quisessem pagar, não o precisavam fazer: “Se for bom aos vossos olhos, dai-me o meu salário; mas, se não, deixai-o.” (Zacarias 11:12) No caso de Jesus, quando entrou em forma triunfal em Jerusalém, montado num jumentinho, os representantes pastorais de Israel lhe podiam ter pago o salário de aceitá-lo como o verdadeiro Messias enviado e ungido por Jeová. Mas, deixaram de fazer isso. No entanto, três dias depois (12 de nisã de 33 E.C.), foram obrigados a dar-lhe um valor monetário como pastor espiritual. De que modo? Leiamos:
42. Que valor foi estipulado a Judas Iscariotes por Jesus, e quando?
42 “Então um dos doze, aquele chamado Judas Iscariotes, dirigiu-se aos principais sacerdotes e disse: ‘O que me dareis para traí-lo a vós?’ Estipularam-lhe trinta moedas de prata. De modo que daquele momento em diante [12 de nisã] ele buscava uma boa oportunidade para traí-lo. No primeiro dia dos Pães não Fermentados [14 de nisã], os discípulos vieram a Jesus, dizendo: ‘Onde queres que preparemos para comeres a páscoa?’” — Mateus 26:14-17.
43. Qual era a atitude de Jesus para com a venda dele por este traidor conhecido e quando se consumou a venda?
43 Aqueles pastores religiosos deram a Judas Iscariotes trinta moedas de prata. (Marcos 14:10, 11; Lucas 22:3-6) Jesus sabia de antemão que seria traído e que o traidor seria Judas Iscariotes. (Mateus 17:22, 23; 20:17-19; 26:1, 2, 24, 25) Jesus não fez nada para impedir a sua venda em traição. (Mateus 26:45-57) De fato, facilitou a traição, para que ocorresse no tempo devido de Deus, pois, na ceia pascoal, ele identificou Judas Iscariotes e o mandou embora com as palavras: “O que fazes, faze-o mais depressa.” O traidor saiu imediatamente para cumprir seu trato com os pastores religiosos. (João 13:21-30) Horas depois cumpriu-se esta traição naquela noite da Páscoa e Judas Iscariotes mereceu seu dinheiro. (João 18:1-14) Consumara-se a avaliação de Jesus, o Pastor messiânico. Por trinta siclos de prata, o preço dum escravo segundo o pacto da Lei mosaica! Que valor majestoso!
44, 45. (a) O que se fez com o dinheiro com que Zacarias foi avaliado? (b) O que se fez com o dinheiro que Judas Iscariotes aceitou por trair Jesus?
44 Judas Iscariotes aceitou este preço. Ele havia sido tesoureiro dos doze apóstolos, mas não colocou o dinheiro na caixa deles. Guardou-o para si mesmo — por algum tempo! (João 12:4-6) No caso antigo do profeta Zacarias, ele não ficou com os trinta siclos de prata que lhe foram pagos como seu salário. O dinheiro pertencia realmente ao seu Amo, Jeová, e por isso Jeová lhe disse: “Lança-o na tesouraria.” Zacarias fez isso. (Zacarias 11:12, 13) Sua ação era premonição de alguma coisa. Não é que Zacarias prefigurasse Judas Iscariotes, mas, de qualquer modo, igual a Zacarias, Judas não ficou com seus trinta siclos de prata. Relata-se para nós o que fez com eles, ou antes, o que resultou de ele se livrar do dinheiro da traição:
45 “Ao amanhecer, todos os principais sacerdotes e os homens mais maduros do povo realizaram uma consulta contra Jesus, a fim de o entregarem à morte. E, depois de o amarrarem, levaram-no e entregaram-no a Pilatos, o governador. Então Judas, que o traiu, vendo que tinha sido condenado, sentiu remorso e devolveu as trinta moedas de prata aos principais sacerdotes e homens mais maduros, dizendo: ‘Pequei quando traí sangue justo.’ Eles disseram: ‘Que temos nós com isso? Isso é contigo!’ De modo que ele lançou as moedas de prata dentro do templo e retirou-se, e, tendo saído, enforcou-se. Mas os principais sacerdotes tomaram as moedas de prata e disseram: ‘Não é lícito deitá-las no tesouro sagrado, porque são o preço de sangue.’ Depois de se consultarem entre si, compraram com elas o campo do oleiro, para enterrar os estranhos. Aquele campo veio por isso a ser chamado de ‘Campo de Sangue’, até o dia de hoje. Cumpriu-se assim aquilo que fora falado por intermédio de Jeremias, o profeta, que disse: ‘E tomaram as trinta moedas de prata, o preço do homem com que foi avaliado, daquele a quem alguns dos filhos de Israel puseram um preço, e deram-nas pelo campo do oleiro, segundo o que Jeová me tinha ordenado.’” — Mateus 27:1-10.
46. (a) Como se referiu o apóstolo Pedro mais tarde a Judas Iscariotes e ao que se fez com os trinta siclos? (b) Que incoerência mostraram os sacerdotes para com o sangue que aqueles trinta siclos representavam?
46 Visto que o dinheiro usado pelos sacerdotes na compra do campo do oleiro havia sido provido por Judas Iscariotes, o apóstolo Pedro falou de Judas comprar o campo para o enterro dos judeus que morressem durante a visita a Jerusalém, ou de prosélitos. Pedro disse à congregação cristã a respeito de Judas: “Este mesmo homem, portanto, comprou um campo com o salário da injustiça, e, jogando-se de cabeça para baixo [depois de se enforcar bem alto], rebentou ruidosamente pelo meio e se derramaram todos os seus intestinos. Também todos os habitantes de Jerusalém ficaram sabendo disso, de modo que aquele campo foi chamado na língua deles Acéldama, isto é: Campo de Sangue.” (Atos 1:18, 19) Os sacerdotes apenas agiram por Judas ao tirarem o dinheiro do santuário do templo, onde Judas havia lançado os trinta siclos de prata, e o darem ao vendedor do campo do oleiro. Os sacerdotes compreenderam a impropriedade de se lançar o “preço de sangue” no tesouro do templo, mas ao mesmo tempo acharam-se aptos para servir naquele templo, apesar de terem causado o derramamento daquele sangue.
47. (a) Como podia o apóstolo Mateus dizer Jeremias e ainda assim referir-se a Zacarias? (b) Como é esta dificuldade eliminada pela versão aramaica?
47 Observamos que o apóstolo Mateus diz em Mateus 27:9, 10, que se cumpriu a declaração do profeta Jeremias. Se Mateus se referiu à parte das Escrituras Hebraicas conhecida como Os Profetas, e esta parte foi nos dias de Mateus encabeçada pela profecia de Jeremias, então o nome Jeremias inclui todos os outros livros proféticos, inclusive o de Zacarias. Neste caso, Mateus realmente se referiu a Zacarias, embora usasse o nome de Jeremias.b A Bíblia Sagrada de Antigos Manuscritos Orientais (Pesita), em inglês, omite o nome e reza: “Cumpriu-se então o que fora falado pelo profeta, a saber: Tomei as trinta moedas de prata, o preço caro que foi negociado com os filhos de Israel, e dei-as pelo campo do oleiro, conforme o Senhor me mandou.” (George M. Lamsa, 1957) O Novo Testamento Siríaco, traduzido para o inglês da Versão Pesito por James Murdock (direitos autorais de 1893), diz o mesmo, omitindo o nome do profeta.c
48. (a) Como mostra a tradução liberal de Mateus da profecia de Zacarias o que se fez com os trinta siclos? (b) Este cumprimento da profecia de Zacarias confirma que ele representava ali a quem?
48 Visto que Mateus 27:9, 10, corresponde a Zacarias 11:13, e a nada do que há no livro de Jeremias, a citação de Mateus deve ter sido uma tradução livre de Zacarias 11:13. A maneira em que Mateus traduziu Zacarias 11:13 destinava-se evidentemente a mostrar como se cumpriu Zacarias 11:13, a saber, que eles “tomaram”, quer dizer, os representantes sacerdotais de Israel tomaram, as trinta moedas de prata do chão do templo, e eles, os sacerdotes, atuando por uma pessoa, Judas Iscariotes, “deram-nas pelo campo do oleiro”. Zacarias 11:13 não nos diz o que se fez depois com os trinta siclos de prata que Zacarias lançou no tesouro do templo de Jeová. No entanto, Mateus nos diz o que se fez com o dinheiro em cumprimento da profecia, enquadrando-se nas circunstâncias mudadas. Este cumprimento confirma que o pastor Zacarias representa aqui o traído e vendido Pastor messiânico, Jesus, avaliado num preço tão baixo.
49. O cumprimento da quebra do bordão chamado “União”, por Zacarias, ocorreu quando, e com que conseqüências para os judeus?
49 Assim como Zacarias depois quebrou o segundo bordão chamado “União” ou “Liames”, assim a traição contra Jesus, por trinta siclos de prata, levou ao cancelamento do pacto da Lei mosaica com Israel por parte de Jeová. Quando o ressuscitado Jesus ascendeu ao céu e compareceu perante a presença de Deus, apresentando a Ele o valor do seu perfeito sacrifício humano, então foi apagado o pacto da Lei mosaica e foi inaugurado o prometido novo pacto com o Israel espiritual, o Israel cristão. (Efésios 2:13-16; Colossenses 2:14-17; Hebreus 9:24-28) Isto deixou os judeus naturais, circuncisos, que haviam recusado o novo pacto mediado por Jesus Cristo, expostos a falsos cristos judaicos. Deixou-os sem um verdadeiro vínculo teocrático de união, e sua desunião em várias seitas religiosas resultou em desastre para eles no sítio e na destruição de Jerusalém pelos romanos, no ano 70 E.C.
50. Como deu a cristandade, de fato, um valor barato ao Pastor messiânico Jesus Cristo, como é ela culpada da violação do pacto e como será ela afetada por não mais ter a afabilidade de Deus?
50 Igual ao antigo Israel, a cristandade, com suas centenas de seitas, rejeitou o cuidado pastoral do Pastor messiânico, o celestial Jesus Cristo. Como? Não segundo as suas profissões pias, é claro, mas segundo os seus atos. Ela o traiu por trair seus verdadeiros discípulos, aos quais ela tem perseguido, em muitos casos até a morte. Ela recusou os serviços dos pastores espirituais que lhe foram enviados pelo Pastor messiânico, celestial. O que lhes fez, de fato fez a ele. (Mateus 25:40, 45; Marcos 9:37; João 15:20, 21) Ela atribuiu assim um preço barato aos serviços pastorais dele, rejeitando-os. Isto revela que não está em harmonia com o novo pacto, que afirma aplicar-se a ela; e assim, tomando-a pela sua palavra ela violou este novo pacto. De modo que não usufrui a Afabilidade ou o favor de Jeová Deus e Ele não a protege para mantê-la em união. Ela também fica exposta a todos os falsos cristos. Sua desunião continuará até a vindoura “grande tribulação”, representada pela destruição de Jerusalém em 70 E.C. — Mateus 24:21, 22.
UM “PASTOR INÚTIL”
51. (a) A rejeição do Pastor messiânico pela cristandade deixa o povo entregue à liderança de quem? (b) Em vez de aceitar o Pastor messiânico provido por Jeová, a cristandade escolheu que organização?
51 Quando o Pastor Excelente de Jeová, Jesus Cristo, e seus verdadeiros subpastores são rejeitados pelo povo que professa adorar o Deus da Bíblia Sagrada, não resta nada a tais pessoas senão cair sob a liderança de pastores egoístas, de mentalidade mundana. (1 Pedro 5:1-4) Jeová denunciou os pastores governamentais egoístas e tranqüilizou as pessoas semelhantes a ovelhas, dizendo: “E vou suscitar sobre elas um só pastor e ele terá de apascentá-las, sim, meu servo Davi. Ele mesmo as apascentará e ele mesmo se tornará seu pastor. E eu mesmo, Jeová, me tornarei seu Deus, e meu servo Davi, maioral no meio delas. Eu, Jeová, é que falei.” (Ezequiel 34:23, 24) Jesus Cristo, filho do antigo Rei Davi, é este Pastor prometido. No ano 1919 E.C., a cristandade rebaixou o valor de seus cuidados pastorais e rejeitou a ele e seu reino. Em vez disso, ela escolheu uma organização internacional criada pelos homens em prol de paz e segurança mundiais, a Liga das Nações, que foi sucedida pelas Nações Unidas, que em 1972 tinham 132 nações-membros. Ela colheu as conseqüências disso.
52. Que conseqüências colheu a cristandade por rejeitar o Pastor messiânico e sua liderança?
52 Que conseqüências? Uma safra de pastores governamentais egoístas que engrandecem a si mesmos, junto com seus associados religiosos. Jeová Deus ilustrou tais conseqüências por meio do profeta Zacarias: pastores mundanos prefigurados por um “pastor inútil”, uma classe tola, incompetente e imprestável de líderes. Depois de todas estas décadas de experiência com tais líderes, desde 1919 E.C., podemos ver como se harmonizam com o tipo de pastor que Jeová Deus descreveu profeticamente, conforme registrado por Zacarias, que escreveu:
53. Que apetrechos se mandou que Zacarias tomasse para si, como procederia o pastor suscitado e o que lhe aconteceria?
53 “E Jeová prosseguiu, dizendo-me: ‘Toma ainda para ti os apetrechos dum pastor inútil. Pois, eis que deixo surgir no país um pastor. Não voltará a sua atenção para as ovelhas que estão sendo eliminadas. Não procurará a nova e não curará a ovelha quebrantada. Não suprirá alimento à que está sozinha e comerá a carne da gorda, e ele arrancará os cascos das ovelhas. Ai do meu pastor imprestável que abandona o rebanho! Haverá uma espada sobre o seu braço e sobre o seu olho direito. Seu próprio braço secar-se-á impreterivelmente e seu próprio olho direito turvar-se-á sem falta.’” — Zacarias 11:15-17.
54. As condições das nações atuais provam que as pessoas têm que espécie de “pastores”, e por que se permitiu que tais líderes surgissem?
54 Hoje em dia, não são as pessoas, mesmo as da cristandade, sem se falar das do paganismo, semelhantes a ovelhas eliminadas ou perdidas, quebrantadas e sem receber cura, famintas e ameaçadas pela fome mundial, das quais se alimentam pastores corrutos, subornados, parasíticos e imprestáveis, que as devoram até mesmo até os “cascos” ou que as guiam por caminhos tão acidentados, que lhes arrancam os “cascos”? As condições nas nações, tanto nas chamadas cristãs como nas pagãs, dão resposta eloqüente a esta pergunta. Por quanto tempo mais podem continuar as “ovelhas”? Mas, esta é a conseqüência de se recusar o Pastor messiânico de Jeová. Visto que o preferiram assim, ele permitiu que surgisse uma classe pastoral inútil, imprestável e prejudicial mesmo na terra da cristandade.
55. Por que foi que Zacarias, embora tomasse para si os implementos dum pastor inútil, não sofreu a tribulação que Jeová proferiu contra esta espécie de pastor inútil?
55 Mandou-se que o profeta Zacarias ilustrasse o surgimento de tal classe dum “pastor inútil” em nosso tempo, bem como no tempo de Jesus Cristo e de seus apóstolos, no primeiro século E. C. O próprio Zacarias não se tornou tal pastor inútil e tolo; mandou-se apenas que tomasse os apetrechos ou o equipamento dum pastor e retratasse a presença e a conduta falha de tal espécie de pastor. Por conseguinte, Zacarias não sofreu a tribulação que Jeová pronunciou contra tal pastor negligente, imprestável e desapiedado.
56. Como tem estado uma “espada” sobre o “braço” e o “olho direito” de tal classe dum “pastor inútil”?
56 O mundo inteiro da humanidade não pode esperar alívio ou livramento da parte de tais pastores governamentais de escolha e nomeação humanas. A espada executora da autoridade de Jeová é contra tais pastores-governantes, os quais por sua vez, por muito tempo, têm levado a “espada” do poder de execução. (Rom. 13:4; Atos 12:1, 2) Por não terem a bênção de Jeová neste seu “tempo do fim”, seu “braço” de poder e capacidade já está ressecando; seu “olho direito”, seu melhor olho para discernir soluções e para supervisão governamental, enfraquece cada vez mais. Mas, na vindoura “grande tribulação” do mundo, Jeová destruirá esta classe dum “pastor inútil”, com olhos, braços e tudo o mais.
[Nota(s) de rodapé]
a Veja The Bible Students Monthly, Volume VI, N.º 7, que dizia sob o título “Rabino Wise Culpa Igrejas Pela Guerra”: “‘O fracasso das igrejas e das sinagogas de manter a liderança sobre o povo foi a causa da presente guerra’, disse ontem o Rabino Stephan S. Wise na Sinagoga Livre, no Carnegie Hall. O Rabino Wise caracterizou a atual atitude das igrejas como ‘fraca, vacilante, hesitante e tímida’. Ele disse que o Estado conquistou a igreja e que esta última se tornou seguidora em vez de líder da opinião pública.
“‘Entronizaram um Diabo de guerra’, disse ele, ‘no lugar de Deus. As igrejas não se tomam a sério. Satisfazem-se com ser apenas um objeto da organização social e defender seus países e seus governantes — justos ou injustos. A igreja é açaimada e sufocada em submissão. É igual a um cão mudo, velho e desdentado, que não mais pode morder.
“‘Muitos de nós esperavam que o poder socialista evitasse uma guerra tal como esta, e ficamos amargamente desapontados com os socialistas da Europa quando deixaram de fazer isso. Mas nunca esperávamos que as igrejas, mesquitas e sinagogas evitassem a guerra. Nenhum de nós esperava delas algo assim, e sabemos o que aconteceria a qualquer líder da Igreja Anglicana que se atrevesse a erguer a voz contra a participação de seu país no conflito atual.
“‘Franz Josef passa pela fórmula inócua de lavar os pés duma dúzia de peregrinos em cada Páscoa e a igreja está satisfeita com ele. O Czar é o chefe de sua igreja no domingo e o chefe de seu exército durante a semana.
“‘E quando as nações se preparavam para esta guerra, elas nunca consultaram as igrejas, porque elas sabiam que assim como confiavam no seu corpo de ambulâncias e na sua intendência, assim podiam confiar nas igrejas para apoiá-las.
“‘Seria melhor que os missionários ensinassem o cristianismo primeiro em casa.’
“O rabino concluiu:
“‘Nossas almas ficam feridas quando lemos a respeito da destruição de catedrais em Rheims e em outros lugares; no entanto, estas catedrais foram destruídas há muito tempo atrás e o que caiu agora são apenas as paredes externas.
“‘Deuses de guerra, deuses de dinheiro e deuses do poder têm destruído estes edifícios século após século.’” — American de Nova Iorque, 12 de outubro de 1914, página 4.
b A Versão Siríaca (filoxeniana harcleiana, uma revisão do sétimo século) usa o nome Zacarias em vez de Jeremias.
c Em Mateus 27:9, 10, o Manuscrito Sinaítico do quarto século E. C. reza “eu [tomei]” em vez de “eles [tomaram]”. Assim também rezam as versões siríacas, a filoxeniana harcleiana, a Pesito e o Códice Sinaítico. Isto concorda com Zacarias 11:13, que diz: “Tomei.”