O resgate, expressão maravilhosa de amor e justiça
1, 2. (a) Quando se suscitou a questão, que promessa fez Jeová, levantando que pergunta? (b) Por que se selecionou o Filho unigênito como aquele que seria o vindicador principal de Deus?
JEOVÁ, em harmonia com a dignidade de sua soberania universal, resolve problemas aparentemente impossíveis dum modo que nos deixa maravilhados. E depois dizemos: ‘Simplesmente não poderia ter sido feito de outro modo para ser tão cabal, justo e inteiramente bom.’ (Isa. 55:9) Portanto, na própria ocasião em que suscitou a questão, Deus anunciou, no seu preconhecimento exato do que feria: “Ele [o descendente] te machucará a cabeça [Satanás].” — Gên. 3:15.
2 Quem seria designado por Deus para ser o “descendente”, cujo calcanhar seria machucado? O Filho unigênito de Jeová! Ele foi escolhido para ser aquele que serviria para a solução primária da questão quanto ao merecimento e à justiça da soberania de Jeová. Por que este grande, tão achegado ao coração de Jeová? Ora, quando Satanás lançou o seu desafio, lançou uma mancha sobre a reputação de toda criatura. Atingiria até mesmo este Filho.a Além disso, afetaria mais a ele do que a qualquer outra das criaturas de Deus, porque, em primeiro lugar, para Jeová ele era a principal delas, próximo a Ele no universo. Era ele quem sempre tinha o comando dos outros anjos. Havia sido colaborador de Deus na criação do universo. (Col. 1:15-17) O desafiador de Deus poderia dizer: Dentre todas as criaturas que seriam fiéis em servir a Deus deveria ser ele o tal. Por isso, o desafio de Satanás pós em destaque este poderoso Filho de Deus.
3. Que significado tinha o nome do Filho na sua existência pré-humana?
3 Também tem que ver com a situação o nome do Filho unigênito, na sua existência pré-humana — seu nome Miguel. (Dan. 12:1; 1 Tes. 4:16; Rev. 12:7) Significa “Quem É Semelhante a Deus?” O próprio nome é uma pergunta. É como se dissesse que, se alguém se levantasse e desafiasse a Deus, tentando rivalizar-se com Deus, Miguel seria o primeiro sobre quem recairia o dever de se erguer e dizer: ‘Quem é este que desafia meu Pai? Eu lhe vou provar que não há ninguém semelhante a Jeová Deus.’ De modo que seu nome realmente o designa como aquele que seria Vindicador e Solucionador desta questão a favor de Jeová.b
4, 5. Por que era o Filho unigênito o meio indicado para ser escolhido, e foi obrigado a aceitar isso?
4 Podemos examinar este assunto ainda de outro ângulo quanto a por que ele foi escolhido. Ele não foi obrigado a servir para este fim. A Bíblia mostra que, quando Jesus veio para ser batizado, ele disse: “Agradei-me em fazer a tua vontade, ó meu Deus.” (Sal 40:8; Heb. 10:5-7) Escreveu-se também a seu respeito: “Amaste a justiça e odiaste o que é contra a lei.” (Heb. 1:9) Por isso vemos que Jesus estava ansioso e se agradava em fazer a vontade de Deus. Ele mesmo disse: “Faço sempre as coisas que lhe agradam.” (João 8:29) Ele estava habilitado mais do que todos os outros. Além disso, nos Provérbios, capítulo oito, Este, personificado como sabedoria, diz a respeito das obras criativas de Deus: “As coisas de que eu gostava estavam com os filhos dos homens.” (Pro. 8 Vers. 31) Ele amava profundamente a humanidade criada por Deus. Aceitou de bom grado esta designação de vindicar seu Pai, primeiro em lealdade a Ele, e também em profundo amor pela humanidade.
5 Então, se este Filho de Deus aceitou voluntariamente a tarefa, que outro anjo podia dizer: “Não, eu vou cuidar desta tarefa”? Quem se adiantaria a ele? Miguel ocupava a posição primária para se oferecer e para cooperar com Deus nesta questão. Ele era o Filho unigênito de Jeová, o mais chegado, o mais íntimo de Jeová Deus. — João 1:18.
NÃO SE TOLERA PECADO
6, 7. Por que não podia Jeová desperceber o pecado de Adão e Eva?
6 O resgate foi provido por Jeová mediante Jesus Cristo. O amor da parte de Jeová Deus e de seu Filho motivou a provisão do resgate. (João 3:16) Prove misericórdia, mas está o resgate também em harmonia com a justiça de Jeová? Vejamos. Adão e Eva se rebelaram contra a soberania de Deus, o que Deus sabia ser possível, pelo motivo de ele ter criado estas criaturas com livre arbítrio para o servirem. Não serviam sob compulsão, mas por causa das qualidades que tinham e por causa de sua capacidade de apreciar e de copiar estas qualidades. Jeová possui coisas materiais, por exemplo, os planetas, que o servem nos mínimos detalhes e exatamente assim como ele quer; os animais são governados pelo instinto, mas as criaturas inteligentes podem decidir seu próprio proceder. Não obstante, se entrasse pecado no universo, Deus não o poderia tolerar e dizer: ‘Não vou fazer caso disso.’ Poderia ele dizer a qualquer pecador: ‘Vou mostrar misericórdia para com você, de modo que vou simplesmente perdoar o seu pecado’? Não. Em harmonia com seu juízo e sua justiça, não pode desconsiderar o pecado e deixá-lo passar despercebido.
7 Não é assim, porém, com os governos atuais da terra. Estes têm tolerado violações da lei, sendo vagarosos e não zelosos em agir contra isso. Os resultados têm sido que as pessoas perdem a fé nos governos e finalmente tudo entra em colapso. O Legislador universal não permitirá que isto aconteça com as suas leis.
8. Qual é a posição de Jeová quanto ao pecado e aos pecadores?
8 Concordemente, Deus, o Soberano universal, na sua responsabilidade de manter lei e ordem no universo, não despercebe o pecado. “De Deus não se mofa.” (Gál. 6:7) De fato, o profeta diz em Habacuque 1:13: És de olhos puros demais para ver o que é mau; e não podes olhar para a desgraça. Porque olhas para os que agem traiçoeiramente?” Mas, naturalmente, ele permite por um tempo o que é contra a lei, por causa da grande questão. Coisas pecaminosas não podem existir na presença de Jeová. Na visão de Isaías se mostra que os serafins dizem: “Santo, santo, santo é Jeová dos exércitos.” (Isa. 6:3; Rev. 4:8) “Santo” tem o sentido básico de pureza, tanto física como moral, sendo que a repetição tríplice dela significa pureza num grau superlativo. Não há ninguém no universo que seja tão puro como ele, no mais alto grau possível, e por isso é impossível que algo pecaminoso se chegue a ele diretamente.
PROBLEMA JURÍDICO
9. De que modo somente podia Deus lidar com pecadores?
9 Por conseguinte, para poder ter tratos com os que nasceram em pecado, embora não fosse culpa deles, Deus tinha de ter alguma base jurídica para lidar com eles. (Sal. 51:5; Rom. 5:12) Tinha de ter alguém, cujo sacrifício constituiria a base jurídica, por intermédio do qual poderia lidar com eles. Não podia tratar diretamente com pecadores, por causa de sua própria dignidade e justiça. Por isso tomou providências.
10. Ao fazer arranjos para lidar com a humanidade, mudou Jeová suas leis básicas concernentes ao homem?
10 No ínterim, Deus deixou que o homem continuasse a ter filhos. Apegou-se ao seu próprio propósito declarado para com os pais. Ordenara-lhes que tivessem filhos. (Gên. 1:28) Visto que se propunha então permitir que a humanidade servisse na questão, não mudou a sua lei, nem tirou este privilégio dos pais, nem tampouco interferiu, mas deixou o homem prosseguir e ter filhos à sua própria imagem, uma imagem então já imperfeita. (Gên. 5:3) Os pais receberam o privilégio de criar seus filhos para que estes fossem assim como os pais os treinassem. (Pro. 22:6; 29:15) Vemos este princípio em operação no mundo atual, e muitos crescem para se tornarem odiadores de Deus. Mas Deus permitiu isso. Ele respeita as suas próprias leis, que fez para governar a humanidade, e sabe que são leis direitas. Sabia que alguns dos filhos nascidos serviriam a favor do seu lado da questão. — Jó 1:8; 2:3.
“ALMA POR ALMA”
11. O que se exigia para satisfazer a justiça, e como foi isto demonstrado nos tratos de Deus com Israel?
11 O requisito jurídico da justiça perfeita de Deus é evidente na sua lei dada a Israel: “Será alma por alma, olho por olho, dente por dente, mão por mão, pé por pé.” (Deu. 19:21) A exatidão de Deus neste assunto foi ilustrada também nos seus tratos com Israel, quando ele selecionou uma tribo para prestar a ele serviço no templo. Os primogênitos já pertenciam exclusivamente a Jeová, porque ele os havia salvo de serem destruídos durante a décima praga sobre o Egito. Mas Jeová quis então que a tribo de Levi servisse no seu santuário em troca dos primogênitos. Entretanto, o censo revelou que havia 273 primogênitos israelitas a mais do que havia levitas. Portanto, a fim de remir estes 273, os israelitas tiveram de pagar um resgate para cada um. Deus foi muito estrito nesta transação. (Núm. 3:39-51) Também, se alguém cometesse um assassinato, não se podia aceitar nenhum dinheiro ou outro resgate pelo homem; ele tinha de morrer. Tinha de dar alma por alma. (Núm. 35:31-33) Torna-se assim claro que, para remir o homem do pecado e da morte, era necessário que houvesse o preço de resgate de uma alma humana perfeita.
12. Qual era a situação do homem quanto a prover alívio?
12 A impotência do homem neste respeito é expressa no Salmo quarenta e nove, versículos seis a nove: “Aqueles que confiam nos seus meios de subsistência e que se jactam da abundância das suas riquezas, nenhum deles pode de modo algum remir até mesmo um irmão, nem dar a Deus um resgate por ele, (e o preço de redenção da alma deles é tão precioso, que cessou por tempo indefinido,) que ele ainda assim viva para sempre e não veja a cova.” O preço era precioso demais, elevado demais, estava além do alcance de toda a humanidade. No que se refere à capacidade do homem, o alívio estava tão longe que estava afastado por tempo indefinido, realmente, além de esperança.
MANTIDOS O JUÍZO E A JUSTIÇA
13. Era Jeová tão estrito consigo mesmo como era com Israel na questão do resgate? Explique isso.
13 Portanto, se o homem havia de ser liberto, Deus tinha de agir por tomar providências. Podia ele ser tão estrito consigo mesmo como era na sua lei com Israel? Manteria ele esta lei e se apegaria aos seus princípios declarados? Fez exatamente isso, embora lhe custasse entregar seu Filho primogênito. (Rom. 5:6-8) Que qualidade maravilhosa! Podemos ter plena confiança em Jeová, porque sabemos que ele nunca se desviará no mínimo dos seus princípios. Nunca, por nenhum capricho, nem pela força das circunstâncias, fará qualquer coisa desarrazoada ou além dos princípios que ele nos revela. — Mal. 3:6.
14. Em que sentido estava a provisão do resgate inteiramente em harmonia com o juízo e a justiça?
14 Deste modo, Jeová pôde manter integralmente a sua própria justiça, mostrando ao mesmo tempo a extrema maldade do pecado. O apóstolo Paulo expressou isso assim: “Pois todos pecaram e não atingem a glória de Deus, e é como dádiva gratuita que estão sendo declarados justos pela benignidade imerecida dele, por intermédio do livramento pelo resgate pago por Cristo Jesus. Deus o apresentou como oferta de propiciação por intermédio da fé no seu sangue. Isto se deu, a fim de exibir a sua própria justiça, porque ele estava perdoando os pecados que ocorreram no passado, enquanto Deus exercia indulgência; a fim de exibir a sua própria justiça nesta época atual, para que fosse justo, mesmo ao declarar justo o homem que tem fé em Jesus.” (Rom. 3:23-26) Deus possuía assim no sacrifício resgatador de Jesus Cristo uma base jurídica em harmonia com o seu juízo e a sua justiça. Concordemente, quando lidou com Abraão e o declarou justo, assim como fez há uns 3.900 anos atrás, pôde fazer isso de direito porque sabia que Ele iria prover no futuro um resgate. (Rom. 4:9) Abraão não estava livre do pecado, embora tivesse fé. Jeová, porém, podia tratar com Abraão e permanecer ainda assim completamente puro e justo nisso, por intermédio deste arranjo legal.
15. (a) Por que se enviou o Filho de Deus a terra, e como nasceu ele como homem perfeito? (b) Como sabemos que ele manteve a integridade e refutou plena e completamente a calúnia do Diabo?
15 A fim de resolver a questão e prover o resgate, enviou-se o Filho unigênito de Deus à terra, onde o Diabo podia exercer pressão sobre a sua integridade. Ele se tornou filho humano de Deus por meio dum nascimento milagroso por intermédio da virgem Maria. Este filho nasceu de uma mulher imperfeita, mas ele mesmo era perfeito e sem mácula. O anjo Gabriel havia anunciado a Maria: “Espírito santo virá sobre ti e poder do Altíssimo te encobrirá. Por esta razão, também, o nascido será chamado santo, Filho de Deus.” (Luc. 1:35) O espírito colocou uma parede de força invisível em torno de Maria, de modo que nada pudesse prejudicar este embrião ao passo que se desenvolvia para nascer. Satanás, o Diabo, teria desejado destruir este Filho antes de ele nascer, se possível. Jesus, durante a sua vida humana, permaneceu neste estado perfeito. Ele era “leal, cândido, imaculado, separado dos pecadores”. (Heb. 7:26) O proceder de vida, de Jesus, na terra, resolveu a questão além de qualquer dúvida. Ele disse, antes de sua morte sacrificial: “O governante do mundo está chegando. E ele não tem nenhum poder sobre mim”, e: “Agora há um julgamento deste mundo; agora será lançado fora o governante deste mundo.” (João 14:30; 12:31) Estas declarações mostram que ele havia provado completamente que Satanás é mentiroso.
OS SOFRIMENTOS DE JESUS
16. O que entenderemos melhor ao considerarmos o que Jesus sofreu?
16 Neste ponto, poderíamos dizer que é realmente difícil de compreender quão grande Jesus era e é. Ao servir para a solução perfeita da questão, Jesus padeceu sofrimentos. Todos os servos de Deus passaram por coisas terríveis às mãos de Satanás e de seus agentes. Mas Jesus suportou sofrimentos maiores do que qualquer outro servo de Deus já padeceu. Como podemos dizer isso? Em resposta a esta pergunta, poderemos compreender melhor as coisas maravilhosas que nosso Senhor Jesus Cristo fez por nós.
17. O que fez Jesus, junto com seus discípulos, na sua última noite na terra, antes de ser preso?
17 Pense no que aconteceu na sua última noite com os seus discípulos. A narrativa reza: “Jesus chegou então com eles a um lugar chamado Getsêmane e disse aos discípulos: ‘Sentai-vos aqui enquanto eu vou para lá orar.’ E, levando consigo Pedro e os dois filhos de Zebedeu, principiou a ficar contristado e muito aflito. Disse-lhes então: ‘Minha alma está profundamente contristada, até à morte. Ficai aqui e mantende-vos vigilantes comigo.’ E, indo um pouco mais adiante, prostrou-se com o rosto em terra, orando e dizendo: ‘Pai meu, se for possível, deixa que este copo se afaste de mim. Contudo, não como eu quero, mas como tu queres.’” Jesus fez isso três vezes, e cada vez que voltou aos seus discípulos, estes estavam dormindo. Ele lhes disse: “Não pudestes vigiar comigo nem mesmo por uma hora?” Os discípulos estavam obtusos; não compreendiam a grande questão que se salientava naquela noite; por isso não podiam manter-se acordados. — Mat. 26:36-44.
18. Quando Jesus se expressou em oração a Jeová, estava pedindo que fosse poupado da morte?
18 Quando Jesus pediu a Jeová: “Pai meu, se for possível, deixa que este copo se afaste de mim”, o que queria dizer com isso? Estava dizendo que ele se retirava, que desistia de sua decisão de morrer e prover o resgate? Não, pois sempre havia dito aos seus discípulos que iria morrer. Explicara que os principais sacerdotes e os escribas o tomariam e o matariam, e que seria ressuscitado por Jeová no terceiro dia. (Mar. 8:31; Luc. 9:22) Até mesmo a mera idéia de evitar a morte sacrificial já repugnava a Jesus. (Mat. 16:21-23) O livro de Hebreus mostra que, quando iniciou a sua carreira sacrificial, por ocasião de seu batismo, ele disse: “Preparaste-me um corpo”, quer dizer, um corpo perfeito como preço de resgate. Estava sempre decidido a seguir esta carreira sacrificial. — Heb. 10:5.
19, 20. (a) O que sabia Jesus que ia enfrentar, e o que orou ele, se Deus quisesse conceder isso? (b) Por que era tão duro para Jesus enfrentar aquilo?
19 Não, Jesus não apelava para seu Pai, para ser poupado da morte. Mas ele sabia que, dentro de poucas horas, iria ser preso e levado perante o Sinédrio judaico. Iria ser pronunciado culpado de blasfêmia contra Deus, que era o pior crime possível. (João 10:33; Mat. 26:65) Lembre-se de que era ele quem amava a justiça e odiava o que era contra a lei’. E ele descera do céu, como Filho de Deus, para vindicar seu Pai, e, logo de início, o próprio povo professo de Deus lhe negou a sua natureza essencial — sua filiação. (João 19:7) E agora, iriam pendurá-lo numa estaca como a pior espécie de pessoa que há — blasfemador de Deus, bem como sedicioso. (Luc. 23:24) Quanta difamação de Deus! Viera para vindicar seu Pai e enaltecer o nome dele, e aqui estava para ser pendurado como maldição e blasfemador!
20 Ter de agüentar a acusação de ser blasfemador, e ser a nação escolhida de Deus responsável por esta acusação — isto era algo terrível para Jesus Cristo, pois havia sido um dos mais zelosos em todo o universo, para agradar a seu Pai, para defendê-lo e para evitar até mesmo a mínima coisa que pudesse refletir mal sobre seu Pai. Blasfemador! Hoje em dia, quando um dos servos de Jeová se desvia em apostasia e blasfema de Deus, ele é detestável para todos os do povo de Deus. Jesus Cristo, tendo mente, coração e compreensão perfeitos, estava muito mais apercebido disso do que nós. Não obstante, ele disse: “Contudo, não como eu quero, mas como tu [Jeová] queres.” — Mat. 26:39.
21. Que peso esmagador recaia sobre os ombros de Jesus naquela noite?
21 Por causa de tudo isso, quando orou, seu suor tornou-se como gotas de sangue. (Luc. 22:44) Recaía um enorme peso sobre ele; naquela noite ele levava o fardo de tudo. Apelou para seu Pai e orou “com fortes clamores e lágrimas”. (Heb. 5:7) Sabia que tinha de permanecer fiel, porque, que aconteceria se falhasse? Que bofetada seria isso na face de Jeová! Por outro lado, quão grande seria a vindicação de seu Pai e a bofetada na face do Diabo, se Jesus permanecesse fiel! Jeová tinha tamanha confiança na lealdade de seu Filho, que mandara registrar na sua Palavra, sim, Jeová dissera de antemão o que Jesus faria. Jesus sabia disso. Mas Jesus sabia também que cabia a ele manter a integridade; podia falhar; podia pecar. Tudo isso recaía sobre os ombros de Jesus. A sua vida eterna e a vida de toda a raça humana estava em jogo. Isto representava uma terrível tensão.
22. Por que clamou Jesus assim como fez pouco antes de sua morte?
22 Pouco antes de morrer, na estaca, ele clamou: “Deus meu, Deus meu, por que me abandonaste,” (Mat. 27:46; Sal. 22:1) O apóstolo Paulo disse a concristãos: “Cristo nos livrou da maldição da Lei por meio duma compra, por se tornar maldição em nosso lugar, porque está escrito: ‘Maldito é todo aquele pendurado num madeiro.’” (Gál. 3:13) Ele se tinha de tornar amaldiçoado para poder livrar os que estavam debaixo da Lei. E Pedro disse: “Ele mesmo levou os nossos pecados no seu próprio corpo, no madeiro.” — 1 Ped. 2:24.
23. A que não teve Jesus acesso e que proveu para nós?
23 Ora, quando pecamos, podemos arrepender-nos e dirigir-nos a Jeová Deus, orando a ele e dizendo: ’Jeová Deus, confesso que pequei. Peço perdão à base do sacrifício resgatador de Cristo. Peço que me perdoes.’ E receberemos o perdão de Deus. (1 João 1:9) Mas Jesus não podia fazer isso. Não podia clamar por misericórdia ‘à base do sacrifício’ de outro, se fraquejasse e fizesse o mínimo erro. Era um peso esmagador que levava naquela noite.
24. O que nos diz Romanos 5:18 a respeito de Jesus?
24 Quanto podemos agradecer a Jeová Deus e a Jesus Cristo que Jesus não fracassou! Ele serviu para responder plenamente ao desafio. O apóstolo disse: “Assim, pois, como por intermédio de uma só falha resultou a condenação para homens de toda sorte, do mesmo modo também por um só ato de justificação resulta para homens de toda sorte serem declarados justos para a vida.” (Rom. 5:18) Este “um só ato de justificação” foi o proceder de integridade de Jesus, incluindo seu sacrifício. Por meio disso ele provou que era justo. Naturalmente, era justo em todo o sentido, mas, depois desta prova, pela qual passou com bom êxito, Deus ainda podia dizer: ‘Tu és completamente justo, justo em todos os sentidos.’
25. Compare a justiça de Cristo com a dos que têm fé nele.
25 O apóstolo Paulo declarou adicionalmente a respeito de Jesus: “Aprendeu a obediência pelas coisas que sofreu; e, depois de ter sido aperfeiçoado, tornou-se responsável pela salvação eterna de todos dos os que lhe obedecem.” (Heb. 5:8, 9) Portanto, foi pelo próprio mérito de Cristo que Deus o declarou justo. Não precisava conceder a justiça como dádiva a Cristo. Foi por isso que o sacrifício dele podia servir como base para outros homens serem declarados justos. Serem outros declarados justos não se dá à base de sua própria justiça, mas é à base do sacrifício resgatador de Jesus Cristo; é para eles uma dádiva. — Rom. 5:17.
A BENEVOLÊNCIA DE JEOVÁ
26, 27. O que fez Jeová a favor de Cristo em expressão de seu amor e apreço?
26 Em tudo isso é magnificado a benevolência de Jeová, e também em mais outro sentido. Jesus sabia que estaria novamente no céu com seu Pai. O amor e o apreço de Jeová foram tão grandes para com este que vindicou o seu nome sob as provas mais severas, que ele concedeu a Jesus muito mais do que tinha antes. Deu a Cristo a imortalidade e uma posição mais elevada do que antes, muito acima dos anjos. (Fil. 2:5-11; Heb. 7:26) E não só isso, mas Jesus obteve mais uma coisa.
27 Sabemos que as criaturas inteligentes de Deus são gregárias. Gostam de ter companhia. Mas Jesus se encontrava então todo sozinho, numa classe separada, com exceção de Jeová. Mas Jeová, em apreço, deu-lhe então uma maravilhosa recompensa adicional, quer dizer, uma “noiva”. (João 3:28, 29; Rev. 19:7; 21:9) Jesus chamou a estes, individualmente, de “irmãos”. (Heb. 2:11) Eles passam pelas mesmas coisas pelas quais Jesus passou na terra. Nós gostamos muito de nos associar e de palestrar com os que passaram pelas mesmas coisas que nós, fizeram a mesma obra, tiveram as mesmas experiências que nós, o que sem dúvida se dá também com Jesus com relação à sua “noiva”. Deus deu a Jesus esta “noiva” como evidência de sua riqueza insondável e da profundeza do apreço e do amor para com seu maravilhoso Filho.
A GENEROSIDADE DE JESUS
28, 29. Como demonstrou Jesus Cristo, da sua parte, sua benevolência e generosidade?
28 Jesus Cristo, também, da sua parte, revelou a sua benevolência e generosidade, e seu amor à justiça, no sentido de que não era egoísta nesta questão. Ele não disse: ‘Realizei a vindicação de Deus. Por que é que outros deviam partilhar comigo esta glória?’ Não, mas antes se alegrava, sentia-se feliz, de que podia ter outros que pudessem participar nesta vindicação e em glorificar a Deus, e que pudessem também participar de sua glória e de seu poder nos céus. (Rom. 6:4, 5) Alegrava-se de que Deus tinha outros na terra, onde o Diabo os podia perseguir, que não obstante se mantinham fiéis à soberania de Deus, amando-a assim como ele mesmo a amava.
29 Depois há também a “grande multidão” de “outras ovelhas”. Jesus Cristo se alegra de deixar entrar a estes e terem também uma pequena parte nesta vindicação. (Rev. 7:9, 10; João 10:16) Por isso ele ajuda a todas as “ovelhas” de Deus a se manterem firmes a favor da soberania de Jeová, apesar daquilo que o Diabo disse.
O “ÚLTIMO ADÃO”
30. De que modo se torna Jesus Cristo o “último Adão”?
30 Jesus, por causa de seu proceder fiel e de seu sacrifício, pode salvar a muitos. Quando estava na terra, tinha o poder de ter filhos próprios por meios humanos, naturais. Ele não gerou tais filhos, mas renunciou a este potencial no seu sacrifício. Tornou-se assim o “último Adão”. Adão gerou filhos imperfeitos com tendências más. Jesus Cristo produz filhos que têm justiça. As pessoas se podem transferir da família de Adão e ser regeneradas por meio da justiça de Jesus Cristo, e, segundo a lei de procriação, de Deus, podem tornar-se à sua imagem. Podem ser purificados como filhos do “último Adão”. — 1 Cor. 15:45.
31. De que modo vem Cristo a ter “descendência”?
31 Isaías, por inspiração, descreveu alguns dos sofrimentos de Cristo e disse: “Se puseres a sua alma como oferta pela culpa, ele verá a sua descendência.” (Isa. 53:10) Quando alguém põe a alma de Cristo, o sacrifício resgatador da vida humana perfeita, de Jesus, como oferta pela culpa de seus pecados, ele se torna “descendência” de Cristo. Cristo não tem descendência por meio de métodos naturais, mas como o “Pai Eterno” ele produz filhos com tendências justas, na maneira descrita pelo profeta Isaías. — Isa. 9:6, 7.
OS BENEFÍCIOS DO RESGATE SÃO APLICADOS AGORA
32, 33. Já foram aplicados a alguém os benefícios do resgate? Explique isso.
32 Considerando estas coisas, alguém talvez pergunte: ‘Já se passaram 1.900 anos desde que se pagou o resgate. Por que não vemos as pessoas receberem os benefícios do resgate?’ Mas vemos. Logo depois de se apresentar o preço do resgate no céu, apenas cinqüenta dias após a ressurreição de Cristo, foi derramado o espírito santo e homens começaram a tornar-se filhos de Deus. (Atos 2:1, 33) O apóstolo João diz: “Agora somos filhos de Deus.” (1 João 3:2) Estes derivavam benefícios do resgate e foram gerados pelo espírito, recebendo esperança celestial. Durante os 1.900 anos desde então, Jeová tem selecionado os que compõem este grupo de 144.000 pessoas que serão reis e sacerdotes junto com Cristo. (Rev. 14:1, 2; 5:9, 10; 20:6) A seleção e aprovação deles têm levado tempo, pois são eles os que administrarão para sempre a soberania de Jeová em todo o universo.
33 Hoje vemos que os frutos deste sacrifício também são aplicados à “grande multidão”. Os desta recebem os excelentes benefícios da paz com Deus: a felicidade, uma esperança e um objetivo na vida, uma vida completamente mudada, tendo acesso a Jeová Deus e à sua bênção. Têm também um trabalho feliz e edificante a fazer para a vindicação de Jeová. Na nova ordem, agora tão próxima, alcançarão a perfeição humana como filhos de Deus. — Rom. 8:21.
O RESGATE É MAIS FORTE DO QUE O PECADO
34. Em que sentido é o resgate mais forte do que o pecado de Adão?
34 Resumindo o assunto, podemos dizer que o resgate é mais forte do que o pecado de Adão. O pecado de Adão abateu a todos. O resgate, naturalmente, não salva a cada uma das almas humanas, mas é, não obstante, mais forte do que o pecado inerente em nós. De que modo? Toda alma que deseja ser liberta do pecado e da imperfeição pode conseguir que seja apagado e pode tornar-se inteiramente pura. Mesmo os ressuscitados dentre os mortos terão a oportunidade de se aproveitarem do resgate. Os que não obterão a vida serão os que não querem a soberania de Jeová. Não amam a justiça, nem odeiam o que é contra a lei. Condenam-se a si mesmos, acrescentando ao seu pecado herdado o seu próprio pecado deliberado. — João 3:17-21.
35. Como se eliminará tudo o que Adão e Satanás fizeram — reduzindo-o a nada?
35 Portanto, o resgate de Cristo, administrado pela regência do seu Reino, elimina completamente o que Adão fez. O último inimigo, a morte (a morte causada à humanidade pelo pecado de Adão), será reduzida a nada. Quando a morte tiver sido eliminada, então tudo o que Adão fez — tudo o que ele acarretou para a raça humana — não existirá mais. Não sobrará nem um único indício do pecado de Adão. (1 Cor. 15:26, 56) E não sobrará nenhum indício do pecado do Diabo, porque, conforme diz a Bíblia: “Com este objetivo foi manifestado o Filho de Deus, a saber, para desfazer as obras do Diabo.” (1 João 3:8) Satanás terá completamente desperdiçado seus esforços e terá perdido a vida. Será completamente apagada a mancha sobre o nome de Jeová e de sua criação. O nome de Deus ficará plenamente vindicado para toda a eternidade, e os que querem a sua soberania estarão então vivos, para o seu louvor. — Salmo 150.
36. O que podemos exclamar, depois de considerarmos a provisão de resgate por Jeová?
36 Quanta benevolência da parte de Deus! E quanto amor da parte de nosso Senhor Jesus Cristo! Podemos dizer junto com o apóstolo: “Ó profundidade das riquezas, e da sabedoria, e do conhecimento de Deus! Quão inescrutáveis são os seus julgamentos e além de pesquisa são os seus caminhos!” (Rom. 11:33) Com verdadeiro apreço destas coisas podemos exclamar, apesar de tudo o que o mundo possa fazer para lançar dúvidas e para atacar a nossa fé: ‘Não vale a pena morrer por isso?’ — Atos 20:24; 21:13.
[Nota(s) de rodapé]
a Veja O Novo Mundo (publicado em inglês em 1942) página 153, parágrafo 1, até a página 157, até o subtítulo “Aplicada a Prova”. Agora já esgotado.
b Veja o livro “Cumprir-se-á, Então, o Mistério de Deus”, publicado em inglês pela Watch Tower Bible & Tract Society, 1969, pags. 305-308.