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“Estarás comigo no paraíso” — Onde? Quando?Despertai! — 1980 | 8 de fevereiro
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O Conceito da Bíblia
“Estarás comigo no paraíso” — Onde? Quando?
A HISTÓRIA nos conta que, pouco antes de Cristo morrer, um malfeitor numa estaca ao seu lado disse: “Jesus, lembra-te de mim quando entrares em teu reino.” Embora tal homem fosse morrer antes do pôr-do-sol, o relato continua: “Jesus lhe disse: ‘Em verdade te digo hoje estarás comigo no Paraíso.’” — Luc. 23:42, 43, The Riverside New Testament (1934), do Professor W. G. Ballantine.
Exatamente que paraíso tinha Jesus em mente? Era um paraíso na terra, tal como talvez espere usufruir, ou era outra coisa? Também, pense só nisto: Quando é que o malfeitor ou outros estariam no paraíso? O que Jesus quis dizer com “hoje”? As respostas a tais perguntas podem ter relação direta com sua esperança e seu futuro, bem como os de sua família.
Paraíso — Onde?
Caso lesse vários comentários de clérigos e peritos sobre as palavras de Jesus em Lucas 23:43, encontraria conceitos conflitantes sobre o que Cristo quis dizer com paraíso. (1) Alguns teólogos contendem que Jesus se baseava numa prevalecente idéia judia de que os mortos que esperam a ressurreição estão numa parte do Seol (o túmulo) chamado “paraíso” (2) Outros sustentam firmemente que Jesus prometia ao malfeitor que, naquele dia, estariam no céu. (3) Ainda outros afirmam que Jesus tinha presente um paraíso terrestre tal como o jardim do Éden. Visto que talvez o envolva, o que pensa disso?
Considere o primeiro conceito mencionado, de que o paraíso era parte do túmulo (hebraico, Seol; grego, Hades). Típico do que muitos dizem, o tradutor alemão da Bíblia, L. Albrecht, declara que, com “paraíso”, Jesus queria dizer “o lugar do domínio dos mortos onde as almas dos justos aguardam a ressurreição”. Isto goza de ampla aceitação porque a antiga literatura judaica mostra que, em certo período, os rabinos judeus ensinavam que existe uma parte abençoada no Seol para os mortos que estão no favor de Deus. The New International Dictionary of New Testament Theology (O Novo Dicionário Internacional da Teologia do Novo Testamento) revela como surgiu tal ensino: “Com a infiltração da doutrina “[rega] da imortalidade da alma, o paraíso se torna a morada do justo durante o estado intermediário.”
Mas faremos bem em considerar: Pode alguém, atualmente, estar seguro de que tal conceito do paraíso era comum entre os judeus quando Jesus estava na terra? Mesmo que se admita isso, o malfeitor judeu não foi aquele que falou sobre o paraíso. Foi Jesus. Assim, o que o Filho de Deus sabia, à base das Escrituras Hebraicas, é o que importa. Pergunte-se: Quando foi que Jesus sancionou fábulas judaicas ou ensinos pagãos? Acha que Cristo aceitaria um conceito baseado no ensino grego pagão da imortalidade da alma?
Nas Escrituras, o Hades (ou Seol) se refere, não ao submundo da mitologia grega, mas à sepultura comum da humanidade. A Bíblia também mostra que os mortos estão inconscientes. (Sal. 146:3, 4; Ecl. 9:5, 10; João 11:11-14) Por isso, quando Jesus e o malfeitor morreram, foram para o túmulo onde ficaram inconscientes, incapazes de qualquer percepção. A menção do paraíso, feita por Cristo, não poderia assim ser considerada como referência a alguma parte feliz e imaginária do Seol ou Hades. Ademais, a Bíblia afirma que, por milagre especial de Deus, Jesus foi ressuscitado do Hades no terceiro dia, mas não afirma que o malfeitor foi ressuscitado. — Atos 2:31, 32.
O que dizer, então, da segunda idéia, de que ao mencionar o paraíso Jesus tinha presente a ida para o céu? A respeito de Lucas 23:43, o professor alemão de teologia, Ulrich Wilckens, escreve: “O ‘Reino’ de Jesus é o paraíso renovado do tempo do fim, o domínio celeste da eterna proximidade de Deus.” Mas, parece-lhe que a lógica ou as Escrituras apóiam tal interpretação?
Segundo a Bíblia, nenhum humano, inclusive os apóstolos, poderia ser aceito para a vida celeste até que Jesus fosse sacrificado, fosse para o céu e abrisse ou ‘inaugurasse’ o caminho para o céu. (Heb. 10:12, 19, 20; 1 Cor. 15:20, 23) Assim sendo, não foi senão em Pentecostes de 33 E.C., 10 dias após a ascensão de Jesus ao céu, que o espírito santo foi primeiramente derramado, de modo que os discípulos ‘nascessem de novo’, um pré-requisito para se ir para o céu. (João 3:3, 5; Atos 1:3-9; 2:14) O malfeitor pendurado na estaca ao lado de Cristo morreu mais de um mês antes, de modo que não ‘nasceu de novo’. Logicamente, não poderia ter sido chamado para o reino celeste, assim como João Batista não o foi, tendo também morrido antes de Cristo oferecer a base sacrificial para a vida celeste. — Mat. 11:11.a
Há problemas relacionados a ambos os conceitos teológicos acima considerados. Observa o jesuíta George MacRae: “Desde o tempo dos Pais da Igreja, os comentaristas clássicos do Evangelho de Lucas não chegaram a nenhum acordo.” Todavia, significa isso que ninguém pode encontrar sentido na promessa de Jesus, que Deus incluiu na Bíblia?
É interessante que vários peritos bíblicos respeitados ligaram a palavra “hoje” à primeira parte da declaração de Jesus. Por exemplo, J. B. Rotherham a traduz: “Em verdade eu te digo neste dia: Comigo estarás no Paraíso.” (Veja também as traduções de G. Lamsa e do Dr. W. Cureton, e as em alemão por Michaelis e Reinhardt.) É isso, contudo, o que Jesus disse e quis transmitir?
O Problema da Pontuação
Os aspectos gramaticais do texto grego permitem a colocação de uma vírgula (ou dois pontos) quer antes quer depois de “hoje”. Mas como foi que o escritor Lucas fez a pontuação da sentença? A verdade é que não fez! O Professor Oscar Paret explica que a forma de escrita grega em que o “Novo Testamento” foi escrito “compõe-se unicamente de maiúsculas . . . colocadas frouxamente uma junto à outra sem qualquer pontuação para separar palavras e sentenças. A literatura grega usava esta escrita até o 9.º século E. C.” Assim, ao traduzir a declaração de Jesus, W. G. Ballantine, professor de hebraico e grego, não inseriu nenhuma pontuação: “Em verdade te digo hoje estarás comigo no Paraíso.” — The Riverside New Testament.
Alguns contendem, contudo, que a expressão “Em verdade te digo” ou “Digo-te em verdade” não permite a adição da palavra “hoje”. É isso verdadeiro? Observe o que o Dr. George Lamsa escreve:
“Segundo a forma aramaica de linguagem, a ênfase neste texto acha-se na palavra ‘hoje’ e deve rezar [como o faz na Tradução do Novo Mundo]: ‘Deveras, eu te digo hoje: estarás comigo no Paraíso.’ . . . Trata-se de linguagem oriental caraterística que subentende que a promessa foi feita em certo dia e seria seguramente cumprida.” — Gospel Light from Aramaic on the Teachings of Jesus (Luz Evangélica do Aramaico Sobre os Ensinos de Jesus).
As próprias Escrituras Hebraicas fornecem numerosos exemplos deste solene idiotismo que emprega “hoje”. — Zac. 9:12; Deu. 4:26, 39, e Deu. 4:40 outros casos apenas no livro de Deuteronômio.
Ademais, The Companion Bible explica que a ausência da palavra grega para “que” (hoti) na promessa de Jesus é digna de nota. Se o texto tivesse rezado quer: ‘Eu te digo que hoje . . . quer ‘Eu te digo hoje que . . . ’ o sentido ficaria esclarecido. Mas na ausência do que, “a relação da palavra ‘hoje’ tem de ser determinada pelo contexto.”b
O Contexto — Que Paraíso?
O que indica o contexto? E como isto se relaciona com sua esperança do paraíso no futuro?
Depois de frisar o ponto acima, The Companion Bible acrescenta:
“Quando o Messias reinar, Seu Reino converterá a terra prometida num Paraíso. . . . A oração [do malfeitor] referiu-se à vinda do Senhor e ao Seu Reino; e, se a resposta do Senhor foi direta, a promessa deve ter-se referido a tal vinda e a tal Reino, e não a algo que devia acontecer no dia em que as palavras foram proferidas.”
Também, em sua nota marginal de Lucas 23:43, o tradutor bíblico L. Reinhardt afirma: “A pontuação presentemente usada [pela maioria das Bíblias] neste versículo é indubitavelmente falsa e contraditória ao inteiro modo de pensar de Cristo e do malfeitor . . . [Jesus] certamente não entendia o paraíso como sendo uma subdivisão do domínio dos mortos, mas, antes, como a restauração dum paraíso na terra.”
Sim, há 1.900 anos atrás, quando Jesus fez tal promessa ao malfeitor, o tempo para estabelecer o reino messiânico sobre a terra ainda não havia chegado. (Rev. 11:15; Atos 1:6, 7) Mas os eventos históricos de nossos tempos, em cumprimento da profecia bíblica, indicam que o tempo para Cristo agir, como Rei empossado, a fim de eliminar a iniqüidade da terra, acha-se bem diante de nós. (Mat. 24:3-22) Então, esta terra será transformada num paraíso, cumprindo as profecias messiânicas que o malfeitor judeu bem que poderia ter conhecido. Por meio do milagre da ressurreição, muitas pessoas, inclusive o malfeitor, retornarão à vida no domínio terrestre do Reino. Desta forma, Jesus cumprirá suas palavras proferidas há tanto tempo: “Deveras, eu te digo hoje: Estarás comigo no Paraíso.”
[Nota(s) de rodapé]
a Observe que Jesus não ascendeu para o céu no dia em que morreu, nem mesmo no dia em que foi ressuscitado. Pouco depois de sua ressurreição, ele disse a Maria: “Ainda não ascendi para Junto do Pai.” Isto também tem que ver com a pergunta relativa a quando se aplica o que Jesus disse ao malfeitor. — João 20:17.
b Quanto a exemplos em que se usa hoti no texto grego, veja as palavras de Jesus em Lucas 4:21; 19:9; Marcos 14:30; Mateus 5:20, 22, 28, 32. — Interlinear do Reino, em Inglês e grego.
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Mais do que incêndio premeditadoDespertai! — 1980 | 8 de fevereiro
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Mais do que incêndio premeditado
“O incêndio premeditado é o crime que mais cresce nesta nação”, relata Newsweek de 8 de janeiro de 1979. “Segundo a Associação Nacional de Prevenção de Incêndios”, dos EUA, as perdas causadas por incêndios premeditados saltaram de US$ 74 milhões (Cr$ 2.590.000.000,00) em 1965 para US$ 634 milhões (Cr$ 22.190.000.000,00) uma década depois — e triplicaram desde então. Em 1977, os incêndios premeditados mataram 700 pessoas e provocaram danos calculados em US$ 1,6 bilhão (Cr$ 56 bilhões) à propriedade, além de milhões de cruzeiros em danos ocultos resultantes da perda de empregos e da destruição da base dos impostos.”
O motivo é receber o seguro, e por trás disso acha-se o crime organizado. Fornecem o pacote completo — alugando a “tocha” e amiúde comprando os avalia dores do seguro. Assim, muitos proprietários voltam-se para os incêndios premeditados em busca de dinheiro fácil. Alguns afirmam que as seguradoras não se importam com os incêndios. Maior número de incêndios aumenta a demanda de seguros e fazem com que os prêmios subam. Se a companhia de seguros se recusa a pagar uma apólice, ela pode ser processada, e a defesa nos tribunais custa dinheiro. A menos que a apólice seja de grande valor, as seguradoras acham mais fácil pagar a apólice. O povo, em última análise, paga todas as contas. A companhia de seguros prospera. O comerciante que paga o seguro transfere seus custos para os fregueses.
Mas quem paga pelos homicídios que são subprodutos dos incêndios premeditados?
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