Prefigurada a vindoura “grande tribulação”
“Então haverá grande tribulação, tal como nunca ocorreu desde o princípio do mundo até agora, não, nem tampouco ocorrerá de novo. De fato, se não se abreviassem aqueles dias, nenhuma carne seria salva; mas, por causa dos escolhidos, aqueles dias serão abreviados.” — Mat. 24:21, 22.
1. Quando e depois de que eventos envolvendo Jerusalém falou-se a Daniel sobre o pior tempo de tribulação em toda a história humana?
HÁ MAIS de dois mil e quinhentos anos atrás, após a queda do poderoso Império Babilônico, falou-se ao idoso profeta Daniel sobre o pior tempo de tribulação que havia de vir em toda a história humana. (Dan. 10:1 a 12:1) Disse-se-lhe, porém, que não perdesse a paz de coração e mente por causa disso. (Dan. 12:13) Durante mais de oitenta anos, Daniel havia sido um exilado na Babilônia idólatra, no rio Eufrates do Oriente Médio. Sobreviveu ali à destruição da cidade santa de Jerusalém, causada pelo imperador babilônico, no ano de 607 antes de nossa Era Comum. (Dan. 1:1 a 2:1, 14) Mas pouco depois de a própria poderosa Babilônia ter sido derrubada, Daniel obteve a certeza da Palavra de Deus, de que Jerusalém seria reconstruída. A cidade e seu território de Judá haviam de jazer desolados apenas por setenta anos, assim como fora predito pelo amigo de Daniel, o profeta Jeremias. (Dan. 9:1-3) Mas, além disso, o anjo de Deus assegurou a Daniel que o há muito aguardado “Messias, o Líder”, viria a esta reconstruída Jerusalém. Mas não nos dias do idoso Daniel!
2. (a) Quando, segundo o que se disse a Daniel, havia de apresentar-se a Jerusalém o “Messias, o Líder”, e que período iniciaria isso? (b) Depois disso, o que havia de acontecer à Jerusalém reconstruída?
2 Quanto tempo depois dos dias de Daniel? O anjo de Deus disse a Daniel que Jeová Deus havia determinado setenta semanas de anos, ou 490 (7 X 70) anos, na sua tabela de tempo a respeito deste “Messias, o Líder”. O Messias se apresentaria ao povo de Daniel no fim de sessenta e nove daquelas semanas de anos, ou depois de 483 anos. Contadas a partir de quando? A partir da saída da ordem de se reconstruir e restaurar os muros de Jerusalém. Portanto, o aparecimento do Messias daria início à septuagésima semana de anos, mas no meio desta semana, ou depois de três anos e meio dela, ele seria “decepado” de tal modo, que faria “cessar o sacrifício e a oferenda” em Jerusalém. Depois do fim das setenta semanas de anos, haveria uma enorme tribulação para Jerusalém por causa duma “coisa repugnante” “causando desolação”. (Dan. 9:24-27) Associar-se-ia esta tribulação sobre ela com o maior tempo de tribulação sobre a humanidade? Daniel morreu antes de descobrir isso.
3. (a) Quando e como apareceu o Messias exatamente em tempo? (b) Onde se encontrava ele no meio da “septuagésima semana”, e com quem?
3 O título Messias significa “Ungido”. No outono do ano 29 de nossa Era Comum ocorreu a unção de alguém, não da parte de algum homem, mas da parte de Deus; não com óleo de unção, mas com espírito santo de Deus. Seguindo o tempo com exatidão, Deus fez esta unção exatamente no tempo certo, no início da septuagésima semana de anos. Ele ungiu seu próprio Filho em forma humana, Jesus, logo depois de este ter sido batizado em água por João Batista no rio Jordão. Esta unção com espírito santo fez de Jesus o “Messias, o Líder”. Assim apareceu o Messias, e começou a decisiva septuagésima semana de anos. Ele começou a executar aquilo para o que a sua unção o comissionava, por pregar o reino messiânico de Deus. Por fazer isto, criou muitos inimigos em Jerusalém e na judéia, e nas províncias vizinhas. No meio da septuagésima semana de anos, que veio em princípios da primavera do ano 33 E. C., Jesus, o Messias, certificou-se de estar em Jerusalém com os doze apóstolos que havia escolhido.
4. O que disse ele aos adoradores no templo sobre a sua “casa”, e até quando não seria visto de novo?
4 Na terça-feira, 11 de nisã, três dias antes da festa da Páscoa, visitou o reconstruído templo de Jerusalém. Ele já havia predito a destruição desta reconstruída Jerusalém; mas agora explicou claramente ao povo que adorava em Jerusalém que a sua “casa”, seu templo religioso, lhes havia de ser abandonado. Depois acrescentou: “Pois eu vos digo: De modo algum me vereis doravante, até que digais: ‘Bendito aquele que vem em nome de Jeová!’” (Mat. 23:37-39) Saiu do templo e nunca mais foi visto nele.
5. (a) O que disse Jesus sobre as pedras do templo? (b) Mais tarde, naquele mesmo dia, no Monte das Oliveiras, que pergunta lhe fizeram os seus apóstolos?
5 Quando Jesus ia saindo, seus apóstolos trouxeram-lhe à atenção os edifícios e as pedras do templo. Ele deu então a conhecer o resultado terrível de o templo ficar abandonado para o povo de Jerusalém, dizendo: “Não observais todas estas coisas? Deveras, eu vos digo: De modo algum ficará aqui pedra sobre pedra sem ser derrubada.” (Mat. 24:1, 2) Mais adiante, naquele mesmo dia, ele e seus apóstolos olhavam para o templo de cima do Monte das Oliveiras. Olhando para Jerusalém e seu templo lá embaixo, os apóstolos se lembraram do que Jesus dissera. Isto os induziu a fazer a seguinte pergunta: “Dize-nos: Quando sucederão estas coisas e qual será o sinal da tua presença e da terminação do sistema de coisas?” — Mat. 24:3.
6. Que base havia para as três partes da pergunta dos apóstolos?
6 Quando se dariam todas estas coisas resultando na destruição de Jerusalém e de seu templo? Visto que Jesus dissera que o povo de Jerusalém não o veria mais até que dissessem: “Bendito aquele que vem em nome de Jeová!”, quando viria ele novamente de lá para onde ia e estaria outra vez presente? Uma vez que todas estas coisas não podiam acontecer sem o fim dum sistema de coisas, quando ocorreria a terminação do sistema de coisas?
7. Quão grande foi a pergunta feita por estes apóstolos, e o que queriam saber em primeiro lugar?
7 É evidente que aqueles apóstolos não sabiam o que estava envolvido nestas três coisas a respeito das quais perguntaram. Mas Jesus sabia, e por isso lhes deu uma resposta maior do que teriam esperado, uma resposta que ia mais longe do que o tempo que calculavam. É claro, porém, que primeiro queriam saber quando seriam destruídos Jerusalém e seu templo. Ocorreria nos dias deles, na sua geração? Por isso, Jesus falou primeiro sobre aquela fase da pergunta tríplice, e com aplicação direta à literal Jerusalém e seu templo. Ele disse:
8, 9. Afirmariam aqueles homens desencaminhadores, preditos por Jesus, ser o próprio Jesus, e por que seriam de atrativo especial para os judeus?
8 “Olhai para que ninguém vos desencaminhe; pois muitos virão à base do meu nome, dizendo: ‘Eu sou o Cristo’, e desencaminharão a muitos. Ouvireis falar de guerras e relatos de guerras; vede que não fiqueis apavorados. Pois estas coisas têm de acontecer, mas ainda não é o fim.” — Mat. 24:4-6.
9 Tais homens enganadores não viriam dizendo: ‘Eu sou Jesus’, mas usariam o título de Messias e diriam: “Eu sou o Cristo.” Para os judeus, aqueles messias professos teriam de ser judeus, não gentios. Em vista da ameaça da destruição de Jerusalém, viriam como Libertadores, Preservadores da Cidade Santa, razão pela qual agradariam muito aos judeus e desencaminhariam a muitos. Levariam uma mensagem exatamente oposta à que Jesus, o verdadeiro “Messias, o Líder”, havia proclamado, a saber, a destruição de Jerusalém e do seu templo. Por meio deste aviso, os discípulos de Jesus poderiam saber que aqueles pretensos cristos, que não possuíam a unção do espírito de Deus, eram falsos.
10. O que prova que Jesus não fez ali uma predição falsa?
10 Jesus não fez ali uma predição falsa, pois Flávio Josefo, na sua história chamada “Guerras dos Judeus”, Livro 6, parágrafo 54 (em inglês), fala de três falsos messias como sendo uma das razões da revolta contra a Roma Imperial que levou à destruição de Jerusalém.
“GUERRAS E RELATOS DE GUERRAS”
11. Quando seria que os apóstolos haviam de ouvir “falar de guerras e relatos de guerras”?
11 Além do aparecimento de falsos cristos (o que indicaria que Jesus Cristo não estaria pessoalmente presente na carne), os apóstolos ouviriam “falar de guerras e relatos de guerras”. No caso de algumas destas guerras, os apóstolos estariam tão perto delas, que ouviriam diretamente o ruído delas, e não apenas os relatos de batalhas distantes. Quando se daria isso? Visto que as palavras proféticas de Jesus neste respeito levam à sua descrição da destruição da Jerusalém terrestre, estas guerras ocorreriam entre o tempo de sua profecia e a destruição da cidade santa. Isto se daria especialmente visto que os apóstolos haviam de ‘ouvir falar’ de tais guerras.
12. (a) Que pergunta se suscita aqui a respeito destas guerras e os conflitos internacionais mencionados no versículo seguinte (Mat. 24:7)? (b) A interrupção da narrativa de Lucas, neste ponto, tem induzido alguns comentadores a que argumento?
12 Pois bem, que dizer, então, das guerras preditas logo no versículo seguinte, o Mat. 24 versículo sete, em que Jesus prossegue: “Porque nação se levantará contra nação e reino contra reino, e haverá escassez de víveres e terremotos num lugar após outro”? Seriam estas guerras diferentes das preditas anteriormente? A narrativa paralela do evangelista Lucas faz aqui uma interrupção. Depois de citar as palavras de Jesus: “Quando ouvirdes falar de guerras e desordens, não fiqueis apavorados. Porque estas coisas têm de ocorrer primeiro, mas o fim não ocorre imediatamente”, a narrativa de Lucas reza: “Então prosseguiu a dizer-lhes: ‘Nação se levantará contra nação e reino contra reino; e haverá grandes terremotos, e, num lugar após outro, pestilências e escassez de víveres; e haverá vistas aterrorizantes e grandes sinais do céu.’” (Luc. 21:9-11) Esta interrupção na narrativa de Lucas é compreendida por alguns comentadores como significando que Jesus iniciou ali uma nova idéia. Mas, como se pode dar isso razoavelmente, visto que Jesus ainda estava tratando da destruição de Jerusalém?
13. (a) Quando ocorressem tais guerras, o que não deviam pensar os apóstolos? (b) Ocorreram tais guerras lá nos tempos apostólicos?
13 Torna-se claro, pois, que ali, na primeira aplicação da profecia, Jesus se referia às guerras internacionais que ocorreriam antes da impendente destruição de Jerusalém. Ao passar a dizer que nação se levantaria contra nação e reino contra reino, Jesus explicava por que ouviriam falar de guerras e de relatos de guerras. Mas eles não deviam ficar perturbados por causa destas guerras, pois não seriam evidência visível de que o fim já estava próximo. E, segundo a história secular, houve guerras entre o tempo em que Jesus ascendeu ao céu e a destruição da cidade santa. Houve as guerras dos partos, no sudoeste da Ásia, e os levantes que ocorreram nas províncias romanas da Gália e da Espanha. Houve a guerra travada por Asineu e Alineu contra os partos, ao leste do Império Romano. Houve a declaração de guerra dos partos contra o Rei Izates da terra de Adiabena.a
14. (a) Houve naquele tempo levantes de nacionalidades, que afetaram os judeus? (b) Que haviam certos rabinos dito a respeito de se levantarem reinos e nações?
14 É verdade que estas guerras não tinham relação direta com Jerusalém, mas, deve ser lembrado que Jesus predisse que nação se levantaria em guerra contra nação, e reino contra reino, o que admitiria guerras puramente gentias. Durante aquele tempo, os judeus sob o Império Romano não tinham reino. Não obstante, houve levantes de judeus contra outras nacionalidades e levantes de nacionalidades vizinhas contra os judeus, envolvendo os sírios e os samaritanos, de modo que dezenas de milhares de judeus foram mortos. Foi um período muito penoso para os judeus. Os judeus haviam sido informados por diversos rabinos que, quando reino se levantasse contra reino e cidade contra cidade, indicaria que o tempo do aparecimento do Messias estava próximo.
15. O que se pode dizer a respeito de terremotos naquele tempo?
15 Ocorreram também terremotos lá naquele tempo, dos quais há registro. Houve aquele terremoto na ilha de Creta, durante o reinado de Cláudio César, outro em Esmirna, outros em Hierápolis, Colossos, Quios, Mileto e Samos; outro derrubou a cidade de Laodicéia, durante o reinado do Imperador Nero. Houve até mesmo um em Roma, conforme relatado pelo historiador latino Tácito. Josefo, nas suas Guerras dos Judeus, Livro 4, capítulo 4, parágrafo 5 (em inglês), fala do horrível terremoto que ocorreu na própria Judéia.
16. O que se pode dizer sobre a escassez de víveres naquele tempo, e sobre pestilências?
16 Houve também fomes, uma das quais é relatada nos Atos dos Apóstolos, capítulo onze, versículos 27 a 30, o que foi predito pelo profeta cristão Ágabo e que ocorreu durante o reinado do Imperador Cláudio. Relata-se que muitos judeus em Jerusalém morreram por causa desta fome. Naturalmente por falta de alimentos e a acompanhante falta de nutrição adequada, as pessoas sucumbem às doenças e há pestilências. Foi conforme Jesus predisse.
17. (a) Como não se deviam interpretar todas estas coisas, mas que efeito teriam sobre os discípulos? (b) Que aviso receberam, e que obra se havia de fazer em toda a parte?
17 No entanto, estas coisas não haviam de ser precursoras imediatas da destruição da “cidade do grande Rei”, Jerusalém. Depois de predizer tais coisas, Jesus acrescentou: “Todas essas coisas são um princípio das dores de aflição.” (Mat. 24:8) Tanto quanto se referiam a Jerusalém, eram os princípios das dores de aflição para ela e para a província da Judéia. Mas não significavam o fim imediato da cidade santa e a desolação da Judéia. Mas, serem essas coisas pelo menos o princípio das dores de aflição para Jerusalém devia ter sido o bastante para estimular os cristãos a maior atividade, em vez de fazê-los descansar e folgar, visto que ‘ainda não era o fim’. (Mat. 24:6; 5:35) Havia um vasto trabalho a fazer, e este exigia grande esforço e persistência em face de perseguição religiosa. Por isso, nos versículos 9-13, Jesus passou a advertir os seus apóstolos a respeito da vindoura perseguição por parte dos judeus e dos gentios, e sobre o aumento do que era contra a lei e sobre a necessidade de perseverança cristã, e então acrescentou: “E estas boas novas do reino serão pregadas em toda a terra habitada, em testemunho a todas as nações; e então virá o fim.” — Mat. 24:14.
18. (a) Que ordem adicional deu o ressuscitado Jesus pouco antes de sua ascensão? (b) O que se pode dizer sobre a execução da obra antes da destruição de Jerusalém?
18 Várias semanas depois, após a sua ressurreição dentre os mortos e antes de sua ascensão ao céu, Jesus ordenou aos seus discípulos: “Ide, portanto, e fazei discípulos de pessoas de todas as nações, batizando-as em o nome do Pai, e do Filho e do espírito santo, ensinando-as a observar todas as coisas que vos ordenei.” (Mat. 28:19, 20) Alguns dias depois, após a próxima festividade de Pentecostes, os discípulos fiéis passaram a fazer isso. Qual foi o resultado. Por volta do ano 60 ou 61 E. C., quando o apóstolo Paulo era prisioneiro em Roma, ele pôde escrever à congregação cristã em Colossos, na Ásia Menor, e dizer a respeito da esperança que eles tinham: “Esperança daquelas boas novas que ouvistes e que foram pregadas em toda a criação debaixo do céu.” (Col. 1:23) Naquele tempo, Paulo quis levar as boas novas do reino de Deus à Espanha, como evangelizador pioneiro. (Rom. 15:23, 24) Tal pregação do reino de Deus na terra habitada já havia sido feita uns dez anos antes da destruição de Jerusalém em 70 E. C. O “fim” não podia vir antes de se cumprir isso. — Mat. 24:14.
O FIM DA JERUSALÉM DO PRIMEIRO SÉCULO
19. Que evento, porém, havia de assinalar o tempo para uma ação rápida, e por quê?
19 Depois de mencionar a vinda do “fim”, Jesus passou a falar prontamente sobre a cidade santa, cujo fim viria durante aquele primeiro século E. C. Ele disse, segundo Mateus 24:15-22: “Portanto, quando avistardes a coisa repugnante que causa desolação, conforme falado por intermédio de Daniel, o profeta, estar em pé num lugar santo, (que o leitor use de discernimento,) então, os que estiverem na judéia comecem a fugir para os montes. O homem que estiver no alto da casa não desça para tirar de sua casa os bens; e o homem que estiver no campo não volte para casa para apanhar a sua roupa exterior. Ai das mulheres grávidas e das que amamentarem naqueles dias! Persisti em orar que a vossa fuga não ocorra no tempo do inverno, nem no dia de sábado; pois então haverá grande tribulação, tal como nunca ocorreu desde o princípio do mundo até agora, não, nem tampouco ocorrerá de novo. De fato, se não se abreviassem aqueles dias, nenhuma carne seria salva; mas, por causa dos escolhidos, aqueles dias serão abreviados.”
20. Visto que os discípulos haviam de fugir da judéia, por que foram apropriados os pormenores das instruções que Jesus lhes deu?
20 Jesus mencionou aqui definitivamente a província da Judéia. Deu instruções aos seus discípulos para que fugissem dela, coisa que necessariamente incluiria fugir de Jerusalém, cidade santa dos judeus. Era na judéia que se aplicava a lei do sábado, tornando difícil para as pessoas viajarem grandes distâncias ou carregarem fardos, e também se fechavam os portões das cidades muradas, mesmo aos que se iam refugiar ali. Quanto mas difícil seria para mulheres judaicas grávidas, ou que amamentassem seus bebês, apressar-se andando a pé! Também o inverno, com o mau tempo, tornaria a fuga difícil, não só para tais mulheres, mas também para todos os outros em fuga. Quando observassem os indícios preditos por Jesus, todos deviam fugir, de eirado em eirado, se necessário, e dos campos fora da cidade. Saiam todos da Judéia, sem demora!
21. Por causa de que aspecto da vindoura tribulação havia então tal necessidade de muitíssima pressa na fuga?
21 Mas, por que toda esta grande pressa? Porque então, finalmente, estaria próximo “o fim”. Seria iminente uma “grande tribulação” tão destrutiva, que “nenhuma carne seria salva” se não fossem abreviados os dias dela. Estes dias seriam abreviados por causa dos escolhidos de Deus. Nestas circunstâncias, apenas uma minoria das pessoas na Judéia salvaria a sua carne. Portanto, para não se arriscarem a ficar entre a vasta maioria daqueles cuja carne não seria salva naquela “grande tribulação”, o proceder sábio e seguro para elas seria dar ouvidos às instruções de Jesus e sair da Judéia, fugindo para os montes fora dela.
22, 23. (a) Qual era então o “lugar santo” em que a abominação que causa desolação nunca devia estar de pé? (b) Como indica a narrativa paralela de Lucas que aquele era realmente o “lugar santo”?
22 Qual era, então, o “lugar santo” em que havia de estar em pé a “coisa repugnante que causa desolação”? Pois bem, que lugar em toda a judéia era “lugar santo”? Era a cidade santa de Jerusalém e suas vizinhanças. Este era o “lugar santo” em que a “coisa repugnante que causa desolação” “não devia” estar em pé em nenhuma ocasião. (Mar. 13:14-20) De fato, a narrativa paralela do Evangelizador Lucas, a respeito da profecia de Jesus, menciona claramente Jerusalém. Lucas, capítulo vinte e um, versículos 20-24, reza:
23 “Outrossim, quando virdes Jerusalém cercada por exércitos acampados, então sabei que se tem aproximado a desolação dela. Então, comecem a fugir para os montes os que estiverem na Judéia, e retirem-se os que estiverem no meio dela, e não entrem nela os que estiverem nos campos; porque estes são dias para se executar a justiça, para que se cumpram todas as coisas escritas. Ai das mulheres grávidas e das que amamentarem naqueles dias! Porque haverá grande necessidade na terra e furor sobre este povo; e cairão pelo fio da espada e serão levados cativos para todas as nações; e Jerusalém será pisada pelas nações, até se cumprirem os tempos designados das nações.”
24. (a) Como viram os cristãos judaicos, na Judéia, Jerusalém cercada por exércitos acampados? (b) O que sabiam em vista disso?
24 Quando foi que os judeus cristãos, na Judéia, viram “Jerusalém cercada por exércitos acampados? Foi no ano 66 E. C., depois de a revolta dos judeus ter trazido os exércitos romanos do General Céstio Galo contra a cidade, no tempo da celebração da festividade das barracas (tabernáculos), de 19-25 de outubro. Isto foi exatamente trinta (30) anos depois que terminaram as setenta semanas de anos, preditas pelo profeta Daniel, no ano 36 E. C. No trigésimo dia do mês judaico de tisri, ou por volta de 3/4 de novembro, o General Galo levou seu exército para dentro da cidade. Durante cinco dias ele atacou a muralha do templo e conseguiu miná-la no sexto dia. Daí, subitamente, sem qualquer razão aparente, ele retirou seus exércitos, que sofreram muitas baixas às mãos dos judeus perseguidores. De modo que a “grande tribulação”, sem paralelos, para os judeus em Jerusalém e na Judéia não começou então. Mas os judeus cristãos sabiam então que estava próxima.
25. (a) O que viram assim os discípulos na judéia estar de pé onde não devia estar? (b) Como predissera Daniel 9:26, 27, esta coisa e a desolação que causaria?
25 Deste modo, os judeus cristãos avistaram “a coisa repugnante que causa desolação” em pé num “lugar santo”, onde “não devia” estar, quando os exércitos romanos ocuparam solo considerado sagrado pelos judeus, em volta da cidade, e especialmente quando minaram a muralha do templo. Esta era a “coisa repugnante” predita em Daniel 9:27. Naquele versículo, depois de descrever eventos da septuagésima semana de anos, Daniel prossegue: “E sobre a asa de coisas repugnantes haverá um causando desolação; e até a exterminação derramar-se-á a coisa determinada também sobre aquele que desola.” Esta desolação da reconstruída Jerusalém é detalhada no versículo precedente (26b), nas seguintes palavras: “E a cidade e o lugar santo serão arruinados pelo povo de um líder que há de vir. E o fim disso será pela inundação. E até o fim haverá guerra; o que foi determinado são desolações.” Jesus disse que Daniel havia predito tal “coisa repugnante”.
26. (a) Quem era este “líder” predito, quem era o “povo” e quando se deu a inundação daquela terra? (b) Como escaparam disso os “escolhidos” judaicos na Judéia?
26 Então quem era o “líder que há de vir”, cujo ‘povo” realmente arruinou “a cidade e o lugar santo”? Foi o General Tito, filho do General Vespasiano que se tornou imperador romano no ano 69 E. C. Nas Escrituras Hebraicas se fala repetidas vezes dum exército como “o povo”. Também se fala do exército como inundando a terra invadida. Esta inundação da parte do “povo” militar do “líder”, o General Tito, contra Jerusalém só ocorreu na primavera do ano 70 E. C. De modo que, desde a retirada dos exércitos do General Galo, em novembro de 66, até o princípio da primavera de 70 E. C., houve um intervalo de mais de três anos e cinco meses. Durante este intervalo favorável, os cristãos judeus em Jerusalém e na judéia aproveitaram a oportunidade para fugir para os “montes” fora da província condenada, pois sabiam então, daquilo que Jesus dissera, que se aproximara a desolação de Jerusalém. Assim escaparam estes “escolhidos” cristãos.
27. (a) Começaria atrasado o tempo de Deus para a “grande tribulação” de Jerusalém? (b) Quem eram os cristãos judaicos que então estavam em perigo e que Jeová quis ter num lugar seguro?
27 Na primavera e no verão de 70 E. C. sobreveio à Jerusalém a predita “grande tribulação”, causando grandes perdas de vidas judaicas. Segundo a profecia de Jesus, Deus tinha um tempo determinado para a “grande tribulação” sobre Jerusalém. Ele não adiou o tempo de seu começo. Por isso deixou que o ataque revogado de Céstio Galo, em 66 E. C., servisse de aviso para que os seus “escolhidos” em perigo fugissem. Céstio Galo poderia ter facilmente tomado Jerusalém em pouco tempo, mas perdeu a oportunidade. Não era o tempo de Deus para isso. Nem todos os seus “escolhidos” se achavam então na zona de perigo. Já havia centenas de judeus cristãos fora da província da Judéia, tanto fora como dentro do Império Romano. Estes não estavam em perigo por causa da iminente destruição de Jerusalém. Só os judeus cristãos dentro da judéia estavam em perigo. Foram estes “escolhidos” em perigo que Deus se propôs salvar da judéia e de Jerusalém, antes do seu tempo determinado para o início da “grande tribulação” de Jerusalém. Por que deveria qualquer destes ser destruído quando executasse a sua vingança na infiel Jerusalém e judéia? Não mereciam ser destruídos.
28. (a) Quem eram, então, os judeus cuja “carne” estava em perigo de não ser ‘salva’? (b) Quando todos os seus “escolhidos” estavam a salvo fora da zona de perigo, que ação podia Jeová tomar contra a judéia e Jerusalém?
28 Os cristãos judaicos, tendo então já fugido de Jerusalém e da Judéia, não estavam mais em perigo de ser prejudicados pela “grande tribulação” de Jerusalém. Eram os judeus incrédulos, que ficaram encerrados na cidade, que corriam o perigo de serem destruídos. Toda a “carne” judaica dentro de Jerusalém enfrentava o perigo de perder a vida, se a tribulação durasse tempo demais. Esses judeus não-cristãos haviam afluído à cidade para celebrar a festividade da Páscoa em 14 de nisã, à qual se havia de seguir a festividade dos pães não fermentados, de uma semana de duração. Foi então que o General Tito investiu com o seu “povo” militar contra a cidade condenada. Ele a cercou, encurralando assim dentro dela os judeus rebeldes. Fez também que seu “povo” construísse em volta da cidade uma paliçada de uns oito quilômetros de extensão, impedindo assim que quaisquer judeus sitiados escapassem. Visto que Jeová Deus já tinha então todos os seus “escolhidos” fora da região condenada, podia apressar a execução de sua vingança contra a Judéia e Jerusalém, restringindo assim a execução a um curto período de intensa destrutividade.
29. Quanto tempo durou o sítio de Jerusalém, e o que contribuiu para abreviá-lo?
29 O sítio de Jerusalém não durou muito, apenas de 14 de nisã a 6 de elul (6 de setembro no Calendário Gregoriano), ou menos de seis meses, e não dezoito meses, como o sítio de Jerusalém pelos exércitos babilônicos em 609-607 A. E. C. Houve várias coisas,b permitidas por Deus, que contribuíram para a abreviação do sítio em 70 E. C.
30. (a) Apesar de sua brevidade, quão desastroso foi o sítio? (b) O que se continuou a fazer a Jerusalém, mas que continuaria só até quando?
30 Embora o sítio fosse curto, foi bastante horrível, mesmo que não fosse a maior tribulação que sobreviera à humanidade até aquele tempo e nunca mais pudesse acontecer. A “coisa repugnante que causa desolação” resultou deveras num extermínio, de acordo com a própria decisão de Deus. O historiador judeu Flávio Josefo relata que 1.100.000 judeus foram mortos ou morreram. Mas, por causa da ‘abreviação’ dos dias da “grande tribulação” de Jerusalém, alguma “carne” judaica foi salva. Josefo relata que 97.000 sobreviveram e foram levados cativos, arrastados para o Egito e para outras províncias romanas.c A cidade e seu templo foram completamente destruídos, assim como Jesus predissera. Assim, em sentido bem literal, Jerusalém continuou a ser “pisada” pelos gentios (as nações não-judaicas), desde o tempo da primeira destruição e desolação de Jerusalém e de Judá pelos babilônios, no ano 607 A. E. C.d Mas, algum dia estes Tempos dos Gentios se haviam de completar, a saber, 2.520 anos após o seu começo lá no outono de 607 A. E. .C. Isto significava que seria em 1914 E. C. — Luc. 21:24.
[Nota(s) de rodapé]
a Veja The Historians’ History of the World, Volume VIII, sob o cabeçalho “Anarquia na Pártia”, página 70 e seguintes.
b Por exemplo a construção duma muralha para cercar o subúrbio setentrional de Jerusalém, executada por Herodes Agripa I, teve de ser interrompida às ordens do imperador suspeitoso de Roma, Cláudio César. Após a retirada das tropas do general romano Céstio Galo em 66 E. C., os judeus deixaram de preparar-se para um longo sítio caso os romanos voltassem para reiniciar o sítio de Jerusalém. Além disso, quando os romanos voltaram sob o General Tito, foi de repente, tomando de surpresa os defensores da cidade. Piorando a situação, os detentores começaram a lutar entre si numa guerra civil. Abandonaram os seus baluartes, onde, com exceção da fome, não poderiam ter sido facilmente subjugados.
Quando o General Tito inspecionou os muros de Jerusalém, depois de tomar a cidade, sentiu-se induzido a atribuir a Deus o seu bom êxito. Disse: “Tivemos certamente Deus do nosso lado nesta guerra, e não foi senão Deus quem expulsou os judeus destas fortificações; pois o que poderiam as mãos de homens ou quaisquer máquinas fazer para derrubar estas torres?” — Wars of the Jews, de Josefo, Livro 5, capítulo 9, parágrafo 1, segundo a tradução inglesa de William Whiston, M. A.
c Josefo calcula o número dos que morreram no sítio em um milhão e cem mil, sem contar os que foram mortos em outros lugares da Judéia. — Veja Wars of the Jews, Livro 6, capítulo 9, parágrafo 3.
d “Até se cumprirem os tempos dos gentios, isto é, até o tempo em que os períodos designados às nações gentias para o término dos julgamentos divinos, . . se tenham esgotado. . . . Tais tempos dos gentios terminam, no caso em questão, com a Parousia . . . os kairoi ethnon [tempos dos gentios] seriam os kairoi [tempos] que todos conheciam das profecias e que já se haviam iniciado, de modo que no tempo de Jesus e já muito antes foram considerados como estando em vias de cumprimento. Esta é a razão de termos oi kairoi [os tempos] com o artigo (compare isso com xix. 44).” — Páginas 530, 531 de Critical and Exegetical Hand-Book to the Gospels of Mark and Luke, de H. A. W. Meyer, Th. D., e com direitos autorais de 1884.
[Foto na página 427]
Os apóstolos de Jesus perguntaram-lhe, primeiro de tudo, quando Jerusalém e seu templo haviam de ser destruídos. Ele lhes deu uma resposta maior do que talvez esperassem.