A maneira de ensinar do Mestre
“Jamais alguém falou como este homem.” — João 7:46, ARA.
1. Quem é o maior instrutor que já esteve na terra? Que coisas devemos aprender dele, e com que resultado?
QUANDO estava na terra, há dezenove séculos, costumavam chamá-lo de Mestre, Senhor e Instrutor. (Mat. 8:19, 21; Luc. 5:5; 8:24, 45, NM) Tratava-se de Jesus, cujo nascimento em Belém fora anunciado pelos anjos do céu, e a quem Deus, seu Pai celestial, enviara e ungira com o seu espírito para pregar e ensinar entre os homens. (Luc. 2:4-14; 3:21-23; 4:16-22) Nunca houve maior instrutor na terra do que Jesus! Nenhum homem imperfeito pode ultrapassá-lo quanto à eficiência no ministério. Conforme o próprio Jesus disse: “O aluno não está acima de seu instrutor, mas”, acrescentou, “todo o que for perfeitamente instruído será como seu instrutor”. Jesus, o Instrutor-Mestre, mandou que seus discípulos pregassem assim como ele pregou, e instruiu-os a ensinar assim como ele ensinou. Quando copiamos Jesus por falar a palavra de Deus e não as nossas próprias idéias, mostramos que o estamos seguindo. Quando empregamos os mesmos métodos de ensino que Jesus empregou, então nos tornamos ‘como nosso instrutor’. Reconhecer-se-á, então, que aprendemos de Jesus, do mesmo modo como se reconheceu a respeito dos apóstolos. — Luc. 6:40; Atos 4:13, NM.
2. (a) Que mensagem anunciou Jesus, e por que apropriadamente? (b) Que boas novas hão de ser pregadas em nossos tempos, e como?
2 A mensagem anunciada por Jesus foi: “Arrependei-vos, porque o reino dos céus se tem aproximado.” Quando enviou os seus doze discípulos, ele lhes disse: “Indo, pregai, dizendo: ‘O reino dos céus se tem aproximado.” Sim, o reino se tinha aproximado na pessoa do próprio Rei ungido. Referente ao tempo do fim, em que vivemos agora, ele disse: “Estas boas novas do reino serão pregadas em toda a terra habitada, com o propósito de dar testemunho.” Novamente é a mensagem do Reino que os seguidores de Jesus hão de pregar, mas esta vez são as boas novas de que o reino celestial de Deus já foi estabelecido, que “agora se realizaram a salvação, e o poder, e o reino de nosso Deus, e a autoridade do seu Cristo”. Jesus fez que o Reino vivesse na mente de seus ouvintes, e nós devemos aprender a fazer o mesmo. Ele sabia também que havia pedras de tropeço que impediam alguns de aceitar as boas novas, e ele ajudou a tirá-los do caminho. Por escutarmos Jesus podemos aprender dele como ser ministros eficientes. — Mat. 4:17; 10:7; 24:14; Apo. 12:10, NM.
3. Por que é de interesse especial para nós hoje em dia a maneira de ensinar de Jesus, embora tenha séculos de idade, e que se exige se o nosso ministério há de ser frutífero?
3 A maneira de ensinar empregada por Jesus é tão eficiente agora como no primeiro século. O povo de hoje é igual ao daqueles tempos, indagador, curioso, desejoso de saber por que, como e onde? Embora os tempos mudem e as condições mundiais possam variar, a natureza básica das pessoas permanece a mesma. Assim como foi então, é também hoje; as pessoas têm as mesmas fraquezas, os mesmos desejos e as mesmas preocupações, de modo que há a mesma necessidade de misericórdia, consolo, esperança e segurança. Não precisamos poder fazer milagres, a fim de convencer outros da verdade, mas temos de ter conhecimento acurado e o espírito de Deus, para dar frutos que sejam para a honra do seu nome. Temos de manter-nos achegados a Deus e à sua organização Jesus ilustrou isso do seguinte modo: “Eu sou a verdadeira videira, e meu Pai é o viticultor. . . . Assim como o ramo não pode dar fruto em si mesmo, a menos que permaneça na videira, assim tampouco podeis vós, a menos que permaneçais em união comigo.” Precisamos apegar-nos à Palavra de Deus e copiar fielmente o exemplo de Jesus para sermos eficientes no ministério. — João 15:1, 4, NM.
4, 5. O que mostrou o seu discernimento ao lidar com as pessoas?
4 Jesus sabia como as pessoas reagiriam sob diversas circunstâncias, e ele usou este conhecimento na seleção de ilustrações pertinentes. Mostrando por que ele se dirigia aos pecadores, aos que eram como ovelhas perdidas, a fim de os instruir, ele disse: “Qual é a mulher que, tendo dez [moedas] dracmas, se perder. uma, não acende a candeia, varre a casa e a procura diligentemente até encontrá-la? E, tendo-a achado, reúne as amigas e vizinhas, dizendo: Alegrai-vos comigo, porque achei a dracma que eu tinha perdido.” Ela vasculhou a casa inteira para achar uma só moeda perdida. Embora ainda tivesse nove, queria aquela perdida, e quando a achou, regozijou-se mais com ela do que com as nove que ainda tinha, porque aquela moeda perdida fazia parte duma coleção especial de dez. Esta coleção talvez fora costurada no seu toucado de casamento, como parte do seu dote. Assim, por causa do que representava, a moeda perdida era insubstituível. Sua ausência do toucado, por causa da perda, levantaria suspeitas quanto à virtude da mulher casada. Ou, se a coleção de dez moedas fosse dum adorno herdado, então seria especialmente preciosa, e cada moeda na coleção seria de valor especial. A coleção não seria completa sem a presença de cada moeda. A perda, mesmo de uma só moeda, lançaria suspeita sobre todos os que visitaram a casa antes de se descobrir a perda. Os visitantes da casa se preocupariam, por isso, com a perda da moeda e se alegrariam em ser achados inocentes do roubo de qualquer parte do objeto herdado. Portanto, quando a mulher que perdeu a moeda vasculhasse a sua casa e descobrisse a moeda ali, desincumbindo-se de sua obrigação para com todos os seus visitantes por anunciar alegremente o achado, todas as suas amigas e vizinhas se alegrariam com ela, tanto por terem ficado livres da suspeita de roubo como por ter ficado novamente completo o adorno valioso herdado.
5 Não se dá isso também com as pessoas atuais? Quando alguém perde uma peça original duma coleção inestimável de valor sentimental, ou à qual está ligada até mesmo a virtude e a honra da família, ele não está feliz até achá-la e poder anunciar o seu achado aos seus amigos e vizinhos preocupados. Assim, também, “o Filho do homem veio buscar e salvar o perdido”. Quão claramente Jesus ilustrou este ponto! Ele entendia as pessoas, e isto se mostrou na maneira em que falava. — Luc. 15:8, 9; 19:10, ARA.
6. Por que eram tão eficientes as suas ilustrações?
6 Seu uso de ilustrações tornou-se característico de seu ensino. Em vez de fazer comparações complicadas, ele usava questões cotidianas. Fazia uso de coisas pequenas para explicar coisas grandes, e usava coisas fáceis para esclarecer coisas difíceis. Que mulher não podia instantaneamente compreender a ilustração de costurar um remendo novo numa vestimenta velha? Que homem, naquele país agrícola, não podia compreender e identificar a si mesmo com a história do homem que foi semear, lançando semente que caiu em tipos diferentes de solo? Estas eram coisas ela vida cotidiana, e quando se ligavam as verdades espirituais a tais eventos, estas verdades podiam ser visualizadas e mais facilmente lembradas. — Mat. 9:16; 13:3-9, 18-23.
7. (a) Por que tornam as ilustrações mais fácil que as pessoas aceitem novas idéias? (b) Como fez Jesus que suas denúncias da ganância e da falta de misericórdia fossem vigorosas?
7 Estas ilustrações argumentavam tão vigorosamente, que ninguém podia refutá-las. A maioria das pessoas crêem mais facilmente nas coisas que vêem do que nas coisas que simplesmente ouvem. Se usar uma ilustração, elas terão maior facilidade de aceitar o que lhes ensina, porque podem ver, ou visualizar, a verdade envolvida. Por exemplo, quando Jesus falou contra a ganância e a falta de misericórdia, ele não disse simplesmente: “Não é bonito ser cobiçoso.” Não; ele falou dum homem que queria ajustar as contas com seus escravos. Um escravo devia-lhe dez mil talentos, mas não lhe podia pagar. “Então o servo [escravo], prostrando-se reverente, rogou: Sê paciente comigo e tudo te pagarei. E o senhor daquele servo, compadecendo-se, mandou-o embora, e perdoou-lhe a dívida. Saindo, porém, aquele servo, encontrou um dos seus conservos que lhe devia cem denários; e, agarrando-o, o sufocava, dizendo: Paga-me o que me deves. Então o seu conservo, caindo-lhe aos pés, lhe implorava: Sê paciente comigo e te pagarei. Ele, entretanto, não quis; antes, indo-se, o lançou na prisão.” Pode imaginar isso? Um homem a quem se perdoou uma dívida equivalente a mais de dez milhões de dólares mandou prender outro por não lhe pagar o equivalente a dezessete dólares! Como se poderia justificar tal ganância e tal falta de misericórdia? Jesus fez a ganância e a falta de perdão de tal maneira repugnantes, que seus discípulos tentariam sinceramente desarraigá-las de suas vidas. — Mat. 18:23-25, ARA.
8, 9. Que espécie de pessoa era Jesus, conforme mostrado pelo seu discurso, e que proveito podemos tirar do seu exemplo?
8 Jesus estava intransigentemente a favor da verdade; era vigoroso no seu ataque ao orgulho, à autojustiça e às tradições opressivas. A maneira de falar dum homem revela que espécie de pessoa é, e a maneira de falar de Jesus era vigorosa. Suas descrições eram vívidas. Seus ouvintes escutavam quando Jesus pintava quadros verbais de homens com traves nos seus olhos tentando tirar o cisco dos olhos de outros, de criadores que davam pérolas aos porcos, de casas construídas sobre a areia desabarem na tempestade, ao passo que as na rocha se mantinham firmes, de homens cortarem as mãos e, arrancarem os olhos para escaparem da destruição, de ofensores com mós em volta do pescoço serem lançados no mar, de camelos tentando passar pelo fundo duma agulha de costurar, e: de homens que coavam mosquitos mas engoliam camelos! Ora, imagine engolir um camelo! Só uma personalidade vigorosa pensaria jamais em tal quadro verbal, pois o homem fala segundo a sua personalidade. Cristo Jesus era o Leão da tribo de Judá, cheio do espírito de Deus, e ele falava assim. Os que querem ser seus seguidores devem aprender a sua maneira de ensinar e seguir o seu exemplo, como advogados vigorosos e entusiásticos da verdade bíblica.
9 Sua linguagem revela que ele não era alguém acanhadamente retraído ou tímido, mas que era franco e eficiente. Os pensamentos de Jesus se elevavam e iam além do poder do vocabulário, e, às vezes, apenas uma linguagem altamente ilustrativa podia transmitir a intensidade do seu sentimento aos que o ouviam. As multidões ficavam pasmadas com o seu ensino e com a autoridade com que se expressava. Falava-lhes a verdade com convicção, em nome de seu Pai que o enviara. “A multidão ouvia-o com prazer”, somos informados. — Mar. 12:37.
10. O que habilitou a Jesus falar às pessoas segundo as suas necessidades individuais?
10 Ele tinha também outras qualidades, qualidades mais suaves. Sentia-se à vontade com, toda espécie de pessoas — jovens ou velhos, homens ou mulheres, ricos ou pobres, retos ou pecadores — e falava a cada um em bases pessoais, do modo como era preciso que se lhe falasse. Este discernimento das necessidades dos outros era uma das suas características notáveis e influenciava grandemente o seu ensino. Segundo se declara em João 2:25: Não precisava que alguém lhe desse testemunho do homem; pois elle mesmo conhecia o que havia no homem.”
11, 12. Por que deu ele aquele conselho ao jovem governador rico, mas quem agiu de acordo com tal conselho?
11 Reconhecendo a necessidade de cada um, falava-lhes com discernimento. Por exemplo, certa vez um jovem governador rico veio a Jesus perguntar-lhe o que tinha de fazer para ganhar a vida, e Jesus lhe disse que guardasse os mandamentos da lei de Moisés. “Tudo isso tenho observado desde a minha juventude”, respondeu o governador. Mas, tinha mesmo observado tudo isso? Podia um homem imperfeito observar aquela lei perfeita? Não. No entanto, Jesus não perdeu tempo contestando isso, antes disse: “Uma cousa ainda te falta: vende tudo o que tens, dá-o aos pobres, e terás um tesouro nos céus; depois vem, e segue-me.” O homem afastou-se triste. (Luc. 18:18-23, ARA) Não era feliz como Simão Pedro, quem disse a respeito de si mesmo e dos outros apóstolos: “Eis que nós tudo deixamos e te seguimos.” (Mat. 19:27, ARA) Não era como Zaqueu, o rico cobrador de impostos, que acolheu alegremente a Jesus e lhe fez as honras da casa, escutando o ensino de Jesus e dizendo então: “Eis aqui, Senhor, dou aos pobres metade dos meus bens.”
12 Mas, por que não disse o Senhor a Zaqueu que desse todos os seus bens aos pobres, a fim de se tornar discípulo e seguidor de Jesus? A razão era que Zaqueu queria fazer justiça com a outra metade dos seus bens e assim mostrar que era verdadeiro seguidor de Jesus. Zaqueu não reteve materialistamente a outra metade dos seus bens, mas a reteve nos interesses da justiça, para se desincumbir de suas obrigações justas. Zaqueu disse a respeito do uso da outra metade não distribuída aos pobres: “E, se em alguma coisa tenho defraudado alguém, eu lho restituo quadruplicado.” A lei mosaica exigia que o ladrão que vendera uma ovelha roubada fizesse compensação com quatro ovelhas; mas se a propriedade roubada ainda estava na sua mão, ele precisava apenas fazer uma compensação dupla. (Êxo. 22:1, 4) Zaqueu mostrou assim arrependimento, e não somente amor aos pobres, mas também justiça para com os oprimidos, como fruto do seu arrependimento. Jesus agradou-se de tal disposição dos bens de Zaqueu, que era descendente natural do fiel Abraão, pois Jesus disse: “Hoje veio a salvação a esta casa, porquanto também este é filho de Abraão. Porque o Filho do homem veio buscar e salvar o que se havia perdido.” — Luc. 19:1-10, NTR.
13. (a) Por que disse ele a Marta que ela não era sábia por estar “ansiosa e perturbada com muitas coisas”? E é este conselho apropriado para outros? (b) Como podemos desenvolver esta qualidade de ensino que Jesus usou com tanta eficiência?
13 Quando Jesus visitou o lar de Maria e Marta, ele estava ensinando a verdade a Maria, ao passo que Marta estava preparando uma refeição suntuosa. Por fim, Marta queixou-se: “Senhor não se te dá que minha irmã me tenha deixado a servir sozinha? Dize-lhe, pois, que me ajude.” “Marta, Marta”, disse-lhe Jesus, “estás ansiosa e perturbada com muitas coisas; entretanto poucas são necessárias, ou mesmo uma só; e Maria escolheu a boa parte, a qual não lhe será tirada.” (Luc.10:38-42, NTR) Ao passo que uma refeição muito simples teria bastado, Marta gastava tempo demais em preparativos elaborados para o seu hóspede, negligenciando as coisas espirituais mais importantes, e Jesus esclareceu isso. Mas, ele não andou pela Palestina dizendo às mulheres que não preparassem refeições abundantes para os seus hóspedes. A preocupação de Marta com os pormenores de seu trabalho doméstico era a sua pedra de tropeço pessoal. O conselho de Jesus ajustava-se às necessidades dela, bem como às de todos os que têm inclinações semelhantes a Marta. Outros casos de seu ensino evidenciam que Jesus mostrou o mesmo discernimento por destacar o obstáculo pessoal daquela pessoa e alertá-la sobre ele. Nós também devemos ser observantes, notando as inclinações e as reações dos que instruímos, tomando-as, então, em consideração ao continuarmos a ajudá-los.
ELE ACABOU COM A COMPLACÊNCIA
14, 15. Como iniciou Jesus o seu sermão do monte, e com que efeito?
14 O famoso sermão do monte de Jesus não levaria mais de vinte minutos para proferir, conforme registrado em Mateus 5:1 a 7:27, mas ele durou por dezenove séculos e não foi igualado por nenhum sermão desde então! Ele estava perto de Cafarnaum e as multidões lhe seguiam, de modo que ele subiu ao monte e se assentou para instruir os que lhe seguiam. O que disse ele? Foi o que a maioria aceitaria prontamente? Disse ele que os ricos são os que não têm necessidades, ou que os felizes é que não precisam de consolo? Elogiou os que eram bem queridos pelos homens? Não! Antes, ele disse coisas surpreendentes:
15 “Felizes sois vós, pobres, porque vosso é o reino de Deus. Felizes sois vós os que agora tendes fome, porque sereis fartos. Felizes sois vós os que agora chorais, porque haveis de rir. Felizes sois sempre que os homens vos odiarem, e sempre que vos excluírem e vituperarem, rejeitando vosso nome como iníquo, por causa do Filho do homem. Alegrai-vos naquele dia e exultai, pois, vede! vossa recompensa é grande no céu, pois estas são as mesmas coisas que os seus antepassados costumavam fazer aos profetas.” Declarou felizes os espiritualmente famintos, sedentos, vituperados, perseguidos, necessitados e tristes. — Luc. 6:20-23, NM.
16. Que normas elevadas apresentou ele, e que efeito tinham estes ensinos sobre os seus ouvintes?
16 Jesus continuou: “Ouvistes que se falou aos dos tempos antigos: ‘Não assassinarás; mas todo o que cometer homicídio prestará contas ao tribunal de justiça.’ Entretanto, eu vos digo que todo aquele que continua irado contra seu irmão, estará sujeito ao tribunal de justiça.” (Mat. 5:21, 22, NM) Muitos podem dizer: “Nunca assassinei a ninguém. Guardei esta lei.” Mas, quantos podem dizer: “Nunca me irei com meu irmão”? Jesus disse então: “Ouvistes que se disse: ‘Não deves cometer adultério.’ Mas eu vos digo que todo aquele que continuar a olhar para uma mulher, ao ponto de sentir paixão por ela, já cometeu adultério com ela no seu coração.” (Mat. 5:27, 28, NM) Muitos dos seus ouvintes talvez pudessem dizer: “Nunca cometi adultério”, mas quantos deles podiam honestamente dizer que nunca tiveram um pensamento sensual na sua vida? Jesus disse também: “Ouvistes que se disse: ‘Olho por olho e dente por dente.’ Eu, porém, vos digo: Não resistas àquele que é iníquo; mas, a qualquer que te bater na face direita, oferece-lhe também a outra.” Muitos homens podem dizer que não andam comprando briga, mas, quando alguém se aproxima deles e os esbofeteia primeiro em provocação, quantos podem controlar a sua ira e suas mãos, e assim evitar uma luta? — Mat. 5:38, 39, NM.
17. A quem devemos amar, e por quê? E como podemos vencer o ódio?
17 “Ouvistes que foi dito: ‘Tens de amar o teu próximo e odiar o teu inimigo.’ Eu, porém, vos digo: Continuai a amar vossos inimigos e a orar pelos que vos perseguem. Pois, se amardes os que vos amam; que recompensa tendes?” (Mat. 5:43, 44, 46, NM) É fácil amar os que o amam, mas é extremamente difícil amar os que o odeiam e perseguem. Jeová é capaz de amar os seus inimigos, e nós temos de copiá-lo se queremos ser os seus filhos. Por que deixar que os outros governem a sua conduta? Por que odiar só porque os outros odeiam? Por que entrar no círculo vicioso de retribuir mal por mal? Por que rebaixar-se ao nível vil dos seus inimigos? Enfrentar o ódio com o ódio traz dificuldades, ao passo que enfrentá-lo com amor pode acabar com a dificuldade. Que bênção seria se pudesse convencer o seu inimigo pela sua conduta correta! “A ninguém torneis mal por mal”, disse Paulo. “Mas continua a vencer o mal com o bem.” — Rom. 12:17, 21, NM.
18. Como chegava Jesus ao fundo do problema, no seu ensino, e como reagem os cristãos quanto ao seu conselho?
18 Jesus, no seu ensino, chegava ao fundo do assunto, acabando com o sentimento de complacência autojusta da pessoa. Mostrou que havia mais envolvido do que apenas refrear-se de atos de violência e de imoralidade. Indicou os pensamentos que levariam a tais ações erradas e insistiu em outros pensamentos, para cultivar desejos piedosos, para que os atos retos deles fossem governados pelo amor. Assim evitariam cair no ciclo mortífero descrito mais tarde por Tiago, ao dizer ele: “Cada um é tentado por ser atraído e engodado pelo seu próprio desejo. Então o desejo, quando se torna fértil, dá à luz o pecado; por sua vez, o pecado, sendo consumado, gera a morte.” (Tia. 1:14, 15, NM) Os cristãos tomam a peito o conselho de Jesus e se esforçam sinceramente a aplicá-lo, porém, que homem pecador pode dizer honestamente que satisfaz plenamente aquela norma perfeita? Quem pode dizer que não precisa da longanimidade de Jeová Deus e da Sua provisão do Messias? Nos dias de Jesus, tais verdades, chamando atenção às faltas humanas, perturbavam grandemente os tradicionalistas religiosos, cuja autojustiça era observar externamente as regras e os regulamentos. (Mat. 23:23) Jesus atacou a complacência, a fim de trazer ao juízo os honestos e salvá-los dos laços do orgulho e da justiça própria.
JESUS PREGOU ATIVIDADE
19. Que ansiedades eram conhecidas de Jesus, mas, em que nos ensinou a fixarmos a nossa atenção?
19 Seu sermão continuou: “Deixai de estar ansiosos pelas vossas almas, quanto a que haveis de comer ou que haveis de beber, ou pelos vossos corpos, quanto a que haveis de vestir. Não significa a alma mais do que comida e o corpo mais do que roupa?” Daí, usando uma ilustração ali presente na encosta do morro, ele lhes disse que observassem os pássaros, que comiam sem semear, e os lírios dos campos, que estavam tão belamente vestidos sem tecerem. Também o homem devia aprender a olhar para Deus e agradecer a Ele as coisas que proveu. “Então, se Deus veste assim a vegetação do campo que hoje existe e amanhã é lançada no forno, não vestirá ele antes a vós, ó vós que tendes pouca fés” Jesus enfatizou que se deviam pôr em primeiro lugar as coisas espirituais, o Reino e a justiça de Deus, em vez de se gastar muito tempo e ansiedade com coisas materiais. — Mat. 6:25-34, NM.
20. (a) Que coisas enfatizou Jesus, e que evidência disso pode apresentar? (b) Afeta isso o nosso ensino? Como?
20 Jesus ensinou aos seus discípulos que a atividade era importante. Dava mais ênfase a se fazerem coisas boas do que a não se fazerem coisas más. Se fizer o que é direito, não poderá ao mesmo tempo fazer o que é errado. “Toda árvore boa dá bons frutos; porém a árvore má dá frutos maus. Uma árvore boa não pode dar maus frutos; nem uma árvore má dar frutos bons. Nem todo o que me diz: Senhor, Senhor! entrará no reino dos céus, mas aquele que faz a vontade de meu Pai, que está nos céus.” Não basta apenas afirmar ser cristão e refrear-se das obras más. Em vez de estipular uma longa lista de coisas que os seus discípulos não deviam fazer, Jesus instou com êles que fizessem a vontade de Deus. Na maior parte, ele tratou de ação positiva, não de ser bom em sentido negativo. Foram mais às vezes em que condenou as pessoas por não fazerem o bem do que por praticarem o mal. Por exemplo, houve o sacerdote e o levita, que passaram pelo outro lado da rua, deixando sem ajuda a vítima dum assalto, os semelhantes a cabritos, que se refrearam de fazer o bem aos irmãos do Rei, e o rico que não fez nada a favor de Lázaro, o mendigo. Jesus avisou os seus discípulos contra o proceder errado, mas dava ênfase ao proceder de Deus. Estabeleceu o modelo para os instrutores cristãos. — Mat. 7:17, 18, 21, NTR.
21. Qual foi o efeito de seu sermão sobre os seus ouvintes, e o que ajudará a esclarecer os incidentes bíblicos em que estava envolvido?
21 “Então, quando Jesus terminou estas declarações, o efeito foi que as multidões estavam admiradas do seu modo de ensinar; porque as ensinava como quem tem autoridade, e não como seus escribas.” Como ensinavam os escribas? Quem eram eles? Que outros grupos religiosos funcionavam na Palestina quando Jesus ensinava ali? Sabermos alguma coisa sobre a situação religiosa na Palestina no tempo da pregação de Jesus nos ajudará a entender melhor os muitos incidentes registrados na Bíblia. (Mat. 7:28, 29, NM) Entenderemos, também, melhor por que as multidões dos ouvintes ficavam admiradas com a diferença na maneira de ensinar do Mestre Jesus.