Capítulo 4
Reis durante mil anos, sem sucessores
1. A partir do tempo de quem mostraram-se insatisfatórios os reinos constituídos pelos homens?
OS REINOS constituídos pelos homens não têm sido satisfatórios para as necessidades humanas. Desde pelo menos o século vinte e dois antes de nossa Era Comum, ou há mais de 4.150 anos atrás, a família humana começou a ter reinos constituídos pelos homens. O nome do primeiro rei humano de que há registro é Ninrode, bisneto do construtor da arca, Noé, e parece que Ninrode, constituiu a si mesmo em rei, segundo diz o registro de Gênesis 10:8-12.
2. (a) Qual foi a atitude de Noé para com o reino? (b) A que tipo de governo dá a maioria das pessoas uma decidida preferência hoje em dia?
2 Noé, que sobreviveu ao começo do reino de Ninrode, não se fez rei de Babel (ou Babilônia). Noé nem mesmo se fez rei, mas continuou apenas como chefe patriarcal da família humana em expansão. (Gênesis 9:28, 29; 10:32 a 11:9) Hoje em dia, na maior parte, as pessoas se cansaram de ter reis com sucessores hereditários da sua família natural. Há uma decidida preferência por governos do povo, tais como repúblicas e democracias, com presidentes eleitos pelo povo. Nestas democracias, o povo logo se cansa de uma série de governantes, providos na maior parte por um partido político, e procura uma mudança por eleger ao cargo os candidatos providos por outro partido político.
3. Quem já se cansou dos reinos feitos pelos homens e o que mandou ele declarar no lugar do primeiro reino feito pelo homem?
3 Os homens não são os únicos que se cansaram dos reinos constituídos pelos homens, com seus sucessores hereditários. Deus também se cansou. De fato, Deus cansou-se de todos os governos feitos pelos homens, hoje na terra.a Se o povo ainda não se saciou deles, Ele já se saciou. De fato, é na Sua propriedade (a terra) que estes governos humanos têm exercido seu desgoverno ou governo insatisfatório, inadequado. Foi por isso que mandou declarar, no lugar onde o primeiro rei humano ascendeu ao poder, na própria Babilônia, que Ele, no seu próprio tempo escolhido, destruiria todos estes governos feitos pelos homens, para dar lugar ao reinado milenar de seu Filho, Jesus Cristo. Mediante seu profeta Daniel disse a Nabucodonosor, rei de Babilônia: “Nos dias daqueles reis o Deus do céu estabelecerá um reino que jamais será arruinado. E o próprio reino não passará a qualquer outro povo. Esmiuçará e porá termo a todos estes reinos, e ele mesmo ficará estabelecido por tempo indefinido.” — Daniel 2:44.
4, 5. (a) Quem são os governantes sobre a humanidade aos quais Deus ama? (b) Segundo o apóstolo João, o amor de tais governantes a Deus assegura que eles têm amor também a quem mais?
4 Segundo este seu propósito, o Deus Altíssimo do céu não ama tais reis e outros governantes políticos da terra. Eles tampouco o amam, embora muitos deles sejam reis e governantes políticos da chamada cristandade. Se eles o amassem, fariam o que Jesus Cristo, o Filho de Deus, disse aos seus discípulos: “Persisti, pois, em buscar primeiro o reino e a Sua justiça”, e não ocupariam cargos políticos num governo humano da atualidade. (Mateus 6:33) É muito importante que a humanidade tenha sobre si como rei alguém a quem o Deus do céu ama. Isto se aplica também aos companheiros de tal rei: para o bem da humanidade, devem ser pessoas que Deus ama. É por isso que os manterá no cargo. É por isso que, em primeiro lugar, os coloca no cargo. Eles são e serão amantes do único Deus vivente e verdadeiro. Forçosamente, isto significa que serão também amantes do povo da terra. Sobre este mesmo ponto escreveu o apóstolo João:
5 “Se alguém fizer a declaração: ‘Eu amo a Deus’, e ainda assim odiar o seu irmão, é mentiroso. Pois, quem não ama o seu irmão, a quem tem visto, não pode estar amando a Deus, a quem não tem visto. E temos dele este mandamento, que aquele que ama a Deus esteja também amando o seu irmão.” — 1 João 4:20, 21.
6. Como ficou a humanidade afetada pela insistência dos governantes em resguardar suas fronteiras e soberanias?
6 Os reis humanos e outros governantes políticos têm sido muito ciumentos de suas fronteiras nacionais ou estaduais, que agem como separadores entre nações e povos. Cada governante político procura reter o controle dentro do seu próprio território e espera que o povo nele lhe seja leal. Sob o atual sistema de coisas, a terra foi dividida em muitos territórios nacionais e estaduais, em cada um dos quais se insiste na soberania nacional, e isto não tem resultado na unificação de toda a humanidade. Criaram-se rivalidades nacionais. De modo que agora surge uma pergunta curiosa.
7. Qual é o propósito de Deus a respeito da regência celestial sobre a terra e como é isso indicado em Revelação 14:1-5?
7 O propósito divino não é que Jesus Cristo reme sozinho por mil anos. O amado Filho de Deus não se deve erguer sozinho como Rei no Monte Sião celestial, a sede do governo. Mas, conforme nos diz o apóstolo João: “Eu vi, e eis o Cordeiro em pé no Monte Sião, e com ele cento e quarenta e quatro mil, que têm o nome dele e o nome de seu Pai escrito nas suas testas. . . . E estão cantando como que um novo cântico diante do trono e diante das quatro criaturas viventes e das pessoas mais maduras; e ninguém podia aprender esse cântico, exceto os cento e quarenta e quatro mil que foram comprados da terra. . . . Estes são os que estão seguindo o Cordeiro para onde quer que ele vá. Estes foram comprados dentre a humanidade como primícias para Deus e para o Cordeiro, e não se achou falsidade na sua boca; não têm mácula.” — Revelação (Apocalipse) 14:1-5.
8. Que perguntas surgem a respeito de designações territoriais aos membros dos 144.000 herdeiros do Reino e também quanto às línguas?
8 Visto que haverá assim 144.001 governantes régios dominando a terra, significa isso que a terra será dividida em 144.000 territórios, tendo um dos 144.000 sobre cada território individual e sendo o povo nele responsável perante este específico rei sob Jesus Cristo, o Rei-Chefe? Não resultaria tal partição dos habitantes da terra em fronteiras, embora invisíveis, e não criaria isso certa medida de distinção entre os habitantes da terra, nos lados opostos das fronteiras? Também, seria um herdeiro do Reino, que antes falava chinês, designado sobre uma região habitada por pessoas de língua chinesa, um herdeiro do Reino, de língua russa, sobre uma população de língua russa, um herdeiro do Reino, de língua inglesa, sobre os que falam inglês, e assim por diante, segundo os diversos grupos lingüísticos? Continuarão a existir barreiras lingüísticas, impedindo o entendimento mútuo?
9. (a) Dentre quem foram tirados os 144.000 herdeiros do Reino, em harmonia com que ordem de Jesus? (b) Que pergunta surge quanto às suas diferenças lingüísticas?
9 Estas são perguntas naturais, perguntas próprias. Mas, neste respeito, deve-se dizer que a Bíblia não indica quais as tarefas de responsabilidade régia que serão atribuídas aos respectivos que constituem os 144.000 co-herdeiros de Cristo, mediante o Rei-Chefe Jesus Cristo. Durante os últimos dezenove séculos, desde a fundação da congregação cristã em 33 E.C., estes 144.000 co-herdeiros de Cristo foram tirados dentre nações, povos e tribos de muitas línguas. O ressuscitado Jesus Cristo disse aos seus discípulos, reunidos na Galiléia, alguns dias antes de ele ascender de novo ao céu: “Ide, portanto, e fazei discípulos de pessoas de todas as nações, batizando-as.” (Mateus 28:19) Devemos imaginar que lá no céu, na glória do Reino, os 144.000 reis associados ficarão divididos por diferenças lingüísticas e precisarão de intérpretes? O apóstolo Paulo escreveu sobre “línguas de homens e de anjos.” — 1 Coríntios 13:1.
10. Qual será a língua dos 144.000 no céu e o que acontecerá com as suas anteriores línguas terrestres?
10 Sem dúvida, os 144.000 ressuscitados e glorificados falarão apenas uma só língua celestial, concedendo-se-lhes esta língua nos seus novos corpos espirituais por ocasião de sua ressurreição dentre os mortos. Isto não significa que se apague de sua mente a sua língua terrestre anterior. Não, porque será por se identificarem pela sua anterior língua humana que poderão reconhecer-se como sendo a mesma pessoa. Mas na sua ressurreição celestial, falarão a língua do Senhor Jesus Cristo, e ele falará a língua de seu Pai celestial, Jeová Deus.
UMA SÓ RAÇA, UMA SÓ LÍNGUA
11. Sob o reino milenar, o que se fará a respeito das atuais barreiras lingüísticas na terra, como e por quê?
11 Do mesmo modo, a atual barreira lingüística, na terra, será eliminada da humanidade sob o reinado milenar de Cristo e de seus 144.000 reis associados. O propósito original de Deus para com a terra era de que ficasse confortavelmente cheia de criaturas humanas que falassem uma só língua comum, a língua de seu primeiro pai terrestre, o homem perfeito Adão. A raça humana começou no jardim do Éden com apenas uma só língua. Após o dilúvio global dos dias de Noé, Deus deu à humanidade um novo início justo, com uma só língua, a língua do justo Noé, décimo homem da linhagem de Adão. Esta única língua continuou até a tentativa de se construir a Torre de Babel.
12. Como desfará Deus os efeitos lingüísticos da ação que tomou na Torre de Babel?
12 O Deus Todo-poderoso desfez então a união dos construtores, que conjugavam seus esforços numa obra má. Como? Por confundir-lhes a língua e assim fazer com que se espalhassem segundo os grupos lingüísticos, para as diversas partes da terra. (Gênesis 11:1-9) Em harmonia com o Seu propósito original, Deus fará a humanidade voltar àquela única língua de família, a língua com que Ele dotou o primeiro pai humano da humanidade, apenas com um vocabulário muito mais amplo, talvez com embelezamentos procedentes de outras línguas que Deus inventou lá na Torre de Babel.
13. Para quem se produzirá assim um problema lingüístico temporário, mas que benefícios haverá?
13 Isto não será grande problema para os que viveram antes do Dilúvio, inclusive para os oito sobreviventes humanos daquele dilúvio dos dias de Noé, por ocasião de sua ressurreição dentre os mortos para a vida na terra, sob o reino milenar de Deus. Mas para a grande maioria dos do resto da humanidade significará aprender uma nova língua, a língua que Deus intencionou para toda a humanidade. Em vista dos bons instrutores de língua usados pelo Reino, não deve haver grande problema neste sentido. Até mesmo aos bebês ressuscitados pode-se ensinar desde a infância uma língua nova. Assim se poderão comunicar diretamente uns com os outros, com pleno entendimento dos termos e expressões da língua do outro. Que efeito unificador isto terá sobre a família humana! Pense em todos eles poderem ler as inspiradas Escrituras Hebraicas,b cada um por si mesmo, e poder observar como todas as suas profecias se cumpriram e que elas também contêm uma narrativa histórica exata até os dias do profeta Malaquias! Os sinceros poderão assim dizer, tal qual o apóstolo Paulo: “Seja Deus achado verdadeiro, embora todo homem seja achado mentiroso.” — Romanos 3:4.
14. Como se eliminarão as atuais barreiras inter-raciais, internacionais e intertribais para os que têm parte na primeira ressurreição?
14 O que se der com a barreira lingüística, dar-se-á também com as atuais barreiras por causa de raça, nação e tribo. Para os 144.000 herdeiros do Reino, que compartilham da “primeira ressurreição”, estas últimas barreiras estarão todas no passado. Estas barreiras estão todas ligadas à carne. A ressurreição deles não se dará com o corpo carnal que tinham anteriormente aqui na terra, pois está escrito: “[Eu, o apóstolo Paulo] digo isso, irmãos, que carne e sangue não podem herdar o reino de Deus, nem pode a corrução herdar a incorrução.” (1 Coríntios 15:50) “Embora [nós cristãos] tenhamos conhecido a Cristo segundo a carne, certamente agora não o conhecemos mais assim.” (2 Coríntios 5:16) Na “primeira ressurreição”, os 144.000 herdeiros do Reino passam a ter a “natureza divina”, não a natureza humana com todas as suas atuais barreiras inter-raciais, internacionais e intertribais. (2 Pedro 1:4) Todos serão irmãos numa família celestial, especial, filhos de Deus: “Então, se somos filhos, somos também herdeiros: deveras, herdeiros de Deus, mas co-herdeiros de Cristo.” (Romanos 8:17) Assim haverá união entre eles, segundo a “natureza divina”.
15, 16. (a) Como vencem os 144.000 herdeiros do Reino os obstáculos humanos, terrenos, para manter a união? (b) Eles se apegam a que pedido feito por Jesus em oração a Deus, a favor deles?
15 Entretanto, mesmo no tempo em que estão aqui na carne, sob prova, na terra, não se permite que estes 144.000 herdeiros do Reino sejam divididos pelas barreiras raciais, nacionais e tribais da humanidade em geral. Segundo a carne, são “discípulos de pessoas de todas as nações”. (Mateus 28:19) Mas primeiro são discípulos de Cristo, e apenas em segundo lugar se consideram como sendo desta ou daquela raça, nação e tribo. Serem discípulos batizados de Cristo unifica-os na terra e vence a todos os obstáculos carnais e humanos. É por isso que se declaram e mantêm estritamente neutros para com os conflitos inter-raciais, internacionais e intertribais deste mundo e porque não tomam parte na política, quer local, quer nacional ou internacional. Apegam-se ao que Jesus Cristo pediu em oração a Deus a seu respeito:
16 “Faço solicitação a respeito deles; faço solicitação, não a respeito do mundo, mas a respeito daqueles que me deste; porque são teus . . . Tenho-lhes dado a tua palavra, mas o mundo os tem odiado, porque não fazem parte do mundo, assim como eu não faço parte do mundo. . . . Também, eu lhes tenho dado a glória que tu me tens dado, a fim de que sejam um, assim como nós somos um. Eu em união com eles e tu em união comigo, a fim de que sejam aperfeiçoados em um, para que o mundo tenha conhecimento de que tu me enviaste e que os amaste assim como amaste a mim.” — João 17:9-23.
OBSERVADA A PACIFICIDADE INTERNACIONAL
17. (a) Em que sentido é que os 144.000 não imitaram os religiosos da cristandade e do judaísmo quanto a travar guerra? (b) Que regra bíblica farão vigorar como reis celestiais para as pessoas na terra?
17 É por isso que os 144.000 herdeiros do Reino, não imitaram na terra os católicos romanos em lutar com armas carnais contra outros católicos romanos, religiosos ortodoxos contra outros religiosos ortodoxos, protestantes contra protestantes e judeus naturais contra judeus naturais, por viverem sob governos nacionais que se empenham em guerra mortífera. Não saíram para fazer discípulos com a mensagem do Evangelho ou com a Bíblia Sagrada numa das mãos e espada e a metralhadora na outra. Embora de muitas nações diferentes, aplicaram o princípio declarado na profecia de Isaías 2:4: “Converterão as suas espadas em enxadões e as lanças em foices: não levantará espada nação contra nação, nem aprenderão mais a guerrear.” (Versão Almeida da Bíblia) E visto que se apegaram a esta regra divina quando eles mesmos estavam na terra, farão com que vigore quando são reis sobre a terra, exigindo de seus súditos na terra que cumpram esta mesma regra pacífica.
18. Que outro grupo internacional na terra apega-se a esta regra de conduta, conforme previsto pelo apóstolo João?
18 Como precedente feliz disso, há uma grande multidão internacional que se associa agora com o restante destes herdeiros do Reino e que se apega a esta mesma regra pacífica de conduta. É o grupo notável de que se predisse que se reuniria neste tempo da história mundial, assim como descreveu o apóstolo João, dizendo: “Depois destas coisas eu vi, e, eis uma grande multidão, que nenhum homem podia contar, de todas as nações, e tribos, e povos, e línguas, em pé diante do trono e diante do Cordeiro, trajados de compridas vestes brancas; e havia palmas nas suas mãos. E gritavam com voz alta, dizendo: ‘Devemos a salvação ao nosso Deus, que está sentado no trono, e ao Cordeiro [Jesus Cristo].’ . . . ‘Estes são os que saem da grande tribulação, e lavaram as suas vestes compridas e as embranqueceram no sangue do Cordeiro. É por isso que estão diante do trono de Deus; e prestam-lhe serviço sagrado, dia e noite, no seu templo; e o que está sentado no trono estenderá sobre eles a sua tenda.”’ — Revelação 7:9-15.
19. O novo sistema de Deus começará com as pessoas na terra já mantendo que relação entre si, e que palavras de Pedro aos que amam uma vida longa será acatada por elas?
19 Visto que Jeová Deus estende sua tenda de proteção sobre esta “grande multidão” da atualidade e a leva a salvo através da “grande tribulação” que se aproxima, os que entrarem vivos no novo sistema de coisas de Deus sobre a terra serão uma multidão internacional. As nações guerreiras terão desaparecido! A sociedade humana, na nova ordem de Deus, começará com uma “grande multidão” de sobreviventes da tribulação, todos os quais já estão em paz uns com os outros. No seu amor à vida eterna, continuarão a agir em harmonia com as palavras citadas pelo apóstolo Pedro: “Aquele que amar a vida e quiser ver bons dias, refreie a sua língua do que é mau e os seus lábios de falar engano, mas desvie-se ele do que é mau e faça o que é bom; busque a paz e empenhe-se por ela.” — 1 Pedro 3:10, 11; Salmo 34:12-14.
20. (a) Cristo não permitirá que se perturbe a paz, a fim de cumprir que profecia da Bíblia a seu respeito? (b) De que modo será o reino de Cristo semelhante ao de Salomão?
20 Depois da tormenta da “grande tribulação”, a paz em toda a terra, como um arco-íris, será radiante sobre o planeta purificado. O Rei milenar de Jeová, o Cordeiro Jesus Cristo, não permitirá que se perturbe a paz. Senão, não estaria cumprindo a profecia proferida há muito tempo a seu respeito: “Um menino nos nasceu, um filho se nos deu; e o domínio principesco virá a estar sobre o seu ombro. E será chamado pelo nome de Maravilhoso Conselheiro, Deus Poderoso, Pai Eterno, príncipe da Paz. Da abundância do domínio principesco e da paz não haverá fim, sobre o trono de Davi e sobre o seu reino, para o estabelecer firmemente e para o amparar por meio do juízo e por meio da justiça, desde agora e por tempo indefinido. O próprio zelo de Jeová dos exércitos fará isso.” (Isa. 9:6, 7) Lembremo-nos de que Jesus Cristo é “algo maior do que Salomão”. (Mateus 12:42) O reinado de quarenta anos do Rei Salomão, filho de Davi, foi assinalado pela paz, em harmonia com o próprio nome Salomão, que significa “Pacífico”. Jesus Cristo, porém, manterá uma paz de mil anos.
“SOBRE O TRONO DE DAVI E SOBRE O SEU REINO”
21. Do trono e reino de quem não se pode separar o domínio principesco do Príncipe da Paz, nem tampouco sua paz?
21 Se lermos novamente Isaías 9:6, 7, notaremos que o “domínio principesco” do Príncipe da Paz há de ser “sobre o trono de Davi e sobre o seu reino”. Esta prometida paz infindável não pode ser separada do trono e do reino de Davi, que reinou em Jerusalém durante os anos 1070-1037 A.E.C. Não dependerá de qualquer presidente dos Estados Unidos da América, nem das Nações Unidas, como organização humana em prol de paz e segurança mundiais. Por que se dá isso?
22. (a) Em que base seria esta profecia cumprida pelo zelo de Jeová? (b) No que se refere à religião, que espécie de homem era Davi?
22 Por causa dum pacto ou promessa divina inquebrantável que “Jeová dos exércitos” fez para com o Rei Davi, em Jerusalém, no início de seu reinado ali. Em que base? Ora, Davi não era ateu, nem agnóstico. Era um homem muito religioso, mas não como os idólatras ou politeístas das nações não-israelitas daquele tempo. Leia por si mesmo os muitos salmos ou poemas líricos compostos por Davi, contidos no Livro dos Salmos, e verificará que Davi era de todo o coração adorador de Jeová, o Deus de Abraão, de Isaque e de Jacó. Num de seus salmos mais conhecidos, o Salmo 23, Davi disse: “Jeová é o meu Pastor. Nada me faltará. Decerto, a própria bondade e benevolência estarão no meu encalço todos os dias da minha vida; e eu vou morar na casa de Jeová pela longura dos dias.” (Salmo 23:1, 6) Ele disse também no Salmo 40:8, 9: “Agradei-me em fazer a tua vontade, ó meu Deus, e a tua lei está nas minhas partes internas. Anunciei as boas novas de justiça na grande congregação. Eis que não contenho os meus lábios. Ó Jeová, tu mesmo o sabes muito bem.”
23, 24. Depois de levar a Arca do pacto de Jeová a Jerusalém, o que desejou Davi fazer quanto a um alojamento para ela? (b) O que disse Jeová a Davi sobre tal construção?
23 Alguns meses depois de o Rei Davi ter feito de Jerusalém sua capital, mandou que a sagrada Arca do Pacto, “a arca do verdadeiro Deus”, fosse trazida a Jerusalém e colocada numa tenda armada perto do palácio real. Davi sentiu nitidamente a diferença entre sua residência palacial, uma “casa de cedros”, e a da Arca do Pacto de Jeová. Finalmente, sugeriu ao profeta Natã a construção dum templo digno da arca de Jeová. (2 Samuel 7:1-3) Mas Deus mandou dizer o seguinte a Davi:
24 “Derramaste sangue em grande quantidade e travaste grandes guerras. Não construirás uma casa ao meu nome, porque derramaste diante de mim grande quantidade de sangue na terra. Eis que te nasce um filho. Ele é quem mostrará ser homem sereno, e eu hei de dar-lhe descanso de todos os seus inimigos em redor; porque seu nome virá a ser Salomão, e concederei paz e sossego a Israel nos seus dias. Será ele quem construirá uma casa ao meu nome.” — 1 Crônicas 22:8-10.
25. Em apreço, que casa prometeu Jeová edificar para Davi?
25 Isto não queria dizer que Jeová não apreciava o desejo amoroso de Davi, de construir uma casa de adoração em honra do nome de Deus. Jeová apreciava isso, e para mostrar seu apreço fez um pacto ou uma promessa solene de edificar para Davi uma casa, não uma casa literal de residência, mas a casa duma linhagem de reis na família de Davi. Mandou-se dizer ao Rei Davi, mediante o profeta Natã: “Jeová te informou que é uma casa que Jeová fará para ti. . . . E tua casa e teu reino hão de ficar firmes por tempo indefinido diante de ti; teu próprio trono ficará firmemente estabelecido por tempo indefinido.” — 2 Samuel 7:11-16.
26. Em reconhecimento grato, o que disse Davi em oração a respeito do nome de Jeová e Seu propósito para com a “casa”?
26 Em reconhecimento grato deste pacto divino, Davi disse em oração: “E agora, Jeová Deus, cumpre a palavra que falaste referente ao teu servo e referente à sua casa, por tempo indefinido, e fase assim como falaste. E torne-se grande o teu próprio nome por tempo indefinido, dizendo: ‘Jeová dos exércitos é Deus sobre Israel’, e fique firmemente estabelecida diante de ti a própria casa do teu servo Davi. Pois tu, Jeová dos exércitos, Deus de Israel, fizeste uma revelação ao ouvido de teu servo, dizendo: ‘Edificar-te-ei uma casa’. Por isso é que teu servo animou o coração para orar a ti com esta oração. E agora, ó [Soberano] Senhor Jeová, tu és o verdadeiro Deus; e quanto às tuas palavras, mostrem-se elas verdadeiras, visto que prometeste ao teu servo esta bondade. E agora, resolve-te e abençoa a casa do teu servo para que continue por tempo indefinido diante de ti; porque tu mesmo, ó [Soberano] Senhor Jeová, o prometeste, e seja a casa do teu servo abençoada por tempo indefinido devido à tua bênção.” — 2 Samuel 7:25-29; veja NM ed. rev. ingl. 1971.
27. Para mostrar que ele se apegava ao pacto do Reino com Davi, o que disse Jeová ao Rei Zedequias por meio de Isaías e mais tarde por meio de Ezequiel?
27 O Soberano Senhor Jeová respondeu àquela oração de Davi. Por isso, mais de trezentos anos depois, ele declarou mediante seu profeta Isaías que o zelo de Jeová dos exércitos estabeleceria firmemente o domínio principesco do Príncipe da Paz “sobre o trono de Davi e sobre o seu reino” e o ampararia “desde agora e por tempo indefinido”. (Isaías 9:6, 7) Mais de um século depois, quando o reino dos descendentes de Davi, em Jerusalém estava para ser destruído, Jeová mostrou que se apegava ao seu pacto do Reino com Davi por declarar que o direito ao reinado não se afastaria da casa de Davi. Dirigindo-se a Zedequias, último rei a se sentar no trono de Davi em Jerusalém, Jeová falou mediante o profeta Ezequiel e disse: “Remove o turbante e retira a coroa. Esta não será a mesma. Põe no alto o rebaixado e rebaixa o que estiver no alto. Uma ruína, uma ruína, uma ruína a farei. Também, quanto a esta, certamente não virá a ser de ninguém, até que venha aquele que tem o direito legal, e a ele é que terei de dá-lo.” — Ezequiel 21:25-27.
28. (a) Quando foi derrubado o reino da casa de Davi e que cargo ocupou Zorobabel em Judá setenta anos depois? (b) O que profetizou Zacarias sobre a purificação da casa de Davi?
28 O trono de Davi foi derrubado na destruição de Jerusalém no ano 607 A. E. C, e os judeus sobreviventes foram exilados para Babilônia. Setenta anos depois, um restante de judeus tementes a Deus foi liberto de Babilônia para voltar à terra de Judá e construir outro templo no local do primeiro templo construído pelo Rei Salomão em Jerusalém. Zorobabel, filho de Sealtiel, descendente do Rei Davi, foi feito governador de Judá e de Jerusalém. Jeová suscitou os profetas Ageu e Zacarias para animar o Governador Zorobabel na obra da reconstrução do templo. Ainda mostrando lealdade ao pacto do Reino com Davi, Jeová inspirou o profeta Zacarias a dizer: “Naquele dia virá a haver uma fonte aberta para a casa de Davi e para os habitantes de Jerusalém, para o pecado e para uma coisa abominável.” — Zacarias 13:1.
29. Quando obtiveram Jerusalém e Judá um rei edomita, e que pergunta talvez surgisse a respeito do pacto do Reino com Davi?
29 Passaram-se mais de quatrocentos anos e a terra da Palestina caiu sob o domínio dos romanos imperialistas. Designado pelo Senado romano, um edomita não-judaico, chamado Herodes, o Grande, tornou-se rei de Jerusalém e da província da Judéia. Será que depois de todos aqueles séculos Jeová Deus não se havia esquecido do pacto feito com Davi para um reino eterno, cuja paz não haveria de ter fim? Ao todo, haviam passado mais de mil anos desde que Deus fez este pacto, e, assim, não havia o pacto ficado obsoleto, antiquado, não mais mostrando indícios de vida, por estar aparentemente num estado de caducidade? Homens sem fé talvez pensassem assim. Mas que dizer de Deus?
NASCIMENTO DO HERDEIRO ETERNO DO REI DAVI
30, 31. (a) Que linhagem descendente do Rei Davi observou Jeová? (b) A filha de quem, na linhagem descendente, notou Jeová, e de quem ficou ela noiva?
30 O Deus que não se esquece, o Celebrante divino do pacto do Reino, apegou-se ao cumprimento de sua promessa pactuada feita a Davi. Continuou a observar os descendentes masculinos do fiel Rei Davi, a quem havia prometido edificar-lhe uma casa real. Ele viu uma das linhagens descendentes de Davi passar, não através do Rei Salomão, mas através de outro dos filhos de Davi, Natã. Esta linhagem específica passou através de vinte outros e produziu Zorobabel, que se tornou governador de Jerusalém nos dias do profeta Zacarias. Zorobabel teve um filho chamado Resa, depois de quem houve uma linhagem ininterrupta através de mais dezesseis, após o que nasceu Eli, filho de Matate. (Lucas 3:23-31) Deus notou então, não um descendente masculino, mas uma filha de Eli. Ela nasceu na cidade de Belém, na província romana da Judéia, durante a última metade do primeiro século A. E. C. Chamava-se Maria.
31 Com o tempo, Maria foi levada ao norte, para a cidade de Nazaré, na província romana da Galiléia. Ali ficou em idade de se casar, e foi prometida em casamento a um carpinteiro chamado José, filho de Jacó, habitante de Nazaré.
32. Por que era apropriado este noivado com José, e que pergunta surgiu a respeito do herdeiro de Davi?
32 Este noivado foi bem apropriado. Por quê? Porque esse José, embora carpinteiro humilde na cidade obscura de Nazaré, era descendente do Rei Davi, não através de Natã, mas através do primeiro sucessor régio de Davi, Salomão. José tinha assim o direito legal ao trono de seu antepassado régio, Davi. Devia José tornar-se então o pai direta e natural do há muito prometido herdeiro eterno do Rei Davi?
33, 34. (a) Por que forneceu Jeová evidência de estar com Maria? (b) O que aconteceu a seguir foi em cumprimento de que profecia de Jacó no seu leito de morte?
33 Pois bem, antes de se dar o casamento e José levar Maria de sua casa para a casa que proveu para ela, como sua esposa legítima, aconteceu algo extraordinário, algo que os homens da Era do Cérebro deste século vinte se recusam a acreditar. Era então por volta do fim do ano 3 A.E.C. Era o tempo marcado por Deus, pelo qual esperara há muito. De repente, surgiu a evidência de que Deus estava com Maria, filha de Eli, não só por causa da espécie, de moça judaica que ela era, mas porque era descendente da família real de Davi, da tribo de Judá. Portanto, o que aconteceu contribuiu para o cumprimento da profecia inspirada, proferida pelo patriarca Jacó sobre o quarto filho, Judá. Isto se deu lá no ano 1711 A.E.C., quando Jacó, às portas da morte, disse a respeito de Judá:
34 “Judá é um leãozinho. . . . e como a um leão, quem se atreve a acordá-lo? O cetro não se afastará de Judá, nem o bastão de comandante de entre os seus pés, até que venha Siló [ou: Aquele de Quem É]; e a ele pertencerá a obediência dos povos.” — Gênesis 49:8-10.
35, 36. (a) Que milagre fizera Deus para a idosa parenta de Maria Elisabete? (b) O que disse o anjo Gabriel a Maria a respeito do propósito de Deus para com o trono de Davi?
35 Como mostrou Deus que estava com Maria, virgem da tribo de Judá e da família real de Davi? Deus fez algo por Maria, que era maior do que fez para com uma parenta idosa de Maria, chamada Elisabete, esposa do sacerdote levita Zacarias. Deus revivera milagrosamente a faculdade de procriação de Zacarias e de Elisabete, de modo que ela estava então no sexto mês de sua gravidez e estava para dar à luz um filho que veio a ser chamado João Batista. Mas, que fez Deus para com a virgem judia Maria, cujo tempo de noivado com o carpinteiro José ainda não se completara? O médico Lucas nos diz:
36 “No sexto mês dela, o anjo Gabriel foi enviado da parte de Deus a uma cidade da Galiléia, de nome Nazaré, a uma virgem prometida em casamento a um homem de nome José, da casa de Davi; e o nome da virgem era Maria. E, ao se lhe apresentar, disse: ‘Bom dia, altamente favorecida, Jeová está contigo.’ Mas ela ficou profundamente perturbada com estas palavras e começou a raciocinar que sorte de cumprimento era este. De modo que o anjo lhe disse: ‘Não temas, Maria, pois achaste favor diante de Deus; e eis que conceberás na tua madre e darás à luz um filho, e deves dar-lhe o nome de Jesus. Este será grande e será chamado Filho do Altíssimo; e Jeová Deus lhe dará o trono de Davi, seu pai, e ele reinará sobre a casa de Jacó para sempre, e não haverá fim do seu reino.”’ — Lucas 1:26-33.
37. Como explicou Gabriel a Maria que ela teria um filho sem pai humano?
37 Isto significava que o pretendente de Maria, José, não devia ser o pai direto, natural, de Jesus! O quê? Um nascimento dum filho sem pai humano? A fim de lhe explicar como se daria este milagroso nascimento virgem, o anjo Gabriel prosseguiu: “Espírito santo virá sobre ti e poder do Altíssimo te encobrirá. Por esta razão, também, o nascido será chamado santo, Filho de Deus. E eis que a própria Elisabete, tua parenta, também concebeu um filho, na sua velhice, e este é o sexto mês para ela, a chamada estéril; porque para Deus nenhuma declaração será uma impossibilidade.” — Lucas 1:34-37.
38. O que aconteceu então com Maria, e o bebê dela seria Filho de quem?
38 Consentiu Maria em tornar-se assim mãe terrena daquele que havia de ser o herdeiro eterno e permanente do Rei Davi? Lucas 1:38 nos diz: “Maria disse então: ‘Eis a escrava de Jeová! Ocorra comigo segundo a tua declaração.’ Com isso, o anjo ausentou-se dela.” Daí, espírito santo veio sobre Maria e poder do Deus Altíssimo a encobriu. De modo que se tornou milagrosamente grávida, não por seu pretendente José. Isto significava que Jeová Deus, o Altíssimo era o Pai do filho Jesus, então concebido por ela. Outros textos inspirados explicam que já Deus transferiu a vida de Seu amado Filho celestial, unigênito, para um óvulo em Maria e a tornou fecunda. (João 3:16; Filipenses 2:5-11) Não havia nada profano nisso. Foi por isso que “o nascido será chamado santo, Filho de Deus”. Isto tudo ocorreu no tempo marcado por Deus, assim como foi escrito: “Quando chegou o pleno limite do tempo, Deus enviou o seu Filho, que veio a proceder duma mulher e que veio a estar debaixo de lei [a lei mosaica].” — Gálatas 4:4.
O HERDEIRO PERMANENTE DO PACTO DO REINO
39. (a) Quem havia de fazer Jesus, filho de Maria, rei sobre a casa de Jacó? (b) Que espécie de direito herdou Jesus por intermédio de Maria?
39 O que o anjo Gabriel disse a Maria tornou certo que o filho dela, Jesus, seria o Herdeiro Permanente do Rei Davi: “Jeová Deus lhe dará o trono de Davi, seu pai, e ele reinará sobre a casa de Jacó para sempre, e não haverá fim do seu reino.” (Lucas 1:32, 33) Não seriam os judeus de há dezenove séculos atrás, nem os judeus naturais da atualidade, que dariam a este Jesus o trono de seu antepassado Davi. O Pai celestial, Jeová Deus, lhe havia de dar este trono do Reino, o qual, no caso de Davi, era apenas “sobre a casa de Jacó”, patriarca das doze tribos de Israel. Assim, por meio da virgem judia Maria, o primogênito dela nasceu na família real de Davi, e por meio dela, Jesus tinha o direito natural, carnal, ao reino de Davi. Em prova disso, o apóstolo Paulo foi inspirado a escrever a respeito das boas novas de Deus: “A respeito de seu Filho, o qual procedeu do descendente de Davi segundo a carne, mas que, com poder, foi declarado Filho de Deus, segundo o espírito de santidade, por meio da ressurreição dentre os mortos — sim, Jesus Cristo, nosso Senhor.” — Romanos 1:1-4.
40. (a) Que obrigação sentiu José para com Deus a respeito do filho de Maria, Jesus, conferindo-lhe o quê? (b) O que diz Lucas sobre filho de quem era José, e por quê?
40 Quando se descobriu que Maria estava grávida, seu pretendente recebeu uma explicação e foi mandado tomar Maria por esposa, levando-a à sua casa preparada para ela. José fez isso, lá em Nazaré. Ele se deu conta de sua obrigação para com Deus, de adotar o Filho de Deus por Maria como seu próprio primogênito e assim dar a Jesus o direito legal ao trono de Davi, visto que José era descendente de Davi mediante o Rei Salomão.c (2 Samuel 7:13-16) José fez isso por fazer com que Jesus fosse circuncidado no oitavo dia após o nascimento e por chamá-lo de Jesus, também por apresentar o menino Jesus, no quadragésimo dia após o seu nascimento, nos ritos de purificação para si mesmo e para Maria, no templo em Jerusalém. (Mateus 1:17-25; Lucas 2:21-24) Por isso ele foi chamado “filho de José”. (João 1:45; 6:42) É também por isso que o Doutor Lucas diz na sua genealogia de Jesus Cristo: “Outrossim, o próprio Jesus, ao principiar a sua obra, tinha cerca de trinta anos de idade, sendo, como era a opinião, filho de José, filho de Eli.” (Lucas 3:23) José, que realmente era filho de Jacó, era também chamado “filho de Eli”, porque se casou com a filha de Eli, Maria, e assim era genro deste.
41. Onde nasceu o chamado “Jesus Nazareno”, em 2 A.E.C.?
41 Jesus Cristo foi chamado mais tarde “Jesus Nazareno” e “Jesus, de Nazaré da Galiléia”. (João 19:19, Al; Mateus 21:11) Significa isso que Jesus nasceu em Nazaré? Não, pois, antes de seu nascimento, sua mãe Maria e o esposo dela, José, por ambos terem nascido em Belém de Judá, foram obrigados a descer a Belém, no ano 2 A.E.C., para fins de registro sob o decreto do imperador romano, César Augusto. Jesus veio assim a nascer em Belém, chamada de “cidade de Davi”, porque o próprio Davi, filho de Jessé, havia nascido ali. — Lucas 2:1-7, Al.
42, 43. Que testemunho angélico além do de Gabriel temos no sentido de que o filho de Maria seria o Messias de Deus?
42 Temos mais do que o testemunho do anjo Gabriel de que este Jesus, filho de Maria, havia de ser o Messias ou Cristo, o Ungido, que havia de ser o herdeiro permanente do trono e do reino de Davi. Temos o testemunho de outro anjo celestial, na noite do nascimento de Jesus, por volta do começo de outubro de 2 A.E.C. Este anjo glorioso apareceu a pastores que ainda estavam com seus rebanhos lá fora nos campos perto de Belém, naquele tempo do ano.
43 O anjo disse aos pastores amedrontados: “Não temais, pois, eis que vos declaro boas novas duma grande alegria que todo o povo terá, porque hoje vos nasceu na cidade de Davi um Salvador, que é Cristo, o Senhor. E este é um sinal para vós: achareis uma criança enfaixada e deitada numa manjedoura.” Que não se tratava dum nascimento comum foi mostrado pelo que aconteceu a seguir: “E, repentinamente houve com o anjo uma multidão do exército celestial, louvando a Deus e dizendo: ‘Glória a Deus nas maiores alturas, e na terra paz entre homens de boa vontade.’” — Lucas 2:8-14.
44. Por que foi o menino Jesus levado ao Egito, e como veio a tornar-se carpinteiro em Nazaré?
44 Satanás, o Diabo, apercebeu-se do nascimento deste Filho de Deus, que se havia de tornar “Cristo, o Senhor”. Ciumento por causa de sua própria governança sobre este mundo, Satanás, o Diabo, procurou fazer com que o menino Jesus fosse morto algum tempo depois de ter sido apresentado no templo em Jerusalém, e isto pela mão do suspeitoso Rei Herodes, o Grande. Por isso, o anjo de Deus disse a José que fugisse com a mãe e o filho para o Egito, até segunda ordem. Depois da morte do Rei Herodes, o anjo de Deus disse a José que retornasse à terra de seu povo. Mas, visto que Arquelau, filho do Rei Herodes, governava a província romana da Judéia, inclusive Belém, José desviou-se de Belém e voltou a Nazaré, na província da Galiléia. Jesus foi criado ali e veio a ser chamado de Nazareno. Este futuro Rei trabalhava ali como carpinteiro. — Mateus 2:1-23; 13:55; Marcos 6:1-3.
45. Para se tornar realmente o Messias, ou Cristo, o que precisava Jesus ter, igual a Davi? (b) Quando e por que foi Jesus ao rio Jordão para ser batizado?
45 No entanto, a palavra Cristo ou Messias, que significa Ungido, não se podia realmente aplicar a Jesus até que ele fosse mesmo ungido. Seu antepassado, o pastor Davi, de Belém, havia sido ungido pelo profeta de Deus, Samuel, muitos anos antes de ser realmente entronizado como rei em Israel. (1 Samuel 16:1-13; 2 Samuel 2:1-4; 5:1-3) O mesmo se deu com Jesus. No seu trigésimo ano como ser humano perfeito, seu parente, João Batista, iniciou sua obra batismal, porque começou então a anunciar o reino de Deus, dizendo: “Arrependei-vos, pois o reino dos céus se tem aproximado.” (Mateus 3:1, 2) Em vista deste anúncio, Jesus sabia que chegara o tempo de ele se empenhar exclusivamente nos interesses do reino messiânico de Deus. Ao se aproximar o fim de seu trigésimo ano de vida humana, ele partiu de Nazaré e foi ter com João, que batizava pessoas no rio Jordão. Por que? Não para ser batizado em símbolo de arrependimento de pecados, que ele não tinha, mas para simbolizar que se apresentava completamente a Jeová Deus, a fim de fazer a vontade divina relacionada com o “reino dos céus”, o reino de Deus. João não entendeu isso. Por isso lemos:
46. (a) Como se tornou Jesus, ali no seu batismo, o Messias ou Cristo? (b) Por que foi o batizado Jesus ali chamado de Filho por Deus?
46 “Jesus veio então da Galiléia ao Jordão ter com João, a fim de ser batizado por ele. Este, porém, tentou impedi-lo, dizendo: ‘Eu é que preciso ser batizado por ti, e tu vens a mim?’ Em resposta, Jesus disse-lhe: ‘Deixa por agora, pois assim é apropriado que executemos tudo o que é justo.’ Então cessou de o impedir. Jesus, depois de ter sido batizado, saiu imediatamente da água; e eis que os céus se abriram e ele viu o espírito de Deus descendo sobre ele como pomba. Eis que também houve uma voz dos céus, que disse: ‘Este é meu Filho, o amado, a quem tenho aprovado.’” (Mateus 3:13-17) Por meio desta descida do espírito de Deus sobre o batizado Jesus, este foi ungido, não por João Batista, mas por Deus. Desta maneira, ele se tornou o Messias, o Cristo, o Ungido. Isto foi no começo do outono (setentrional) do ano 29 E.C. Deus declarou também, então, que era seu Filho, porque gerou então Jesus, mediante Seu espírito, para ser seu Filho espiritual. (João 1:32-34) Este era então um messias ou cristo espiritual, mais elevado do que um messias humano.
47. Que oportunidades de se tornar mero Messias humano recusou Jesus, e que obra empreendeu ele de acordo com a sua unção?
47 Procurou Jesus Cristo, então, tornar-se rei terreno “sobre a casa de Jacó” em Jerusalém? Não! No ermo da tentação, ele recusou a oferta de Satanás, o Diabo, para fazê-lo rei, não apenas sobre a casa de Jacó, mas sobre todos os reinos deste mundo. (Mateus 4:1-11; Lucas 4:1-13) Mais tarde, depois de realizar o maravilhoso milagre de alimentar uma multidão, ele se retirou diante da tentativa de milhares de judeus bem alimentados de o fazerem seu rei terreno. (João 6:1-15) Ele sabia que seu reino havia de proceder Daquele que o ungiu para ser Rei messiânico, Jeová Deus. Reconhecendo a obra preliminar que se lhe impunha por ter sido ungido com o espírito de Deus, Jesus Cristo empreendeu a obra pacífica de ensinar e pregar o reino de Deus em toda a terra da “casa de Jacó”. Fez isso especialmente depois do encarceramento de João Batista, no ano 30 E.C.
48. Na sinagoga de Nazaré, que profecia de Isaías leu ele para os nazarenos, e o que se esforçou a fazer durante o restante de sua vida terrena?
48 Na sinagoga de Nazaré, ele leu para os nazarenos a profecia de Isaías 61:1, 2, dizendo: “O espírito de Jeová está sobre mim, porque me ungiu para declarar boas novas aos pobres, enviou-me para pregar livramento aos cativos e recuperação da vista aos cegos, para mandar embora os esmagados, com livramento, para pregar o ano aceitável de Jeová.” Com este tema para seu sermão, o batizado Jesus começou a dizer: “Hoje se cumpriu esta escritura que acabais de ouvir.” (Lucas 4:16-21) Com isto deu a entender aos seus ex-concidadãos que ele era o Ungido de Jeová, o Messias, o Cristo. Durante todo o restante de sua vida terrestre, empenhou-se em cumprir o que a unção com o espírito de Jeová o autorizara e comissionara a fazer.
49, 50. (a) Formou Jesus qualquer exército para restabelecer o reino de Israel? (b) Que explicação deu Jesus a Pilatos quanto a ser rei e ainda assim não lutar por um reino?
49 Por conseguinte, não se meteu na política deste mundo, nem formou um exército similar ao dos macabeus, para expulsar os romanos do país e restabelecer o reino de Davi em Jerusalém. Por que não?
50 Ele explicou o motivo disso ao governador romano, Pôncio Pilatos, a quem havia sido entregue pelos seus inimigos religiosos para ser executado como sedicioso contra o Império Romano. Em resposta à pergunta do governador: “És tu o rei dos judeus?”, Jesus disse finalmente: “Meu reino não faz parte deste mundo. Se o meu reino fizesse parte deste mundo, meus assistentes teriam lutado para que eu não fosse entregue aos judeus. Mas, assim como é, o meu reino não é desta fonte.” Portanto, Pilatos disse: “Pois bem, és tu rei?” Dando testemunho da verdade, Jesus respondeu: “Tu mesmo estás dizendo que eu sou rei.” Sim, rei dum reino que não fazia parte do mundo do qual o Império Romano era então a potência mundial. — João 18:33-37.
51, 52. (a) O que mandou Jesus seus “assistentes” fazer? (b) Disse Jesus aos doze apóstolos e depois aos setenta evangelizadores que eles deviam empenhar-se em atividades políticas ou na obra evangelizadora, e como?
51 A quem se referiam as palavras de Jesus sobre “meus assistentes”? Ora, aos seus discípulos desarmados, inclusive seus doze apóstolos (“enviados”). Também a estes ele deu instruções de se refrearem da política deste mundo e de seus combates violentos, e de se especializarem em ensinar e pregar pacificamente as boas novas do prometido reino de Deus.
52 Em certa ocasião, quando enviou os doze apóstolos, não lhes disse que organizassem um movimento político clandestino e instigassem à insurreição entre os judeus; mas disse-lhes: “Ao irdes, pregai, dizendo: ‘O reino dos céus se tem aproximado.’ Curai doentes, ressuscitai mortos, tornai limpos os leprosos, expulsai demônios. De graça recebestes, de graça dai.” (Mateus 10:1-8) Mais tarde, quando Jesus enviou mais setenta evangelizadores, deu-lhes instruções similares e disse-lhes o que pregar, dizendo: “Também, onde quer que entrardes numa cidade e eles vos receberem, comei as coisas postas diante de vós, e curai os doentes nela e continuai a dizer-lhes: ‘O reino de Deus se tem chegado a vós.’” — Lucas 10:1-9.
53, 54. (a) Na sua profecia sobre a sua presença e a terminação deste sistema, que pregação predisse Jesus? (b) A realização desta pregação não permite interferência em que, por saberem que o governo que pregam é de que fonte?
53 Em 11 de nisã do ano 33 E.C., pouco antes de sua morte no Dia da Páscoa, Jesus proferiu a sua profecia notável sobre a sua presença futura e a terminação do sistema de coisas. Nesta profecia, ele não deixou de predizer a obra destacada que seus assistentes, seus discípulos, fariam, porque disse: “Estas boas-novas do reino serão pregadas em toda a terra habitada, em testemunho a todas as nações; e então virá o fim.” (Mateus 24:3-14) Antes do fim total deste sistema de coisas, seus discípulos tinham de fazer tal pregação mundial do Reino: “Também, em todas as nações têm de ser pregadas primeiro as boas novas.” (Marcos 13:10) Fazerem esta pregação pacífica do Reino entre todas as nações não lhes permitiu meter-se na política do mundo e tomar partido nos conflitos internacionais.
54 Semelhantes ao seu Líder Jesus Cristo, apenas deviam pregar as boas novas do reino messiânico de Deus. Não estavam autorizados e habilitados a estabelecer tal reino sobre a terra. Não havia de ser um reino terrestre; não era “desta fonte”. Era um governo celestial com poder sobre-humano sobre toda a humanidade. Naturalmente, pois, apenas o Deus Altíssimo do céu podia estabelecer tal governo messiânico sobre todos os habitantes da terra.
55. No que se refere a cumprir ele sua unção e as profecias bíblicas, pode haver objeções quanto a Jesus estar qualificado para governar a humanidade?
55 Então, quem, no céu e na terra, pode achar falta na vida terrestre do Messias, o Cristo, o ungido para reinar sobre toda a humanidade, por mil anos? Quem pode de direito objetar a ele se tornar o Rei milenar, como se não fosse digno ou qualificado? Ninguém. Salientando a vida impecável de Jesus Cristo na terra, o apóstolo Pedro disse ao centurião romano Cornélio e seus amigos gentios: “Sabeis de que assunto se fala em toda a Judéia, principiando da Galiléia, depois do batismo pregado por João, a saber, Jesus, que era de Nazaré como Deus o ungiu com espírito santo e poder, e ele percorria o país, fazendo o bem e sarando a todos os oprimidos pelo Diabo; porque Deus estava com ele. E nós somos testemunhas de todas as coisas que ele fez tanto no país dos judeus como em Jerusalém.” (Atos 10:37-39) Todo o testemunho é no sentido de que Jesus Cristo, na terra, cumpriu com tudo o que se lhe comissionou pela sua unção. Ele cumpriu todas as profecias bíblicas a seu respeito, até a própria morte de mártir.
[Nota(s) de rodapé]
a Compare isso com Isaías 1:14; 7:13; 43:24.
b Isto não significa, porém, que a única língua universal da nova ordem de coisas de Deus será impressa e escrita no atual estilo quadrado das letras do alfabeto hebraico. Mesmo hoje existem publicações hebraicas escritas no estilo latino das letras do alfabeto usadas na língua inglesa. Por exemplo, o compêndio Taryag Millim, publicado na África do Sul, em 1949: a biografia Avi, impressa em Jerusalém, em 1927; também partes do jornal Deror, publicado em Tel Aviv, em 1933-1934.
c Se José, da linhagem real do Rei Davi, quisesse esperar para conferir o “direito legal” ao trono davídico a um filho natural, direto seu, tal como Tiago, José (II), Simão ou Judas, esta reivindicação legal não teria entrado em vigor. (Ezequiel 21:27) Por que não? Porque José era descendente do Rei Salomão por meio de Jeconias (Conias ou Joaquim), a respeito do qual lemos em Jeremias 22:24-30: “‘Assim como vivo’, é a pronunciação de Jeová, ‘mesmo que Conias, filho de Jeoiaquim, rei de Judá, viesse a ser o anel de chancela na minha mão direita, dali te arrancaria!’ . . . Assim disse Jeová: ‘Inscrevei este homem como sem filhos [quanto à herança do trono de Davi], como varão vigoroso que não terá bom êxito nos seus dias; pois dentre a sua descendência, nem um único será bem sucedido, sentado no trono de Davi e governando ainda em Judá.’” (Mateus 1:11-16; 13:55) Por conseguinte, conceder José o direito legal ao seu filho adotivo Jesus não seria em vão, visto que Jesus, filho de Maria, a virgem, não veio a ser descendente natural de Jeconias (Conias), mas descendente do Rei Davi por meio da linhagem de seu filho Natã, filho de Bate-Seba. Por isso, a genealogia de Jesus, segundo registrada em Lucas 3:23-38, não alista o nome de Jeconias (Conias ou Joaquim).