Capítulo 11
O Messias do “propósito eterno” de Deus
1. Quando houve o renascimento duma terra e duma nação?
A RESSURREIÇÃO duma cidade que jazia morta, em ruínas, por setenta anos — no ano 537 A. E. C.! A cidade era Jerusalém, destruída pelos babilônios em 607 A. E. C. Quando esta cidade santa surgiu dos escombros, houve um renascimento da terra de Judá, sim, o renascimento duma nação, do povo repatriado de Jeová Deus. (Isaías 66:8) Isto foi maravilhoso aos olhos de todos os observadores.
2. (a) O vindouro Messias prometido seria posterior a que agente ungido de Jeová? (b) Como se cumpriram setenta anos de exílio, embora Babilônia caísse em 539 A. E. C.?
2 Junto com esta ressurreição nacional, renovaram-se as esperanças da vinda do prometido Messias. (Ezequiel 37:1-14) Mesmo durante os setenta anos em que o povo do reino de Judá estava no exílio, na terra de Babilônia, foi-lhe indicado o tempo fixo para a chegada do Messias. Este Messias seria alguém posterior ao conquistador persa, Ciro, o Grande, a respeito de quem o profeta Isaías fora inspirado a dizer: “Assim disse Jeová ao seu ungido [em hebraico: mashíahh], a Ciro, cuja direita tomei para sujeitar diante dele nações, a fim de eu descingir até mesmo os quadris de reis; para abrir diante dele as portas duplas, de modo que nem mesmo os portões se fecharão.” (Isaías 45:1) Ciro, como agente ungido de Jeová, chegara e passara pelos portões da cidade de Babilônia, de muralhas altas, e derrubara e matara seu governante imperial Belsazar, filho de Nabonido. Isto aconteceu em 539 A. E. C. Mas, Ciro não libertou imediatamente os israelitas exilados. Assumiu o reinado de Babilônia e reteve os judeus cativos por cerca de mais dois anos, até 537 A. E. C. Assim se cumpriram setenta anos!
3. Por quanto tempo guardou a terra desolada de Judá o sábado?
3 Foi exatamente assim que se predissera em Jeremias 25:11. E 2 Crônicas 36:20, 21, fez um registro histórico disso, dizendo: “Além disso, ele levou cativos a Babilônia os que foram deixados pela espada, e eles vieram a ser servos dele e dos seus filhos até o começo do reinado da realeza da Pérsia; para se cumprir a palavra de Jeová pela boca de Jeremias, até que a terra [de Judá] tivesse saldado os seus sábados. Todos os dias em que jazia desolada, guardava o sábado, para cumprir setenta anos” — de 607 A. E. C. a 537 A. E. C.
4. (a) Quando calculou Daniel que se daria o fim do exílio judaico? (b) Que informação deu Gabriel a Daniel a respeito do tempo da vinda do Messias?
4 Entre os judeus exilados em Babilônia estava o profeta Daniel. À base dos escritos inspirados de Jeremias, Daniel só esperava a libertação dos judeus do exílio no fim dos setenta anos em que Jerusalém jazia desolada na guarda de sábados. (Daniel 9:1, 2) Assim, durante o primeiro ano do novo regime Medo-Persa sobre o Império Babilônico, Daniel orou sobre o assunto. Foi então que chegou o anjo de Jeová, Gabriel, e deu a Daniel a seguinte informação a respeito do tempo da vinda do Messias:
“Setenta semanas (de anos) foram determinados sobre o teu povo e sobre a tua cidade santa, para restringir a apostasia e acabar com o pecado, e para expiar o erro, e para trazer salvação eterna, a fim de que se selem a visão e a profecia e o Santíssimo seja ungido.
“E podes saber e entender: Desde a saída do decreto para reconstruir Jerusalém até o Ungido, o Príncipe, há sete semanas (de anos); também sessenta e duas semanas (de anos), de modo que a feira e o fosso serão reconstruídos, e isto na pressão dos tempos.
“E depois de sessenta e duas semanas (de anos), será destruído um Ungido, e ele não terá (sucessor), e um povo do vindouro príncipe destruirá a cidade e o santuário, e seu fim chegará como que por dilaceração, e ordenam-se guerra e desolação até o fim.
“E ele celebrará um forte pacto com muitos, por uma semana (de anos), e na metade da semana (de anos) ele cancelará o sacrifício e a oblação, e ao lado da ala (colocará) uma terrível abominação, e isto será até que a desolação, a firmemente decidida, seja derramada sobre o desolador.” — Daniel 9:24-27, Zunz; veja também Matos Soares, 32.ª edição revista de 1974.
COMEÇA A “MANHÔ DO SÉTIMO “DIA” CRIATIVO, APROXIMADAMENTE EM 526 A. E. C.
5. Como se calcula quando terminariam as sete mais as sessenta e duas “semanas de anos”?
5 A primeira metade ou período da “noitinha” do sétimo “dia” criativo de Deus chegou assim ao fim, 3.500 anos depois da criação de Adão e Eva. A manhã deste “dia” criativo devia começar aproximadamente em 526 A. E. C. A partir de então, as coisas deviam tornar-se mais claras com respeito ao propósito de Deus e para Seu povo. Segundo a profecia de Daniel, a partir de certa particularidade da reconstrução da cidade ressuscitada de Jerusalém contar-se-iam setenta “semanas (de anos)” ou “semanas de anos” (somando 490 anos). “Sete semanas (de anos)” mais “sessenta e duas semanas (de anos)” durariam o total de 483 anos, até a vinda do Ungido (em hebraico: Mashíahh). Contadas a partir de quando o governador judaico Neemias reconstruiu as muralhas de Jerusalém, estas sessenta e nove “semanas de anos” terminariam na primeira metade do primeiro século de nossa Era Comum. Contadas a partir do vigésimo ano do Rei Artaxerxes (455 A. E. C.), o ano em que Neemias reconstruiu essas muralhas, os 483 anos terminariam no ano 29 de nossa Era Comum. (Neemias 2:1-18) Isto era cerca de quarenta e um anos antes da segunda destruição de Jerusalém, esta vez pelos romanos. Aconteceu algo de histórico em 29 E. C.?
6. Como foi derrubado o Império Persa e que papel veio a desempenhar Alexandria, no Egito, na vida Judaica?
6 Tanto o primeiro século E. C. como o primeiro século A. E. C. eram anos críticos para os israelitas na Palestina. No quarto século A. E. C., o domínio dos israelitas ou judeus repatriados passara das mãos do imperador persa para as mãos do Império Grego, por causa das conquistas do macedônio Alexandre Magno. No ano 332 A. E. C., ele obteve o domínio da Palestina e não tocou em Jerusalém. Derrubou depois o imperador persa e estabeleceu a Potência Mundial Grega, a quinta da história bíblica. Naquele mesmo ano, Alexandre deu ordens para se construir a cidade de Alexandria, no conquistado Egito. Esta veio a tornar-se uma cidade florescente e ali se desenvolveu uma grande população judaica. Esta passou a falar a língua grega comum, que se tornara então uma língua internacional e passara a ser usada em resultado das conquistas de Alexandre. Eles também desejavam ter conhecimento bíblico.
7. Como veio a ser produzida a Versão dos Setenta grega, e como verte ela Daniel 9:25, 26?
7 Assim, durante o século seguinte, por volta de 280 A. E. C., começaram o trabalho da tradução de suas sagradas Escrituras inspiradas, de Gênesis a Malaquias, para a sua própria língua grega comum. Esta tradução foi terminada por volta do primeiro século A. E. C. e veio a ser chamada de “Versão dos Setenta Grega”. Em vista do amplo uso do grego comum, mesmo durante os primeiros séculos do Império Romano, esta tradução dos judeus alexandrinos podia ser usada em escala internacional. Refletia o texto bíblico hebraico com bastante fidelidade. Por exemplo, a versão grega de Daniel 9:25, 26, reza (segundo a tradução inglesa de Bagster), a respeito do Messias (Mashíahh):
“E saberás e entenderás que desde a saída da ordem para a resposta e para a construção de Jerusalém até Cristo, o príncipe, haverá sete semanas, e sessenta e duas semanas: e então o tempo retornará, e a rua será construída, e a muralha, e os tempos se esgotarão. E depois das sessenta e duas semanas, o ungido será destruído, e não há julgamento nele: . . .”
8. (a) Como veio Jerusalém a ficar sob domínio romano e mais tarde a ser destruída? (b) Por quanto tempo não têm tido os judeus um templo em Jerusalém ou não têm reconhecido um profeta como sendo de Deus?
8 O grego comum continuou a ser a língua internacional do mundo antigo mesmo depois de a Potência Mundial Grega cair diante da Potência Mundial Romana, no primeiro século A. E. C. Um ramo dos Macabeus que pretendia o poder em Jerusalém apelou para Roma em busca de ajuda contra o outro ramo, e assim, no ano 63 A. E. C., o general romano Pompeu invadiu e tomou Jerusalém, e a Palestina veio a ficar sob domínio romano. Em 40 A. E. C., os judeus recuperaram o reinado. No entanto, em 37 A. E. C., Herodes, o Grande, descendente de Esaú ou Edom, atacou Jerusalém e a capturou passando a reinar como nomeado por Roma. No primeiro século E. C., os judeus rebelaram-se novamente contra Roma em 66 E. C., mas a sua independência de curta duração acabou em 70 E. C., com a destruição de Jerusalém e de seu glorioso templo reconstruído por Herodes, o Grande. Desde então, ou já por mais de dezenove séculos, os judeus não têm tido templo em Jerusalém, nem mesmo desde o estabelecimento da República de Israel, em 1948 E. C. Além disso, os israelenses não reconhecem nenhum profeta como sendo de Deus, desde Malaquias, do quinto século A. E. C., ou há mais de 2.400 anos atrás. Não é isto estranho? O que há de errado?
O CUMPRIMENTO DE PROFECIA BÍBLICA EXPLICA A QUESTÃO
9. Quando Jerusalém foi restabelecida, em 537 A. E. C., que outra cidade de importância foi também restabelecida?
9 Quando a antiga Jerusalém foi restabelecida, em 537 A. E. C., restabeleceu-se também outra cidade na terra de Judá: Belém. Em Neemias 7:5-26, o governador de Jerusalém nos fala sobre o restante de judeus que retornou à sua pátria em 537 A. E. C., dizendo:
“Achei então o livro do registro genealógico dos que tinham subido primeiro, e nele achei escrito:
“Estes são os filhos do distrito jurisdicional, que subiram do cativeiro do povo exilado que Nabucodonosor, rei de Babilônia tinha levado ao exílio e que mais tarde retornaram a Jerusalém e a Judá, cada um à sua própria cidade, os que entraram com Zorobabel, Jesua [na Versão dos Setenta grega: Jesus], Neemias, . . . O número dos homens do povo de Israel: . . . os homens de Belém e de Netofa, cento e oitenta e oito; . . .” — Veja também Esdras 2:21.
10. (a) Belém ficou assim disponível para o cumprimento de que profecia? (b) Por que não deve ser considerado incrível que o prometido nascimento fosse ali anunciado por anjos?
10 Assim veio novamente à existência a cidade de Belém, “cidade de Davi”, na qual podia cumprir-se a profecia messiânica de Miquéias 5:1 (ou 5:2). Visto que toda a vida humana independente, desde Caim e Abel, começa no nascimento, a profecia de Miquéias nos faz aguardar certo nascimento na reconstruída Belém. Seria um nascimento predito. Ora, quando Isaque, filho de Abraão e Sara, estava para nascer por um milagre, estes foram visitados por três anjos de Deus, que anunciaram o nascimento para o ano seguinte, dizendo o anjo que tomou a dianteira: “Há alguma coisa que seja extraordinária demais para Jeová?” (Gênesis 18:1-14) Séculos depois, quando Sansão, homem fisicamente mais forte que já houve na terra, havia de nascer a uma israelita até então estéril, o anjo de Deus apareceu primeiro à prospectiva mãe e depois tanto a ela como a seu marido sem filho, para anunciar o vindouro nascimento dum notável juiz em Israel. (Juízes 13:1-20) Deveria alguém considerá-lo estranho e incrível que o nascimento mais importante de todos os nascimentos humanos, o nascimento milagroso do Messias, fosse anunciado aos homens por anjos celestiais?
11. Segundo Gênesis 3:15, donde seria tirado o escolhido para o papel messiânico, terrestre?
11 Segundo a profecia de Jeová em Gênesis 3:15, o “descendente” que machucaria fatalmente a cabeça da Serpente procederia da “mulher” celestial de Deus, quer dizer, de sua organização semelhante a uma esposa, de santos e celestiais “filhos do verdadeiro Deus”. Deus podia escolher dentre esta organização o filho espiritual específico a desempenhar o papel messiânico, terrestre.
12. Que perguntas surgem agora a respeito da moça que seria mãe humana do Messias, e também sobre o seu marido?
12 Qual era o nome deste filho favorecido? Uma pergunta interessante! No entanto, para o nascimento deste filho escolhido, que havia de nascer na família humana, em Belém, na terra de Judá, precisava-se duma mãe humana. Ela não só tinha de ser da tribo de Judá, mas tinha de ser descendente do Rei Davi e assim apta para transmitir a reivindicação natural do reino de Davi. Que moça, cuja cidade natal fosse Belém em Judá, satisfazia tais requisitos? E que dizer dum marido humano para ela, também da linhagem real de Davi? E houve um anúncio angélico do nascimento deste maior do que Isaque? O registro histórico, escrito por amigos pessoais da moça, responde a estas perguntas vitais.
13, 14. (a) Onde se encontrou uma virgem judia adequada? (b) Depois de cumprimentá-la, o que disse o anjo Gabriel?
13 O tempo era então perto do fim do primeiro século antes de nossa Era Comum. Herodes, o Grande, filho de Antípatro II, ainda era rei em Jerusalém. Eli, homem da linhagem davídica, mudara-se de Belém, na província da Judéia, para o norte, para Nazaré, na província da Galiléia. Ali, uma filha sua, chamada Miriã (em hebraico) ou Mariam (também Maria) em grego, chegou à cidade de se casar. Ficou noiva dum homem da linhagem real de Davi, chamado José, carpinteiro em Nazaré, mas também natural de Belém. Isto a obrigava a permanecer virgem. No entanto, meses antes da noite nupcial, aconteceu algo notável. Apareceu a Maria um anjo, que se identificou como sendo Gabriel. Depois duma saudação, ele disse:
14 “Não temas, Maria, pois achaste favor diante de Deus, e eis que conceberás na tua madre e darás à luz um filho, e deves dar-lhe o nome de Jesus [em hebraico: Jesua]. Este será grande e será chamado filho do Altíssimo, e Jeová Deus lhe dará o trono de Davi, seu pai, e ele reinará sobre a casa de Jacó para sempre, e não haverá fim do seu reino.” — Lucas 1:26-33.
15. (a) Que pacto feito para com Davi havia de ser cumprido no filho de Maria? (b) O que significava ser ele “Filho do Altíssimo”?
15 Segundo a declaração do anjo, o filho de Maria havia de ser realmente o prometido Messias. Devia receber o mesmo nome que o sumo sacerdote que retornou com Zorobabel de Babilônia, em 537 A. E. C., a saber, Jesua, ou em grego, Jesus. Por causa de seu nascimento de Maria, havia de ser chamado filho de “Davi, seu pai”. Concordemente, Jeová Deus dar-lhe-ia o trono ou o assento régio do Rei Davi. Assim como com Davi seu reinado seria sobre “a casa de Jacó”, quer dizer, sobre todo o Israel. Visto que o seu reinado seria para sempre e ‘não haveria fim do seu reinado’, significava que Jeová Deus cumpriria nele o pacto que Jeová fizera com Davi, para um reino eterno. Assim, não precisaria de sucessor. (2 Samuel 7:11-16) Mas como e por que podia ser chamado “Filho do Altíssimo”? Ele não seria o próprio Deus Altíssimo, que é Jeová, mas seria Filho daquele Supremo; contudo, como?
16. Em resposta à pergunta de Maria sobre como se daria isso o que disse Gabriel?
16 A própria Maria indagou sobre isso, dizendo: “Como se há de dar isso, visto que não tenho relações com um homem?” Gabriel respondeu: “Espírito santo virá sobre ti e poder do Altíssimo te encobrirá. Por esta razão, também, o nascido será chamado santo, Filho de Deus. E eis que a própria Elisabete, tua parenta, também concebeu um filho, na sua velhice, e este é o sexto mês para ela, a chamada estéril; porque para Deus nenhuma declaração será uma impossibilidade.” — Lucas 1:34-37.
17. Quando ocorreu a concepção milagrosa dentro de Maria?
17 Mostrou ser impossível o que foi declarado a Maria? Esta virgem judia foi um exemplo para nós hoje quanto a crer que não seria impossível para o Deus Altíssimo. De modo que ela respondeu ao anjo Gabriel: “Eis a escrava de Jeová! Ocorra comigo segundo a tua declaração.” (Lucas 1:38) Sem dúvida, quando Maria aceitou a vontade de Deus para ela, ocorreu nela a concepção, estando ela ainda virgem. Veio sobre ela o espírito santo e o poder do Deus Altíssimo a encobriu. Como se produziu assim a concepção milagrosa?
18, 19. (a) Quando Maria concebeu, por que não se deu ali início a uma criatura inteiramente nova sem passado? (b) Ele seria chamado corretamente filho de quem?
18 Neste caso, não se trouxe à existência uma criatura vivente inteiramente nova, sem passado ou formação anterior, como no caso duma concepção humana comum, por meio dum pai humano. A “mulher” celestial de Deus, a organização celestial de Deus, semelhante a uma mulher, precisava ser tomada em conta. Era realmente dela que tinha de proceder o “descendente” mencionado em Gênesis 3:15. De modo que ela tinha de prover um de seus filhos espirituais para esta tarefa terrestre, para ser o “descendente” cujo calcanhar seria machucado pela Serpente.
19 Isto não significava que, a fim de que a virgem judia Maria concebesse, um dos filhos espirituais, celestiais de Deus tinha de introduzir-se no óvulo microscópico, no corpo de Maria, e fecundá-lo. Isso seria irracional e absurdo! Antes, o Deus Todo-poderoso, o Pai celestial, por meio de seu espírito santo, transferiu a força de vida de seu escolhido filho celestial do domínio espiritual, invisível, para o óvulo no corpo de Maria e fecundou-o. Maria ficou assim grávida e o filho concebido por ela era “santo”. Era realmente o que o anjo Gabriel o chamou, o “Filho do Altíssimo”. — Lucas 1:32.
20. (a) Que filho da organização celestial de Deus foi escolhido? (b) Como se tornou disponível para o cumprimento de Isaías 53:10?
20 Quem, porém, era o filho a quem Deus escolheu para nascer como criatura humana perfeita? Não era o anjo Gabriel, pois este se materializou e apareceu a Maria, anunciando sua iminente maternidade. As Escrituras Sagradas indicam que era aquele a quem um anjo, falando com o profeta Daniel, chamou de “vosso príncipe”, “o grande príncipe que está de pé a favor dos filhos de teu povo”, a saber, Miguel. (Daniel 10:21; 12:1) Ele havia atuado qual principesco anjo supervisor em prol da nação de Israel e sem dúvida foi o anjo que se manifestou a Moisés no espinheiro ardente ao sopé do monte Horebe, lá no século dezesseis A. E. C. É chamado corretamente de arcanjo Miguel.a Transferir-se a sua força de vida para o óvulo de Maria, pelo poder do Deus Todo-poderoso, que encobriu Maria, significava que ele, Miguel, desapareceu do céu. Havia de tornar-se alma humana por nascimento humano de Maria, a virgem judia. Isto o tornou disponível para o cumprimento de Isaías 53:10, a respeito do ‘servo sofredor’ de Jeová:
“Contudo, agradou ao SENHOR esmagá-lo por moléstia; para ver se a sua alma se ofereceria em restituição, a fim de que visse sua descendência, prolongasse seus dias, e para que o propósito do Senhor prosperasse pela sua mão.” — Jewish Publication Society; veja também a versão do Pontifício Instituto Bíblico.
TESTEMUNHAS OCULARES DO NASCIMENTO MILAGROSO
21. Como se explicou a José a gravidez de Maria e que ação se seguiu então?
21 No tempo devido, a gravidez surpreendente da donzela judaica virgem tornou-se evidente aos outros em Nazaré. O noivo de Maria descobriu isso e ficou muito perturbado. Sua gravidez não podia ser atribuída a ele. A opinião judaica, comum, ali em Nazaré, duvidaria da concepção milagrosa por Maria; os estritos aderentes judaicos da Lei de Moisés a condenariam ao apedrejamento até a morte, qual adúltera que violou seu noivado com José. Quem ajudaria Maria e salvaria da morte por apedrejamento tanto a ela como a seu filho por nascer? Quem esclareceria o assunto a José? Escute:
“Durante o tempo em que a sua mãe Maria estava prometida em casamento a José, ela foi achada grávida por espírito santo, antes de se unirem. No entanto, José, seu marido, porque era justo e não queria fazer dela um espetáculo público, pretendeu divorciar-se dela secretamente. Mas, depois de ter cogitado estas coisas, eis que lhe apareceu em sonho um anjo de Jeová, dizendo: ‘José, filho de Davi, não tenhas medo de levar para casa Maria, tua esposa, pois aquilo que tem sido gerado nela é por espírito santo. Ela dará à luz um filho, e terás de dar-lhe o nome de Jesus [em hebraico: Jesua], pois ele salvará o seu povo dos pecados deles.’
“Tudo isso aconteceu realmente para que se cumprisse o que fora falado por Jeová por intermédio do seu profeta, dizendo: ‘Eis que a virgem [segundo a Versão dos Setenta grega] ficará grávida e dará à luz um filho, e dar-lhe-ão o nome de Emanuel’, que quer dizer, traduzido: ‘Conosco Está Deus.’
“José, acordando do sono, fez conforme o anjo de Jeová lhe indicara e levou sua esposa para casa. Mas não teve relações com ela até ela ter dado à luz um filho, e deu-lhe o nome de Jesus [Jesua].” — Mateus 1:18-25.
22. (a) Falando com Maria, Gabriel enfatizou que particularidade a respeito de seu filho messiânico? (b) Que outra particularidade enfatizou o anjo a José, a respeito do filho de Maria?
22 Comparando-se o que Gabriel disse a Maria e o que o anjo disse no sonho a José, Gabriel deu maior ênfase ao papel que o Messias desempenharia qual Rei descendente de Davi, a fim de cumprir o pacto de Jeová com Davi, para um reino eterno. O anjo que apareceu a José deu a ênfase ao papel do Messias qual sacerdote, como portador do pecado e removedor do pecado. Este anjo estendeu-se sobre o nome a ser dado ao Messias, nome que em hebraico significava “Salvação de Jeová”. O Messias viveria à altura de seu nome pessoal, porque ‘salvaria o seu povo dos pecados deles’. Isto concorda com que o Messias, o Descendente de Davi, havia de tornar-se “sacerdote por tempo indefinido à maneira de Melquisedeque”. — Salmo 110:1-4.
23. Por que não se deu o nascimento de Jesus em Nazaré?
23 Deu-se o nascimento em Nazaré, depois de José ter levado Maria para a sua casa ali? Não, não segundo o registro inspirado. O nascimento deu-se na cidade de Davi, Belém de Judá. Como? Um decreto imperial de Roma contribuiu para o cumprimento de Miquéias 5:2, a respeito do lugar de nascimento do Messias. Este é o registro:
“Ora, naqueles dias saiu um decreto da parte de César Augusto, para que toda a terra habitada se registrasse, (este primeiro registro ocorreu quando Quirino era governador da Síria;) e todos viajaram para se registrarem, cada um na sua própria cidade. José, naturalmente, subiu também da Galiléia, da cidade de Nazaré, e foi à Judéia, à cidade de Davi, que se chama Belém, por ser membro da casa e família de Davi, a fim de ser registrado com Maria, que lhe fora dada em casamento, conforme prometido, nesta ocasião já grávida. Enquanto estavam ali, completaram-se os dias para ela dar à luz. E ela deu à luz o seu filho, o primogênito, e o enfaixou e deitou numa manjedoura, porque não havia lugar para eles no alojamento.” — Lucas 2:1-7.
24, 25. Como se calcula a data aproximada do nascimento de Jesus?
24 Não se fornecem o dia e o mês do nascimento, do mesmo modo como nunca se fornecem na Bíblia Sagrada os dias de nascimento dos do povo de Deus.
25 No entanto, pode-se dizer com base que o primogênito de Maria, Jesus, não nasceu na data fictícia de 25 de dezembro, nem tampouco por volta da festividade hibernal de Hanucá (Dedicação), que começava no dia 25 do mês lunar de quisleu. (João 10:22) Segundo cálculos baseados em Daniel 9:24-27, a respeito do aparecimento, da carreira pública e do decepamento do Messias, Jesus nasceu por volta do dia 14 do mês lunar de tisri. Este era um dia antes do começo da festividade de Sucote (Barracas, Tabernáculos), de uma semana de duração, festividade na qual os judeus moravam portas afora, em barracas, e os pastores estavam nos campos, guardando seus rebanhos durante as vigílias da noite. (Levítico 23:34-43; Números 29:12-38; Deuteronômio 16:13-16) Visto que Jesus viveu trinta e três anos e meio e morreu no dia da Páscoa de 33 E. C., ou em 14 de nisã daquele ano, isto situa seu nascimento perto do começo do outono setentrional do ano 2 A. E. C., ou por volta de 14 de tisri daquele ano.
26. A quem foi enviado o anjo de Deus para anunciar o nascimento de Jesus e com que acompanhamento celestial?
26 Tratando-se do nascimento do há muito aguardado Messias, era importante demais para passar sem testemunhas oculares. Deus cuidou disso por enviar seu anjo para anunciar o milagroso nascimento virginal. Mas a quem? A Herodes, o Grande, no seu palácio real, a menos de dez quilômetros ao norte de Jerusalém? Ou ao capitão do templo, o Sumo Sacerdote Joazar, que havia sido designado pelo Rei Herodes? De modo algum. Pensando na segurança do recém-nascido Jesus, Jeová enviou seu anjo a homens que tinham a mesma ocupação que a da mocidade de Davi, ali nos campos perto de Belém. Não fez aparecer nenhuma chamada “Estrela de Belém” para todos verem. Lemos:
“Havia também no mesmo país pastores vivendo ao ar livre e mantendo de noite vigílias sobre os seus rebanhos. E, repentinamente estava parado ao lado deles o anjo de Jeová, e a glória de Jeová reluzia em volta deles, e ficaram muito temerosos. Mas o anjo disse-lhes: ‘Não temais, pois, eis que vos declaro boas novas duma grande alegria que todo o povo terá, porque hoje vos nasceu na cidade de Davi um Salvador, que é Cristo, o Senhor. E este é um sinal para vós: achareis uma criança enfaixada e deitada numa manjedoura.’ E, repentinamente houve com o anjo uma multidão do exército celestial, louvando a Deus e dizendo: ‘Glória a Deus nas maiores alturas, e na terra paz entre homens de boa vontade.’” — Lucas 2:8-14.
27. Que termos aplicou o anjo ao recém-nascido Jesus e de que modo eram apropriados?
27 O anjo chamou o recém-nascido, deitado numa manjedoura de Belém, de “Salvador”, que foi um dos motivos pelos quais seu nome era Jesua ou Jesus, significando “Salvação de Jeová”. Este menino também havia de tornar-se o Ungido, Messias ou Cristo (em grego) de Jeová. Também seria “Senhor”, Aquele de quem até mesmo o Rei Davi falou profeticamente sob inspiração, chamando-o de “meu Senhor”. — Salmo 110:1.
28. A quem se devia glória, nesta ocasião, e a quem se destinava a paz e também “boas novas duma grande alegria”?
28 Apenas o Deus Todo-poderoso, por um milagre podia prover um menino com tal tarefa de Messias. Não é de se admirar, pois, que a angélica “multidão do exército celestial” aparecesse e entoasse glórias a Deus! Este mais milagroso de todos os nascimentos humanos foi uma expressão amorosa de Sua boa vontade para com os homens que Ele aprova. Os homens que têm a boa vontade de Deus podiam estar em paz, no coração e na mente. Este nascimento ainda há de ser motivo de “grande alegria” da parte de “todo o povo”. Não é de se admirar que a notícia angélica a respeito do nascimento fosse boas novas, não só para o céu, mas também para os homens na terra!
29. Como foi que os pastores se tornaram testemunhas oculares do nascimento do Messias?
29 O anjo dera aos pastores o “sinal” identificador, e eles podiam assim tornar-se testemunhas oculares do nascimento do Messias.
“Assim, quando os anjos se afastaram deles para o céu, os pastores começaram a dizer uns aos outros: ‘Vamos de todos os modos até Belém e vejamos esta coisa que ocorreu, que Jeová nos fez saber.’ E foram apressadamente e acharam Maria, bem como José, e a criança deitada na manjedoura. Quando a viram, fizeram saber a declaração que se lhes fizera a respeito desta criancinha. E todos os que ouviram isso maravilhavam-se com as coisas que os pastores lhes contavam; Maria, porém, começou a preservar todas essas declarações, tirando conclusões no seu coração. Os pastores voltaram então, glorificando e louvando a Deus por todas as coisas que ouviram e viram exatamente como se lhes dissera.” — Lucas 2:15-20.
30. Como nos prejudicaríamos por rejeitarmos estas autênticas “boas novas duma grande alegria”?
30 De modo que este milagroso nascimento virginal não é mito. Foi atestado por anjos celestiais e confirmado por testemunhas oculares, humanas. O médico Lucas fez uma investigação pessoal e reuniu para nós esta informação vital. (Lucas 1:1-4; Colossenses 4:14) Apenas prejudicamos a nós mesmos, se não aceitarmos este testemunho autêntico. Apenas nos tornamos infelizes, se arrogantemente rejeitarmos estas “boas novas duma grande alegria”.
31. Quando adotou José a Jesus como seu filho adotivo e depois foi purificado junto com a mãe do menino?
31 No oitavo dia de nascido, o menino foi circuncidado na carne, assim como todos os outros meninos judaicos nascidos debaixo da Lei de Moisés. (Lucas 2:21; Gálatas 4:4, 5) Naquela ocasião, José indicou que adotava a Jesus como seu filho adotivo. Não adotava um filho ilegítimo, mas protegia Jesus contra a acusação falsa de ser filho de fornicação. No quadragésimo dia depois do nascimento de Jesus, José e Maria levaram seu primogênito a Jerusalém, a fim de apresentá-lo no templo a Jeová e mandar fazer o sacrifício de purificação para ela e para o pai adotivo do menino. (Lucas 2:22-24; Levítico 12:1-8) O Rei Herodes não sabia nada de tudo isso.
32. (a) Teve Maria outros filhos e também filhas? (b) O adotado Jesus possuía então que reivindicação do reino suspenso de Davi?
32 No tempo devido, Maria teve relações com seu marido, José, e deu-lhe à luz filhos. O registro mostra que, pelo menos durante doze anos após o nascimento de Jesus, José continuou a viver com Maria. Isto permitiu-lhe ter filhos dela. O registro fala sobre quatro filhos, Tiago, José, Simão e Judas, e também de filhas por Maria. Estes tornaram-se meios-irmãos e meias-irmãs de Jesus, o primogênito dela. (Lucas 2:41-52; Mateus 13:53-56; Marcos 6:1-3; Atos 1:14) No entanto, visto que José adotara o filho primogênito de Maria como seu próprio, José transmitiu a Jesus a reivindicação legal que tinha ao reinado de Davi, seu antepassado. Também, por ser primogênito natural de Maria, pelo milagre de Deus, Jesus herdou uma reivindicação natural do então suspenso reinado de Davi. Fornecendo a genealogia de seu pai adotivo José, o historiador Mateus chama-o de Messias, dizendo: “O livro da história de Jesus Cristo [em hebraico: Messias], filho de Davi, filho de Abraão.” — Mateus 1:1. Veja Lucas 3:23-38, que mostra a linhagem de Maria.
33, 34. Por que não conseguiu o Rei Herodes matar o Messias e por que veio Jesus a ser chamado de “Nazareno”?
33 O nascimento de Jesus, pouco antes da morte do Rei Herodes, o Grande, não foi boas novas para aquele governante edomita de Jerusalém. O nascimento foi trazido à atenção dele, não pelo anjo de Jeová, nem pelos pastores de Belém, mas por astrólogos do Oriente, homens sob influência demoníaca, condenados pela Lei de Moisés. — Deuteronômio 18:9-14; Isaías 47:12-14; Daniel 2:27; 4:7; 5:7.
34 Na corte de Herodes, primeiro foi preciso que se indicasse aos astrólogos a profecia de Miquéias 5:2 antes de aquela coisa luminosa, que imaginavam ser uma “estrela”, os guiar para baixo, a Belém, onde morava Jesus. Deus deu-lhes em sonho uma advertência divina de não levarem a notícia de volta ao assassino Herodes. Para não ser frustado na trama de matar o Messias, Herodes mandou matar os meninos de dois anos ou menos, em Belém, mas não matou Jesus. Por aviso angélico, José e Maria o haviam levado para baixo, ao Egito. Herodes faleceu, deixando seu filho Arquelau como rei da Judéia, incluindo Belém. De modo que Jesus não foi trazido de volta a Belém, mas levado ao norte, a Nazaré na Galiléia, onde cresceu. É por isso que veio a ser chamado Jesus de Nazaré, não Jesus de Belém. — Mat. 2:1-23; 21:11.
UM PRECURSOR APRESENTA O MESSIAS
35. Por quem havia de ser apresentado o Messias e o que pregava aquele?
35 O Messias havia de ser apresentado à nação de Israel por um precursor, segundo a profecia de Malaquias 3:1. Este mostrou ser o filho a respeito de quem o anjo Gabriel disse que seria dado ao idoso sacerdote Zacarias e à sua idosa esposa Elisabete, e a quem Zacarias devia chamar João. (Lucas 1:5-25, 57-80) No começo da primavera setentrional do ano 29 E. C., durante o décimo quinto ano do reinado de Tibério César, “veio a declaração de Deus a João, filho de Zacarias, no ermo. Ele percorreu assim toda a região em volta do Jordão, pregando o batismo em símbolo de arrependimento para o perdão de pecados”. (Lucas 3:1-3) Ele pregava aos que vinham ouvi-lo, dizendo: “Arrependei-vos, pois o reino dos céus se tem aproximado.” (Mateus 3:1, 2) Este pregador veio a ser chamado “João, o batizador”. — Marcos 1:1-4.
36. Quando e por que se dirigiu Jesus a João para ser batizado e que evidência celestial se deu da aprovação disso?
36 Depois de observar João empenhado na pregação e no batismo por cerca de seis meses, Jesus passou a agir. Reconheceu que havia de ser representante terrestre daquele “reino dos céus”. No outono daquele ano de 29 E. C., Jesus atingiu os trinta anos de idade. Abandonou seu serviço de carpinteiro ali em Nazaré e deixou sua mãe ali com os outros filhos e filhas dela, indo em busca de seu precursor, João. Pensava nas palavras proféticas do Rei Davi, escritas no Salmo 40:6-8. (Hebreus 10:1-10) Por isso, não foi para ser batizado em símbolo do arrependimento pelo perdão de pecados, mas a fim de ser batizado em símbolo de se apresentar para fazer a vontade de Deus para ele quanto ao futuro. Como mostrou Deus sua aceitação dele? Lemos:
“Jesus veio então da Galiléia ao Jordão ter com João, a fim de ser batizado por ele. Este, porém, tentou impedi-lo, dizendo: ‘Eu é que preciso ser batizado por ti, e tu vens a mim?’ Em resposta, Jesus disse-lhe: ‘Deixa por agora, pois assim é apropriado que executemos tudo o que é justo.’ Então cessou de o impedir. Jesus, depois de ter sido batizado, saiu imediatamente da água; e eis que os céus se abriram e ele viu o espírito de Deus descendo sobre ele como pomba. Eis que também houve uma voz dos céus, que disse: ‘Este é meu Filho, o amado, a quem tenho aprovado.’” — Mateus 3:13-17.
37. O que atestou João aos seus discípulos sobre quem era Jesus e como se referiu a ele qual vítima sacrificial?
37 João Batista viu o que aconteceu e ouviu a voz do Pai celestial. Mais tarde, testemunhou aos seus discípulos o que havia visto e ouvido Deus dizer do céu, e atestou, dizendo: “E eu o vi e dei testemunho de que este é o Filho de Deus.” João apontou também para o batizado Jesus como aquele que seria sacrificado para a salvação da humanidade, dizendo: “Eis o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo!” (João 1:29-34) Não merece o testemunho de João Batista ser aceito e crido por nós hoje? Sim, merece!
38. (a) A descida do espírito de Deus sobre Jesus significava para ele o quê? (b) Que número de “semanas de anos” terminou ali e o que havia de acontecer durante a semana restante?
38 Esta descida do espírito santo de Deus sobre o batizado Jesus significava mais do que ele se tornar doravante apenas Filho espiritual de Deus, visando seu restabelecimento na vida espiritual, celestial. Significava também que ele foi ungido com o espírito de Deus. Ora, com este mesmo ato ele se tornou o Ungido, o Messias, ou, em grego, o Cristo. Este era o cumprimento da profecia na hora certa. Ali, no ano 29 E. C., terminaram as sete semanas de anos e as sessenta e duas semanas de anos (um total de 483 anos), com a apresentação do Ungido, o Messias, o Cristo. (Daniel 9:25) Estava para começar então a septuagésima semana de anos, na metade da qual o Messias faria “cessar o sacrifício e a oferenda”, por oferecer-se como sacrifício humano, sendo “decepado” na morte sacrificial qual Cordeiro de Deus. — Daniel 9:26, 27.
39. Onde e em que ocasião trouxe Jesus Cristo à atenção o cumprimento nele de Isaías 61:1-3?
39 Assim, cumpriu-se também a profecia de Isaías 61:1-3 a respeito da unção do Messias com o espírito de Jeová. Davi havia sido ungido com mero óleo vegetal, mas o Filho e Senhor de Davi foi ali ungido com espírito santo. No ano seguinte, quando Jesus retornou a Nazaré, não para ser novamente carpinteiro ali, mas para pregar na sinagoga deles, trouxe à atenção o cumprimento da profecia de Isaías nele mesmo. O registro de Lucas 4:16-21 nos diz:
“Foi-lhe assim entregue o rolo do profeta Isaías, e ele abriu o rolo e achou o lugar onde estava escrito: ‘O espírito de Jeová está sobre mim, porque me ungiu para declarar boas novas aos pobres, enviou-me para pregar livramento aos cativos e recuperação da vista aos cegos, para mandar embora os esmagados, com livramento, para pregar o ano aceitável de Jeová.’ Com isto enrolou o rolo, entregou-o de volta ao assistente e se assentou, e os olhos de todos na sinagoga estavam atentamente fixos nele. Principiou então a dizer-lhes: ‘Hoje se cumpriu esta escritura que acabais de ouvir.’”
40, 41. (a) Por que queria Satanás quebrantar especialmente a integridade do ungido Jesus? (b) Como acabou a prova a que o Tentador submeteu Jesus?
40 A Grande Serpente, Satanás, o Diabo, sabia que este ungido Jesus era o “descendente” messiânico da “mulher” celestial de Deus. Ali, pois, dentre todos os “filhos do verdadeiro Deus”, estava o específico, cuja integridade a Grande Serpente queria quebrantar, para o maior vitupério de Deus. Assim, ele se chegou a Jesus, lá no ermo da Judéia, aonde Jesus havia ido logo após o seu batismo e sua unção com o espírito de Jeová, afim de passar ali quarenta dias. A Grande Serpente procurou tentar Jesus: Para provar ao Diabo, por meio duma demonstração, que ele era filho de Deus, ele devia milagrosamente transformar pedras em pão ou fazer que os anjos invisíveis o carregassem nas mãos, depois de ele se ter lançado do parapeito do templo em Jerusalém.
41 Por fim, no terceiro e último esforço desesperado, o Tentador ofereceu a Jesus “todos os reinos do mundo e a glória deles”, em recompensa de apenas um único ato de adoração por parte de Jesus. Pela terceira vez, Jesus citou a Palavra-escrita de Deus e disse: “Está escrito: ‘É a Jeová, teu Deus, que tens de adorar e é somente a ele que tens de prestar serviço sagrado.’” — Mateus 4:1-10.
42. De que modo corresponde o que aconteceu ali com Jesus com os quarenta dias que Moisés passou no monte Horebe com o anjo de Deus?
42 Os anjos observavam esta prova da integridade do Messias para com o Deus Altíssimo. Assim, pois, quando o Diabo partiu em derrota, “eis que vieram anjos e começaram a ministrar-lhe”. (Mateus 4:11; Marcos 1:13) Moisés, muito antes, havia estado quarenta dias com o anjo de Jeová lá no monte Horebe, no ermo de Sinai, e agora Jesus, o Messias, depois de quarenta dias de jejum e meditação no ermo da Judéia, estava pronto para iniciar com confiança sua carreira pública na terra de Israel. — Êxodo 24:18.
[Nota(s) de rodapé]
a Veja Judas versículo 9; Revelação 12:7. Quanto a uma consideração anterior e mais completa deste assunto, veja a obra de E. W. Hengstenberg, intitulada “Cristologia do Antigo Testamento e Comentário”, Volume 4, páginas 301-304 (da edição inglesa publicada em 1836-1839 E. C.).